ESPERO QUE ESTEJAM GOSTANDO DA HISTÓRIA, CORRI PARA PUBLICAR ESSE, POIS, ONTEM NÃO CONSEGUI, MAS A PROMESSA ESTÁ DE PÉ, TODO DIA É UM EPISÓDIO. CONFIRA O CAPITULO DE HOJE:
São Paulo é uma das maiores cidades do país. Ruas sempre lotadas, pessoas vem e vão em uma velocidade inimaginável. E ninguém imaginava o que passava na vida de dois adolescentes do ensino médio desta metrópole.
Pela manhã, a movimentação típica da casa de Isabella atrapalhou o sono de Jonathan. Ele passou meia hora na frente do espelho. Basicamente, não curtiu o corpo de Samuel, e não entendia como alguém podia ser tão descuidado com a alimentação.
Antes de descer para o café, o jovem músico fez flexões, mas não passou de 14, afinal, Samuel não era adepto de atividades físicas e Jonathan conseguia sentir. Após tomar banho, ele foi para a cozinha e encontrou toda a família reunida, os irmãos fizeram um cartaz de boas-vindas e correram para abraçá-lo.
A solidão foi uma companheira que Jonathan decidiu abraçar durante antes. Aquele gesto de carinho o fez corar. Diferente de Samuel, os seus irmãos tinham os cabelos negros. Silvo usava óculos fundo de garrafa e na boca lhe faltavam dois dentes. Já Suelem era uma cópia de sua mãe. Cabelos longos, sobrancelhas grossas e um sorriso encantador.
— Ei, crianças, calma. O Samuel ainda não está 100%. Filho, eu liguei para o diretor Bartollo, levarei o atestado para a escola. Fica em casa até sexta-feira. — avisou Isabella.
— Pestinhas? Vamos. — disse Antonella, fazendo um barulho de trem. — Hoje vocês vão com a tia mais gata desse condomínio.
— Cuidado com o vizinho do 409. — alertou Isabella. — Ah, e valeu irmã, juro que compenso nessa semana.
— Sem problemas. O trem partiu! — exclamou Antonella.
— Vamos! – gritaram as crianças juntos.
Já imaginou cair de paraquedas em uma casa que não lhe pertence? Isabella pediu para que o filho pegasse duas colheres no armário, mas esse detalhe, Jonathan não havia conversado com Samuel. Ele ficou perdido por alguns minutos e depois de um tempo encontrou os objetos.
Pão com presunto e queijo, café, bolo de fubá e banana cozida. Isabella fez um café da manhã especial para o filho, um verdadeiro banquete. Ela colocou os pratos na mesa e estranhou a reação de Samuel, ou melhor, Jonathan.
— Por isso que é gordo. — falou baixinho. — Mamãe, acho que vou pular o café, eu, sei que fez tudo com carinho, mas preciso perder uns quilinhos.
— Filho, já falamos sobre isso. — sentando ao lado de Jonathan. — Você é especial de qualquer jeito, mas se é isso que deseja, tudo bem também.
— Grato.
— Ah, Samuel. — entregando uma calça para Jonathan. — Desculpa, filho, mas não deu para comprar duas calças, mandei a costureira arrumar essa.
— Entendi. — falou Jonathan pegando a calça e vendo os remendos.
Naquele momento, Jonathan lembrou de todas as vezes que humilhou Samuel na escola. Nem ele mesmo conseguia entender os motivos que o levaram a agir como um idiota com o colega.
Após ficar sozinho na casa, Jonathan, vasculhou cada detalhe do apartamento. Eram basicamente cinco cômodos, o escritório virou o quarto de Antonella, os gêmeos dormiam no quarto de Isabella e Samuel, como um adolescente, tinha um lugar para chamar de seu.
— Pelo menos isso. — pensou Jonathan. — Coitado do Samuel, além de gordo é pobre.
