OBRIGADO PELA RESPOSTA TÃO POSITIVA PESSOAL, ESTOU ADORANDO ESCREVER ESSA HISTÓRIA, FIQUEM AGORA COM O SEGUNDO CAPÍTULO:
Por vezes, os sonhos são presságios de algo bom na nossa vida, entretanto, o que significa os pesadelos?
Água, raios, gritos e o rosto de Jonathan em pânicos, essas foram as últimas coisas que Samuel viu antes de desmaiar. Ele acordou com uma forte dor de cabeça e encontrou desejou que tudo aquilo tivesse sido um sonho ruim.
Ao lado de Samuel, um homem dormia tranquilamente. Tudo ainda estava confuso em sua cabeça. Ele tentou levantar, mas não conseguiu.
— Onde estou? Ei, moço. — questionou Samuel, tentando levantar e pegando na mão do homem que acordou assustado.
— Filho! — gritou Gláucio abraçando Samuel.
— Quem é você? — perguntou Samuel, afastando o homem.
— Calma, vou chamar o médico. Ele disse que a confusão ia acontecer. — explicou Gláucio saindo da sala.
— Filhinho. — falou Wal entrando aos prantos. – Fiquei tão preocupada.
— Você não é a minha mãe. — comentou Samuel, ainda zonzo e assustado.
— Filho, para, por favor. Eu já chorei tanto.
No outro corredor do hospital, Lana, estava impaciente no aguardo de informações e da família de Samuel. A jovem andava de um lado para o outro sem parar. Isabella e Antonella chegaram desesperadas, o médico explicou tudo o que havia acontecido. Contou que Samuel ainda dormia, porém, a ajuda de medicamentos.
De acordo com a equipe médica, antes de chegar ao hospital, Samuel teve um colapso nervoso e precisou ser sedado. Os exames estavam no laboratório, então, um diagnóstico ainda não seria possível.
— Ele sofreu um trauma muito forte. Vamos esperar ele acordar para fazer novos exames. — explicou o médico, entregando os documentos e exames para Isabella.
— Lana, você pode fazer um grande favor? As crianças estão em casa. — tirando dinheiro da carteira e entregando para Lana. — Você cuida deles, por favor?
— Eu cuido, sem problemas. Me avisa sobre qualquer mudança no quadro do Samuca.
Quando uma peça está faltando no quebra-cabeça fica difícil de conclui-lo. Samuel ainda não conseguia entender o que estava acontecendo. O jovem pediu um copo de água de Wal, na esperança de ter um minuto para pensar. Ele aproveitou a distração e fugiu do quarto, a cabeça dele ainda doía bastante, mas, mesmo assim, continuou sua fuga. O jovem viu uma placa com o seu nome e entrou.
O quarto era pequeno e havia apenas uma cama simples. Mesmo receoso, Samuel se aproximou e ficou paralisado quando ouviu vozes de enfermeiras que passaram na frente do quarto. Após respirar fundo, ele continuou e olhou o paciente deitado na cama.
Um grito abafado. Isso que Samuel fez quando viu a si mesmo deitado na cama. Ele olhou para as suas mãos e percebeu que aquele não era o seu corpo. Desesperado, Samuel foi até o espelho e gritou novamente. Seus olhos encheram de lágrimas, uma enfermeira viu a movimentação, mas ele conseguiu se esconder.
A mulher entrou no quarto, verificou o corpo de Samuel que estava dormindo e saiu. Ainda assustado e tendo um ataque de pânico, o adolescente se aproximou da cama.
— Meu... meu... meu Deus. O que está acontecendo? — pensou o jovem indo em direção a seu corpo. — Sa...Sa.. Samuel, acorda. — batendo em seu rosto.
— Hum... onde? — balbuciou Jonathan abrindo os olhos. — O que aconteceu?
— Quem é você? — perguntou Samuel.
— Que pergunta mais idiota, sou eu o Jonathan. — abrindo os olhos e se assustando ao se ver. — Que merda é essa? Eu morri?
- Jonathan, oh céus. Não. Não. – disse Samuel andando de um lado para o outro. – Isso não pode ser verdade.
— Você pode me explicar o que eu estou fazendo andando? Eu estou sonhando. É isso. Um sonho fora do meu próprio corpo. — deduziu Jonathan, deitando novamente e fechando os olhos. — Eu vou acordar desse pesadelo. Eu vou.
Coisas inexplicáveis acontecem a todo momento, mas ninguém pensa que o inexplicável vai bater à sua porta. Aflito, Samuel tentou levantar Jonathan da cama, mas teve dificuldade, afinal, agora o jovem cantor estava com 30 quilos a mais.
