Amante do pai adotivo caralhudo
Com três dias de vida fui deixado, embrulhado num rico pagãozinho e num cobertor, por um motorista discreto e uma governanta quase sexagenária, que já nem se lembrava mais de quando começou a trabalhar, ainda adolescente, na casa do homem que a estava fazendo cúmplice daquela barbárie, nas mãos de madre Carmelita, numa pequena saleta do orfanato de Santa Izabel de los Hijos Perdidos, em Neuquén capital da província argentina de mesmo nome. O telefonema anônimo recebido pela freira poucas horas antes, recomendava que o orfanato se incumbisse da minha criação e, dava conta de que uma vultosa soma estava sendo depositada na conta do orfanato para todas as demandas e, para meu provimento futuro quando tivesse autonomia para deixar a instituição.
Quando eu estava com quatro anos de idade, um jovem casal brasileiro foi encaminhado ao orfanato Santa Izabel de los Hijos Perdidos por uma assistente social que tinha por hábito valer-se de sua condição como agente de adoções, obviamente, mediante uma régia compensação, para burlar o sistema oficial brasileiro de adoções buscando nos países vizinhos os tão desejados rebentos que os casais abonados não tinham como gerar por si próprios. Madre Carmelita, reitora do orfanato, também era uma dessas facilitadoras que, sob o subterfúgio de ajudar aquelas pobres crianças desvalidas, não se privava de uma boa compensação por sua bondade. Enquanto o casal avaliava os pequenos que lhe estavam sendo apresentados, acabaram notando, através dos janelões de ferro e vidro da saleta de recepções, a presença de um garotinho de pele muito branca e cabelos ligeiramente aloirados, que se distraía sozinho empurrando um barquinho feito de papel dobrado, nas águas do chafariz cercado pelo jardim interno do orfanato.
- Desculpe-me madre, as crianças são encantadoras, mas nenhuma delas guarda alguma semelhança com as minhas características e do meu marido. Estamos à procura de uma criança que não seja imediatamente identificada como não sendo nosso filho legítimo. Estamos à procura de uma criança com as características do garotinho que está brincando lá fora. – disse a mulher à freira. Só então o marido viu o menino debruçado sobre a beira do chafariz provocando ondas na água com seu braço mergulhado até o cotovelo.
Madre Carmelita lutou pouco contra sua consciência. Prudentemente, ela não havia feito o registro da criança no livro do orfanato destinado a esse fim, no dia em que ela lhe foi entregue na surdina. Nesses quatro anos ninguém havia procurado pela criança, ninguém a havia visitado, ninguém parecia se importar com seu paradeiro. Se algum dia fosse questionada, na falta de um registro, seria a palavra do requerente contra a dela, uma notória benfeitora e zelosa guardiã dos mandamentos divinos. Ademais, chegaria mesmo o dia em que o menino teria que ser transferido para outro abrigo, uma vez que, a partir dos doze anos, somente as meninas podiam permanecer no orfanato de Santa Izabel de los Hijos Perdidos. Por que não auferir mais um pouco daquela mercadoria que parecia ter um valor muito maior do que ela supunha? Madre Carmelita sabia como valorizar os produtos que tinha a oferecer. Teceu uma intrincada estória para aguçar o desejo do casal pelo menino que brincava lá fora, inocente das perversidades humanas. Um bom enredo certamente faria aumentar a disponibilidade do casal em abrir os bolsos, e foi o que aconteceu.
Fazendo-se relutante, madre Carmelita mandou entrar o menino, cujas roupas estavam encharcadas ao redor da barriga onde se apoiara para fazer navegar seu barquinho no mar turbulento do chafariz.
- Buenos dias! – exclamou com sua voz infantil, indo cumprimentar primeiro aquela senhora de sorriso largo e olhos marejados, depois o senhor que o pôs no colo e lhe apertou as bochechas.
Eu então já tinha um nome, Diego que, porém, não constava em nenhum cartório do país. Por alguma razão, ninguém achou importante que eu existisse de fato e, portanto, ninguém se preocupou em providenciar um registro civil. Eu era Diego, o garoto sem sobrenome. Isso agora estava se mostrando providencial, pois o casal brasileiro podia voltar ao seu país, de carro, cruzando a fronteira desguarnecida e relapsamente controlada de ambos os lados, sem criar nenhum empecilho.
Eu já tinha visto, de longe, aquele tipo de visitas que as outras crianças recebiam, e sabia que algumas delas tinham ido embora depois dessas visitas. Como nunca soube do que se tratava, fiquei um pouco apreensivo com todo aquele entusiasmo que o casal estava demonstrando comigo. Respondia às suas perguntas de forma tímida; às vezes instigado por madre Carmelita, outras pelo sorriso espontâneo que o casal me lançava.
No dia seguinte o casal voltou ao orfanato para ‘fechar o negócio’. Apesar da tenra idade, lembro-me do brilho no olhar de madre Carmelita quando o homem abriu uma maleta apoiada sobre a mesinha central da saleta. No momento, pensei que havia uma taça de sorvete de baunilha coberta de coulis de mirtilo dentro dela, tal era o olhar de satisfação no rosto de madre Carmelita com o que via na maleta. Do colo da mulher, cheguei a me espichar na direção da mesinha central para ver seu conteúdo, mas o que havia lá dentro não passava de pacotes de papéis estampados presos por elásticos. Pelo resto do dia só me lembraria do sorvete que não era servido mais do que duas ou três vezes ao ano, sempre nalguma data festiva, embora eu nunca tenha sabido o que se estava comemorando. Por isso mesmo, não dei muita importância à conversa que o casal teve comigo logo em seguida. Fazer uma longa viagem, ir para a nossa casa, ter meu próprio quarto numa casa com um belo jardim, foram algumas das expressões que eles usaram, mas que não significavam muito para mim, pois eu nem sabia do que se tratava. Madre Constanza ajudou-me a colocar meus pertences de higiene, as poucas roupas, chinelo e sapatos doados que estavam no meu espaço reservado dentro do armário do dormitório num sacolão de couro que o casal havia trazido. Ela também falava da grande aventura que me aguardava, com seu sorriso doce, aquele que ela usava para nos fazer crer que algo que fosse necessário ser feito seria prazeroso.
- O que é aventura, madre? – perguntei. Ela não me respondeu, só me mandou fazer xixi antes de me levar de volta à saleta onde estava o casal e madre Carmelita.
Eu estava no banco traseiro do carro quando ele tomou a direção do imenso portão de ferro que sempre estava fechado e, pelo qual nunca podíamos passar sem que uma das freiras estivesse nos acompanhando. O casal acenava para as duas freiras postadas na escadaria de entrada do orfanato. Eu apenas olhei na direção delas. Elas me pareceram contentes com a minha partida que, naquele instante, eu não sabia ser para sempre. Obviamente, madre Carmelita se esquecera de mencionar ao casal de brasileiros, que aquele garotinho que estavam levando para casa tinha uma polpuda quantia reservada no Banco de la Nación Argentina em títulos ao portador que só poderia ser resgatada quando ele atingisse a maioridade e, que ela guardava a sete chaves num escaninho em seu escritório.
Os mais de três mil quilômetros de estrada entre Neuquén e São Paulo, foram vencidos em cinco longos e entediantes dias, com paradas em hotéis ao longo do caminho para pernoitar. No primeiro dia, a cada duas ou três horas, eu perguntava se já estávamos chegando, se bem que eu não sabia onde ficava aquele chegando que nunca chegava. Aquele logo era demorado demais e eu ficava contente quando minhas pálpebras começavam a pesar e eu caia no sono. A partir do segundo dia, descobri que não adiantava perguntar se estávamos chegando, pois independente de qual fosse a resposta, eu permanecia no banco de trás daquele carro, vendo parcialmente uma paisagem passando pela janela, uma vez que meus olhos ficavam abaixo da linha onde começava o vidro.
Naqueles dias também tentaram me fazer chama-los de mamãe e papai. Eu não sabia bem o que isto significava, mas me lembrei da Gabriela, uma menina que chegara ao orfanato há poucos meses, usava o que as madres chamaram de maria-chiquinhas no cabelo e tinha sardas no rosto, ela era maior e mais velha do que eu e, um dia, me contou que estava ali por que a mamãe dela havia morrido. Foi a primeira vez que ouvi a palavra mamãe e perguntei a ela o que era uma mamãe. A resposta dela foi confusa e eu fiquei sem entender o que era. Agora aquela mulher me pedia para chama-la assim, não me custava nada fazer sua vontade, afinal eu gostava do jeito como ela me tratava.
