O ônibus estacionou frente a escola, onde alguns pais já estavam reunidos devido ao acontecido, tio Paulo era um deles. Descemos do ônibus e pegamos nossas malas, depois guardamos no porta malas de seu carro.
- Que confusão vocês fizeram ein...
- Nós não, tio.
- Força de expressão. Enfim, vamos pra casa.
- Ficou sabendo de alguma novidade no caso, tio? - perguntei.
- Nada de surpriendente, o pai do seu amigo usou toda a sua influência e evitou a expulsão de ambos... Pegaram apenas um gancho. Sua amiga ia pegar um também mas, pra não ficar desproporcional, pegou só uma advertência. Assim como você, Xande...
- Eu? Mas eu só...
- Eu te conheço, garoto. Não precisa se desculpar não, já assinei e tá tudo resolvido.
- Fico preocupada com a Ellen só... - Aninha disse ajeitando a franja atrás da orelha.
- Ah não se preocupem. A faculdade não liga pra isso não, eles sabem que o que rola lá dentro é pior! Hahaha!!
- Faculdade?? - perguntamos em uníssono.
- Ela não contou pra vocês? Pelo jeito não, né? A Ellen passou no vestibular de inverno da federal, tá se mudando pra capital, na casa de algum parente, e vai terminar o terceiro ano lá já.
- Ela não me disse nada!- Ana Clara estava incrédula.
- Pois é, também não sabia até agora pouco- respondeu meu tio - Não sei porque esconder boa notícia. Ela passou em segundo lugar em direito. Quem diria tamanha inteligência saindo da nossa cidadezinha!
- Isso explica as coisas...
- Talvez tenha sido uma despedida, bem pensado, Xande. Mas só adolescentes mesmo pra fazer isso logo no acampamento! Vocês são muito imediatistas, só pensam no agora!
- Esse é um grande problema em alguns mesmo
Ana disse olhando de soslaio em minha direção. Dali pra frente foi só small talk. Logo chegamos em casa, desfiz minha mala em pouco mais de uma hora e fui para a sala assistir TV com a família, como manda a tradição no domingo. Um pouco mais tarde a macarronada estava servida e nós quatro nos sentamos envolta da mesa para o almoço, passamos mais de duas horas conversando e rindo, como sempre era quando nossos tlios estavam em casa. Todos ajudamos no processo de lavar a louça e em seguida meu tio foi tirar sua cpiesta, minha tia foi ler na varanda, Ana se trancou em seu quarto e eu fiquei na sala, pensando em tudo o que aconteceu no final de semana, e ponderando o significado de cada palavra da conversa que tive com Ana Clara.
Sua determinação em que nos separarmos era o melhor caminho a ser seguido me deixava louco. No meu egoísmo, tinha certeza que ela não podia estar mais errada. Pois eu só conseguia me imaginar ao lado dela, desde que tudo isso começou. Mas essa era minha idade falando, aos 16 você não consegue enxergar mais do que um palmo a sua frente. Engraçado que essa é a idade em que a sociedade justamente nos obriga a escolher o futuro inteiro de nossas vidas. Ana, porém, sempre foi mais madura do que eu, mais certa do que queria. Ela sabia que um relacionamento, especialmente o nosso relacionamento, não envolve somente os amantes, mas sim todos aqueles ao seu redor, e sua índole e inteligência a impediam de tomar decisões baseadas apenas no que traria a ela, ou a mim. Ela sempre olhou a fotografia de cima, e embora tenha se deixado levar pela paixão quando revelou tudo que sentia por mim, nem um momento desde que fez isso deixou de pensar no exterior de nossa relação. Enquanto eu só pensava em como sua boca era doce e macia, era ela quem cortava os carinhos mais chamativos em público. Enquanto eu só pensava em como sua pele era suave e delicada, era ela quem checava as portas e janelas para ver se estavam fechadas. Enquanto eu só pensava no quanto seu corpo me deixava louco de tesão, era ela quem inventava as histórias que nos davam algumas horas de privacidade.
Não fosse por ela, tenho certeza que seríamos descobertos antes de um mês de namoro. Aninha não me deixaria se isso não fosse o certo a se fazer, o melhor para nós dois. Fui até seu quarto e bati na porta, ela abriu e me deixou entrar.
