Disciplinado pelo pedreiro da rola grossa
Há três anos que eu e uma amiga da faculdade tocávamos um pequeno escritório de arquitetura num sobradinho alugado numa viela estreita e charmosa. Os trabalhos iniciais tinham sido obras pequenas que, aos poucos, nos tornaram conhecidos. Até que num início de ano, após o carnaval, conseguimos fechar nosso primeiro grande negócio. Tratava-se de uma casa de 1.100 metros quadrados num bairro luxuoso da zona sul paulistana, para um empresário e sua esposa sem nenhum tino ou refinamento para uma empreitada dessa envergadura. Para minha sócia e eu aquele seria o empurrão que podia nos lançar em outro nível de negócio, dependendo do resultado que fossemos apresentar. Enquanto o empresário só se preocupava com custos e tempo, a esposa tinha pretensões megalomaníacas que ele tentava segurar como podia. Na reunião que definiu a escolha final do projeto e, a intenção de realizar a obra conosco, ele nos deu a recomendação de ignorar toda e qualquer loucura da cabeça da esposa e nos concentrarmos naquilo que ele havia aprovado. A mulher do sujeito protestou, mas ciente de seus devaneios, disse apenas que acompanharia as obras à distância, sem dar muitos palpites. Caberia a nós contratar um escritório de engenharia para fazer os cálculos do projeto e dar apoio técnico em todas as fases, contratar e administrar a mão-de-obra, contratar e administrar os serviços de telhadista, encanador e eletricista, bem como adquirir e acompanhar a instalação de todos os acabamentos, respeitando os custos que ele havia nos imposto.
Até então, nós havíamos contado com os serviços de pedreiro do senhor Zeferino, um baiano de meia idade de Vitória da Conquista e ajudantes ocasionais que ele agregava conforme a demanda. Porém, com todas as etapas desse novo empreendimento sob nossa responsabilidade, não podíamos contar apenas com os bons serviços dele. Ele era uma espécie de faz-tudo que nos atendeu bem enquanto lidávamos com pequenas reformas de cozinhas, a remodelagem de alguns cômodos ou pequenas expansões, mas não tinha condições nem técnicas e nem físicas de encarar uma obra dessa envergadura, pois sua saúde era cheia de altos e baixos.
A Luciana e eu havíamos nos formado na FAAP, assim como o marido dela, um ex-colega que havia cursado engenharia civil. Foi através dele que fui procurar uma construtora onde ele havia estagiado, para nos auxiliar nos cálculos de engenharia. Minha inexperiência não me permitiu avaliar a incompetência dos engenheiros e, muito menos, seus caráteres duvidosos. Assim, poucas semanas após o início das obras começaram os problemas. Primeiramente eles foram de ordem prática, o engenheiro que deveria acompanhar a instalação dos baldrames não aparecia no canteiro, as plantas com as dimensões das estruturas não chegavam nunca, os retornos das nossas mensagens demoravam um século. Depois, começaram os problemas de relacionamento. Nem eu e nem a Luciana tínhamos mais acesso aos engenheiros donos da construtora. Eles estavam sempre ocupados e, designavam estagiários que pouco sabiam e nada podiam decidir para nos acompanhar.
- Acho que você precisa ir na segunda-feira, o mais tardar, ter uma conversa séria com aquele pessoal. Estou desde ontem mandando mensagens para o Roberto e o Sérgio e nada de retorno. Assim não dá mais! – reclamou a Luciana, com ar de cansada e sem ânimo, num final de sexta-feira. – Outra coisa, eu me recuso a voltar naquele restaurante do flat onde você me arrastou três vezes esta semana. Estou outra vez com um enjoo danado só de me lembrar do cheiro daquela comida. – acrescentou, fazendo cara de nojo.
- Você que cismou com o lugar! A comida é leve e não fede a alho frito como naquela cantina que você adora. – protestei.
- Eu sei bem o que te atrai naquele lugar! Aquele monte de executivos engravatados de ombros largos, por que na comida você nem se liga. – devolveu ela.
- Que calúnia! Eu nem reparo em quem está lá dentro! – exclamei, exasperado. Ela fez cara de deboche.
Cheguei ao escritório na segunda-feira pouco antes do horário do almoço. Eu estava irritado e preocupado ao mesmo tempo, pois havia rompido o contrato com a construtora depois de eles terem me deixado esperar por quase duas horas e não terem nenhuma solução para alguns problemas que estavam acontecendo na obra.
- Tua cara tá péssima! – disse a Luciana assim que me viu.
- A tua não está nada melhor! Tive uma manhã do cão! Rompi o contrato com aqueles babacas. Agora precisamos encontrar outra construtora para ontem, ou estamos fodidos. – desabafei.
- Se você teve uma manhã de cão, eu tive um final de semana inteiro! Ai que essa droga de enjoo não passa! – despejou ela.
- Como assim? Para de reclamar, mulher! Viu como não é culpa do restaurante! Ou, você já almoçou?
- Nem me fale em comida! E, segura mais essa! Aliás, essas! Tenho três notícias para te dar, uma boa e duas ruins, o que vai primeiro? – retrucou ela.
- Já fala as ruins logo de cara para depois eu só me lembrar da boa. – devolvi.
- O senhor Zeferino teve um troço no final de semana e vai precisar ficar de repouso por duas semanas, uma. Toda a relação de material a ser comprado que a construtora mandou na última quinta-feira está errada, a secretária me ligou esta manhã avisando. Acho que você devia estar em reunião com eles dando o ultimato. Portanto, enquanto não contratarmos outra, pode esquecer o material, pode esquecer o andamento das obras, pois não vai ter com que os pedreiros trabalharem, duas. Agora a notícia boa! Estou grávida! E, com esses puta enjoos! – exclamou eufórica.
- Então são três notícias ruins e não duas! – devolvi, fazendo desaparecer o sorriso que estava na cara dela.
- Nossa! Seu grosso! Eu até pensei em você para padrinho. Desalmado! – zangou-se.
- Pense em você daqui a algumas semanas, um barrigão de leitoa, um monte de trabalho e você mal podendo andar e, o pouco que puder caminhar vai ser em direção ao banheiro, por que vai mijar a cada quinze minutos. Fora esses enjoos que não vão deixar você se concentrar em nada. Se isso for uma notícia boa eu não sei o que seria uma notícia ruim. – afirmei.
- O médico disse que é só no primeiro trimestre, depois eles passam. Foi assim com a minha irmã. E, eu não vou virar uma inválida só por que estou grávida. – protestou ela.
- Vai se fiando nisso!
- Você é um insensível! Não vai mais ser o padrinho, pronto, está decidido! – revoltou-se.
Os dias que se seguiram foram de total correria. Precisei eu mesmo orientar os ajudantes do senhor Zeferino nas pequenas obras que corriam em paralelo. Para a grande obra o senhor Zeferino indicou seu sobrinho que tinha acabado de se separar e vindo para São Paulo para arrumar emprego. Segundo ele, o sujeito já tinha construído obras grandes em Vitória da Conquista, inclusive um edifício de seis andares. Aceitei entrevista-lo em respeito aos bons serviços que o senhor Zeferino sempre nos prestou. Mas, na entrevista, tive minhas dúvidas se o sujeito, Adilson, era tudo aquilo que o tio propagandeou. Na falta de opções, acabei contratando a ele e a outra meia dúzia que trabalhou com ele e, ficou de mandar vir para São Paulo em dois ou três dias, no máximo. Dois dias depois, outra bomba.
- O Rogério acabou de ser demitido! Justo agora, que vamos ter despesas até não poder mais, que saco! – exclamou a Luciana, começando a chorar feito uma desesperada.
- Que barra! Mas, ele pode optar entre três empresas antes de entrar nessa última, lembra? Sinal de que é bem requisitado. Aposto que logo ele consegue outro emprego. – tentei tranquiliza-la. – Pensando bem, isso pode ter vindo a calhar. Ele pode fazer o que aqueles babacas não deram conta. Olha seu marido empregado de novo! – exclamei, cheio de atitude. Ela enxugou as lágrimas e até sorriu pensando na solução de todos os nossos problemas.
- É, pode ser uma boa. Precisa ver se ele topa! – retrucou.
- Você com essa porta fechada pelos próximos seis meses pode não convencê-lo, mas manda ele pra mim que eu o convenço rapidinho. – devolvi, fazendo graça.
- Você não presta! – revidou rindo. – O pior é que você pode estar certo, ele já fez alguns comentários sobre essa sua bunda descarada. – emendou.
- Só pode ter sido gozação! Desde a adolescência ficam me azucrinando por causa disso! – revelei.
- Não foi, não! Ele disse que se fosse chegado já teria comido a fruta. Foram exatamente esses os termos. – confessou.
- Por isso que eu amo aquele bofe! Pelo menos tem bom gosto e sabe o que é bom! – retruquei lisonjeado.
O Rogério começou a trabalhar conosco naquela mesma semana. Ele refez todos os cálculos e encontrou discrepâncias, ele refez o projeto e encontrou erros primários, ele consertou e acelerou tudo o que estava encalhado na obra. A tranquilidade parecia ter voltado a reinar no trabalho. O empresário, apesar de ser um sujeito difícil, tinha criado confiança no meu trabalho e nós nos dávamos muito bem. A esposa logo encrencou com a Luciana e, esta não fez mais questão alguma de não ter que recebê-la. Eu fiquei praticamente só concentrado nessa obra, enquanto ela tocava as outras com a volta do senhor Zeferino.