Minha vida mudou completamente depois que o casal me apresentou o meu quarto. Nas primeiras noites eu não conseguia pegar no sono apesar de lutar para manter os olhos fechados. A cama muito mais macia do que a do orfanato, o cheiro do quarto, aquele silêncio exagerado, sem tosses, resmungos, ranger de camas, parecia funesto demais. Cada vez que as luzes eram apagadas, depois do casal ficar um tempo me distraindo antes de me deixar sozinho, eu achava que tinha ouvido o som do bicho que mais temia; sapos, coaxando bem debaixo da minha cama. Quando eu deixava escapar um grito no meio da noite, achando que um deles tinha pulado na minha cama, alguma das freiras entrava no dormitório e me dava uma bronca, especialmente quando descobria que eu havia feito xixi nas calças. Por isso, eu agarrei o cobertor e o levei acima dos olhos, apertando-o com força, enquanto sufocava o choro. Eu não queria fazer xixi naquela cama cheirosa, e nem queria que um deles viesse me dar uma bronca. De alguma forma, o medo passava e, quando eu dava por mim, já era dia outra vez. Aos poucos, fui me convencendo de que não havia sapos naquela casa, eu nunca tinha visto um deles perambulando pelo jardim, tal como acontecia no orfanato.
Passei alguns dias sozinho na nova casa, isto é, sem nenhuma outra criança por perto. Mas, em breve, mamãe me deixava num lugar cheio delas, e eu gostava de ir para a escolinha, pois parecia que as horas lá passavam mais rapidamente. Quando chamar a mulher de mamãe, que descobri chamar-se Clarisse e, o homem de papai, cujo nome era Rodrigo, já havia se incorporado ao meu pensamento eu passei a gostar da vida que estava levando. Eu tinha tudo o que os colegas da escolinha também tinham, um lugar para voltar depois que as atividades acabavam, um pai e uma mãe que vinham nas festinhas da escola, um monte de lugares na cidade onde eu ia passear quando eles não estavam trabalhando e, quatro avôs que gostavam de me deixar fazer tudo o que eu queria sem ficarem esticando o olhar na minha direção e dizendo não.
Onze anos se passaram e eu quase já não me lembrava mais do orfanato. Embora o Rodrigo e a Clarisse tivessem me explicado ao longo dos últimos anos que eu era adotado, isso pouca importância tinha, pois, na prática, eu não sabia o que era a vida de um não adotado. Eu tinha tudo que um não adotado tinha, fazia tudo o que um adolescente não adotado fazia, portanto, talvez a única diferença estivesse na maneira como os pais dos meus colegas os tratavam. Eu só me dei conta disso depois de ter passado algumas noites na casa de uns amigos. Os pais deles pareciam ter um vínculo muito mais estreito com os filhos, também pareciam gostar mais deles do que o Rodrigo e a Clarisse gostavam de mim. Eu nunca soube explicar que diferença era essa, eu só conseguia senti-la no dia-a-dia. Com o tempo, foi ficando claro que eu vim a preencher uma lacuna dentro daquela casa. Para o Rodrigo e a Clarisse, um casal bem posicionado socialmente, tão importante quanto ostentar um status era ter uma família que se parecesse tão normal quanto as demais do círculo que frequentavam, e isso incluía ter filhos. Era esse o meu papel naquela casa. Eu não tinha do que reclamar, aliás; fui me mostrando cada vez mais grato a eles, à medida que minha compreensão da vida se tornava mais clara. Por conta disso, nunca exigi nada além daquilo que eles se mostravam dispostos a me oferecer, mesmo que isso significasse não contar com aquele amor e carinho que os pais dos meus amigos lhes entregavam incondicionalmente.
A vida tranquila que levávamos foi abalada repentinamente quando a Clarisse abandonou o Rodrigo, a casa e a mim, sem nenhuma justificativa, na companhia do sócio traíra do Rodrigo, deixando-o praticamente sem nada, numa fuga digna de enredo de filme. Eu estava com dezesseis anos, nunca tinha sido a prioridade daquela casa e, achei que o Rodrigo fosse se desvencilhar de mim como fez com tudo que lhe lembrava a ex-traidora. No entanto, eu fui poupado por alguma razão. Pensei que fossemos ficar mais apegados depois do golpe, mas o que aconteceu foi justamente o contrário. Quando a casa e todo seu conteúdo, mais os carros e outras propriedades foram à leilão, e nos tivemos que mudar para uma casa menor, sem luxos, num bairro próximo, ao Rodrigo parecia que minha presença era tão indiferente quanto o fato de qualquer objeto da casa estar ou não no lugar de sempre. Perguntei-lhe muitas vezes sobre sua situação financeira, preocupado com o fato do colégio caro em que estudava ser mais um fardo que ele precisava carregar. Ele me dizia para não perturbá-lo com mesquinharias, e foi o que fiz. Bem como também não questionei o fato de ele começar a trazer mulheres para dentro de casa, decorridos alguns meses. Elas eram tão passageiras quanto a troca das estações do ano; tanto que, assim que eu começava a me acostumar com o nome de alguma delas, logo aparecia outra me fazendo confundir os nomes.
Nesse tempo, compreendi as necessidades de homem do Rodrigo. Os hormônios que modificaram meu corpo e me despertaram para alguns daqueles colegas da escola, que antes não significavam mais do que apenas companheiros, tinham passado a despertar sentimentos que eu sabia que precisava reprimir a bem da minha reputação. O Rodrigo já era atormentado pelos hormônios há tempos; era um homem atlético, viril e cheio de necessidades, aos trinta e três anos. Portanto, devia sentir seu corpo clamando por algo como fazia o meu. Não havia mulher que não o examinava com olhares cobiçosos quando íamos a um shopping ou outro lugar qualquer. Com quase um metro e noventa de altura, ombros largos, músculos bem definidos, um rosto anguloso e másculo, além de um volume indecoroso entre as pernas vigorosas, não havia mulher que não sonhasse com aquele macho na cama.
Às vésperas de completar dezoito anos, eu tinha um corpo invejável, curvas e músculos levemente definidos, um rosto angelical acentuado pela pele muito clara e total ausência de pelos, como quase todo o restante do corpo. O primeiro a não ficar apenas me secando à distância, mas se aproximando com uma ousadia libidinosa foi o Fabiano, um colega do colégio com o qual eu tinha um entrosamento especial. Gostávamos das mesmas bandas, curtíamos as mesmas diversões, estudávamos juntos para as provas, mesmo porque não morávamos muito distantes um do outro e, seus pais viviam me chamando para viajar na companhia deles. Eu não saberia explicar quando foi que me apaixonei por ele. Só percebi que ficava perturbado quando ficávamos sozinhos no quarto dele ou no meu, tentando fazer os exercícios das disciplinas do colégio. A proximidade de nossos corpos que nunca tinha sido um problema, passou a me fazer sentir calores, agitações pelo corpo, desejos lascivos com seu rosto barbudo, seus braços musculosos e peludos, seu tronco trapezoidal com insinuantes pelos distribuídos de maneira viril e, sua pica que experimentava ereções ao sentir minha proximidade. Ele não a disfarçava, fazia questão que eu a visse. Soltava-se sobre a minha cama e me apertava em seus braços quando eu entrava no alcance de suas mãos. Eu protestava sem muita convicção, pois encontrava no contato com a pele dele um tesão que crescia a cada encontro. Numa tarde de chuva grossa, quando um temporal desabava sobre a cidade e, nós já havíamos terminado de estudar e eu esperava a chuva terminar para ir para casa, ele me beijou pela primeira vez. Começou a tocar meus lábios timidamente para que eu não o rechaçasse logo de cara. Deixou que nossas bocas encontrassem o melhor encaixe antes de projetar sua língua para dentro da minha. Ela era quente e impetuosa como ele, sondou cada canto e procurou se entrelaçar com a minha. As mãos do Fabiano entraram debaixo da minha camiseta, deslizaram sobre meus mamilos e eu não consegui segurar um suspiro de prazer.
- Você é tão lindo! Fico pensando em você o tempo todo, e meu pau endurece como agora. – afirmou o Fabiano, encarando-me com um olhar sensual.
- Não diga essas coisas! E tire as mãos daí! – exclamei, mas não fiz nada para ele parar.
- Por quê? Você também está com tesão, não está? Nós devemos fazer o que estamos com vontade fazer faz tempo. – retrucou.