Sirenes, correria e pessoas conversando. A rotina de um hospital é caótica, e Samuel percebeu isso da pior forma. Felizmente, os exames saíram e tudo estava no lugar, quer dizer, a maioria das coisas. Apesar das boas notícias, o jovem não conseguia esquecer as palavras da velha que apareceu no quarto na noite anterior.
Animada, Wal entrou carregando uma bandeja. Por causa de toda confusão da troca de corpos, Samuel percebeu que não havia comido nada. Só que as opções não eram convidativas. Jonathan esqueceu de contar algumas coisas para o colega, como por exemplo, ele era vegano.
Devido a sede, Samuel pegou um copo de suco verde e tomou. A cara dele foi impagável. A madrasta de Jonathan trouxe também cookies sem lactose, Samuel quase engasgou, não sabia o que era pior: o suco sem gosto ou biscoito da morte.
— Wal, acha que hoje eu vou para casa? Preciso falar com o Jonatha... digo... o Samuel, o amigo que estava comigo no brinquedo.
— Sim, filho, digo, Jonathan. Os médicos vão vir aqui às 12h. Você deseja mais alguma coisa?
— Não. Estou ótimo. — falou Samuel com um sorriso amarelo.
Na escola, os comentários sobre o acidente dos alunos do terceiro ano "C" estavam na boca de todos. Por causa disso, Lana, decidiu matar aula para cuidar de Samuel. Ela chegou com várias guloseimas para o amigo. Jonathan tentava sintonizar a TV a Cabo, mas teve vários problemas, como o controle da televisão que estava quebrado.
Lana entra e assusta Jonathan, ela estranhou a reação, já que estava acostumada a entrar daquele jeito na casa do melhor amigo. A jovem sentiu algo diferente em Samuel, mas não comentou nada.
— Então? Cara, eu dei uma surra nos amigos babacas do Jonathan. Sabe como eu sou mestre, né? – ela disse fazendo um golpe de karatê. – Só não dei uns tapas na Lorena, por que, fiquei preocupada com você. — abraçando Jonathan.
— Elana, tá tudo bem. Estou 100%. E o coitadinho do Jonathan não teve culpa de nada.
— Coitadinho? Você pirou? Bateu a cabeça forte demais naquele brinquedo, só pode ser isso. O que é dele tá guardado, consegui estragar a participação dele no Anime Plus, vou fazer ele pagar o maior mico na escola.
— Então foi você? Toda aquela história de Boruto... — questionou Jonathan fazendo uma careta engraçada.
— Qual o teu problema, Samuel?
— Er. Nenhum. Quer dizer, não estou conseguindo conectar os canais dessa velharia. A TV a Cabo, por exemplo, morreu — andando em direção a televisão.
— Que TV a Cabo? Deve ter sido o acidente. Espera aí. – indo até o quarto de Samuel e pegando o notebook. — Vamos assistir 'Jardim de Meteoros', estou louca para saber se a Dong vai ficar com o Daoming.
— Isso é coisa de veado. — comentou Jonathan sem pensar direito.
— Samuel Costa. Que comentário ridículo. — repreendeu Lana.
— Desculpa. – disse Jonathan revirando os olhos e sentando no sofá. — Tá, vamos assistir.
As realidades estavam colidindo. Naquela tarde, Samuel entrou em uma área da cidade nova, pelo menos, para ele. Gláucio parou o carro na entrada de um belo condomínio. Uma casa mais linda que a outra. Casas não, né? Mansões gigantescas.
A casa de Gláucio ficava no fim da rua. Samuel ficou impressionado com o tamanho do lugar. Era uma mansão de dois pisos, toda no vidro temperado, um verdadeiro sonho. A porta gigantesca assustou o jovem que não entendeu a necessidade de tudo aquilo.
Eles seguiram para o jardim, onde uma mesa estava montada sob um guarda-sol. Após a entrada de um verdadeiro buffet, Samuel quase vomitou quando viu o cardápio. Proteína de frango marinada no azeite, brócolis assados, suco verde e biscoitos veganos, segundo Wal, pratos preferidos do enteado.