A alegria não durou mais do que dois meses. A Luciana começou a ter sangramentos e o médico restringiu suas atividades. Um deslocamento de placenta a obrigou a fazer uma cerclagem e a manter repouso absoluto. Estávamos novamente desfalcados numa etapa crítica da obra. O Rogério tentou se dividir entre os cuidados com ela e as obras que ela tocava. Saiu-se mais uma vez muito bem, apesar de acabar me sobrecarregando. Mas, fomos levando adiante com todo ímpeto e coragem dos iniciantes na carreira.
Eu visitava a obra da mansão quase diariamente. Comecei a encontrar defeitos no trabalho do Adilson, pois sempre o comparava ao do tio. Eu fui muito sutil ao comentar sobre o que estava me desagradando, mas parecia que ele não compreendia minha sutileza, ou fingia não compreender. Aos poucos e, com a somatória dos outros problemas do escritório, mais minha exaustão, eu fui perdendo as papas na língua. Ao constatar que algo não estava no nível de perfeição que desejava, eu o chamava de canto e expressava todo meu descontentamento. Ele balançava a cabeça como se estivesse concordando e grunhia algumas frases que eu não me dava ao trabalho de escutar.
No dia em que fiquei sabendo que a Luciana não voltaria ao escritório até ter o bebê e que, provavelmente, não voltaria nem depois disso, fiquei completamente arrasado.
- Como assim, não voltar? – perguntei, num domingo em que fui visita-la em casa, ainda no repouso.
- É que eu vou querer cuidar do bebê, esse sempre foi meu sonho, ser mãe. Não vou delegar esse trabalho para uma babá. – afirmou ela.
- Então por que fez faculdade? Só para agarrar marido? E eu como fico sem você? – lamentei-me.
- Olha só para isso, Rogério! Vê se esse cara não é o maior chorão! – exclamou.
- É por que você não está na minha pele! Eu queria ver se fosse você a estar atolada nessa montanha de problemas. – revidei.
- Quer trocar comigo? – provocou ela.
- Tô fora! – devolvi rindo.
- Então para de choramingar! Além do que, foi sempre você de tocou aquele escritório. Os projetos são basicamente todos seus, eu só dei uns pitacos aqui e acolá. Quem desenvolve as ideias é você. O Rogério me disse que você está se saindo super bem na administração, não é amor? – ponderou, solicitando a intervenção do marido para corroborar sua opinião.
- Eu não me vejo ali sem você! Essa é que é a verdade. A gente está junto desde os trabalhos da faculdade, não é justo você me abandonar. – ponderei.
- Como faz drama! – devolveu ela. Seu abatimento com as complicações da gravidez me fez ver que eu estava realmente exagerando.
Numa quarta-feira de uma semana bastante agitada, onde todas as obras em andamento requereram a atenção redobrada, a secretária me informou que o Rogério havia acabado de ligar avisando que não podia vir, pois a Luciana havia sido internada durante a madrugada. Eu quase pirei. Além da mansão, mais seis obras estavam em andamento e, eu teria que dar conta de supervisionar tudo. Na mesma manhã tive uma reunião tensa com o empresário da mansão. Ele provavelmente também não devia estar num dos seus melhores dias, e resolveu me apoquentar com detalhes que, àquela altura, não tinham a menor importância. Precisei ser enérgico com ele e acabei devolvendo algumas grosserias que ele havia me dirigido com a mesma entonação. Ele nunca havia me visto tão furioso e, depois de um cafezinho e uma água, algumas inspirações profundas, acabou por se desculpar. Fiz-me de difícil e mal retribuí seu sorriso, retirando rapidamente minha mão das dele ao nos despedirmos. Nos últimos tempos eu comecei a notar que aquele agarramento da minha mão estava com uma conotação libidinosa, e eu não queria deixar que aquilo assumisse proporções que eu não pudesse controlar. Ao final daquela tarde retornei ao escritório profundamente exausto e contrariado, esquecendo-me inclusive de comer alguma coisa durante todo o dia. Havia problemas para todo o lado. Os piores deles estavam na mansão. Pressenti uma enxaqueca se instalando insidiosamente na minha cabeça tumultuada.
- Nós já não tínhamos conversado sobre isso na semana passada, Adilson? Agora chego aqui e vejo que essa porra continua errada! E aquele vão entre as duas salas, não ficou combinado que precisava ser diminuído? Por que é que continua do mesmo jeito e aqueles dois estão fazendo o acabamento, vai ser tudo material, tempo e mão-de-obra jogados fora. – reclamei irritado.
- O vão foi esquecimento meu, vou manda-los parar imediatamente. Quanto a nivelação do andar de cima não tem nada de errado, precisa ser assim antes de fazermos a outra etapa, senão não vai dar certo. – devolveu ele, com cara de poucos amigos.
- Eu estou de saco cheio das suas desculpas, Adilson! Toda vez você tem uma resposta na ponta da língua, mesmo que seja só para me enrolar. Que saco! Vou repetir mais uma vez, esse negócio de você esquecer não vai colar mais. Se os seus neurônios são insuficientes para guardar o que ficou acertado, trate de arranjar um caderno e anote o que conversamos. Ou será que até para escrever você não tem capacidade? – explodi, diante da cara petulante com a qual ele me encarava. Os demais empregados assistiam nossa discussão espichando os olhares, mas de boca calada e, um ou outro risinho irônico, o que só serviu para me deixar ainda mais puto.
O Rogério também não conseguiu vir trabalhar nos dois dias seguintes. A Luciana havia piorado e precisava continuar internada. Meus dias pareciam não ter mais 24 horas, toda vez que eu olhava para o relógio ou para a tela do celular, haviam se passado horas e parecia que eu não tinha feito nem metade do que precisava ser feito. Não consegui mais passar pela obra para cobrar o Adilson. No sábado à tarde fui visitar a Luciana no hospital. Ela estava péssima, abatida, pálida, mais magra, com ar de estafada.
- Acho que não vou conseguir. – disse ela, começando a chorar assim que me aproximei do leito.
- Não diga bobagem, claro que vai! – garanti, mesmo tendo dúvidas disso.
- Estou há meses nesse repouso absoluto e meu útero não consegue segurar o bebê. – desabafou chorosa.
- Vai dar tudo certo, você precisa ter paciência.
- É como você disse, pareço uma leitoa de tão inchada, tenho cólicas que não passam nunca e ninguém tem mais saco para me aguentar. – queixou-se.
- Esse é o preço do sonho de ser mãe. Não dizem que ser mãe é padecer no paraíso, pois você está nele por vontade própria. Devia ter pensado nisso antes de abrir as pernas. Agora trate de mantê-las bem fechadas até esse nenê estar pronto para sair. – ponderei, fazendo chacota.
- Você consegue ser um debochado mesmo nessas horas. Odeio você! – revidou ela, fazendo muxoxo.
- Debochado não! É que vocês mulheres parecem que não raciocinam diante de um pinto. Vão logo querendo colocar tudo lá para dentro. O resultado é esse! – caçoei. – Se bem que com esse marido gostoso que você tem fica difícil pensar nas consequências. – emendei rindo e procurando o olhar do Rogério.
- Seu puto! Você é que é feliz! Mesmo deixando um pinto entrar em você não corre o risco de passar por essa tortura. – ponderou, esboçando o primeiro sorriso daquele dia. – Nós não podíamos ter encontrado um padrinho pior para nosso bebê, Rogério. Vê se isso é padrinho que preste! – emendou.
- Eu pensei que você já tinha me dispensado do cargo! – observei.
- Estamos com falta de opções! Por pior que seja, acho que vai precisar ser você mesmo, pelo menos até surgir alguém que mereça esse privilégio. – devolveu ela, segurando minha mão e me dando um beijo de despedida.
Fiquei com eles até o final do horário de visitas. A Luciana estava mais animada com as minhas brincadeiras, mas o Rogério continuava amuado e preocupado.
- Estou começando a ficar preocupado com a Luciana. Não quero que aconteça nada de ruim para ela. – desabafou, quando me acompanhou até o lado de fora do quarto.
- Não comece a pensar no pior! Vocês vão superar isso numa boa. – encorajei-o, passando a mão pelo rosto hirsuto dele.
- Estou sem cabeça para nada. Ela só falava em ser mãe, queria um filho meu e não parava de tocar no assunto. Quando finalmente engravidou começou essa desgraça. – revelou ele.
- O que ela precisa agora é de você ao lado dela, forte e seguro, para poder se amparar em você. Não se preocupe com nada além disso. – afirmei. – Da próxima vez você pensa duas, não, mil vezes antes de enfiar esse pauzão enorme que mais parece um EPB Shield1 na minha amiga deixando um túnel pelo qual o bebê consegue escapar antes do tempo previsto. – emendei, zombando dele.
- Não é justo! Não posso deixar você e os clientes na mão. Afinal, aquele é meu emprego, eu dependo dele para pagar as contas. – considerou, esboçando um sorriso tenso diante da minha piada.
- Eu me viro com as obras, portanto, esqueça-as! Amo vocês dois e quero que tudo corra bem. Para isso você precisa estar aqui, ao lado dela.
- Não quero nem pensar no que pode acontecer com a Luciana se ela não conseguir levar essa gravidez adiante. – seus olhos estavam marejados quando disse isso.
- Ei, ei! Cadê toda aquela coragem que eu sei que existe aí dentro? Vai dar tudo certo! Confie nisso! – exclamei, segurando o rosto dele entre as minhas mãos.