- Não sei do que você está falando! Está na hora de eu ir para casa. – subitamente tive medo de qual seria a minha reação se ele não afastasse imediatamente a mão que apertava meu mamilo e brincava com o biquinho do meu peito.
- Continua chovendo muito, não dá para você ir para casa agora, depois meu pai te leva. Você sabe sim. Eu sei que você gosta quando eu toco em você, como agora. Também sei que você tem vontade de saber como é o meu pau. – ele dizia isso numa voz branda e assertiva, o que me deixava ainda mais perturbado.
- Você não sabe de nada! Só está inventando essas coisas para ficar exibindo essa pica enorme. – meu olhar parecia hipnotizado pelos movimentos daquela ereção dentro de sua bermuda.
- Como você sabe que ela é enorme? Você nunca a viu! Aposto que você sonha com ela e nos teus sonhos ela é bem grande, do jeito que você quer que ela seja. – era estonteante a maneira como ele proferia aquelas palavras, não serena e controladamente como se estivéssemos falando de alguma fórmula física ou das propriedades dos gases que havíamos acabado de revisar.
- Eu não quero nada! Não fique falando essas coisas!
- Falar disso te deixa com tesão, eu sei. Dá para sentir que você está com tesão, apesar de não estar com o pau duro. Eu estou louco de vontade de transar com você e, tenho certeza que você também está. A gente só precisa começar, eu prometo que não vou te machucar, vou ser bem cuidadoso, juro! – enquanto ele falava e, seus lábios se moviam tão próximos do meu rosto, tive vontade de beijá-lo novamente, só para sentir o gosto maravilhoso da boca dele.
- Ainda estudando? Quanto tempo faz que estão enfurnados nesse quarto? – perguntou o pai dele, que havia acabado de voltar do trabalho e interrompeu aquele clima de luxúria. O Fabiano tirou apressadamente a mão de dentro da minha camiseta e disfarçou a ereção, puxando um travesseiro para cima dela.
- Terminamos nesse instante! – apressei-me a responder, enquanto o pai dele aguçava o olhar em nossa direção, talvez desconfiado daquela proximidade exagerada entre nossos corpos. – Eu preciso ir para casa, meu pai deve estar a minha procura. – emendei, começando a juntar meus cadernos e livros.
- Eu levo você para casa, depois do jantar! Avise seu pai que vai chegar um pouco mais tarde. – disse o pai do Fabiano, deixando-nos novamente a sós, porém com a porta do quarto aberta. O Fabiano me lançou um sorriso zombeteiro, deu uma piscada e tirou o travesseiro de cima das pernas que ele agora mantinha bem afastadas, a ereção continuava lá, formando uma tenda com o tecido da bermuda, o que me fez constatar que ele estava sem a cueca.
A chuva não havia cessado quando entrei em casa, pela porta dos fundos. Ao passar pela cozinha vi que havia dois pratos usados sobre o balcão e uma garrafa de vinho vazia, das taças não havia nem sinal. Alguns abajures estavam acessos na sala vazia. Do topo da escada ouvi a voz grave do Rodrigo e, outra feminina, estridentemente aguda, vindo do quarto dele. Não me recordava de já ter ouvido alguma vez aquele timbre agudo da voz feminina. Fui direto para o fim do corredor e bati a porta do meu quarto com força ao fechá-la, assim ele saberia que eu havia regressado. Se isso tinha ou não alguma importância para o Rodrigo eu seria incapaz de responder.
Debaixo da ducha, fiquei alisando meu corpo, vi que o mamilo com o qual o Fabiano havia brincado e apertado, estava ligeiramente mais inchado e sensível do que o outro. Fiquei pensando na ereção dele, no tamanho que o pau dele devia ter para formar uma tenda daquelas sob a bermuda. Imaginei-me colocando-a na minha boca, como faziam os caras nos filminhos pornográficos que eu procurava nos sites gays, pois os caras pareciam adorar fazer aquilo, enquanto um gemia e o outro ganhava toda a gala na cara. Acabei batendo uma punheta pensando no Fabiano engatado no meu cu. Ao me deitar estava tão agitado com o que eu senti quando o Fabiano brincou com meu mamilo que demorei a pegar no sono.
- Sonhou comigo? – foi a primeira coisa que ele me disse na manhã seguinte ao nos encontrarmos na entrada do colégio.
- Sim! – respondi, olhando em volta para me certificar de que ninguém nos ouvia.
- Eu gozei pensando em você! – retrucou ele.
- Você não tem outro assunto? – questionei agitado.
- Até tenho, mas depois de ontem não penso em outra coisa que não gozar em você. – respondeu, levando, discretamente, a mão à minha bunda enquanto subíamos o lance de escadas até nossa sala de aula. Era impossível não sentir tesão por um cara decidido e corajoso como o Fabiano, e eu lhe lancei um sorriso cordato.
Poucos dias depois, estávamos fazendo as tarefas de casa no meu quarto. Estávamos sozinhos em casa naquele final de tarde. Depois de nos mudarmos, sem condições de continuar arcando com os salários das empregadas, era eu quem fazia as tarefas domesticas, pois o Rodrigo nem se lembrava de que elas existiam. O Rodrigo havia me mandado uma mensagem pelo Whatsapp dizendo para eu não espera-lo para o jantar. Foi o Fabiano quem leu a mensagem quando ela entrou na tela do celular, pois eu tinha dado uma escapada até o banheiro para aliviar a bexiga.
- Seu pai acabou de mandar uma mensagem dizendo para você não esperar por ele. – disse o Fabiano ao entrar no banheiro atrás de mim.
- Ele deve ter marcado um encontro com aquela mulher que estava aqui em casa esses dias. Vire e mexe aparece uma cara nova; não consigo nem guardar os nomes delas. – afirmei.
- Ele está solteiro, tem mais é que aproveitar e foder umas bucetinhas por aí. – devolveu o Fabiano.
- Pode até ser! Mas, eu não acho isso muito certo. – retruquei.
- Por quê? Qual é o problema de ele comer umas bucetas? Eu aposto que meu pai faz a mesma coisa, mesmo sendo casado. Com certeza não toda hora, mas que ele já andou enrabando umas e outras eu não tenho dúvidas. – disse ele, com a maior naturalidade.
- Que coisa horrível de você pensar sobre o seu pai! – exclamei estarrecido.
- Ele é meu pai, tudo bem, mas não é nenhum santo e, é homem!
- Que pensamento machista! Não achei que você fosse assim.
- Não é um pensamento machista! É um pensamento de macho! É muito diferente.
- Não vejo onde.
- É que você não é macho! É só um cara dentro de um corpo de homem. Aliás, um corpo estonteante! Existe uma enorme diferença entre o cara se parecer com um homem e ser um macho de verdade. Você devia saber disso! É isso que faz você sonhar com a minha pica. – sentenciou.
- Isso são teorias fabianescas! Você é um sem noção! Tarado e sem noção! – afirmei. Ele riu.
- Sou tarado por você, não nego. Já que estamos aqui, por que não entramos no chuveiro e repetimos aqueles beijos que demos lá em casa, debaixo da água, completamente nus, nos abraçando para ver no que dá? – propôs.
- Não faz isso, Fabiano! – exclamei, receando sentir novamente aquele tesão difícil de controlar, quando ele me encoxou por trás e beijou minha nuca.
- Só um pouquinho, vai? – sussurrou ele, desabotoando a minha bermuda que já estava com a braguilha aberta com meu pau para fora.
Tudo foi tão rápido que, ao sentir a água tépida caindo sobre a minha pele, eu me vi nu em seus braços. O pau dele estava duro como uma barra de ferro e, ele o esfregava nas minhas coxas. Suspirei antes das nossas bocas se juntarem num beijo molhado e devasso. Não havia como resistir e não gostar daquela boca provocante com um sabor tão másculo. Ao passo que eu me concentrava em sua língua, que se movia procurando a minha, ele deslizava as mãos sobre as minhas nádegas. Era de arrepiar. Eu me pendurava em seu pescoço musculoso e deixava-o inteiro se roçar em mim, enquanto as mãos me percorriam desde as costas até as coxas e bunda. Olhando fundo nos meus olhos ele apartou meus glúteos e começou a procurar meu cuzinho. Quando o encontrou dentro do rego liso, enfiou o dedo dentro dele. Eu dei um salto no ar e enlacei minhas pernas ao redor da cintura dele, ao mesmo em que deixava escapar um gemido permissivo.