-Eu vim pedir desculpas, maninha.. - disse entrando no quarto- isso só deu certo até agora porque eu confiei em você, e nas suas decisões. Porque eu sei que você me ama e que não me machucaria... Se você diz que o melhor é nos afastamos... Eu aceito.
Ela ainda estava de costas, segurando a maçaneta da porta. Acabou de fecha-la, e se virou pra mim. Vi que ela chorava e fui correndo abraça-la. Ficamos por vários minutos naquela posição, até que Ana se acalmasse. Ela afastou a cabeça do meu peito e me olhou ainda lacrimejando.
- Você me faz perder as certezas que tenho... Não... Não quero...
- Eu sei, minha vida, não precisa falar de novo. As palavras machucam nós dois... Mas como você disse, é o que tem que ser feito.
- Sim, mas eu... Não. Eu... A Bia...
- Não precisa se preocupar. Tudo que você e a Ellen planejaram deu certo... A gente se beijou na barraca...
- E... Vocês só...
- Bem... Eu tava com raiva de você, talvez, não fosse a confusão...- senti o corpo dela enrrigecendo.
- Xande, não...
- Meu Deus, não sei porque disse isso. Desculpa amor...
- Não é isso, eu...
- Pode dizer...
- Eu quero que você namore a Bia...
- Você já deixou isso bem claro, Ana. Acho que você conseguiu...
- A gente não pode... Com ela, você...
- Eu sei, maninha, eu sei...
- Eu te amo tanto, Alexandre...
- E eu nunca vou parar de te amar, Ana Clara...
- Você promete?
- Prometo.
- Sabe... Eu tô tentando ser muito forte aqui...
- Você já é forte, mais do que eu pelo menos...
- Não, não é isso. Tô tentando me segurar...
Só nesse momento percebi que meu membro enrijecido pressionava seu ventre, enquanto podia sentir a pressão que seus mamilos faziam por debaixo do pijama. Ela continuou.
- A gente não pode namorar, Xande...
- Não, Ana...
- Mas você promete... Me deixar... Me deixar ser... A sua... Sua amante?
Olhei assustado pra ela.
- Você quer ser o quê?
- Sua amante...
- Mas eu achei... Que você também ia arrumar outro pra me superar...
- Não. Eu não quero outro... Só quero você... Eu tive tanto medo... Você achou que meu plano tinha dado certo. Não deu. O plano da Ellen deu certo. Mas o meu... A forma como você me olhou depois que eu terminei com você... Você me odiou naquele momento... Me fez perder o chão... Tive certeza que tinha te perdido, fiquei desesperada... Não sei de onde tirei forças pra sentar do seu lado no ônibus hoje... Achei que você ia me ignorar ou me chutar de lá... Mas você me puxou pra perto... E agora quem veio até mim foi você... Você ainda me ama... Nada me deixou mais feliz na vida... Eu sei que usei as palavras erradas... Palavras que machucaram muito você, meu amor, e eu nunca quis isso... Nós temos que nos afastar... Não podemos ser namorados, não podemos nos casar, não podemos ter família... Mas eu quero ser sua, ainda que seja da forma mais errada... Não posso ficar longe de você... Eu te amo tanto...
Não pude segurar o choro. Não haviam forças em mim para fazê-lo. Por isso desviei o rosto e me afastei tentando segurar as lágrimas com os dedos. Dessa vez ela que me virou e me abraçou, puxando minha cabeça contra seu peito.
- Eu te amo...
Repeti mil vezes, até minha voz sumir. Ela puxou meu rosto contra o seu e nos beijamos. Beijos de amor, logo se transformando em beijos de amantes. As peças de roupa voaram, as mãos estavam perdidas no ardor da paixão. Ela estava ensopada, eu estava rígido. Os corpos já sabiam o que fazer, mesmo com a consciência longe eles se entrelaçaram. As estocadas foram rápidas, assim como a urgência de ter um ao outro pedia. Senti que seu corpo estremecia, quase que instantaneamente após a penetração. "Meu amor, meu amante" ela repetia enquanto seu corpo contraía. Da mesma forma que ela me abraçava e puxava contra si, sua buceta fazia com minha rola. Ela não parecia parar de gozar, ou talvez minha percepção de tempo já tivesse perdida. E então veio. Indescritível. Sem precedentes. O êxtase em que ela se encontrava invadiu meu corpo, e como ela gozei. Um orgasmo que nunca havia sentido. Não parecia acabar nunca. Gozamos juntos. De corpo. E de alma.