- Amo você! – balbuciou, enxugando as lágrimas e me dando um beijo demorado enquanto me abraçava num abraço forte, como se eu fosse uma escora onde pudesse prender suas esperanças.
- E eu a vocês! Ligue-me se precisar de alguma coisa. Cuide dela!
Passava um pouco das cinco da tarde quando deixei o hospital. Ante a aparência da Luciana também saí de lá preocupado com o desfecho daquela gestação. Como não havia conseguido verificar o andamento da obra da casa do empresário nos últimos dois dias, resolvi dar uma passada para ver se o Adilson tinha corrigido os problemas. O vigia da obra veio abrir o cadeado para mim com uma cara de quem havia tomado umas e outras.
- O senhor andou tomando umas cachaças, seu Adão? – questionei, quando senti o bafo a dois metros de distância.
- Não! Não bebo em serviço, seu Eduardo! – mentiu ele.
- Imagina se bebesse! Se quiser continuar por aqui é bom se afastar das garrafas! Só vou dar esse aviso uma única vez, estamos entendidos? – ameacei.
Era mais um problema a ser administrado. Acabou por me tirar o resto de paciência e resiliência que me restava naquela tarde. Por isso, quando constatei que o Adilson não havia feito sequer uma das mudanças que precisavam ser feitas, explodi de raiva.
- Adilson! Eu estou aqui na obra. Você não fez porra nenhuma do que combinamos! Você só faz uma merda atrás da outra para me irritar. Esteja aqui dentro de uma hora! – berrei ao celular.
- É sábado, eu estive a manhã toda aí! – respondeu ele.
- Eu quero que se foda! Se você não estiver aqui dentro de uma hora, nem precisa mais aparecer na segunda-feira. – ameacei possesso, desligando antes de ele poder acrescentar qualquer coisa.
Esperei por quase duas horas. Começava a escurecer quando ele chegou à obra, com a maior cara de pau. Eu mal podia olhar para ele, o sangue me fervia nas veias. Todo aquele acúmulo de trabalho, meus melhores amigos passando pelo maior sufoco, tanto eles quanto eu dependendo da grana daquela obra, eles para dar conta dos gastos inesperados, e eu para pagar os funcionários do escritório. De repente, parecia que eu estava carregando o mundo nas minhas costas. E aquele sujeito sem eira nem beira me aparece com aquela cara despreocupada e altiva.
- Fala para mim o que é tem dentro dessa sua cabeça chata de baiano, água de coco? – comecei, exasperado quase aos gritos, embora ele não tivesse cabeça chata. – É a única explicação que eu encontro para você fazer toda essa merda. Nem que só tivesse dois neurônios funcionando aí dentro, não dava para ser tão burro. Em dois dias você não conseguiu fazer nada do que estava combinado. Essa porra era para estar pronta. Maldita hora que eu fui confiar na indicação do seu tio. Você é um jumento completo. – minha vontade era voar no pescoço do camarada e esganá-lo até o último suspiro.
- Nervoso desse jeito não vamos chegar a lugar algum. É bom o senhor controlar a língua! – devolveu ele.
- Controlar o quê, seu porra? Nervoso é pouco! Como é que você acha que devia estar vendo toda essa merda que você faz? – retruquei.
- Eu não faço merda! Eu posso explicar... – continuou ele, visivelmente alterado com os meus insultos.
- Você sempre pode explicar! Acontece que eu me enchi das suas explicações. Eu quero que você vá à puta que o pariu! Você está fora! De nordestino analfabeto, incompetente, preguiçoso e desempregado está cheio aí fora! Vá dar explicações para as suas negas, no raio que o parta! – gritei, sentindo minhas cordas vocais ardendo com o esforço e não medindo as palavras.
- Olha aqui seu viado filhinho de papai, eu vou te mostrar quem é que é incompetente aqui! – rosnou ele, no mesmo instante em que partiu para cima de mim e, com uma gravata que estrangulou meu pescoço, fez todo meu corpo girar 180 graus.
Soltei um grito que acabou se transformando num rugido rouco por conta do braço que ele apertava contra o meu pescoço. Em dois passos trôpegos fui lançado sobre um andaime baixo, rente à parede, que eles estavam usando para rebocar as partes mais altas. O Adilson me continha arfando de raiva ou sei lá do que mais. Só então tive a exata dimensão do poder de todos aqueles músculos. Eu tentava me libertar de seu golpe, sem sucesso. Comprimindo meu tronco sobre as tábuas rústicas do andaime com o peso de seu corpo, ele arrancou minha calça e minha cueca. Eu dava chutes à esmo, tentando com algum deles acertá-lo. Subitamente, sem acreditar no que estava acontecendo, senti que a pica dele estava se esfregando no meu rego.
- Desgraçado! Eu vou te colocar na cadeia. – berrei, percebendo que minha ameaça não o reprimiu.
- Faça como quiser! Mas, antes eu vou foder essa bunda gostosa até você aprender a não me chamar de incompetente. – grunhiu. O que me deixou mais angustiado é que não era raiva que havia na sua voz, mas uma perversidade pecaminosa carregada de volúpia e assanhamento.
Meu ventre e braços ficaram cheios de escoriações provocados pela aspereza das taboas, fazendo minha pele arder como brasa. Um braço e todo o peso do corpo dele me mantinham imóvel, uma mão deslizou sobre as minhas nádegas, livre, curiosa, devassa e predadora. Quando a senti abrindo meu rego, voltei a berrar. O miserável do seu Adão devia estar caindo pelas tabelas de tão bêbado. Eu estava perdido. Uma encoxada e ambas as mãos me segurando pela cintura, foi seu próximo passo, seguido de uma pincelada úmida no fundo do meu rego. Ao senti-lo forçando a cabeçorra na entrada do meu cuzinho, gritei. Inútil e desgastante, pois na tentativa seguinte, ele me penetrou com seu falo colossal e grosso. Engasguei-me com minha própria saliva ao soltar o grito que estava na minha garganta. Ele arfou mais profundamente e soltou o ar num chiado lascivo. A entrada daquela coisa imensa em mim tinha rasgado alguma coisa provocando uma dor aguda e fina, como se uma faca houvesse cortado minha carne. Juntei todas as minhas forças para erguer meu tronco, mas ele o agarrou e começou a me morder na nuca, enquanto suas mãos me percorriam e rasgavam minha camisa. Aquela sensação de impotência que eu vinha sentindo todos aqueles dias, diante dos problemas crescentes que se acumulavam, se materializou na imobilização que os músculos do Adilson me impunham. Eu quis voltar a insultá-lo, talvez isso o fizesse me largar e me dar uma surra para extravasar toda aquela gana. No entanto, ele tapou minha boca com a sua mão, eu o mordi e gritei mais uma vez inutilmente.
- Ah, viadinho briguento! Você me deixa doido de tesão! Sente isso aqui para se acalmar. – rosnou, enfiando a pica completamente no meu cu.
- Ai, Adilson! – Me arrependi quando ouvi minha própria voz. Aquilo soou mais como uma rendição do que um protesto. Inegavelmente o calor e as pulsações selvagens daquela carne quente que estava dentro de mim tinham haver com isso.
Ele me bombou com fúria e, uma força descomunal. Minha pelve contraída experimentava uma dor insuportável. Eu gemia ou de puro delírio, ou da mais pérfida e inescrupulosa sensação de luxuria que já havia experimentado. O peito suado do Adilson estava colado às minhas costas, ele rugia como um animal copulando, me apertava junto ao seu corpo que estremecia a cada estocada que ele dava no meu cuzinho. De repente, nada do que estava fazendo parecia atender suficientemente às suas necessidades. Ele arrancou o cacete do meu cu e me girou mais uma vez. Ficamos cara a cara. Seu olhar injetado brilhava devasso.
- Agora vai ser olho no olho, pode me insultar. Vamos ver até onde você aguenta! – grunhiu.
Com ambas as mãos me erguendo pela bunda, ele me lançou sobre o andaime esfolando também as minhas costas. Antes que eu o acertasse com um chute, que ficou parcialmente enfraquecido pela calça que estava na altura dos meus joelhos, ele a arrancou juntamente com a cueca levando junto os meus sapatênis.
- Olha só para essa rosquinha pedindo caralho! – exclamou ele, enfiando um dedo e, depois outro, no meu introito anal.
- Chega Adilson! Chega, seu ogro pré-histórico! – eu estava tão exausto que mal podia respirar.
- Agora não é mais baiano de cabeça chata, nordestino incompetente, cabeça com água de coco, não é, tesudo do caralho! Lembrou-se do meu nome, não é? Eu garanto que vai se lembrar de muito mais. – vociferou, com o olhar arregalado para o meu cuzinho que prendia seus dedos libertinos.