- Deixe eu foder esse cuzinho? – sussurrou ele, antes de colar seus lábios novamente nos meus.
Ele não esperou por nenhuma resposta, talvez por que eu estivesse chupando sua língua num frenesi pecaminoso e, me levou de volta ao quarto, onde me lançou sobre a cama. Segurando o cacetão numa das mãos ele se aproximou de mim e o pincelou no meu rosto. Eu confirmei minhas suspeitas, a pica era bastante avantajada, retona, cabeçuda, consistente e pesada, e emergia da virilha revestida de pentelhos negros. Pela primeira vez eu pude tocar nela, deslizando carinhosamente as pontas dos meus dedos ao longo de sua anatomia, enquanto ele me encarava com um sorriso bobo estampado na cara sacana. A pele flácida que revestia o saco dele havia se enrugado formando uma bolota do tamanho de uma bola de tênis, e dentro dela eu conseguia palpar dois bagos enormes e ingurgitados. Quando a aguinha viscosa começou a brotar do orifício uretral espalhando seu perfume pelo ar, eu toquei a ponta da língua naquele chafariz. Eu conhecia o cheiro da pele do Fabiano, conhecia o cheiro de seu suor, de seu hálito e, ali estavam todos concentrados e misturados a outros que eu nunca tinha sentido. Ao dar a primeira e tênue sugada naquela cabeçorra, o Fabiano soltou um urro. Isso me bastou para começar a chupar, lamber e mordiscar aquele pauzão por inteiro, muito embora ele não coubesse na minha boca de um todo. Ele me prensou contra o travesseiro enquanto mantinha minha cabeça dentro de sua virilha agarrada pelos cabelos, e forçava a rola no fundo da minha garganta até eu ficar sem ar e esmurrar suas coxas peludas implorando por ar. Quase me engasgando quando ele começou a me esporrar a boca, eu me vi diante de uma única saída, engolir tudo aquilo. Ergui meu olhar na direção de seu rosto e fui engolindo tudo que ele ejaculava em mim, um creme espesso, amendoado e ligeiramente salgado que era a coisa mais deliciosa que eu já havia engolido.
- Caceta! Você está engolindo a minha porra! Que puta tesão você é Diego! – as palavras não formavam frases, apenas rugidos guturais.
- Você é tão saboroso, Fabiano! Nunca pensei que porra fosse tão gostosa.
- Gostoso é você, tesudo do caralho! Nunca ninguém tinha mamado e engolido minha porra! Foi fantástico!
Pouco depois ele já estava em cima de mim, abocanhava meus mamilos e cravava os dentes neles puxando-os com força. Eu me contorcia sentindo os espasmos se espalhando por todo meu corpo. Eu acariciava seus cabelos e não me importava com a dor, só com prazer que aquilo me fazia sentir. Ele também estava com o corpo todo agitado, cada vez que eu tocava sua nuca ele parecia ser tomado de um furor insano, a pele ao longo de sua espinha ficava toda arrepiada e ele arfava pesadamente. Durante aquela agitação, ele foi se insinuando entre as minhas pernas, encaixando-se entre elas enquanto as abria como os braços de um compasso. Com um dos braços ele me envolveu e me trouxe para tão junto do seu peito peludo onde dava para sentir os batimentos acelerados do coração dele. Com o outro, ele circundou minha bunda para que a mão alcançasse meu buraquinho. Provocando-me com seu olhar sedutor, ele enfiou o dedo no meu cu, movimentando-o lá dentro como se estivesse procurando por alguma coisa. Eu gania e gemia feito uma gata no cio, chamando pelos machos.
- Que putaria é essa? – berrou o Rodrigo da umbreira da porta do quarto. Meu gemido se transformou num grito agoniado. O Fabiano de um só pulo saiu de cima de mim, enquanto seu cacete amolecia quase que imediatamente. – Você está se esfregando e deixando que um macho te boline o cu, seu viado rameiro? Cai fora daqui seu pervertido, antes que eu te quebre a cara, seu moleque! – continuou berrando, possesso.
Tanto o Fabiano quando eu nos preparamos para fazer o que ele tinha ordenado, pois achamos que ele se referia a ambos. O Fabiano foi mais ágil do que eu, não sei como ele encontrou suas roupas com tamanha rapidez. Mesmo já tendo fechado as pernas eu continuava tateando a procura das minhas, esquecendo completamente que elas haviam ficado no banheiro, onde a sacanagem começou.
-É isso que você fica fazendo durante as tardes quando diz que está estudando? Dando o cu para os machos do colégio, é isso sua cadela vagabunda? E eu pagando uma fortuna para te dar uma educação e um padrão de vida que você jamais teria se eu não tivesse te tirado daquele lugar! É assim que você me paga, trazendo machos para dentro de casa quando não estou para foderem o seu cu? – o Rodrigo gritava ao mesmo tempo em que caminhava de um lado para o outro. Eu nunca tive tanto medo na vida.
Já me via sendo jogado na rua com as roupas do corpo e talvez até uma surra bem dada, sem ter para onde correr, sujeito a perder tudo que eu tinha e, ao que já me habituara. O que eu podia fazer se aquele homem me jogasse para fora de casa? Ele não era nada meu, não tinha nenhuma obrigação para comigo. Tudo o que ele fizera foi por pena, um gesto de caridade. Quando olhei pela janela do quarto e vi que estava escuro lá fora, me desesperei tanto que me atirei aos pés dele e comecei a suplicar por misericórdia. Eu o via cerrando os punhos e aguardava para ser atingido por eles, mas ele não me tocou. Quando o vi sair do quarto, comecei a chorar. Minha cabeça parecia o centro de um furacão com tudo rodando desordenadamente ao seu redor. Não me atrevi a fechar a porta do quarto. Ele certamente voltaria. Quando? Dali a poucos minutos, uma hora, talvez na manhã seguinte se houvesse um pouco de compaixão em seu coração, mas ele voltaria para me expulsar dali, para me tirar de sua vida, para deixar de carregar um fardo. Só então me lembrei das palavras gritadas por ele – se eu não tivesse te tirado daquele lugar – havia anos que não me lembrava mais disso, eu mal me recordava de como era o orfanato. Minha tara pelo Fabiano tinha posto tudo a perder. Como e do quê vivia um viado numa cidade como essa? Eu não fazia a menor ideia. Mas, era bom eu começar a me preocupar com isso, pois esse futuro acenava para mim.
O Rodrigo não voltou ao quarto, nem depois de alguns minutos, nem depois de uma hora, nem na manhã seguinte quando o despertador tocou e eu comecei a me preparar para ir ao colégio. Obviamente não haveria a carona do Rodrigo, como acontecia todas as manhãs antes de ele seguir para o trabalho. Eu não vi o carro dele na garagem quando saí e, nem me atrevi a procurar por ele. Se a nossa relação já era um tanto fria e distante após a Clarisse o deixar, depois do que aconteceu ele certamente não ia permitir que eu continuasse em sua casa. Não foi isso o que aconteceu.
Depois de alguns dias sem falar comigo e, até me evitar, ele, certa manhã, entrou no quarto e me disse para me apressar, pois ele tinha um compromisso logo pela manhã e não podia se atrasar antes de me deixar no colégio. No carro, no trajeto até o colégio, pensei em pedir desculpas a ele, tentar explicar o inexplicável, me justificar de alguma forma, mas não encontrei as palavras e, também considerei que naquele curto espaço de tempo não daria para termos aquela conversa.
- Problemas no colégio? – perguntou ele, percebendo minha retração.
- Não! Eu queria te pedir desculpas, mas não sei como falar isso. – balbuciei.
- Então não fale! Esqueça essa história. – respondeu ele, já em frente ao portão do colégio.
- Obrigado! Muito obrigado por tudo que fez e está fazendo por mim! Me perdoe! – exclamei com a voz embargada e as lágrimas descendo pelo rosto. Ele não disse mais nada.
Quando completei dezoito anos, poucos meses depois, a história parecia superada. O Rodrigo me perguntou qual seria a programação para comemorarmos a data, uma festa para os amigos, uma pequena viagem só nós dois para relaxarmos um pouco, ou apenas um brunch nalgum hotel da cidade, uma vez que a data caía num domingo. Depois de recusar todas as opções alegando não ser necessária nenhuma comemoração e ele continuar insistindo que não podíamos deixar a data passar em branco, escolhi a última opção, a que menos impactaria no orçamento da casa. Quando chegou o dia, ele me deu um abraço forte, desalinhou meus cabelos e passou a mão pelo meu rosto ainda completamente imberbe, depois me entregou uma pequena caixa, mais longa do que alta e larga, embrulhada num papel elegante. Pensei tratar-se de um jogo de canetas, pela aparência do pacote, mas, ao abri-lo, vi que era um relógio. Um relógio de luxo que dava até medo de usar nos dias atuais.