Eles foram até um espelho e Jonathan desmaiou, de novo, ao entender tudo. Nervoso, Samuel, começou a bater no rosto do colega de classe, que agora estava preso em seu corpo.
Quem disse que os doramas não ajudam em um momento de tesão? Rápido, Samuel pegou um vidro de álcool que estava em uma das prateleiras do quarto, colocou em um pano e deu para Jonathan cheirar. Aos poucos, ele recobrou os sentidos.
— Cara, eu tive um pesadelo horrível. Eu estava preso no corpo do 'Samuel Calça Rasgada' — rindo e gritando ao ver seu rosto.
— Não foi um sonho, gênio. A gente trocou de corpo. Eu tô desesperado.
— Meu Deus. Tenho tetinhas. — pegando nos peitos. — O que vamos fazer?
— Não sei, estou tão desesperado quanto você.
— Jesus! – gritou Jonathan olhando para cima. — O que eu fiz de errado?
— Agora você é religioso, né? Bonito para a tua cara. — ironizou Samuel, roendo as unhas.
— Precisamos buscar ajuda médica.
— Estamos no hospital, gênio. E outra, não podemos contar nada. Vão querer fazer testes na gente. Igual como fazem na Área 51. — contou Samuel levantando com facilidade.
— Ei, me ajuda aqui. — pediu Jonathan levantando com dificuldade. — Cara, eu estou me cagando de medo. — mostrando as mãos trêmulas para Samuel. — Isso só pode ser uma viagem da nossa cabeça.
— Você lembra do acidente? Você não sentiu uma energia diferente? — perguntou Samuel.
— Sim. Recordo de uma luz verde e outra amarela também. Meu Deus, isso só pode ser castigo. Eu me fo...
— Ei, olha a boca. Eu não falo palavrão, não. — repreendeu Samuel de forma séria.
— Samuel, estamos lascados, las-ca-dos! Você tem noção? — questionou Jonathan abrindo os braços e se enrolando nos fios das máquinas do hospital.
— Estamos mesmo. Eu preciso voltar, a tua mãe foi pegar um copo d'água.
— Ela não é nossa mãe, digo, minha mãe. Ela é "Má Drasta". Se chama Wal. O nome do papai é Gláucio. — alertou Jonathan, no corpo de Samuel.
— Papai? Enfim, o nome da minha mãe é Isabella e da minha tia Antonella.
— E seu pai?
— Ele morreu, quer dizer, figurativamente, na verdade, ele nos abandonou. Tenho dois irmãos, Sílvio e Suelen.
— Oh, eu não sabia, sinto muito, eu.
— Não temos tempo para lamentar, Jonathan, precisamos sair dessa confusão. Eu já vou.
— Entendi. Você vai voltar, né?
— Claro que vou, idiota. E fique sabendo que isso é tudo culpa tua. — protestou Samuel, gritando e falando baixo ao mesmo tempo.
— Eu já pedi desculpa. Eu que fui castigado aqui. Estou com uns 300 quilos. — balançando a barriga de Samuel.
— 110, tá. Perdi três.
— Tá bom. – soltou Jonathan com um tom sarcástico.
— Tá. Merda, eu já vou. Te encontro depois.
O castigo vem. Cedo ou tarde. Ninguém está imune ao poder do universo. Como diz o ditado popular: "Aqui se faz, aqui se paga". Jonathan deitou na cama e não demorou nada para Isabella entrar aos prantos. Ele estranhou, mas tentou tranquilizar a mãe de Samuel. O furação Antonella também chegou e o desespero dela fez o jovem rir.
No outro quarto, Wal entrou e percebeu que o enteado não estava lá, Samuel, no corpo de Jonathan, chegou em seguida e assustou a mulher. O jovem sentou na cama e agradeceu pelo copo de água. Gláucio trouxe o médico e ficou mais tranquilo ao ver o filho sentado.
— Doutor, o meu filhinho vai ficar bem? — perguntou Wal pegando nas mãos de Samuel.
— Até o momento, os exames não deram sinal de nenhuma lesão grave, por precaução, o Jonathan vai ficar em observação essa noite. — explicou o médico.
— Claro, doutor. Qualquer coisa. – ressaltou Gláucio, pegando na mão do filho. — Sinto muito, filhão.
— Tudo bem. Eu estou bem, né? — quis saber Samuel, aproveitando a presença do médico.
— Por enquanto, nada a temer. — tranquilizou o médico.
Os médicos estão preparados para qualquer emergência, entretanto, Samuel preferiu evitar um confronto e calou a boca. O seu coração parecia que ia pular do peito, o jovem pegou o celular de Jonathan e usou o reconhecimento facial para ter acesso ao aparelho. Ao abrir a câmera, Samuel ficou olhando um rosto que não era seu. Wal viu a cena e garantiu que os pontos em sua cabeça logo sumiriam.