Se ele pensou que com isso eu ia pedir desculpas ou arrego estava muito enganado. Eu tinha passado dos limites ao ofendê-lo. Mas, usar esses adjetivos, com os quais eu mesmo nunca concordei, foi a única forma que encontrei no momento de fúria para atingi-lo e fazê-lo prestar atenção para o que eu estava pedindo como chefe dele. Diante do que estava acontecendo agora, é certo que alcancei meus objetivos, mesmo que estivesse arcando com todo aquele destempero. Ele também subiu no andaime fazendo as taboas rangerem sob nosso peso. Me encarando, abriu minhas pernas como um compasso, dobrou-as agarrando-me pelos joelhos e deixou seu corpo cair sobre o meu. Ele me penetrou em duas arremetidas brutas. Eu gritei mais uma vez. Ele colocou um sorriso triunfal na cara deslavada. Eu o empurrava, mas sua força era muito superior à minha. Ao notar seu olhar sobre meu peito, cruzei os braços. Ele os afastou segurando meus punhos e caiu de boca no meu peitinho esquerdo. A mordida selvagem veio logo em seguida e eu me contorci, sentindo ao mesmo tempo a pica se movendo nas minhas entranhas. Marcado por seus dentes e, excitado pelo latejar da verga no cu, meus biquinhos emergiam rijos dos mamilos. Ele os lambeu, mordeu e puxou com os dentes, até que eu emitisse um ganido pungente. Apenas quando os mamilos haviam dobrado de tamanho de tão inchados por conta de sua tortura, ele vislumbrou minha boca contorcida em sofrimento. Levei uns segundos para interpretar aquele olhar fixo nela. Reclinando-se determinado e imperturbável, ele colou a boca dele na minha. Quando eu agitei o rosto de um lado para o outro, para fazê-lo cessar, ele me agarrou pelos cabelos me obrigando a ficar imóvel. Sua língua me penetrou quase tão profundamente quando o caralhão que estava dentro de mim. Ele vasculhou afoito a minha boca com ela, até eu conseguir sentir o sabor de sua saliva. Eu não soube ao que atribuir aquele arrepio que percorreu toda minha coluna. Valendo-se de uma força desmedida, ele movia seus lábios entre os meus, chupava-os, mordia-os como se quisesse me devorar. Enquanto isso, minha musculatura anal dilacerada, se comprazia de um vaivém cadenciado com o qual ele me fodia. Aquela contração morna que agasalhava seu cacete foi se tornando cada vez mais prazerosa. Ela transcendia a posse, a submissão, o domínio pleno que ele experimentava. O calor abrasador que se espalhava em seu peito já não tinha nada haver com aquele estado beligerante que o motivara a me atacar, mas sim com uma sensação perturbadora de acolhimento. Ele chegou a sacudir a cabeça na tentativa vã de tirar esses pensamentos inoportunos e subversivos de sua mente. O que era para ser uma mera aplicação de um castigo começava a ganhar contornos de prazer sexual. De repente, ele se sentiu traído pelas próprias emoções. Era perturbador o que começava a sentir na virilha, uma comichão de aprazimento, que acelerava seu coração tão intensamente que parecia querer sair pela boca. Sim, a boca, tinha sido aquela boca macia e doce a provocar essa sensação. Colando mais uma vez sua boca na minha, ele testou sua teoria demoradamente. O tesão quase o aniquilou. A virilha se retesava num espasmo evolutivo, o ventre se contraiu, e a prazerosa sensação de alívio, que explodiu junto com a farta ejaculada que percorreu toda a extensão de sua pica e veio fluir em jatos pela glande insuflada, o deixou envolto numa bruma de luxuria e contentamento. Aquele corpo que se debatia abaixo dele tinha sido o responsável por todo aquele prazer. Não havia sido esse o desfecho que ele planejara. Perpetrar uma punição não podia ter lhe causado toda essa luxuria. Era para ter um gosto de desforra, não de sedução. E o que significava aquele olhar petrificado que o encarava? Surpresa, perplexidade, renitência, não, não era nada disso, era cumplicidade. Uma cumplicidade involuntária é certo, porém uma cumplicidade subversiva explícita. Tirar a pica daquele ninho libidinoso era a única maneira de fazer cessar estes sentimentos. O Adilson me deixou num golpe brusco e único, eu gemi quando a cabeçorra me distendeu mais uma vez as pregas feridas. Eu fechei minhas pernas e algo perturbadoramente pegajoso e morno ficou no meio delas. Meu corpo todo tremia, tão avassaladoramente que tive receio de perder o equilíbrio sobre as estreitas taboas do andaime e cair no chão. Talvez fosse essa a sensação que as pessoas tinham após um terremoto. Uma falta de compreensão do que se sente, do que acabara de acontecer, do que fazer com os músculos que simplesmente não querem responder a nenhum comando cerebral. Eu olhei para aquele macho parrudo que estava diante de mim, com uma rola imensa e grossa exposta, à meia bomba e, de onde escorria um resto de sumo cujo cheiro se espalhava pelo ar, o mesmo que me impregnava as entranhas, me lançando um olhar tão perdido quanto o meu. Qualquer coisa que eu dissesse naquele momento soaria desconexo. Era melhor recolher minhas roupas do chão e cobrir-me com elas, pois aqueles olhos ardiam como fogo sobre a minha pele. Pudicamente abotoei os poucos botões que restaram na minha camisa. Qual o significado dessa vergonha repentina, de ter exposta parte do meu corpo, esse corpo que havia sido usado lascivamente e, que se recusava a admitir que esteve envolto num prazer primitivo e selvagem? Eu precisava sair dali imediatamente, se as pernas começassem a responder à minha vontade. O Adilson passou a mão entre a cabeleira e parecia também não encontrar nem as palavras e nem forças para se mover dali. Dei os primeiros passos cambaleantes e inseguros em direção à saída. Impossível ignorar a umidade pegajosa e morna que parecia lubrificar cada um dos meus passos. Chorar agora nem pensar, mesmo por que aquela sensação que me sufocava o peito podia não ser de revolta ou insurgência. Um ar menos tenso era tudo que eu precisava, por isso caminhei o mais firme e resoluto que os estragos no meu cu permitiam. Passei pelo Adilson mirando seu olhar perplexo.
- Trate de ir para casa e cuidar desse cuzinho que está sangrando. Na segunda-feira nos vemos e conversamos sobre as pendências. – disse ele, tentando imprimir firmeza a sua voz, onde não havia nenhuma.
Não voltei à obra nem na segunda e nem na terça. Procurei encontrar coragem e forças para encarar o Adilson. Pensei em conversar com o seu Zeferino quando me encontrei com ele na terça-feira, usá-lo como intermediário para dispensar os serviços do Adilson. Mas, não encontrei um meio de abordar o assunto que não o fizesse me questionar pelos motivos da dispensa. Mesmo assim, disse que não estava contente com os serviços do sobrinho, que ele parecia não se importar com o que eu ou o engenheiro diziamos, que acabava deixando muito a desejar na qualidade do trabalho.
- Vou conversar com ele para ver por que esta agindo assim. Eu conheço o trabalho dele e nunca tive essa impressão, mas se o senhor está dizendo, não tenho por que duvidar. Conheço seu jeito de trabalhar e da perfeição que exige da gente. Isso não deveria ser um problema para o Adilson. – respondeu ele.
Mandei a secretária começar a procurar outros empreiteiros em sigilo, eu precisava estar pronto para dispensar o Adilson, se é que ele ainda estava trabalhando. Já tinha me arrependido de fazer o comentário com o tio dele. Talvez isso o tivesse deixado ainda mais furioso. Na verdade, eu tinha muita dificuldade de lidar com demissões e, aquela estava me parecendo particularmente complicada. Vi um bilhete da secretária sobre a minha mesa após o término do expediente, dando conta que o empresário e a esposa queriam vistoriar a obra comigo na manhã seguinte e que ela havia agendado o compromisso.
Dormi mal a noite toda, preocupado com um possível escândalo do Adilson diante do cliente. Na maré de azar que me encontrava não seria de estranhar se isso também viesse a acontecer. Por outro lado, fiquei aliviado de não ter que me encontrar com ele sem uma retaguarda. Ele estaria cercado pelos peões, e eu não podia contar com nenhum escudeiro. Assim, aquela visita com o cliente podia me salvar da situação.
Fiz questão de chegar ligeiramente atrasado à obra, embora estivesse a mais de quinze minutos rodando pelas cercanias. Quando recebi a ligação do empresário dizendo que havia chegado à obra, inventei uma desculpa e me dirigi para lá. Qual não foi a minha surpresa quando encontrei todas as pendências resolvidas num capricho nunca antes visto. O Adilson notou minha reação diante do que havia constatado e, eu podia jurar que por trás daquela cara se escondia um sorriso de satisfação. Não lhe dirigi nem um bom dia. Passei uma hora ouvindo os elogios do empresário e os senões da esposa, para os quais eu abria um sorriso amarelo.
- Deixe de falar besteira! Você não tem a mínima noção das coisas! – protestou o empresário. – Você é incrível, Eduardo! Estou encantado com o seu trabalho. Tudo na mais perfeita ordem, como eu gosto. – elogiou-me, segurando novamente minha mão entre as suas daquela maneira pouco social, e muito libertina.
- Fico contente que esteja gostando. Quero que vocês se sintam muito bem nessa casa e vou fazer de tudo para isso. – devolvi, sem conseguir tirar minha mão das dele.
- Seremos, seremos, estou certo disso! – ele estava querendo derrubar as barreiras que eu vinha colocando para se aproximar de mim além do limite profissional. E, fazia isso nas fuças da mulher. – Bem! Acho que podemos ir, ou você vai falar mais alguma bobagem para o Eduardo? – questionou, fazendo menção de partir.
Ao me despedir dele e da esposa com um beijo xoxo que ela tascou nas minhas bochechas, notei o Adilson atrás de mim.
- Podemos resolver uma questão antes de você ir embora, Eduardo? – perguntou, fazendo-me perder o chão.
- Sim, claro! Já vou, pode me esperar, daqui a pouco vou ter com você. – devolvi, sem olhar para ele. Confesso que tive vontade de entrar no carro tão logo visse o casal dobrando a esquina.