- Não posso aceitar um presente destes, Rodrigo! Eu agradeço seu gesto, mas não era necessário gastar tanto comigo. Não havia necessidade de nenhum presente, não precisa gastar com supérfluos. – sentenciei, sabendo que aquele presente estava muito acima do que ele podia gastar, depois do golpe que o sócio lhe havia dado na empresa.
- Você não gostou, é isso? Achou cafona, uma vez que quase ninguém mais usa um relógio no pulso com a tela de um celular sempre disponível informando as horas. – retrucou ele.
- Não! Claro que não é nada disso! O relógio é lindo, e muito caro. Essa é a questão! Você não precisa me dar mais nada, já está fazendo muito por mim. – argumentei.
- Se você gostou dele não se discute mais, é seu e está acabado! – sua voz adquiriu aquele tom seco com o qual ele colocava fim a uma discussão onde devia prevalecer o ponto de vista dele. Eu não insisti mais, apenas me conscientizei que minha dívida com aquele homem havia aumentado.
Durante o brunch, conversamos animadamente. Fazia tempo que eu não via um sorriso espontâneo e realmente contente no rosto do Rodrigo. Ele fez observações hilárias sobre algumas pessoas no brunch do hotel, contou duas ou três piadas, no que era muito bom, e parecia estar solto e feliz por estar comigo. Quem não estava muito à vontade era eu. Desde aquela tarde quando fui flagrado aos amassos com o Fabiano, eu não conseguia encarar o Rodrigo da mesma maneira como fizera a vida toda. Ele agora sabia que eu nunca seria o homem no qual ele tentara me transformar. E, de alguma forma, eu me sentia culpado, sentia ter falhado em alguma coisa, sentia que estava em débito com ele. Ao lhe dar boa noite antes de dormir naquele dia, reiterando meu agradecimento, ele me abraçou com força e me manteve um tempo em seus braços, um tempo embaraçosamente longo. Foi do que mais gostei naquele dia.
Depois de apenas ouvir aquela voz feminina estridente saindo do quarto do Rodrigo, ou na parte inferior da casa quando eu estava em meu quarto, finalmente conheci sua dona. Ela se chamava Suzana, era visivelmente um pouco mais velha do que o Rodrigo, se autodenominava empresária do ramo da moda, embora seus trajes não lhe caíssem bem. Sem nenhuma dúvida ela tinha frequentado diversas vezes os consultórios de cirurgiões-plásticos, pois aquele sorriso artificial que brotava dos lábios grossos e paralisados, aqueles seios siliconados propositalmente expostos em decotes profundos e, aquela bunda se projetando mais para as laterais de seu corpo do que para trás, tinham sido obra de algum escultor feitas à bisturi. Depois de a Clarisse tê-lo abandonado, o Rodrigo parecia ter perdido a seletividade em prol da necessidade de seus culhões. Era a única explicação que eu encontrava para aquele rol de aberrações que ele trazia para dentro de casa e, que eu me perguntava de onde ele as encontrava.
Quando a Suzana já circulava mais livremente pela casa sem mais se esconder deslizando pelos cantos cada vez que eu aparecia, tentou ser gentil comigo, puxando forçadamente conversa sobre assuntos de seu completo desconhecimento, tentando ser engraçada o que a fazia parecer uma palhaça, e procurando uma proximidade que eu evitava a todo custo. Quando o Rodrigo estava presente, essas tentativas pareciam ser uma gentileza condescendente com o pobre filho adotivo de seu macho, mas na ausência dele, eu sentia que ela queria me incluir em seu cardápio libertino.
- Você é um rapagão tão lindo! Esse corpão gostoso deve fazer o maior sucesso com as menininhas, não é? Quando eu tinha a sua idade, nós éramos bem recatadas, mas hoje em dia as garotas estão mais ousadas, e você, com certeza, as deixa todas molhadinhas. – dizia, imprimindo à voz um tom de falsete. Eu me perguntava se ela um dia tinha sido recatada, pois isso parecia nunca ter feito parte de sua personalidade.
Cada vez que o Rodrigo a trazia ou, ela nos visitava, eu tratava de desaparecer de suas vistas. Não sei por que eu me sentia nu diante dela. Confesso que a temia. Aquele era o tipo de mulher que sabia como conseguir o que queria usando qualquer método, mesmo que não fossem os mais nobres. Ela estava em casa num sábado, quando o Rodrigo resolveu fazer um churrasco, tirando do ócio prolongado a churrasqueira da área de lazer dos fundos da casa. Ele veio me tirar do quarto, insistindo para que eu participasse do almoço. Era um dia muito quente de verão, o Rodrigo e eu estávamos usando shorts como habitualmente quando estávamos em casa. O desconcerto aconteceu quando a Suzana desceu num biquíni sumário. Apesar de não ser um fio-dental, a calça entrava no rego dela, por conta das próteses implantadas nos glúteos. A parte superior mal conseguia conter o peso das tetas que extravasavam pelo tecido precário. Ao invés de um porte sedutor, ela era vulgar. Eu mal conseguia olhar para aquilo, ficava constrangido e mantinha o olhar cabisbaixo e acanhado. Aquilo parecia diverti-la. Mostrando-se mais espontânea do que de costume, ela se aproximava perigosamente de mim. Eu ficava com tanto medo como se uma granada estivesse ao eu lado. Ajudei o Rodrigo fazendo uns acompanhamentos e uma salada na cozinha, enquanto ele pilotava a churrasqueira na área externa. A Suzana circulava de um para o outro oferecendo ajuda que ambos dispensavam. Fiquei na companhia deles o tempo suficiente para beliscar uma coisa aqui outra ali e, dando como desculpa a louça na pia, fui à cozinha dar uma ajeitada em tudo. Dali fui direto para o meu quarto, não só para deixa-los à vontade para o que eu sabia ia rolar entre eles, mas também para me livrar daqueles olhares pervertidos.
- Já estudando novamente? – a voz estridente me assustou, e já estava ao lado da minha cama.
- Tenho prova esta semana. – balbuciei, já corado. Aquele biquíni era a coisa mais difícil de encarar.
- Você é tão novinho e lindo para ficar trancado entre quatro paredes. Devia sair um pouco, se distrair. – disse ela, fazendo menção de querer sentar na cama, mas eu apressadamente empurrei o laptop para o lugar disponível.
- Preciso de uma nota boa nessa disciplina. – menti.
- Sabia que faz mal um garotão como você acumular muita testosterona? – provocou, empurrando o laptop para o local de origem e sentando-se muito próximo de mim.
- Ah é? – deixei escapar, não sabendo se saia correndo ou se continuava ali, tão regelado quanto um iceberg.
- É sim! Ela vai se acumulando aqui e chega a mexer com seu humor. – afirmou, colocando a mão sobre o meu pau que, ao invés de endurecer, se encolheu tanto quanto eu. Ela tripudiava sobre meu constrangimento.
- Ainda bem que não sinto nada aí. – eu não podia ter dado uma resposta mais tola.
- É só uma questão de estímulo! Bem estimulado, você pode sentir coisas incríveis aqui. – ela apertava meu pau na tentativa de provocar uma ereção. Meu pau só pensava em se esconder o mais camufladamente possível.
- Eu acho que o Rodrigo está precisando de ajuda, vou dar uma mãozinha para ele. – disse gaguejando e começando a suar frio.
- Ele está entretido com a picanha girando no espeto sobre as brasas. Esqueceu-se do resto do mundo com as cervejas que já tomou. – retrucou ela, sorrindo luxuriosamente para mim.
Percebendo que eu estava prestes a deslizar para fora da cama, ela empurrou uma teta de baixo para cima e ela saiu do sutiã, estremecendo feito um monte de gelatina a centímetros do meu rosto. De regelado passei a petrificado como uma rocha neolítica, à exceção da pica que mais parecia a haste murcha de uma planta sem irrigação.
