Percival descansava da foda quando seu celular tocou. Atendeu, já sabendo quem lhe ligava:
- Diz, Santo. Tudo bem?
- Tudo bem. Tudo corre como planejamos.
- Como fez para sair do caixão lacrado?
- Como você me deixou com o celular na mão, acendi sua lanterna e depois liguei para a PF. Foram me salvar. Os caras da funerária ainda estavam desacordados. Mas não posso esperar que acordem aqui, na sede da Polícia. Os agentes que me salvaram não abriram os caixões, achando que quem está lá é o casal do mal: Lázaro e a esposa. Foi o que eu lhes disse. Aleguei ter sido atingido por uma pancada na cabeça, talvez dada pelo cara da funerária. Eles acreditaram. Como ninguém sabia de Cassandra, e o celular dela está desligado, os chefes me autorizaram a levar os corpos para o cemitério. Ainda pensam que ficou um cadáver lá, o da doutora que estava nossa prisioneira. E agora, o que eu faço?
- Calma. Finja descansar um pouco, antes de ir enterrar os outros corpos. Peça pra alguém fazer um curativo na tua cabeça, já que te feri. Isso me dará o tempo necessário para pegar o cadáver da clone que deixei no freezer da casa de praia e devolvê-lo ao necrotério. Aí, você o coloca no caixão que sobrou e pede que o ajudem a transportar ao carro fúnebre.
- Entendi. Em uma hora, dá pra você devolver o corpo da clone ao necrotério da PF?
- Pode contar com isso.
Depois de desligar, Percival disse para a clone da doutora:
- Preciso devolver o corpo da tua irmã para o necrotério. Volto já.
- Eu posso ir contigo, amor, te ajudar a devolver minha irmã à PF?
- Não. Você fica comigo, minha filha. Estou ainda enfraquecida. Vai me ajudar a salvar a vida da agente. Ela não está nada bem... - Disse a doutora Bauer.
- Mas mãe...
- Fique, minha linda. Não poderemos deixar que algo de mau aconteça a Cassandra. Precisamos dela viva. - Insistiu Percival.
Cerca de uma hora depois, Santo parava o carro fúnebre numa rua erma. Um automóvel parou logo atrás. Dele, desceu o mulato. Percival perguntou:
- E os caras da funerária?
- Ainda estão desacordados. Assim que pude, abri os caixões. Desse modo, puderam respirar melhor. Você pegou pesado com eles, né?
- Errei a dose. Nunca tinha usado sedativos. Ajude-me a coloca-los no meu carro.
Pouco depois, se despediam:
- Boa sorte, rapaz. Não se preocupe por Cassandra. Ela está em boas mãos. - Afirmou Percival.
- Tomara. Seria muito azar se a morena morresse. O homenina não brinca em serviço. Logo, descobriria o que nós fizemos.
- Você o teme?
- Claro, caralho. Você não o conhece bem ainda. Se o conhecesse, não faria uma pergunta dessas.
- Ok. Desculpa. O cara é mesmo um fodão. Vou-me embora. Depois de fingir enterrar os corpos no cemitério, deixe o carro funerário onde combinamos. Preciso complementar a operação.
- Está bem.
Os dois funcionários da funerária acordaram quase ao mesmo tempo. Ainda estavam confusos. Um deles perguntou:
- O que aconteceu?
- Um cara barbudo nos parou. Aplicou-te uma injeção e me apontou a pistola. Arrodeou o carro e veio com uma seringa já preparada para mim. Ainda lhe perguntei para que queria um carro fúnebre, mas ele não respondeu. Lembro-me apenas de que me injetou alguma coisa. Desmaiei em seguida - disse o motorista.
- Que coisa mais estranha. Será que nos roubou os caixões? Vou dar uma olhada. - Disse o outro, saindo do carro funerário. Voltou para o veículo dizendo:
- Putaquepariu. Roubaram os três esquifes. E agora?
- Agora, voltamos para a funerária. O chefe que se lasque pra resolver essa bronca.