Respirei fundo e caminhei na direção onde eles estavam trabalhando. Por incrível que pareça, voltei a sentir uma exacerbação na dor do cu que não me deixara andar direito por todo final de semana, enquanto caminhava ao encontro dele. O Adilson estava conversando com dois deles, passando algumas orientações quando me aproximei.
- Preciso mostrar uma coisa, você pode me acompanhar, Eduardo? – perguntou ele, deixando os dois trabalharem.
Segui-o pelo labirinto de cômodos até o andar superior onde não havia ninguém trabalhando no momento. Ele seguia na minha frente sem dizer nada, e eu me questionei sobre o que haveria lá em cima para resolvermos. Eu estava apreensivo e receoso. Ele certamente não ousaria me atacar como tinha feito no sábado, o canteiro de obras estava cheio de funcionários. Porém, eu não me sentia mais seguro ao lado dele, essa era a grande verdade.
- O que você achou dos consertos e modificações que havíamos combinado e tinham ficado pendentes? – seu tom de voz era pausado e sereno, mas ele tinha dificuldade de olhar no meu rosto. Não sei por que, mas isso elevou minha autoconfiança.
- Estão como deveriam estar. Você mesmo viu que o cliente ficou satisfeito com resultado. – respondi.
- Eu quero saber se você ficou satisfeito? – insistiu ele, desta vez me encarando.
- Se quem está pagando está feliz, eu também estou. – retorqui.
- É o que importa para mim! – assegurou.
- Bem, era só isso? – eu não queria estender aquele contato temendo que ele tocasse no assunto da demissão.
- Eu lamento que as coisas tenham chegado ao ponto que chegaram. Não foi minha intenção não cumprir com o combinado. Você não precisava ter envolvido meu tio nessa questão, eu sou muito homem para enfrentar as consequências dos meus atos. – ele repentinamente tinha readquirido sua postura de macho.
- Eu fiz apenas um comentário com o seu tio, pois não estava entendendo a razão das coisas não estarem dando certo com você. Seu tio sempre nos atendeu com muita presteza e perfeição, as mesmas qualidades com as quais ele nos indicou seus serviços. – argumentei.
- Não querendo me justificar, e nem dar explicações, pois você deixou bem claro que não quer ouvi-las, mas ocorreram alguns fatos que me impediram de apresentar os resultados que você esperava. – devolveu ele.
- E por que eu só estou sabendo disso agora?
- Eu não quis aborrecê-lo com problemas dos peões que eu trouxe comigo. – respondeu.
- Quando esses problemas afetam o andamento da obra eu tenho que tomar ciência deles, quer eu goste quer não. Você não acha?
- Concordo. Vou agir de outra maneira de agora em diante. – asseverou.
- Que problemas foram esses? Estão resolvidos?
- Ainda não por completo. Mais uns dias e acho que tudo estará normal. Um dos rapazes que eu trouxe precisou trazer a mãe para São Paulo, pois não estavam conseguindo diagnosticar o problema dela lá em Vitória da Conquista. Ela continua internada, mas já sabem o que ela tem. O outro se envolveu numa briga, por causa de mulher, com uma gangue de uma favela próxima de onde mora com os parentes. Acabou na delegacia por uma semana até conseguirem libertá-lo. Sem os dois, priorizei o trabalho mais crítico, deixando esses detalhes para quando estivesse com a equipe completa. – revelou.
- Eu gostaria de ter sabido que estava passando por essas dificuldades. – argumentei.
- Como eu disse, não queria aborrecê-lo com problemas de peão. – havia uma real preocupação dele com os meus problemas.
- Quero que me desculpe pelos insultos que lhe dirigi. Eu estou sob uma pressão danada e jamais tratei qualquer pessoa daquela maneira. Sei que isso não lhe diz respeito e, muito menos que isso serve de justificativa para explicar o modo como o tratei. Me desculpe! – penitenciei-me.
- Eu sei que estava nervoso e só disse aquelas coisas da boca para fora. Meu tio me contou que você é a melhor pessoa com quem ele já trabalhou, que você trata as pessoas com muita educação e carinho, além de ser uma pessoa extremamente bondosa. Foi exatamente isso que constatei ao vir trabalhar com você. – explicou ele. – Também preciso me desculpar pela maneira truculenta como reagi às suas palavras. Eu perdi a cabeça! – emendou.
- Vamos nos concentrar no que interessa, entregar essa obra para o cliente do jeitinho que ele sonhou. Temos muito trabalho pela frente e é com ele que devemos usar nossas energias. – ponderei.
- Está certo! É assim que vai ser. – respondeu ele. Quando comecei a descer as escadas ele me interpelou mais uma vez. – Como estão as suas...., quero dizer, como está o seu machucado? – essa pergunta me soou tão íntima que cheguei a estremecer.
- Está tudo em ordem! – respondi. Eu não ia ser louco de revelar o estado sensível e delicado no qual meu cu ainda estava ressentido, seria como municiá-lo com a convicção do poder de seu membro viril.
- Fico mais tranquilo em saber! – ele sabia que eu estava mentindo, ao simplesmente observar meu caminhar notava-se que algo entre as minhas coxas parecia não estar como deveria. Mas eu não ia dar esse gostinho a ele, embora o cheiro de seu suor, chegando às minhas narinas, me recordava aquele cheiro almiscarado que seu esperma havia deixado em mim.
O Rogério me dava notícias da Luciana diariamente assim que chegava ao escritório todas as manhãs, mesmo assim, eu a visitava pelo menos uma vez por semana para conferir como a gravidez evoluía.
- Mulher como você está chata! Seu único papo é sobre essa pança de leitoa. Você se esqueceu dos outros assuntos? – repreendia-a numa dessas visitas.
- Apesar da minha não estar sendo uma das melhores, a gravidez é um estado mágico! Saber que tem alguém crescendo aqui dentro é maravilhoso. – revidou ela.
- Pirou, não é? Só sendo maluca para curtir uma desgraça dessas!
- É que você não sabe o que é bom, seu desalmado!
- Ah, sei sim! Toda essa lavagem cerebral que a confusão de hormônios vem te causando te fez esquecer da melhor parte, o dia em que isso tudo começou. – afirmei sacana.
- Você nunca vai passar por isso, portanto, nunca vai saber do que estou falando. Mas, eu sei exatamente o momento no qual o Rogério me engravidou durante a transa. Foi um momento único, a gente estava lá naquela empolgação toda e, de repente, quando olhei fundo nos olhos dele, eu soube que ele tinha me engravidado. – afirmou ela, cheia de presunção.
- Sei muito bem do que você está falando! – exclamei, sem pensar, deixando as palavras escaparem. Pois, naquele instante, me lembrei da troca de olhares com o Adilson, enquanto ele bombava meu cuzinho e, de uma espécie de áurea se formou entre nós dois. Naquele momento em que ele deixou de me foder com a raiva de que estava possuído, para me comer imbuído de um sentimento que ele próprio estava experimentando pela primeira vez.
- Sabe como? Ou alguém já te engravidou? – questionou ela, rindo.
- Evidente que não, sua maluca! Como você aguenta tudo isso Rogério? – questionei, encarando-o solidariamente. Ele só me lançou um sorriso embaraçado e balançou a cabeça.
- É por que ele é um santo! – exclamou a Luciana, mandando um beijo pelo ar para o marido devotado.
- Se não sou, estou a caminho de me tornar um. Dizem que só a mulher sofre durante a gravidez, mas no meu caso estou penando tanto quanto ela, são meses numa secura danada. – gracejou.
- Tenho pena de você, meu querido! Imagina quando esse moleque sair aí de dentro? Se agora o papo dela já é chatíssimo, quando isso acontecer ela só vai falar nesse moleque. Tipo mãe coruja, manja? O rebento mais se parece com um cruz-credo e ela acha que é a maior maravilha do mundo. – caçoei.
- Quando meu bebê estiver crescido, vou contar para ele todas essas barbaridades que o padrinho dele falava sobre ele. – revidou ela.
- Vê se não esquece do Rogério, ou eu roubo ele de você! Imagina o fogo que esse tesão de homem não é com essa secura toda que ele diz estar passando? Dá calor só de pensar! – brinquei, provocando-a, e piscando para o Rogério. Ela riu e me atirou um travesseiro.
- Pervertido! Eu não sabia que você está precisando roubar marido de outros. Era bem diferente na época da faculdade. – afirmou ela.
Dado o questionamento que o Rogério fez diante da afirmação dela, ela começou a contar uma situação que aconteceu enquanto éramos estudantes, ela e ele ainda não namoravam, e estávamos com a galera numa casa noturna.
- Você acredita que eu fiquei toda esperançosa que o carinha, que era um daqueles gatos de deixar qualquer uma toda molhadinha, vindo em direção à nossa mesa ia puxar conversa comigo, mas, ao invés disso, ele chamou o Eduardo para um drinque e um papo longe do burburinho que o pessoal estava fazendo? – revelou ela.
- Acredito, por que quando começamos a namorar, uns dois ou três carinhas que eu conhecia me abordaram fazendo perguntas sobre o Eduardo e querendo que eu os apresentasse a ele. – confessou o Rogério.
- Que decadência! E agora ele precisa roubar marido de grávidas que não podem satisfazê-los! – debochou a Luciana.
- Isso, tripudia! Qualquer hora dessas vou te mostrar se preciso roubar maridos. – devolvi, fazendo cara de bravo e, rindo junto com eles.