- Esse seu rostinho de menino comportado é a coisa mais doce que eu já vi! – exclamou ela, pegando meu rosto entre as mãos e aproximando o seio dos meus lábios, até que seu mamilo e o bico os roçassem. Eu nem me atrevi a dizer nada, pois isso implicaria naquela teta entrar na minha boca. Se não tive um seio de mulher na boca quando criança, não seria agora que precisaria de um, muito menos o daquela vadia.
Vendo que eu não me animava a pegar a teta na boca, ela entrou com uma das mãos dentro da braguilha que acabara de abrir baixando o zíper. Aquelas unhas enormes e vermelhas demoraram a encontrar o pintinho recolhido e acuado, me deixando ainda mais apavorado. Eu não sabia o que fazer. Num primeiro e obstinado momento pensei em afastá-la de mim, mas isso implicaria tocar com as minhas mãos naquela teta, aquele corpo quase nu que procurava sentar-se sobre as minhas pernas. Quando a Suzana agarrou a própria teta e a forçou contra minha boca, eu girei o rosto para impedir que aquilo entrasse nela. Foi quando vi o Rodrigo parado junto à porta.
- Que porra é essa aqui? Esse quarto se transformou num puteiro? – questionou exaltado. A Suzana tirou rapidamente a mão de dentro da minha braguilha e afastou meu rosto com um empurrão, ao mesmo tempo em que eu a empurrava do meu colo.
- Ai Rodrigo! Esse menino é um abusado! Imagine que eu vim trazer um pouco de suco para ele e, do nada, ele pega no meu seio. Eu só não gritei para não indispor pai contra filho. – apressou-se a justificar, dando um salto da cama e recolocando a teta no sutiã.
- Pegue suas coisas e saia imediatamente daqui! – berrou o Rodrigo, fazendo com que tanto eu quanto a Suzana tremêssemos nas bases. Eu comecei a me mover sem saber exatamente para onde e, nem o que juntar para sair dali.
Primeiro o Fabiano, agora a namorada dele, essa o Rodrigo não ia deixar passar batido. Desta vez eu estava realmente fora da vida e da casa dele. Enquanto eu tateava, perdido, ao meu redor, procurando pegar algum objeto para obedecer à ordem dele, a Suzana caminhou na direção do Rodrigo com a bunda empinada e procurando abrigo em seu torso nu como se fosse a mais desvalida e frágil das criaturas. Ele não permitiu que ela o tocasse, ao invés disso, agarrou-a pelo braço e a conduziu escada abaixo. O – saia imediatamente daqui – não era dirigido a mim, constatei. No entanto, isso não me tranquilizou nem um pouco. O que estava guardado para mim provavelmente viria depois de ele botar a vadia para fora de casa. Curiosamente, dessa vez eu não me pus a chorar como um desamparado. Ia enfrentar a situação fossem lá quais fossem as consequências, embora não soubesse como. Fui até o closet e comecei a colocar umas poucas roupas numa valise, assim, quando o Rodrigo voltasse para me expulsar de casa eu não teria que ficar muito tempo na presença dele. Da parte de baixo da casa vinha a voz altercada dele misturada a voz histriônica da Suzana, repleta de palavrões, insultos e todo tipo de baixaria. Minutos após se silenciarem, o Rodrigo estava de volta ao meu quarto, no exato momento em que eu tirava de uma lata de bombons o pouco dinheiro que tinha juntado dando aulas de reforço para uma galerinha das primeiras séries do colégio e, de inglês para a irmã de um colega de classe e sua amiga que estavam com um intercâmbio agendado após a conclusão do ensino médio.
- O que está fazendo? Que dinheiro é esse? – perguntou, ainda exaltado pela discussão que acabara de ter com a Suzana e, provavelmente pela que intentava ter comigo.
- Obedecendo sua ordem! – respondi. Só aí senti que não conseguiria segurar aquele nó que me sufocava a garganta. – Eu juro que não peguei esse dinheiro de você! Eu o juntei dando umas aulas de reforço e de inglês para uma galera do colégio. Juro! Pode confirmar com eles. – emendei, soluçando o mais disfarçadamente possível.
- Que ordem?
- A de eu sair imediatamente da sua casa.
- Eu queria entender o que se passa nessa sua cabeça, moleque! Você não gosta de mim, não gosta dessa casa. Eu só queria entender por que. – sentenciou ele.
- Eu gosto muito, mas muito mesmo de você! Também gosto dessa casa, é a única referência de casa que tenho e ela é a melhor e mais cara que eu tenho. – respondi.
- Então por que demonstra tanta vontade de me abandonar e sair daqui?
- Eu nunca quis te abandonar nem sair daqui. Estou apenas fazendo o que você mandou há pouco.
- Eu não mandei você sair daqui! Eu jamais mandaria você sair daqui! Será que você não se sente seguro comigo?
- Você é a pessoa em quem mais confio, com quem mais seguro eu me sinto. Mas você acabou de falar para.... – ele não me deixou terminar.
- Você acha que eu não sei o que aquela vadia estava fazendo? Me acha tão tolo que nunca percebi como ela te acuava feito um cordeirinho assustado? Você precisava ver a sua cara com aquela teta balançando na sua boca e a mão dela pegando no seu pau, mais parecia um estupro invertido. Eu já estava vendo a hora em que você fosse desmaiar de tanto pavor. Eu sei que você não é chegado em mulheres! Eu soube disso naquela tarde em que aquele sujeito estava explorando seu cu e você delirava de prazer nos braços dele, se entregando todo para o seu machinho. – eu jamais pensei ouvir aquilo da boca do Rodrigo, especialmente com aquele risinho estampado em seus lábios.
- É que eu pensei que você, quer dizer, que ela .... – minha cabeça tinha dado um nó.
- Ela e as outras não passaram de um jeito de eu aliviar isso aqui! Você provavelmente não sabe, mas os machos precisam aliviar a tensão que se acumula aqui. Bem do jeito como aquela vagabunda estava te explicando. – disse ele, pegando e chacoalhando a rola pesada. Eu não sabia onde me enfiar.
- Não sei. – balbuciei, não sabendo se estava respondendo alguma coisa ou, se só estava confirmando que não sentia nenhuma necessidade de aliviar o que quer que fosse no meu pau, à exceção da urina acumulada na bexiga. De resto, meu pau não queria nada, não tinha vontades e, só endurecia quando eu via um cacetão dos colegas do colégio, ou o do próprio Rodrigo, indecentemente amoldado debaixo das roupas. Mas isso eu não podia revelar.
Fazia um bom tempo que o Rodrigo não trazia nenhuma mulher para dentro de casa. Eu supus que ele devia estar se encontrando com elas em algum outro lugar, para evitar a repetição do que tinha acontecido com a Suzana. Porém, estranhei o fato de ele permanecer mais tempo em casa. Talvez a mulher com quem estava envolvido devia ser da própria empresa, uma secretária ou algo assim. Se bem que, não era do feito dele misturar o trabalho na empresa, que levava muito a sério para se recuperar do golpe do sócio e da Clarisse, com relacionamentos sexuais. De qualquer maneira, não me desagradava tê-lo mais tempo dentro de casa. Depois do flagrante com o Fabiano, eu deixei de estudar com ele e de frequentar sua casa, temendo que aquele fogo que ainda ardia em mim nos levasse a cometer outra imprudência como aquela que o Rodrigo interrompeu. Ocorre que não era nada fácil sentir aquele desejo pelo Fabiano e não poder corresponder às investidas dele, que não cessaram por conta do flagrante. Eu não só sentia falta da proximidade, do contato pele a pele com ele, como não conseguia esquecer o sabor daquela porra que eu havia engolido com tanto desvelo.
- O que é feito do garotão que estava bolinando seu cuzinho? Estão se encontrando na casa dele? Ou no colégio? – perguntou o Rodrigo, fazendo-me corar quando comíamos uma pizza num sábado à noite.
- No colégio. Quer dizer, não! Não estou me encontrando mais com ele, só no colégio, durante as aulas. Eu juro! – respondi, quase me engasgando com uma azeitona. O Rodrigo disfarçou o sorriso colocando um pedaço de pizza na boca.
- Não precisa jurar! Foi um choque para mim, ver você naquele dia se abrindo todo para o molecão e deixando-o mexer daquele jeito depravado no seu cuzinho, ainda mais você ganindo de prazer. – revelou ele, deixando-me extremamente envergonhado perante aquele seu olhar que eu não sabia o que significava. – Foi o assombro que gerou em mim aquela reação feroz. – esclareceu.
- Eu te decepcionei muito, não foi? Me perdoe! Juro que nunca mais vou fazer uma coisa daquelas. – minha voz não era mais do que um tênue sussurro coagido pelo vexame.