Depois da refeição infernal, Gláucio precisou sair para uma reunião. Wal começou os trabalhos de jardinagem. Ainda confuso com tanta informação, Samuel sentou no sofá e quase afundou. "É mais confortável que minha cama", pensou ele.
Ainda desconfiado e temeroso. Samuel subiu para o segundo piso, enquanto mandava várias mensagens para Jonathan, ele cabou se perdendo e entrou em um quarto diferente. Havia uma cama, poucos móveis e uma foto se destacava na parede. Eram os pais d eJonathan e uma criança pequena.
Com medo de se meter em confusão, no caso, mais ainda, ele seguiu pelo grande corredor e várias outras fotografias enfeitavam as paredes. Finalmente, o quarto de Jonathan. Como Samuel descobriu? Uma placa amarela escrita "Fique Fora" foi uma ótima dica.
Samuel entrou e ficou parado por alguns minutos, apenas absorvendo as coisas que via. "Cacete", pensou ele deixando a mochila cair no chão. O quarto de Jonathan parecia ter saído de uma foto do Pinterst.
O teto era uma obra prima feita em gesso. Apesar de grande, o ambiente conseguia ser o mais neutro da casa. As paredes cinzas contrastavam com os violões pregados nelas. O canto de estudo de Jonathan continha eletrônicos top de linha.
Enquanto um se encantava, o outro chorava. O dorama "Jardim de Meteoros" conseguiu mexer com os nervos de Jonathan. Ele não conseguia respirar e precisou fazer uma pausa. Enquanto pegava um copo de água na cozinha, o jovem reclamava dos rumos da história.
— Como assim? Isso é tão injusto. — disse Jonathan chorando. — Como eu nunca assisti isso?
— Você assistiu essa série umas cinco vezes. Alerta de spoiler, em todas, você chora.
— Adorei a determinação da Dong. Pareço um gayzinho. – rindo e chorando ao mesmo tempo.
— Credo, para de falar assim. Isso é tudo por causa do Nando?
— Que Nando? – Jonathan perguntou enxugando as lágrimas.
— O El Diablo, teu ex-namorado.
— Além de tudo, ele ainda é gay? Cheio de surpresas, hein, Samuel. — pensou Jonathan. — Lana, podemos falar de outra coisa, por favor?
— Sim, meu novo plano para acabar com a reputação do Jonathan.
— Isso de novo, não. Por favor. Podemos ver mais um capítulo de 'Jardim de Meteoros'?
— Sim, mas para de ficar perguntando. Até parece que está assistindo pela primeira vez.
— Você me conhece, sabe como sou esquecido. E tem o acidente também. — Jonathan tentou desconversar.
Uma dor horrível. Do pescoço até a cabeça. Mesmo medicado, Samuel, continuava a sentir um desconforto. Ao entrar no banheiro outro susto. O motivo? O jovem se viu no espelho, totalmente pelado. Alerta de spoiler: o corpo de Jonathan era perfeito, tudo no lugar.
O banheiro tinha quase o tamanho do apartamento de Samuel, o que lhe chamou a atenção foi uma banheira enorme. No armário, Samuel escolheu alguns sais para deixar aquele momento mais gostoso.
— O Jonathan tem a vida perfeita e, ainda assim, consegue ser um idiota. — pensou ele.
Enquanto escutava sua seleção de Kpop, Samuel dormiu na banheira. Depois de uns minutos, ele acordou por causa da dor na cabeça. Seus dedos dos pés e mãos estavam enrugados.
Ele passou em frente a um espelho e ficou fazendo várias poses engraçadas, ao verificar os atributos de Jonathan, Samuel começou a pular e rir da situação. "Parece um pêndulo", pensou o jovem.
As surpresas não pararam por aí, o closet de Jonathan quase faz Samuel desmaiar, o lugar era gigantesco. Vários tênis, óculos de sol, bonés e roupas de marcas famosas.