Valendo-me dessa amizade sincera e tão aberta, alguns dias depois, eu estava a sós com o Rogério trabalhando em nossa sala, quando resolvi questioná-lo sobre dois fatos que vinham me perturbando os pensamentos há algum tempo. Ambos estavam relacionados ao Adilson. O primeiro foi quando ele, naquela tarde fatídica de sábado, do nada, me chamou de viado antes de partir para cima de mim. O segundo foi quando ele perguntou sobre o meu cuzinho, ao voltarmos a ficar numa boa, após as desculpas mútuas.
- Seja sincero comigo, Rogério. Você acha que eu dou bandeira de ser viado, seja sincero! – inquiri.
- De jeito nenhum! Você é super discreto. Não tem como saber qual é a tua, com certeza. – respondeu ele.
- Você está falando a verdade?
- Por que, qual é a dúvida? Você chama a atenção por que é um cara muito bonito. E, por que tem essa bunda que, meu amigo, não passa despercebida de ninguém. Mas, daí, só de bater o olho, a pessoa achar que você é homossexual não tem como. – afirmou ele.
- Eu não devia ter perguntado isso para você, sabia que amigos não iam falar a verdade. – protestei.
- Se não acredita em mim, azar seu! Estou falando numa boa, você não dá bandeira! Mas, para você estar tão preocupado e me fazendo esse tipo de pergunta, aconteceu alguma coisa, agora vai abrindo o bico que eu fiquei curioso. – instigou ele.
- Não aconteceu nada! É só uma dúvida que eu tinha. – retruquei.
- Quem está mentindo agora é você! E, mente mal para caramba! – exclamou.
- O Adilson. O Adilson empreiteiro.
- Que tem ele?
- Me chamou de viado quando deu aquele rolo com os atrasos na obra. Tivemos uma discussão por causa disso. – confessei.
- Ele deve ter dito isso de sangue quente, sem refletir exatamente sobre o sentido da palavra, apenas um jeito de te atingir. – considerou.
- É pode ser!
- Isso te afetou por você ser mesmo um homossexual. Caso contrário, você não ia dar importância ao que ele disse, ia ser só um xingamento.
- Deve ser isso mesmo!
- Ele tem cara de safado, só cara não, ele é safado! Eu já o flagrei com o olho todo espichado para cima de umas clientes gostosas, quando estivemos vendo umas obras. Boto a minha mão no fogo que ele já deu umas secadas na sua bunda. Disso você pode ter certeza! – afirmou ele.
- Bem! Vamos mudar de assunto, que essa conversa está ficando perigosa! – exclamei. Ele riu. Fiquei imaginando se ele soubesse que não foram apenas secadas que ele deu na minha bunda, mas que tinha me arregaçado todo com sua jeba indecentemente calibrosa.
Com o avanço da obra da mansão, chegamos ao final da instalação do complexo conjunto de águas que formavam o telhado. O empresário resolveu fazer a festa da cumeeira num sábado, oferecendo um churrasco e chopp para uns amigos, parentes e o pessoal da obra. Ele havia contratado uma empresa e o evento ganhou ares de festa chique, deixando os peões um pouco desconfortáveis com tanta pompa. Ele havia praticamente me intimado a comparecer, vindo pessoalmente ao escritório para me passar a data e horário da festa. Só pela ganância com a qual ele passara a olhar para o meu corpo, eu pensei em não comparecer. Porém, o Rogério me garantiu que iria comigo, e eu acabei indo.
Os peões haviam tomado uma ducha e colocado umas roupas mais caprichadas, após o término do expediente, esperando pela boca livre. A caminho da obra o Rogério me ligou dizendo que não podia ir, uma vez que a Luciana estava com cólicas outra vez. Eu estava a menos de quatro quadras da obra e resolvi encarar a festa ficando grudado na esposa maluca do empresário para evitar suas investidas, mesmo por que, eu estava com uma lista de materiais a serem adquiridos e que precisavam do aval do Adilson. Eu não o vi quando cheguei e fui abordado pelo empresário, esposa e uns parentes e amigos que ele me apresentou.
- Cadê o Adilson? Preciso entrar essa lista para ele. – perguntei a um dos peões.
- Ele estava por aqui agora mesmo! Deve ter ido até o barracão de materiais. – respondeu o sujeito.
Eu me dirigi até lá aproveitando que não seriamos interrompidos com cumprimentos e papos furados. O barracão de materiais nada mais era do que um contêiner onde ficavam as ferramentas e se abrigava das intempéries o material mais sensível. Ele não estava lá. Anexo havia outros dois contêineres, um que abrigava um banheiro para os peões e um local onde faziam as refeições e, o outro onde residia o vigia. Entrei no primeiro e chamei pelo Adilson, sem obter resposta. Como escutei água correndo entrei até encontrar o Adilson debaixo do chuveiro, no instante exato em que ele lavava a enorme rola que pendia flácida entre suas coxas musculosas. Eu quis dar meia volta, mas ele notou minha presença e me chamou. Ao me virar em sua direção meu corpo já tremia todo.
- Desculpe invadir assim, eu te espero lá fora! – gaguejei, sem conseguir tirar o olho daquela rola colossal que me havia rasgado as pregas.
- Sem problema! Essa é a lista que você ficou de trazer? – questionou, olhando para o papel que eu tinha nas mãos, sem interromper o ensaboamento da virilha pentelhuda.
- É. – eu estava tão perturbado com aquela visão que mal sabia o que responder.
- Vou dar uma verificada nela durante o churrasco mesmo, assim você pode providenciar a compra já na segunda-feira. – ele parecia nem se abalar comigo presenciando sua nudez. Enquanto eu mal conseguia conter a tremedeira das minhas pernas, diante do vigor e da masculinidade daquela nudez.
- Ok! Estou lá fora. – disse, tão rápido quanto os passos que dei para sair daquele contêiner. Eu precisava urgentemente de ar fresco para me recompor. Embora a imagem daquela rola não saísse da minha mente. Foi com aquele troço enorme que ele me deixou quase uma semana com o cu machucado e dolorido, por que então eu não conseguia parar de pensar em senti-lo dentro de mim outra vez?
A festa da cumeeira se estendeu até quase o final da tarde. Ninguém ia embora e eu não queria ser o primeiro, dando a impressão de estar descontente de estar ali. Até por que nas conversas com os convidados do empresário, duas prováveis propostas de trabalho estavam tomando forma. Uma chuva torrencial e fria, fora dos padrões para aquele mês de agosto, pôs fim ao churrasco. Os convidados e peões foram partindo um a um. O Adilson verificava a lista e eu aguardava o seu término. A tempestade se intensificou e o Adilson me pediu uma carona até um lugar onde pudesse pegar uma condução até sua casa, pois precisara deixar sua camionete na oficina mecânica.
- Vou te deixar na minha casa que fica mais próxima da sua e lá pedimos um Uber. – propus. Ele aceitou com um aceno.
- Você se importa se eu subir uns instantes para usar o seu banheiro? O chopp está querendo sair a qualquer custo. – brincou ele.
- Claro! – respondi, acionando o portão da garagem do prédio para irmos ao meu apartamento.
Não sei se propositalmente, ou por esquecimento, ele não fechou completamente a porta do lavabo quando foi mijar. O som de ele urinando um jato forte e demorado dentro do vaso me fez recordar do meu irmão mais velho quando, de manhã, ia mijar no banheiro do quarto que eu compartilhava com ele. Bem como, das vezes em que presenciei meu pai segurando seu cacetão reto e veiúdo fazendo a mesma coisa. Era um som que me remetia a lembranças da adolescência e me instigavam os hormônios provocando um tesão mal controlado. Ao sair e me encontrar na sala, ele me dirigiu um sorriso de alívio e, um olhar inquisitivo. Pisquei os olhos algumas vezes para desanuviar aquelas recordações.
- Você aceita uma água, um suco? – ofereci. Ele optou pelo suco.
- Bonito seu apartamento! Percebe-se que é de um arquiteto! – observou ele.
- Obrigado! – ele me acompanhou até a cozinha.
Enquanto eu preparava um suco natural de tangerina, ele se aproximou de mim pelas costas. Eu senti o calor do corpo dele, de tão próximo. A tremedeira nas pernas voltou com tudo. Eu não me atrevia a me virar, nem podia se quisesse, pois estava ficando paralisado como se uma droga tivesse sido injetada nas minhas veias. As duas mãos dele tocaram meus braços simultaneamente e deslizaram ao longo deles, sem que eu interrompesse o que estava fazendo.
- Você não sai dos meus pensamentos desde aquela tarde, quando tive você em cima daquele andaime. – sussurrou ele, rente ao meu ouvido. Pensei que fosse ter uma convulsão.
- Nem eu! – devolvi, sabendo que tinha feito uma loucura da qual não podia prever as consequências.
- Quero você outra vez daquele jeito! – afirmou, colocando um beijo úmido na minha nuca. Sem saber o que dizer, eu terminei o suco numa rapidez espantosa e, estendi o copo gelado em sua direção. Eu precisava de espaço e, aquele corpão que a pouco esteve completamente nu diante dos meus olhos não me permitia respirar direito.