- Ele já tinha feito aquilo com você outras vezes?
- Não, nunca!
- Nunca?
- Quer dizer, ele já tinha me dado uns amassos, passando a mão na minha ...., coisas assim, mas eu sempre estava vestido. Pelado como naquele dia foi a primeira vez. – eu estava falando mais do que devia, senti isso quando aumentou o interesse do Rodrigo.
- Devia fazer tempo que vocês estavam juntos naquele dia. O cabelo de vocês ainda estava molhado, o que fizeram antes de eu chegar? – quis saber.
- Ah! Eu coloquei o pau dele... na boca. – apesar do esforço, as palavras não queriam sair da minha boca.
- Você fez um boquete na pica dele! Ele gozou na sua boca? – ele continuava comendo tão naturalmente como se estivéssemos conversando sobre as condições climáticas, e não sobre sexo oral.
- Sim.
- Você cuspiu fora ou engoliu?
- Engoli.
- Gostou?
Só o fato de eu não estar mais conseguindo olhar para ele, e ficar espetando o pedaço de pizza que estava no meu prato sem continuar a comer, já respondia sua pergunta.
- E com outros caras, você já fez boquete?
- Não! – a resposta foi tão enfática e ligeira que ele voltou a disfarçar o riso.
- O molecão já enfiou o cacete dele no seu cuzinho? Ou outro cara qualquer?
- Não! Eu já disse, aquela foi a primeira e única vez que aconteceu aquilo.
- Se você gostou da porra dele, por que não fizeram outras vezes?
- Ah, Rodrigo! Eu não quis mais. – eu não sabia o que fazer para mudar o rumo daquela conversa, ou sair dali sem ser mal educado.
- O que você sente quando vê o garotão no colégio? Não fica com vontade de engolir mais porra dele, já que gostou da primeira vez?
- Nada! – menti com as palavras, mas não com a expressão corporal. – Não, não tenho vontade. – outra mentira, tão evidente quanto a primeira.
- Você já reparou no meu pau? – essa quase me derrubou da cadeira.
- Não! Nunca! – mais uma mentira escrachada. Como não reparar num pauzão daqueles, especialmente, quando ele mal conseguia ficar camuflado em suas calças e, o que dizer quando usava um short ou andava, como ultimamente, com aquela cueca samba-canção branca cuja braguilha vivia escancarada exibindo os densos pelos pubianos?
- Estranho você dizer isso! Deixando a modéstia de lado, eu sei que tenho um pau bem acima da média. Desde adolescente tenho dificuldade de coloca-lo dentro das cuecas. Alguém que gosta de uma pica como você não ia deixar de reparar no tamanho dele. – afirmou.
- Você é meu pai!
- Eu não sou seu pai! Eu adotei você com a Clarisse por que queríamos ser uma família completa e ela não podia ter filhos. – devolveu ele.
- Você nunca quis ser meu pai de verdade, não é? Naquele dia você me disse que tinha gastado muito comigo. Eu sei que virei um estorvo na sua vida depois que a Clarisse saiu de casa. – eu já estava chorando.
- Ei, ei, ei! Eu já te falei para esquecer aquele dia. Eu estava de cabeça quente e falei o que não devia. Eu quis sim que você fosse meu filho! E, você nunca foi um estorvo na minha vida, pelo contrário, você deu sentido a ela! – disse ele, colocando sua mão sobre a minha. – E, não tente mudar de assunto! – emendou.
- Eu sei que não deve ser nada fácil gastar uma grana preta com um filho e depois se decepcionar descobrindo que ele é homossexual. – argumentei. – Eu juro para você, Rodrigo, depois que eu me formar e conseguir um trabalho eu vou te devolver tudo. – prometi.
- Você está querendo me ofender? Arrumar outra briga comigo? – sua expressão se contraiu.
- Não! Eu nunca que ia ofender você! Eu gosto de você. – respondi ligeiro.
- Então nunca mais fale em me pagar qualquer coisa! Eu fiz e vou continuar a fazer tudo por você por vontade própria, por que é o que eu quero fazer. – devolveu sisudo.
- Me desculpa! Eu não tive a intenção. – balbuciei.
- Uma vez que estamos colocando as cartas sobre a mesa, vou te confessar uma coisa. Depois que a Clarisse me abandonou, eu andei dando umas sacadas no seu corpo. Não dava para fingir que não estava vendo como você é gostoso. Foi o que o garotão também viu e ficou com vontade de comer. Essa bundona rabuda e essas coxas lisinhas deixam a gente de pau duro. – a expressão no rosto dele voltou a se suavizar.
- Você não devia me dizer essas coisas! Você é meu pai! – retorqui.
- Não sou seu pai, como já disse! E sou homem, macho. Macho que fica de pau duro quando uma mulher enfia uma teta gostosa na boca da gente, macho que fica de pau duro quando uma mulher senta no colo da gente quase nua e começa a acariciar a pica e, não como você que parecia estar numa câmara de tortura quando a Suzana foi te molestar.
- Eu sei que não sou homem. Por isso eu quero que você me perdoe, por não ser o filho homem que você esperava. – murmurei humilhado.
- Eu esperava ter um companheiro quando te adotei. Descobrir que você é homossexual me impactou num primeiro momento, eu já afirmei isso. Mas, aquilo que eu esperava de você eu tenho de sobra. Um garoto lindo, de um caráter extraordinário, amoroso e solidário com todos, meigo e carinhoso comigo e com a Clarisse como muitos filhos biológicos não são, e tão afetuoso quanto esse coração enorme consegue ser. Quando eu achei que estava derrotado, falido e sem rumo, foi a sua compreensão e o seu carinho que não me deixaram esmorecer. Portanto, me considero um privilegiado. – revelou ele.
- Eu amo você! Amo muito, Rodrigo! – confessei, com os olhos marejados.
- Eu sei! Eu também te amo muito. Mas meu amor está se transformando de um amor paternal, para um amor carnal. Talvez agora seja você a ficar chocado, a não querer mais ficar comigo, a achar que sou um depravado. Quem sabe, até recorra à polícia me denunciando como pedófilo, o que no seu caso, maior de idade, já não se aplica mais. – sentenciou.
- Eu nunca faria uma coisa dessas! Por que menti agora a pouco, eu já sonhei um montão de vezes com o seu pau. Eu o acho simplesmente lindo e gostoso. – confessei.
- Como você pode afirmar que ele é gostoso, se nunca experimentou? – provocou.
- É que eu imagino.
- O que você me diria se deixasse de imaginar e o provasse? Por que se você olhar por baixo da mesa agora, vai ver que ele está duraço saindo do short. – havia um brilho libertino em seu olhar sereno e viril.
- Que um sonho estava se tornando real. – respondi, com um sorriso tímido e recatado.
- Então vem cá! – exclamou ele, afastando ligeiramente a cadeira da mesa e abrindo as pernas para que eu tivesse acesso à sua ereção.
Ela estava saindo lateralmente a umas das pernas, basicamente apenas a cabeça, grande, embora uma pequena parte ainda estivesse coberta pelo prepúcio, ela estava úmida quando me aproximei para tocá-la e havia molhado um pouco os grossos pelos da perna do Rodrigo. Eu deslizei a mão mais para dentro do short a fim de conseguir pegar no cacete. Um sorriso voluptuoso se formou no rosto dele. Consegui tirar cerca de um quarto de seu tamanho de dentro do short através da abertura da perna. Ao erguê-lo formou-se um fio translúcido e viscoso entre a perna do Rodrigo e a cabeça do cacete, que babava abundantemente exalando seu eflúvio másculo. Lambi delicadamente seu sumo, contornando a glande com a língua e depois fechando os lábios ao seu redor. Não só o aroma era delicioso, como o sabor que me remetia a pistache. Foi excitante ouvir o grunhido rouco que o Rodrigo soltou ao sentir meus lábios sorvendo seu sumo. Ele deve ter achado aquela posição muito desconfortável, pois o caralhão não parava de endurecer e o short o apertava. Eu estava acocorado entre as pernas dele quando se levantou e baixou o short fazendo a pica dar um salto para fora e ficar balangando diante do meu rosto. Na época eu já ouvira falar das sete maravilhas do mundo, embora não as pudesse enumerar todas, mas com certeza aquela pica deveria ser considerada a oitava maravilha. Um tronco colossal de carne com vida própria que lhe conferia um movimento pulsátil, irrequieto e cativantemente sensual. Minha boca voltou a se fechar ao redor dele, só que desta vez abocanhando um pouco além da cabeçorra que havia emergido completamente do prepúcio. O Rodrigo fechou as pálpebras, lançou o tronco para trás contra o espaldar da cadeira fazendo com que os pés dianteiros dela alçassem do chão e, levou as mãos à minha cabeça firmando-a entre elas. Mais um gemido ecoou pela cozinha. Não era um gemido clássico, era mais um suspirar profundo que vinha de algum lugar daquele torso peludo. Eu os ouvia se multiplicando à medida que minha língua e meus lábios trabalhavam naquela jeba que terminou de enrijecer na minha boca.