— Caramba. Acho que nunca vi tanta roupa de marca. — pegando um chapéu e colocando. — Esse cara tem tudo.
Realmente, o mundo de luxo chamava a atenção. Não demorou muito e Wal levou um lanche para o jovem. A mulher ainda estava arisca, pois, temia uma reação negativa dele. Samuel perguntou se eles não poderiam tomar café no jardim, a madrasta adorou a ideia.
Dona Joana anunciou a chegada de três amigos de Jonathan. Ao ver as pessoas, Samuel ficou confuso, ele não conhecida ninguém. Eles sentaram na área da piscina, em silêncio.
— Então, o nosso tio falou que você sofreu um acidente. — comentou um rapaz loiro.
— Sim, um colega da escola e eu. Bati minha cabeça, ele saiu sem muitos machudados. — explicou Samuel.
— Graças a Deus nada de grave aconteceu. — disse uma das garotas que aparentava ter uns 15 anos.
— Gente, eu estou muito cansado. Será que vocês poderiam voltar em outro momento? - perguntou Samuel tentando ser o mais cordial possível.
— Claro.
Uma deles esqueceu um celular. Ao ver o aparelho, Samuel correu e, antes de abrir a porta, conseguiu ouvir os comentários do grupo. Para não passar um constrandimento maior, ele entregou o aparelho para Dona Joana.
— Aff. Só o titio pra mandar a gente visitar esse idiota. — soltou o garoto loiro.
— Tenho tanta coisa para fazer. Ainda bem que esse babaca nos liberou. — falou uma das garotas.
— Crianças. — disse Dona Joana abrindo a porta e assustando o grupo. — Vocês esqueceram isso.
— Ah, o meu celular. — afirmou o rapaz pegando o aparelho das mãos de Joana.
— Tenham uma boa tarde.
Aquela situação deixou Samuel pensativo, afinal, a opinião daquelas pessoas era a mesma que a dele. Será que Jonathan fazia questão de ser desagradável? Por exemplo, a Wal era um amor de pessoa e amava o enteado de verdade.
No papel de observador, Samuel, sentou e ficou comendo os biscoitos da morte. Ele sentiu falta da mãe, teve que se controlar para não chorar. Para quebrar o silêncio, Wal começou a falar sobre as novas obras do jardim.
— Você faz um ótimo trabalho com as flores. — comentou Samuel sentando ao lado da madrasta de Jonathan.
— Obrigada. Pensei que você não prestasse atenção nas coisas que eu faço.
— Wal, eu quero te pedir desculpas, eu nasci para ser um babaca e... eu sei que você é uma boa pessoa. — soltou Samuel, depois de muito pensar em uma resposta.
— Eu... – ela falou com os olhos vermelhos, levantando e tirando as luvas de jardinagem. — Com licença.
Durante à noite, Jonathan, jantou com a família do colega pela primeira vez. O caos de sempre deixou o rapaz zonzo, afinal, Isabella, Antonella e as crianças, podiam ser um pouco barulhentos. Graças a Deus, que depois do jantar, Jonathan foi poupado de lavar a louça.
Enquanto voltava para o quarto, ele foi obrigado pelos irmãos do colega a continuar a história do 'Pequeno Príncipe'. No início, Jonathan ficou desconfortável, mas pegou o jeito rápido, inclusive, para dar vozes engraçadas aos personagens.
— Disse a flor para o pequeno príncipe: É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. – lê Jonathan fazendo uma voz fininha. — Bem, agora eu preciso descansar, seus pestes.
— Samuel, obrigado. — agradece Sílvio.
— Não precisa. Agora vai dormir, Sálvio. — pediu Samuel fechando o livro e colocando na mesa.
— Meu nome é Sílvio. — protestou o pequeno.
— Isso, Silvinho. Vai dormir. — desligando a luz e saindo do quarto da mãe.