Ele pegou o copo da minha mão, tomou um gole com o olhar fixo em mim e nas minhas reações e, com a outra mão, desabotoou três botões da minha camisa. A mão sedenta deslizou até encontrar meu peitinho direito, acariciou-o e, afastando a camisa, o expôs ao seu olhar penetrante. Ele levou o copo gelado até o meu mamilo e o fez deslizar ao redor dele. Meu olhar perplexo e excitado se fixou no dele. Mais um gole no suco gelado e sua boca tocou meu mamilo, a língua fria o lambeu com volúpia. Eu gemi. Ele deixou o copo sobre a pia e me apertou em seus braços, colou sua boca na minha e me lambeu a garganta. Pressionada contra a pia, minha bunda foi amassada com ganância e desejo. Eu passei meus braços ao redor do pescoço vigoroso dele e retribuí sua investida, chupando aquela língua depravada. Quando a mão áspera do Adilson entrou pelo cós da minha calça, alcançando minhas nádegas, meu último vestígio de temperança desapareceu. Abraçados e nos beijando alucinadamente, guiei-o até meu quarto. Ele me prensava contra as paredes, apertando seu corpo e sua ereção de encontro ao meu, despindo-me durante o trajeto. Puxei sua camiseta polo pela cabeça desalinhando seus cabelos e expondo seu tórax másculo. Já ao pé da cama, ele tomou minha mão e a beijou antes de leva-la à sua ereção. Depois de acaricia-la por um tempo, retribuindo mais um beijo lascivo e úmido, eu abri sua calça, enfiei a mão dentro da cueca e tirei aquele caralhão para fora. Senti todo o peso e quentura daquela carne consistente na minha mão. Ele me encarou e abriu um sorriso convidativo. Ficamos nos acariciando e beijando, mãos percorrendo e descobrindo corpos, lábios nos meus mamilos, lábios beijando o peito dele, olhares cheios de desejo se encontrando e se reconhecendo, genitais endurecendo entre a queimação de nossas virilhas, uma promessa de prazer pairando no ar daquele quarto prestes a testemunhar nossa junção carnal. Meus dedos, que em nenhum momento haviam parado de acariciar a verga do Adilson, começaram a ficar molhados com o pré-gozo dele. O cheiro almiscarado dele me seduziu. Eu sentei na beira da cama e toquei suavemente meus lábios na glande molhada dele. Um fio espesso e translúcido se formou entre os meus lábios e cabeçorra dele. Eu o lambi perdido no êxtase. Ele sorveu o ar num chiado rouco. A uretra verteu mais um tanto daquele sumo delicioso e, eu novamente o engoli. O Adilson olhava para mim sem acreditar no prazer que eu estava lhe proporcionando. A pica grossa mal cabia na minha boca, mesmo assim, eu me esforcei ao máximo para conseguir colocar pouco mais que a glande estufada dentro dela e chupá-la delicadamente.
- Ai, caralho! – grunhiu ele, quando senti um espasmo em sua virilha. Continuei chupando.
Eu movia meus lábios, minha língua, apertava minhas bochechas ao redor daquele tronco quente que pulsava nas minhas mãos. Eu nunca tinha visto um cacete tão grande que não estivesse entre as pernas de um touro, garanhão, elefante ou jumento. Eu mal podia crer que um homem conseguisse carregar um troço daquele tamanho. No entanto, eu estava saboreando cada saliência provocada pelo sangue fluindo no intrincado emaranhado de veias que o nutriam, cada centímetro de pele que o revestia, cada impulso que aquela verga reta dava ao sentir os afagos dos meus lábios. Ele apenas gemia contorcendo-se enquanto enfiava seus dedos na minha cabeleira. Subitamente ele me trouxe para junto dele num abraço apertado. As mãos agarraram minhas nádegas e, num ganido surdo que escapou da minha boca, ele enfiou um dedo no meu cu. Após ter girado meu corpo, e me deitado de bruços na cama, seu dedo passou a me vasculhar em movimentos circulares ao redor das preguinhas enrugadas.
- Ai, Adilson!
Com uma determinação permissiva, o segundo dedo entrou em mim. Outro gemido, e um impulso para me agarrar aos travesseiros foram a reação do meu corpo àquela predação.
- É inacreditável como você é apertado! Como um buraquinho tão pequeno pode ter uma musculatura tão potente travando-o ao menor toque? Até se parece com a tigmonastia que leva a planta dormideira a se fechar. – observou ele. Fiquei meio perdido ao ouvir sua observação. De onde um homem como aquele conhecia termos tão específicos? – Só muito mais sedutora e atraentemente! – emendou.
Não tive muito tempo para refletir sobre isso e, nem estava a fim naquele momento. Mesmo conhecendo as sequelas, eu queria aquele macho dentro de mim. Contudo, aquele libertino depravado queria-me ver implorando por sua rola. Mordidinhas nas nádegas, chupões no rego e lambidas devassas nas minhas pregas anais me faziam gemer agitado, revolvendo-me entre os lençóis e procurando um meio de aplacar o fogo que fazia meu cu arder. Era desse desespero que ele ia se valer para obter minha sujeição para meter a jeba em mim.
- Como você pode ser tão cruel, me torturando desse jeito? – balbuciei agoniado.
- Só para te dar isso aqui! – rosnou ele, metendo o caralhão na minha rosquinha.
Eu gritei e mordi o travesseiro, enquanto a dor profunda se espalhava no meu baixo ventre. Involuntariamente eu havia travado meus esfíncteres aprisionando o falo grosso no cuzinho. Foi a vez de ele liberar um bramido rouco e, imediatamente, dar mais uma estocada aprofundando a pica no meu rabo carnudo. Eu tentava me agarrar a qualquer coisa que proporcionasse um alívio para aquela dor. Lembrei-me do andaime e sabia que ela não ia passar, que eu precisaria aguentar até ele se satisfazer. Mas, ele foi me envolvendo, deslizava suas mãos sobre os meus braços distendidos, enroscava seus dedos entre os meus, gemia no meu ouvido como era gostoso estar dentro do meu cu. Eu, sem nenhum pudor, ia me abrindo, ia deixando-o meter, emitindo gemidos baixinhos à medida que ele entrava, ia me entregando àquele prazer que começava a tomar conta do meu corpo.
- Não é assim que eu quero esse rabo! Eu quero te pegar como naquela tarde na obra. Quero ver e sentir cada reação sua à minha pica. – rosnou ele. Eu não havia me enganado. Algo havia se transformado dentro dele naquela tarde no cara a cara.
- Você é minha perdição, Adilson! – murmurei, percebendo que aquele macho estava completamente seduzido por mim.
- E você é a minha, Eduardo! Você está me deixando maluco se entregando desse jeito. – afirmou e, num rompante, me virando e me puxando para um canto da cama, onde abriu minhas pernas e enfiou, umas quatro vezes seguidas, o cacetão no meu cu, me fazendo ganir a cada penetrada, até se atirar sobre meu corpo e me encarar esperando que a doçura do meu olhar o fizesse gozar como da primeira vez.
Quanto toquei seu rosto, sentindo a barba espinhenta me pinicar os dedos, gozei lambuzando todo meu pau e meu ventre. Ele me beijou devassamente, sem parar, até terminar de encher o meu cuzinho de porra cremosa e visguenta. O quarto estava imerso na penumbra, pois havia anoitecido. Nossos corpos suados continuaram entrelaçados languidos e relaxados, enquanto suaves toques mútuos iam afagando nossas peles.
- Eu não via a hora de ter você outra vez como naquela tarde. Talvez você vá tirar uma com a minha cara, mas eu nunca tinha comido outro homem, e você transformou aquela foda na mais espetacular da minha vida. – confessou ele.
- Não vou debochar de você, nunca! Naquela tarde você me ensinou o que é ter um macho de verdade. Vou te confessar que é muito dolorido, mas que é o mais sublime dos prazeres. – retruquei.
- Então me promete uma coisa! Prometa que vai ser meu muitas, muitas e muitas mais vezes! – exclamou, procurando meu olhar.
- Eu prometo! – afirmei sincero. Um beijo demorado e carregado de sentimentos selou nosso acordo.
Dois meses antes de a Luciana dar a luz, o Rogério recebeu uma oferta de emprego numa empresa para a qual havia enviado seu currículo meses antes. Minha tranquilidade durou pouco, pensei com meus botões. E, já antevia o desgaste que seria tocar as obras sem a ajuda dele. A oferta era irrecusável tanto financeira quanto profissionalmente. Eu não tinha o direito de lhe pedir nada, só agradecê-lo por ter me estendido a mão quando fiquei sem a construtora.
- Eu vou te dar suporte até você conseguir contratar um engenheiro. – garantiu ele, cumprindo sua promessa até eu ter fechado um contrato com um escritório de engenharia tocado por pai e filho. – Depois, você também tem o Adilson, ele não vai te deixar na mão, tenho certeza. – emendou.
- Como assim o Adilson? – questionei, procurando entender o que estava por trás da menção do nome dele.
- É que algo me diz que ele está, digamos assim, bastante interessado no escritório e no dono dele.
- Não sei do que você está falando! – exclamei, procurado disfarçar minha vergonha por ele ter descoberto meu envolvimento com o Adilson.
- Não precisa negar! Ele é o cara mais que perfeito para você. Dê asas ao que sente por ele, pois se existe alguém capaz de te fazer feliz, esse alguém é o Adilson. Um sujeito bom, de muito valor, capaz de te colocar nos trilhos com muito amor. – sentenciou ele.
- Me colocar nos trilhos? Eu sou muito ajuizado e responsável! – devolvi indignado.
- Você sabe do que eu estou falando. Sei muito bem que você é ajuizado e responsável, mas o Adilson, com aquele jeitão tranquilo e ponderado dele, vai contrabalançar essa sua inquietude diante de tudo. – afirmou ele.
- Como você pode saber disso?
- Pela maneira paciente como ele é doido por você! E, olha que isso faz tempo, hein! Justamente por você ser tão ansioso e precipitado, nunca parou para ver o quanto ele estava a fim de você.
- Quer dizer que eu fui o único a não enxergar o que estava debaixo do meu nariz?