Quando Cassandra despertou, encontrava-se sozinha em casa. Estava deitada, nua na cama, com a barriga enfaixada. Levantou-se rápido e correu até a sala. A cabeça rodou. Não encontrou Percival. Gritou por ele. Nada. Ela localizou sua pistola pequenina e feminina na sala, junto com as suas roupas. Olhou em todos os aposentos. Não achou o mulato nem encontrou nenhum vestígio de sangue. Aperreou-se. Ligou para Santo. Disse:
- Santo, fui baleada. Mas parece que a assassina cuidou de mim. Percival, que estava comigo, sumiu. Tem notícias dele?
- Sim. Uns policiais de uma viatura o encontraram desacordado dentro de um carro alugado. Levaram-no para um hospital, mas ele parece bem. Onde você está?
- Eu... estou na minha casa. Mas ainda estou confusa. E muito fraca das pernas. Pode me mandar alguém aqui?
- Eu mesmo irei.
Quando o agente chegou à casa dela, a morena parecia agitada. Suava muito e resfolegava. Nem bem abriu a porta pro cara, baixou-lhe as calças, rápido.
- Ei, ei, ei... O que está havendo, mocinha? Sei que você age como louca, mas nunca foi tão tarada...
- Não sei o que está havendo comigo. - Disse ela, botando seu caralho pra fora das calças - Estou afim de chupar um pau. Preciso urgente de porra. O que fizeram comigo, caralho?
- Calma. Como está essa ferida? Deixe-me ver esse ferimento na barriga...
- Depois. Depois que gozar na minha boca...
Ele parou de falar. Ela bateu-lhe uma punheta urgente, querendo que ele gozasse o quanto antes. Ele disse:
- Não estou afim de gozar, cacete. Você me pegou de surpresa.
- Goza. Goza, ou enfio o dedo no teu cu...
- Não é preciso. Acho que posso gozar. Mas não garanto matar essa tua sede de porra. Do que você se lembra?
- Goza. Goza. Depois, conversamos.
Ele disse:
- Deixe-me meter em tua buceta, primeiro. Assim, só na punheta, eu não vou conseguir...
- Na buceta, não. Irá me doer o ferimento. Quer foder meu cuzinho?
- Se me der, aceito. Achei que estava com o mulato... - Disse o agente, se posicionando por trás dela.
- Sim, eu estava. Aí, aquela puta apareceu. Acho que vinha seguindo-o. Ameaçou-me com uma pistola e, antes que eu pudesse reagir, atirou em mim.
- Assim, de repente?
- Acho que a arma disparou. Não sei. Está tudo muito confuso na minha cabeça. Tem certeza... de que... Per.. cival... está... bem? - Ela quase não conseguiu articular a frase, gozando pelo cuzinho.
Santo, ao perceber que ela estava gozando, apressou o ritmo das fincadas. Ela chorava de gozo. Ele avisou:
- Tá vindo... Tá... vindo...
Ela retirou-se do pau dele. Ajoelhou-se perante o agente e bateu-lhe uma punheta apressada. Ele esguichou um jato no rosto dela. Ela abocanhou seu caralho. Mamou-lhe a pica até não restar nem um pingo. Depois, passou as mãos no rosto, lambendo os dedos em seguida.
- Caralho... foi pouco. Preciso de mais, cacete...
- Espera um pouco. Vou no carro e já volto.
- Não. Eu quero mais porra...
- Terá. Até se fartar. Não se preocupe.
Quando voltou do carro, o agente taxista estava de pau duríssimo novamente. Ela perguntou:
- Como conseguiu?
- Eu ando com uma ampola daquelas que a doutora Bauer me aplicou, certa vez. Pode mamar até se fartar. Acho que sei o que fizeram contigo.
- Você acha que...
- Sim, acho.
- Puta que pariu! Aquela médica piranha me injetou o Sangue de Cristo? Então, eu me fodi. Vou precisar de sêmen até umas horas...
- Mama na minha pica. Quando se fartar, conversamos sobre isso.
Percival estava deitado num leito de hospital, quando Bárbara, a loirinha linda, chegou para uma visita. Ele sorriu. Ela beijou-lhe demoradamente os lábios. Perguntou, aflita:
- O que houve, amor? Soube por Santo que Cassandra foi baleada. Mas ele pediu que eu não contasse a ninguém. Disse que só você e ele sabiam.