Com o advento das redes sociais, a sociedade passou a se comunicar melhor. Distância não é mais um problema para ninguém. Ao entrar no quarto, Jonathan, ligou o computador e acessou um aplicativo de conversa por vídeo. Não demorou muito e Samuel enviou uma mensagem. Os dois não tinham nenhuma pista sobre o que aconteceu no Ciência Maluca.
Durante o bate-papo, Samuel lembrou da velha no quarto e contou tudo. De início, Jonathan, achou a história irreal, mas na situação em que se encontravam, qualquer informação era válida.
— Samuel. E se a gente trocar enquanto estiver dormindo? Quem sabe?
— Eu não quero ficar preso no seu corpo para sempre. A minha família precisa de mim. Espero que não tenha dado bandeira com ninguém.
— Claro que não, tá maluco. Só a Lana que estranhou a minha reação, fui obrigado assistir um Dorama hoje. — Jonathan falou com uma voz engraçada, tirando um riso de Samuel.
— Sério? Qual? — questionou Samuel.
— O Jardim de Meteoros ou algo do tipo. Enfim, você acha que eu quero ficar preso no corpo de alguém....
— De alguém, gordo, né? Você é muito ridículo. Escuta, assim que der a gente volta naquele maldito parque e faz a troca, ok. — pistolou Samuel, assustando Jonathan.
— Samuel, não fica bravo, eu sei que sou um babaca, tá. A gente vai sair dessa, eu prometo.
— Filhinho. — cantarolou Wal entrando com um copo de leite de soja. — Eu trouxe para você tomar antes de dormir, li em um artigo que faz bem para pessoas que bateram a cabeça. — deixando o copo na mesinha de Jonathan.
— Tudo bem, boa noite e obrigado. — agradeceu Samuel.
— Tchau, filhinho e amanhã conto com sua ajuda no jardim. — comentou Wal antes de sair.
— Pode deixar.
— Você vai ajudar a Wal? Sabe há quanto tempo eu trato essa mulher mal? Anos... anos...
— Qual é, Jonathan. A Wal não é sua inimiga.
— Samuel, não se mete na minha vida, ok? Eu estou fazendo de tudo para deixar suas coisas no lugar. Não fique amigo dela.
— Eu... eu não sei destratar as pessoas Jonathan, mas prometo que vou manter distância. — assegurou Samuel, mesmo sabendo que não conseguiria cumprir a promessa.
— Ótimo. Amanhã a gente se fala. Vou aí em casa para conversamos melhor.
Pessoas que bateram a cabeça costumam sonhar. Naquela madrugada, a senhora do hospital apareceu nos sonhos de Samuel. Novamente, a mulher falou que ele era responsável por solucionar tudo. O filho de Isabella acordou chorando.
Enquanto isso, Jonathan, teve um pesadelo com o acidente no brinquedo. O jovem sentiu todas as emoções possíveis, e no fim, viu seu corpo caído no chão. Ao acordar, Jonathan, pegou na pancinha de Samuel e percebeu que continuava no corpo do colega.
— Merda, mais um dia preso aqui. Que raiva. Pelo menos não preciso estudar. — levantando.
Na Rua Nova York, uma música diferente ecoava pelo ar. Para espantar a tristeza, Samuel colocou sua playlist de K-POP para Wal escutar. Mesmo sem entender nada, a madrasta de Jonathan curtiu o momento, afinal, aquela união era algo inédito na família Godoy. Gláucio ficou surpreso com a atitude do filho.
Ainda seguindo a linha vegano, Samuel, decidiu fazer panquecas para os pais do colega. Durante o café, eles riram bastante, o jovem adorou conhecer mais histórias embaraçosas de Jonathan.
— Bem, eu preciso ir. Jonathan, juízo, por favor. — Gláucia pediu beijando a testa do filho.
— Pode deixar pai.
— Pai? – questionam Wal e Glaucio juntos.
— E o que aconteceu com o papai? — perguntou Wal.