- É isso aí!
- Como você sabe tanto a respeito dele?
- Não sei tanto sobre ele, mas garanto que muito mais do que você, que nunca parou para olhar para ele. Você sabia que a família dele é de comerciantes lá na Bahia? Que ele é formado em biologia e nunca exerceu a profissão por que queria casar com uma garota que a família dele não aprovava? Que foi ganhar dinheiro para não ter que depender deles, por isso entrou no ramo da construção civil?
- Eu fiquei sabendo que ele fez biologia. – afirmei tímido e corando, pois tinha descoberto isso quando o Adilson comparou meu cuzinho com a planta dormideira.
- Em suma, deixe-o fazer você feliz e, faça o mesmo por ele. Ambos merecem! – exclamou o Rogério.
O escritório de engenharia não era uma grande empresa que, aos moldes da anterior, pouco se importaria com os meus projetos. Ambos queriam que o negócio tivesse cara de empresa familiar, que transmitisse confiança, mas com aquele algo mais que apenas relacionamentos interpessoais podiam oferecer. Sem que eu pudesse imaginar quando fechamos o contrato, nossa relação acabou por se transformar numa amizade sincera que perdurou ao longo dos anos.
A Luciana pariu um garotão enorme ao término de 39 semanas de gestação. Como eu havia previsto, ela entrou numa espécie de transe no qual seu único assunto e razão de viver era aquela criança tão desejada. Fui visitá-la na maternidade no dia seguinte ao parto. Ela estava bem para quem tinha acabado de colocar para fora um bebê daquele tamanho pelas vias naturais.
- Foi parto normal! – gabou-se ela, em mais um desejo questionável realizado.
- E quando vai ser a cirurgia para consertar os estragos, tipo funilaria, retoques, pintura, acabamento? – caçoei.
- Seu puto! Olha o que ele está falando de mim Rogério, dá um jeito nesse padrinho pervertido! – devolveu ela, procurando a aquiescência do marido.
- Disse o médico que já consertou tudo! Vamos ver se não foi propaganda enganosa! – disse o Rogério, que só então veio me dar um beijo, pois tinha saído do quarto por uns instantes.
- Depois vocês reclamam quando a gente afirma que homem nenhum presta! Vocês só pensam em sexo. – reclamou ela. – Você já foi ver que afilhado lindo eu te dei?
- A enfermeira do berçário tirou um daqueles joelhos amassados do bercinho e trouxe para perto do vidro dizendo que era o seu. – zombei.
- Viado! Tomara que você tope com um cara que não deixe nenhuma das suas pregas inteira! – revidou zangada.
- Vai se preparando! Isso vai ser uma daquelas mães que vai defender a cria até as últimas consequências. – afirmou o Rogério, ante o palavreado da esposa. Ele e eu rimos, ela continuou de cara amarrada.
- Tá bom, eu vou ser o melhor padrinho para aquele joe...., bebezão lindo, prometo! – garanti.
- Por pura falta de opções, torno a deixar bem claro! – revidou ela.
- O Luca é o bebê mais fofo que eu já vi, lindo e perfeito como o pai. – disse eu, quando o Rogério me acompanhou até o corredor para se despedir.
- Eu fiz o Luca na Luciana, mas eu o fiz para você também! Por isso, sempre insisti que você fosse o padrinho. Eu estou te dando ele de todo meu coração. Quero que você participe ativa e constantemente da vida dele, pois sei que ele jamais encontraria um segundo pai melhor do que você. – afirmou o Rogério, abraçando-me e beijando minha boca.
- Está querendo me fazer chorar, é isso? – questionei, enxugando as lágrimas que não contive diante daquela declaração.
- Amo você, muito! – exclamou ele, voltando a me apertar junto ao peito e me beijando a boca com sua determinação máscula.
- Eu também amo você! Amo muito vocês dois. – afirmei, devolvendo seu beijo com meu afeto. – É bom você parar de ficar me dando esses amassos e beijos em público, ou logo vão pensar que você não passa de pervertido, dando em cima de outro homem quando a esposa mal acaba de parir. – ambos rimos, e eu passei mais uma vez as costas da mão pelos olhos para secar as últimas lágrimas.
O Adilson estava me ajudando como nunca imaginei. O senhor Zeferino precisou parar de trabalhar em definitivo, e acabou voltando para Vitória da Conquista. O Adilson assumiu todas as obras que ele tocava e as novas que empreitamos. Ele se tornou meu braço direito no escritório, visitando as obras e tocando a peãozada. Quando propus que ele ficasse no escritório junto comigo, ele aceitou sem pestanejar. Ele ingressara no trabalho braçal motivado pela falta de opções na carreira que havia cursado e, por que estava prestes a se casar com a esposa da qual se separou antes de vir para São Paulo, como o Rogério havia me contado. Essa e outras revelações começaram a virar rotina entre nós dois, a cada dia nos conhecíamos melhor. Financeiramente ele estava mais estável do que se estivesse atuando em sua área. Depois, segundo me revelou, ele gostava desse trabalho de ver edificar uma casa ou qualquer imóvel a partir da planta. Ele foi se revelando uma caixinha de surpresas, tanto no trabalho quanto na cama. Eu já não conseguia segurar as palavras quando ele despejava seu sêmen quente sobre a minha mucosa anal arregaçada e, suspirando de felicidade, confessava que o amava.
Com tudo correndo bem no trabalho novamente e, o escritório faturando muito bem, eu não via a hora do Adilson me pedir em casamento. Mas, os meses iam passando, uma obra começava e terminava, vinham outras na sequência e ele não tocava no assunto. Parecia que as trepadas no meu apartamento, na casa dele ou até no escritório quando o fogo nos consumia de desejo, eram suficientes para ele. Cheguei a insinuar por diversas vezes a minha vontade de dar um passo além, junto com ele. No entanto, ele, ou não estava a fim, ou fingia não ter compreendido minha intenção. Vai ver ele não quer mais um compromisso, uma vez que o primeiro não deu certo, pensei comigo mesmo, deixando o tempo passar. Contudo, quando eu acordava sem tê-lo enroscado no meu corpo, sentia o quanto ele me fazia falta, o quanto eu o amava, e queria estar cada minuto da minha vida junto dele. Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé, não é isso que diz o ditado? Pois bem, vou criar coragem e pedir o Adilson em casamento. O pior que pode acontecer é ele dizer, não. Mas, se ele disser não, provavelmente, vai acabar tudo entre nós. Nem aquela sensação maravilhosa de aconchega-lo no seu rabo você vai ter, ele não é o tipo de homem que cede a pressões, você já teve provas disso. Era isso que passava pela minha cabeça toda vez que um impulso me deixava prestes a verbalizar meu pedido. Mais uma vez eu me retraía e, mais uma vez meses se passavam sem nenhum avanço. Você nunca se acovardou Eduardo, que bobagem é essa agora? É que nunca havia algo tão importante em jogo, respondia eu para meu próprio questionamento.
- Eu ouvi bem? Você está pedindo o cabeça chata com água de coco, o baiano preguiçoso, em casamento? É isso? – revidou ele, quando finalmente resolvi tomar coragem. Ao ouvir sua resposta entrei em desespero, pensei que não conseguiria segurar o choro. Ele estava me fodendo, mas não me amava. Ele, na verdade, deve me odiar. Foi isso que pensei.
- Me arrependo todos os dias por ter dito isso de você, assim como sei que você nunca vai me perdoar e, nem me deixar esquecer o quão leviano e imbecil eu fui ao usar esses adjetivos com você. Pode usar isso contra mim, não me importo, eu mereço. – precisei respirar fundo para não permitir que aquele nó na minha garganta emergisse num choro convulsivo.
- Eu talvez me sentisse ofendido com suas palavras se não te amasse tanto! A única coisa que você merece é o meu amor e a minha pica te dando uma lição quando não se comportar. Também vai precisar se conformar com esse sangramento ao final de todas as nossas transas, que me deixa louco de tesão, pois parece que estou tirando seu cabaço a cada enrabada. E, ainda, a caminhar todo sensível por até dois dias depois que te comi de tão detonadas que ficam suas preguinhas, outra coisa que me deixa maluco de tão gostoso que é contemplar. De resto, eu aceito me casar com você, agora que sabe que precisa andar na linha com seu macho.
- Eu já te disse que você é um cara cruel? – questionei. Eu saí da minha mesa e fui me sentar em seu colo junto à mesa dele, apertei seu rosto entre as mãos e desabei em prantos. Ele colou sua boca na minha e me apertou em seus braços.
- Pela sua reação eu acho que deveria ter dito não. E, é, acho que você também já me chamou de cruel. Posso voltar atrás se isso te fizer parar de chorar. – disse ele.
- Bobão! Nem ouse! Eu te amo tanto que não consigo pensar em felicidade maior do que ter você ao meu lado todos os dias da minha vida. – balbuciei em meio às lágrimas.
- É assim que vai ser, meu amor! – exclamou ele, enquanto me deitava sobre a mesa dele sem desgrudar sua boca da minha, e começava a me despir. Sacramentamos nossa união ali mesmo, sem festa, sem testemunhas, sem oficial civil, tudo isso ficou para um segundo tempo, um trimestre mais tarde. Naquele dia assinamos nossas núpcias com muito sêmen, fruto da felicidade de pertencermos um ao outro, e era isso que tinha valor para nós dois.
* EPB Shield – Earth Pressure Balance Shield – Máquina para escavar e construir túneis. Popularmente conhecido por tatuzão.