Educado, Samuel agradeceu e a madrasta de Jonathan estranhou. Enquanto isso, Lorena, Henrique e Kleiton, visitaram o amigo, quer dizer, pelo menos, eles pensavam desse jeito. Samuel não aguentou e soltou os cachorros em cima dos amigos de Jonathan.
— Calma, cara. A ideia foi tua. — argumentou Kleiton.
— A gente até falou que era arriscada, mas você insistiu. – falou Lorena pegando na mão de Samuel. — Ainda bem que nenhum de vocês se machucou.
— E como está o gorducho? — perguntou Henrique.
— Ei, mais respeito comigo, digo, pelo Samuel. A partir de hoje, a gente vai deixar ele em paz.
— Como assim? Você disse que estava decidido a fazer da vida dele um inferno. — ressaltou Henrique.
— Não mais, passamos por uma situação muito delicada, então, eu revogo a minha decisão. — garantiu Samuel.
— Você está bem? Nunca te vimos desse jeito. — questionou Kleiton.
— Estou ótimo. E não graças a vocês. Agora preciso descansar.
Após dispensar os amigos de Jonathan, Samuel desabou, o jovem pensou na situação e não conseguia colocar lógica nela. Por outro lado, Jonathan era paparicado pela mãe do colega e adorou.
Inicialmente, ele ficou assustado com o escândalo de Isabella, mas entendeu a preocupação dela, e claro, se aproveitou completamente da situação. Suco, comidinhas gostosas e carinho, um prato cheio para ele.
— O médico disse que você pode ser liberado hoje. — avisou Isabella dando sopinha na boca de Jonathan.
— Tem certeza. Acho que a senhora deveria pedir uma tomografia. Sabe, eu, tipo que não me sinto eu, entende?
— Não, filho. Você tem certeza que está bem?
— Sim, mamãe. — Jonathan decidiu não chamar a atenção e desconversou.
— Mamãe? – Antonella fez uma careta e ri de Jonathan. — Que formalidade é essa, garoto? Nunca chamou Isabella de "mamãe".
— Foi o acidente, titia. — Jonathan usou um tom de voz que Samuel nunca usaria.
— Esse menino tá estragado. Tem como pegar outro? — perguntou Antonella, olhando para o médico e piscando.
Na casa de Samuel, Lana tinha que conter os pestinhas, eles pareciam ter comido açúcar puro, estavam com uma energia fora do normal. A garota, depois de muito batalhar, colocou os dois para dormir. Os gêmeos pediram para que a amiga de Samuel lesse 'O Pequeno Príncipe'. Sem muita opção, Lana, abriu o livro e começou a narrar a aventura escrita por Antonie de Saint-Exupéry.
— Certa vez, quando tinha seis anos, vi num livro sobre a Floresta Virgem, 'Histórias Vividas', uma imponente gravura. Representava ela uma jiboia que engolia uma fera. Eis a cópia do desenho. — mostrando o desenho para as crianças.
— Você precisa fazer uma voz diferente para cada personagem. — observou Sílvio.
— Ei, quem está lendo aqui sou eu. Vocês são difíceis de agradar, hein. Posso continuar, por favor?
O tempo passou, mas nenhum dos dois conseguia colocar as peças no lugar. Será que foi magia negra? Ou até mesmo, um delírio coletivo dos colegas. Entre ofensas e lamentações, Samuel e Jonathan, tentavam chegar a um acordo. Eles acreditavam que o efeito duraria apenas uma noite, então, seguiram para seus respectivos quartos.
Naquela noite, Samuel teve um pesadelo. Ele lembrou do acidente, mas dessa vez, o jovem via toda a situação pela perspectiva de Jonathan. Ele acordou gritando e se assustou ainda mais, quando viu Wal coberta com uma gosma verde no rosto. A perua acendeu a luz e explicou que se tratava de uma máscara de limão com gengibre.
A madrasta de Jonathan sentou ao lado de Samuel. Pegou um copo de água e ofereceu ao jovem. Apesar de tudo, o gordinho sentia algo bom vindo da mulher, na verdade, ele sempre foi bom para ler as pessoas, mas não passava disso.
— Tive um pesadelo com o acidente, Wal. Nada demais.
— Olha, eu sei que temos as nossas diferentes, mas você precisa parar de ter esse ódio gratuito por mim.
— Eu, eu, me desculpa. Deve ser a adolescência. Sabe que é uma fase complicada, né? — desconversou Samuel tomando a água.