— Claro, pode deixar, papai.
Engraçado como as coisas funcionam, né? Convivemos tanto tempo com nossos familiares que conseguimos destiguir pequenas ações deles. Com medo de ser descoberto, Samuel, passou parte do dia analisando alguns vídeos de Jonathan. Não queria dar nenhuma bandeira com os pais do colega.
***
Depois do furacão chamado família Costa sair do apartamento, Jonathan desceu e seguiu o caminho do metrô. Enquanto esperava Samuel, ele foi abordado pela misteriosa senhora. A mulher, dessa vez, vestia trapos e não parecia nenhum pouco amistosa quanto o colega havia comentado. Ela afirmou que o caminho dele seria doloroso.
— Existe beleza na sua dor, mas não pode deixar isso te consumir. O seu amigo, o Samuel, tem muita coisa para te ensinar, não o deixe escapar. — ela disse se afastando e sumindo no meio da multidão.
— O que está acontecendo? Estou ficando louco...
A cidade pode até ser enorme, mas algumas coincidências acontecem. Quando saiu da estação, Samuel, esbarrou em um rapaz, mas eles acabaram não se olhando. A pessoa em questão era Oliver, que estudou com Jonathan no último ano.
O jovem seguia para um bordel, em plena luz do dia. Ele entrou e deixou todos os pertences em uma espécie de armário. Em seguida, Oliver retirou toda a roupa, em nenhum momento se constrangeu com as pessoas que passavam.
— Oi, gostosão? — perguntou um homem de mais ou menos 50 anos.
— E aí, coroa? Qual é a boa? — perguntou Oliver.
— A boa? É essa. — disse o homem deixando a toalha cair.
Do Jardim América ao bairro Itaquera era um bom tempo. Aos poucos, a beleza e imponência dava lugar a uma nova realidade. Algumas meninas ficaram rindo e paquerando Samuel na estação. Ele sorriu, pois, pela primeira vez, algo desse tipo acontecia.
Por outro lado, Jonathan, experimentava a realidade de uma pessoa com sobrepeso. Sua mochila enroscou na catraca do metro e algumas pessoas fizeram piadas gordofóbicas. Ele também sentiu dificuldade em subir as escadas da estação.
Os dois se encontraram pela primeira vez fora do hospital. Era estanho se ver de outra forma, principalmente, para Jonathan que odiava o corpo de Samuel.
— Você está horrível. — comentou Jonathan.
— Olha quem fala. A minha cabeça está doendo muito. Vamos para casa?
— Calma, bravinho. Nossa, eu fico tão feio quando estou bravo. — argumentou Jonathan andando ao lado do Samuel e analisando o rosto que um dia foi seu.
— Por que você não viu como é querido pelos teus amigos. — ironizou Samuel.
— Amigos?
— Sim, um garoto loiro e duas meninas. — explicou Samuel colocando as mãos no bolso do casaco.
— Ah, aqueles falsos. Deus me livre. São os sobrinhos do Ricardo Matteo. Esse homem é louco para fechar uma parceria com o nosso pai, digo, o meu pai. — falou Jonathan fazendo uma careta engraçada.
— Entendi, enfim. Eles te querem muito. — ressaltou Samuel em um tom sarcástico.
Na portaria, Samuel cumprimentou o porteiro, o homem estranhou, mas não comentou nada. Eles esperavam o elevador chegar, alguns conhecidos de Samuel apareceram e conversaram com Jonathan. Eles esperaram todos saírem do elevador para poder entrar.
Um silêncio mortal tomou conta do elevador. Do nada, o mecanismo para e assusta os dois. Samuel tentou ligar para a portaria, mas nada adiantou. As luzes começaram a piscar e a mulher misteriosa apareceu no espelho.
— AAAAAAAAAHHHHHH!!! - gritou Jonathan se abraçando com Samuel.
— É uma visagem!!! - exclamou Samuel fechando os olhos.