- É verdade. Mas fui traído pela clone da médica. Ela já havia atirado em Cassandra, mas disse que foi sem querer. Levei Maria Bauer para cuidar do ferimento de Cassandra, e ajudei Santo a recuperar os corpos do casal Lázaro e a madre assassina. Quando voltei para a casa da morena policial, a sósia da médica me acertou por trás. Desmaiei. Colocaram-me no carro que eu havia alugado e me largaram em um lugar qualquer. Uma viatura policial me socorreu e me trouxe para cá. Estão esperando alguém da Polícia Federal para vir me interrogar. Você está bem?
- Eu deveria estar descansando, mas Santo pediu que eu viesse te avisar de que quem vai te interrogar é ele. Estás muito machucado?
- Só no orgulho. Levei uma cacetada na cabeça, mas os médicos já cuidaram do ferimento. Por isso, estou de ataduras no quengo.
- Tadinho. Depois que Santo vier, te levo pra minha casa. Não há mais perigo de voltar pra lá. A Agência não existe mais, sabia?
- Sim, sabia. Eu preferia ir para o meu própria apê, Barbara. Lá, eu me sentiria mais seguro.
- Deixa Santo chegar que a gente resolve isso.
Quando o agente federal chegou, Percival estava dormindo e a loira tinha a cabeça encostada no peito dele. Também dormia sentada numa cadeira ao lado da cama do mulato. Santo acordou ambos. Disse:
- Precisamos sair daqui. O homenina voltou de São Paulo. Soube da própria irmã que ela foi baleada. Desconfia de mim e de tu. Acha que nós dois planejamos a fuga da prisioneira e o sequestro dos corpos da dupla de assassinos: Lázaro e sua esposa.
- Fugir é atestar minha culpa. Não vou fazer isso.
- Quem sabe é você. Volto para perto da morena Cassandra. Ela me protegerá da ira do irmão.
- Será? - Duvidou a loiríssima Bárbara - A morena torturou a médica. Com certeza, a médica irá querer se vingar.
- Já fez isso. Aplicou o Sangue de Cristo em Cassandra.
- Puta que pariu. Por isso, as duas me tiraram de tempo. - Afirmou Percival.
- Do quê vocês estão falando? - Perguntou a loira.
- Nada não. - Desconversou o agente. - Consiga uma cadeira de rodas. Precisamos tirar Percival daqui.
- Eu já disse que...
Inesperadamente, Santo lhe aplicou uma seringa. O mulato apagou na hora. Bárbara correu atrás de uma cadeira de rodas. Trouxe uma em minutos. Santo falava com dois policiais que estavam de guarda. Eles não reagiram quando o rapaz colocou Percival na cadeira e saiu empurrando. Nem bem foram embora, o homenina chegou à enfermaria onde estava o mulato. Perguntou por ele. Disseram que havia sido transferido de hospital.
- Ele foi para aonde?
- Não sei, senhor. Acho que o levaram para uma clínica particular. Havia um casal com ele. A mulher era loiríssima e muito bonita.
- A puta da Bárbara - disse entredentes o agente federal. - O outro deve ter sido Santo, aquele traidor.
- Como disse, senhor? - Perguntou um dos policiais.
- Nada não. Obrigado pela informação. Vou atrás do fugitivo.
Quando o homenina entrou em seu carro, ligou para a irmã:
- O filho da puta do mulato fugiu. Estou indo pra tua casa.
- Ele não tem nenhuma culpa por eu estar ferida. Até me defendeu.
- Quando eu chegar aí, conversaremos. Santo também deve estar em conluio com eles. Não respondeu minhas chamadas e agora desligou o aparelho.
- Santo esteve comigo quase ainda agora. Fui eu que pedi que ele levasse o mulato do hospital. Venha pra cá. Precisamos conversar.
Assim que o homenina encetou a marcha e manobrou para sair do estacionamento do hospital, foi picado no pescoço por uma agulha. Alguém lhe injetou um sedativo. O atacante usava uma máscara branca de tecido que cobria toda a cabeça. Havia duas aberturas toscas para os olhos, feitas apressadamente por tesouras. Foi só isso que o homenina pode perceber, antes de perder totalmente os sentidos.
FIM DA DÉCIMA OITAVA PARTE