Mansão dos Prazeres - 1
Noite de terça-feira.
Aconteceu. A chuva caía impetuosa lá fora e eu estava no interior da casa, protegida pelas paredes grossas enquanto o sentia sugar meus seios com afinco, fartando-se do leite que deveria ser destinado ao meu filho. Era a terceira vez que acontecia e, desde então, procurava desligar minha mente ou pensar em outras coisas que não fossem referentes ao rapazote de dezoito anos levemente inclinado em meu colo, bulinando-me de forma quase etérea.
Desta vez, no entanto, diferente das outras vezes em que tal disparate se seguiu; eu sentia meu corpo esquentar e o vão entre minhas coxas alertava para a umidade da calcinha. Seria possível? Apertei as pernas como se quisesse urinar, refreando o súbito desejo que me atingiu. Queria o seu toque, algo além de suas sugadas afoitas nos bicos sensíveis, quase implorei por um mísero toque quando ele se afastou sério, o rosto imberbe detinha uma máscara impassível difícil de ler, seus lábios um tanto inchados e úmidos pelo esforço; meu seio esquerdo pendeu livre ao ser solto, ainda pingando algumas gotículas. Abaixei a cabeça, incapaz de encarar o jovem sentado ao meu lado, meu patrão, alguém que tinha entrelinhas demais para o meu parco entendimento.
- Você já pode ir, Laura. - disse, o sotaque mais uma vez me chamando atenção para as nossas muitas diferenças.
Ergui-me com a decência de guardar o seio sob o sutiã reforçado e fechar novamente os botões da blusa que compunha o uniforme. Certeza de que murmurei um "Sim, senhor" enquanto me retirava do amplo e bem decorado quarto, fechando a pesada porta de madeira atrás de mim. A solidão do largo corredor encheu-me de coragem, quando vi já estava apoiada contra a parede e me tocava sob a saia que ia até o joelho num corte reto, meus dedos moviam-se ágeis sobre o clitóris em chamas, ainda com a barreira da calcinha, mordi a mão livre para abafar o grito que veio junto do orgasmo.
Loucura! Me toquei enquanto pensava em todas as estranhezas que presenciei naquela casa desde a minha contratação. Tratei com o tio, um homem de trinta e poucos anos, bonito para quem gosta do tipo nórdico, por si só já me pareceu alguém bem peculiar ao ditar as excentricidades que deveriam cobrir meu cargo. Ser babá de um rapazote não estava nos meus planos, mas ser traída e ficar sozinha com um filho para criar, também não... As perversidades não eram intoleráveis, logo o salário me atraiu da mesma forma que formigas vão atrás de mel. Em um mês ganharia o que nem sonhava ganhar em uma vida.
- Eles são podres de ricos, mas solitários e pervertidos. O garoto acho que tem algum problema... - a cozinheira segredou certa vez, um tanto enciumada quando contei sobre meu primeiro contato com o jovem Nathan - ela também o queria desejando seus seios? Provavelmente. Maiores que os meus, mas desprovidos de leite.
Corri para longe do quarto de Nathan quando ouvi um ruído na escuridão do corredor. A ideia de alguém ter presenciado meu momento de insanidade fez-me corar... E, estranhamente, senti o calor voltando para minha intimidade ao voltar para a ala destinada aos empregados.
- O que houve com você, moça? Parece que viu um fantasma. - Inês, a governanta, ditou séria. Era uma mulher amarga que conseguia me assustar com aquele olhar sempre clínico, sentia como se ela fosse capaz de me despir sem erguer um dedo. Vestia uma camisola sem atrativos e tinha o cabelo dourado preso em uma trança ao redor da cabeça. Devia ter por volta dos quarenta e cinco anos, as linhas de expressão deixando-a com um certo charme - não que eu fosse capaz de elogia-la.
- Nada, senhora, apenas estava cuidando de Nathan.
E não foi preciso dizer mais nada, mas posso jurar que ela deu um sorrisinho discreto e seu olhar foi parar em meu busto, o acompanhei e percebi ter pulado um botão na hora de fechar a blusa, senti vergonha.
- Não motivos para se envergonhar, Laura. Há prazeres que o próprio prazer desconhece...
Deixou-me com a frase enigmática, caminhando para seu quarto que ficava próximo ao meu. Adentrei meu espaço, trancando a porta e me atirando na cama de solteiro. A mente fervilhante levou-me até meu filho, agora sob os cuidados de tia Angelique, poderia vê-lo novamente dentro de um mês durante a primeira folga do trabalho em tempo integral - tentava me convencer que estava ali por ele, por ser uma boa mãe... Não pela vergonha de ser abandonada por um marido beberrão, trocada por minha própria irmã.
Não queria pensar no Sr. Nikolay, o tio de Nathan, e nos sons curiosos que ouvia sempre que passava por seu quarto, o tal tipo nórdico que arrancava suspiro das outras criadas. Pensar em cada particularidade daquela mansão me deixava assustada e...
Inquieta.