Espero que gostem, mas acho que não sou um bom escritor! kkkkk
CAPITULO 3
-Mas que baixaria e essa na porta da minha igreja, Thiago?- Uma voz ressoou pela rua de repente.
Pulei para quase um metro de distancia de Dalila, tamanho o susto que levei. Como ainda era muito cedo, fiquei bastante surpreso ao ver aquele homem de baixa estatura próximo aos portões da igreja, nos olhando de modo reprovativo.
-Sinto muito por isso, pastor Antônio!- Dalila disse sem olhar nos olhos dele, bastante envergonhada pela situação.
-Desculpe Tio Antônio, só que não acho tão errado assim o que aconteceu. Foi só um beijo entre namorados!- Disse, ainda me recuperando.
-Talvez não seja na casa de vocês, mas na minha igreja não admito tamanha falta de moral. Mesmo que esses atos sejam cometidos pelo meu único sobrinho! – Ele disse sem diminuir o tom da voz, deixando Dalila cada vez mais com cara de quem iria chorar.
Era nítido o quanto meu tio estava de mau humor naquela manha de sexta, e era fácil imaginar o motivo por trás disso. Ele havia se tornado pastor há pouco mais de seis anos, e apesar de ter mudado bastante como pessoa, santo era algo que ele nunca havia tinha sido. A gula e a preguiça eram suas maiores batalhas diárias, batalhas essas que ele sempre perdia, diga-se de passagem. Não era atoa que ele pesava quase 90 quilos com apenas 1,69 de altura. Ter que levantar todo aquele peso antes das sete da manha, não deixaria ninguém contente.
-Estamos aqui por causa da limpeza, não?...Que horas podemos começar?-Perguntei, tentando mostrar um interesse que ate então não existia, só pra evitar um dos seus sermões.
-Hoje eu e você ainda vamos conversar sobre isso!- Ele disse após alguns minutos em silencio, me observando com seus olhos estreitos.
-Sim senhor! – Concordei a contragosto.
Ouvindo aquelas palavras saírem da minha boca, as pessoas parariam e pensariam; “Nossa, que moleque mais submisso, não tem coragem nem pra dizer umas verdades na cara desse velho!”. Mas isso era da minha personalidade, eu odiava discussões e para evita-las, eu sempre me calava, mesmo que tivesse algo a dizer.
Sabendo disso, meu tio não perdeu tempo e começou a dar instruções a Dalila, que ouvia tudo em silencio sem lançar um único olhar pra ele. Ao fim, ela acenou para mim de forma tímida e saiu caminhando em direção aos fundos da igreja.
Surgido do nada, um fiat uno vermelho estacionou de modo brusco no outro lado da calcada, desviando por inteiro a atenção do meu tio. A porta do carona logo se abriu, e por ela desceu um rapaz moreno, um pouco acima do peso e cabelo passado a maquina um. Surpreso com a minha presença e do meu tio ali, ele não fez nenhum movimento e se manteve próximo ao carro.
-Mas o que o Rodrigo esta fazendo aqui?...Ah, Deus meu, senhor de todas as coisas. parece que hoje estas a testar a fé desse teu servo.- Meu tio disse a meia voz, em tom de lamentação.
Eu não tinha certeza, mas podia imaginar facilmente o que o trazia ate aqui. Rodrigo, era um dos três filhos de uma falecida prima da minha mãe e do meu tio Antônio. Ele devia ter uns 11 anos quando ficou órfão, e desde então viveu em diversos lugares diferentes. A minha casa foi sua ultima passagem antes do pai o encontrar e o convidar pra morar com ele. Desde então ele mudou bastante e passou a se meter em problemas cada vez maiores. Quando esses problemas apertavam, Rodrigo largava o pai na cidade onde moravam e vinham buscar ajuda com meu tio e minha mãe.
Tinha sido assim varias vezes, ate que por conta de uma divida de jogo dele, uns caras picharam a igreja e ameaçaram tocar fogo nela. Desde então meu tio e meu pai lavaram as mãos e preferiam ver o diabo a ter que ver o Rodrigo na frente deles.
-Não sei se e um teste de Deus, mas algo me diz que dessa vez, ele andou brincando com algo realmente perigoso. – Eu disse ainda observando Rodrigo, que se mantinha imóvel próximo ao carro.
-Não sei que colmeia o Rodrigo foi cutucar dessa vez, só que não quero ele aqui.- Meu tio disse por fim, com a voz mais firme.
-Poderia deixar ele se aproximar e...- Tentei falar.
-De jeito nenhum, Thiago!...Va conversar com ele e seja lá o que ele tenha feito dessa vez, leve-o pra sua mãe. Ela o defende tanto, então que resolva sozinha o que ele aprontou agora.- Meu tio disse, impedindo que eu terminasse o que ia dizer.
Sem dar nenhuma chance pra que eu dissesse mais alguma coisa, meu tio se virou e saiu pelo mesmo caminho que Dalila tinha feito minutos antes, deixando o portão da igreja ainda trancado. Respirei fundo e antes que eu pudesse fazer qualquer movimento, Rodrigo saiu do modo estatua e em passos rápidos, chegou ate onde eu estava.
-E ai Thiago?- Ele cumprimentou, sem me olhar nos olhos.
-Oi!- respondi.
-Ele não quer falar comigo, ne cara?- Ele perguntou a meia voz.
-Nem olhar na sua cara, pra ser sincero!...o Tio Antônio ainda tá magoado por os caras terem pichado o xodozinho dele. – Disse, abrindo um sorriso murcho em seguida.
-Gordo nojento...Cinco dias, levei lixano e pintano essa porra dessa igreja pra apagar aqueles rabiscos. Ele devia me agradecer! – Ele disse, em tom de zombaria.
-Mas o que você tá fazendo aqui, Rodrigo?- Perguntei de uma forma brusca.
O sorriso que há pouco começava a se formar no rosto dele, de repente se apagou e só então consegui notar o quanto ele estava abatido.
-Vamos descer lá na tua casa?...Vai que o Antônio volta com uma bassoura e sai correndo atrás de mim, querendo me bater. – Ele disse após alguns minutos em silencio, ignorando minha pergunta.
-Seria muito engraçado ver o Tio Antônio correndo!- Disse, sem conseguir esconder o sorriso.
-Com o bucho daquele tamanho, ia ser mesmo. – Ele concordou em tom de ironia.
-Acho melhor a gente ir!- Disse, tentando bloquear na minha mente qualquer cena do meu tio tentando correr, pra não cair na risada.
-Pera ai, vou dizer ao meu amigo que pode ir embora!- Ele disse, se virando e voltando para o carro logo em seguida.
Continua...