— Sim, já fui uma e garanto, não fui fácil. — disse Wal rindo e piscando para Samuel. — Sério, Jonathan. Você pode contar comigo para qualquer coisa.
— Obrigado, Wal.
A madrugada passou sem muitas novidades, na manhã seguinte, Jonathan, acordou e pensou que tudo já tinha voltado ao normal. "Fim do pesadelo", ele disse para si. Ao pegar na barriga, o vocalista da "Black River" se tocou que ainda estava preso no corpo de Samuel.
A ideia de estar no corpo de outra pessoa não entrava na mente dele. Jonathan recordou do acidente, das luzes e de uma sensação magnética, mas não conseguia desvendar "aquele quebra-cabeça doentio".
Antes de sair do hospital, Jonathan, procurou Samuel. Eles trocaram informações básicas, como por exemplo, a casa onde moravam, o quarto e o nome das pessoas próximas. Eles também decidiram trocar os chips de seus celulares. Jonathan seguiu para a entrada do hospital e ficou surpreso com o carro de Isabella. Era uma Fiorino rosa que estava caindo aos pedaços.
— Claro. – ele disse revirando os olhos. — Bem, se eu sobrevivi ao "Ciência Maluca", isso vai ser fichinha.
— Amor, vai atrás tá. E fica abaixando quando chegarmos em alguma blitz policial. Você conhece as regras. — explicou Isabella.
Da janela, Samuel observava a cena, sua cabeça ainda girava, afinal, o acidente foi mais feio para o seu colega. Mais uma noite dormindo no hospital, pelo menos, o quarto de Gláucio era um dos melhores do local. Durante a noite, o jovem recebeu uma mensagem de Lana. De repente, o celular começou a tocar, uma conversa por vídeo.
— Droga. — pensou Samuel. — Lana, agora eu não posso. Minha cabeça está dolorida. — escreveu ele.
Do nada, uma senhora entrou no quarto e assustou Samuel. A mulher era muito velha, os cabelos brancos cobriam parte de seu rosto, mas o seu perfume adocicava o ambiente. Ela vestia um tipo de túnica branca, caminhou lentamente pelo quarto e pegou na mão do jovem.
— Vocês precisam tomar cuidado. A troca pode ser permanente. — avisou a mulher.
— Como assim? Você sabe o que aconteceu? — questionou Samuel, se levantando e olhando fixamente para a mulher.
— O universo precisou agir para que nada de grave acontecesse com vocês. Samuel e Jonathan, são pessoas diferentes, mas precisam trabalhar juntos para retornarem.
— Trabalhar juntos? Eu nem conheço o Jonathan. E isso é tudo culpa dele. Senhora, eu preciso voltar, por favor. — pediu Samuel.
— Dos dois, você é o que tem mais coração, vai guiar o Jonathan para encontrar a verdade que ele precisa. — ela disse saindo do quarto.
— A verdade que ele precisa? Ei, senhora. — falou Samuel andando com dificuldade e caindo no chão. — Droga. Que perna fraca, hein, Jonathan. — Quem é essa mulher? O que ela quer de nós?
Não muito longe dali, o universitário Oliver Pontes, acordava de mais uma balada. Ele havia estudado com Jonathan, Kleiton e Henrique, mas acabou se distanciando dos colegas. Ao lado dele, três pessoas diferentes dormiam, uma moça e dois rapazes.
Oliver levantou, seguiu até a cozinha e começou a preparar um café. Para se distrair, ele ligou a televisão.
— Bom dia. — disse a moça entrando na cozinha.
— Você quer dizer, boa tarde, né? — perguntou Oliver sem olhar para ela.
— Isso. Como você se chama? — ela quis saber.
— Oliver, sou dono deste apartamento. E você?
— Sou Berê. A balada foi boa ontem. Não lembro de nada. — ela disse sentando e prestando a atenção na televisão.
O noticiário anunciou o acidente no Parque de Diversões, a primeira imagem que apareceu foi a de Jonathan, em seguida, uma foto de Samuel. Berê comentou sobre a situação, Oliver virou para assistir e a conexão foi imediata. Os olhos de Samuel pareciam furar a alma do rapaz.
— Tadinhos, né? Ficar preso em um brinquedo louco, nada a ver. — ressaltou Berê, tomando o café em um único gole.
— Qual é o nome do gordinho? — perguntou Oliver.
— Eu não ouvi direito. Bem, obrigada pela transa, eu preciso ir. — ela disse saindo.
— Ei, e os teus amigos não vão? — questionou Oliver.
— Eles não são meus amigos. — ela afirmou antes de abrir a porta e sair.
— E você, gordinho? Quem é você? — ele indagou olhando para a foto de Samuel.
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