- O garotão foi um ótimo professor! Você sabe mesmo como chupar uma rola. – grunhiu o Rodrigo. Eu não podia me sentir mais lisonjeado.
Eu mamei tanto e tão devotamente que ele precisou tirar a pica da minha boca algumas vezes para não gozar precipitadamente nela. A cada vez que ele fazia isso eu o encarava ligeiramente esmorecido e impaciente, pois não via o momento de saborear a porra do Rodrigo, de vê-lo despejar sua virilidade na minha boca, de vê-lo gozar feito um garanhão tomado pelo prazer.
- Meu bezerrinho está esperando pela leitada do macho, está? – perguntou ele, como que lendo meus pensamentos. Minha resposta veio na forma de chupadas vigorosas em seus culhões. Ele urrou.
Aquele não foi um urro qualquer, foi o urro que antecedia o gozo, por isso eu segurei a rola e a recoloquei na boca. Mal meus lábios a tocaram, ele começou a ejacular, um creme levemente off-white, de sabor caramelado com um fundo suavemente amargo que eu engolia sem desperdiçar uma única gota sequer. Ele esporrou muito, deixando-se lamber e afagar nos genitais que já não sentiam mais aquela pressão incomoda de estarem empanzinados.
- Eu estava certo. É deliciosa! – exclamei com um sorriso maroto, quando terminei de limpar o caralhão com a língua.
- O quê? A pica ou a porra? – questionou com um risinho de satisfação e orgulho.
- Ambas!
Eu sabia que ele ia precisar de um tempo para se recompor antes de me enrabar. No entanto, as horas foram passando e ele não demonstrou nenhuma intenção de fazê-lo. O mesmo aconteceu nos dias subsequentes. Havia algo que o perturbava, mesmo que a expressão de prazer e satisfação em seu rosto com os meus boquetes demonstrasse o contrário. O mesmo acontecia quando ele me dedava fundo o cuzinho, vasculhando-me pelo avesso, pelas entranhas, enquanto eu gemia e me contorcia querendo levar rola, querendo entregar minha virgindade, querendo o Rodrigo dentro de mim. Era algo sutil e eu pensei que talvez ele estivesse hesitando em consumar a conjunção carnal comigo por conta da relação pai/filho. Mas, não foi ele mesmo que frisou que eu não era seu filho? Apesar do sentimento de desamor que isso me causou ao ouvir essa afirmação pela primeira vez, eu compreendi o que ele quis dizer com aquilo. Não se tratava de não ter amor ou outro sentimento semelhante por mim, não, não era isso. Ele se referia exclusivamente à questão biológica. Não foram os seus espermatozoides que me geraram. Resolvi esperar, conceder-lhe o tempo de que precisava para assimilar o que estava acontecendo entre nós dois, mesmo que isso significasse jamais aconchegar aquele caralhão, pelo qual eu estava completamente seduzido, no meu cuzinho. Felizmente não precisei esperar mais do que algumas semanas. Ele estava cabalmente fascinado por mim, mal conseguindo controlar o tesão e as ereções quando eu me aproximava dele.
A oportunidade surgiu numa noite quando ele chegou em casa bem mais tarde que o habitual, relatando o dia problemático e tenso que tivera na empresa. Era raro o Rodrigo me participar qualquer coisa do que acontecia na empresa. Mesmo, logo após a falência, quando eu já estava em idade de compreender a situação, ele me poupou do pior, apenas esclarecendo o porquê de termos que nos mudar para uma casa bem mais acanhada e num bairro menos nobre. Ele comeu pouco durante o jantar que eu havia preparado, quando precisamos dispensar os empregados eu assumi as tarefas da casa, apesar de estar diante de um suculento filé de peixe empanado regado por um cremoso molho de camarões, um de seus pratos favoritos.
- Vou tomar uma ducha para ver se relaxo um pouco. Espero que o dia de amanhã seja mais tranquilo. – disse ele, subindo para o quarto.
Não levei cinco minutos para ajeitar a cozinha e colocar os utensílios na lava-louças, determinado a fazer daquele banho uma fonte de prazer e relaxamento para o Rodrigo. Ele estava nu quando entrei no banheiro, olhou na minha direção com aquela cara de chupa meu caralho. Mas, eu queria mais do que isso, eu queria dar colo, aconchegar aquele macho imenso e musculoso e, ao mesmo tempo, tão carente quanto uma criança. Abri o comando da banheira deixando-a encher com a mistura equilibrada de água quente e fria, enquanto, sentado na beirada, chupava carinhosamente a rola dele. Pouco antes do volume da banheira ter se completado, ele gozou na minha boca. Enternecido e acariciando meus cabelos, ele observava atentamente como eu engolia e saboreava sua gala.
- Entre aqui! – exclamei, pondo-me em pé e beijando suavemente seu rosto antes das nossas bocas se unirem num beijo prolongado, no qual ele aproveitou para descer meu short e enfiar um dedo no meu cuzinho.
Ele se recostou na banheira e abriu as pernas, o caralhão parecia querer boiar, mas era tão somente o tesão que o mantinha à meia bomba. Depois de colocar algumas gotas de sabonete e alguns aromatizantes na água tépida, comecei a massagear sua nuca, suas costas, deslizando as mãos premidas sobre seus músculos vigorosos. Ele havia fechados os olhos e se entregava aos meus carinhos. Vez ou outra ele soltava o ar com mais força entre os dentes cerrados, particularmente quando as pontas dos meus dedos percorriam sua nuca, deslizavam entre os dois redemoinhos junto aos seus mamilos, ou entravam em sua virilha e massageavam o sacão pesado.
- Sabe o que eu não consigo entender, Diego? É como um homem consegue ser tão carinhoso com outro como você é. – murmurou ele, sem abrir as pálpebras.
- Eu me desapego da parte masculina, esqueço que estou dentro de um corpo de homem e, deixo que minha mente voe livre. E, ela não deseja outra coisa que não satisfazer plenamente um homem. Esse homem é você, Rodrigo. O homem que eu amo mais do que qualquer pessoa que já amei na vida. – revelei, num tom de voz baixo e suave, quase tão intenso quanto o silêncio que reinava naquele banheiro.
O Rodrigo abriu os olhos e sorriu para mim, puxou-me pelo braço até conseguir aproximar meu rosto. A língua dele se movendo na minha boca e, a intensidade daquele beijo, fizeram meu corpo todo tremer. Ele me puxou para dentro da banheira, me apertou em seus braços e baixou meu short. A água ultrapassou a beirada da banheira e escorreu pelo piso. Enlaçados e ainda nos beijando, eu fiquei debaixo dele. Logo ele me colocou de bruços e enfiou o dedo no meu cu, cutucando meu buraquinho e me fazendo gemer. Quando os braços dele voltaram a se fechar ao redor do meu tronco eu soube que havia chegado o momento com o qual eu vinha sonhando. Algumas pinceladas com o cacete na mão foram suficientes para ele encontrar meu botãozinho rosado. Forçá-lo com a cabeçorra levou poucos segundos, atolar a pica nele exigiu algumas tentativas, que meu grito confirmou ao quebrar o silêncio. O Rodrigo estava dentro de mim. O que eu precisava fazer? O que precisava dizer? Fazia-se ou dizia-se alguma coisa nessa hora, ou apenas se gemia para extravasar aquela dor aguda e lancinante que tomava conta de toda a pelve? Eu não tinha as respostas, a virgindade não as dá. O cacetão deslizava para dentro do meu cu parecendo que o Rodrigo não precisava fazer esforço algum para isso. A cabeçorra abria, distendia e rasgava minha carne enquanto o restante ia se alojando e sentindo minha musculatura anal se contraindo ao redor daquele intruso gigantesco. Eu não sabia se iria aguentar tudo logo na primeira vez, pois aquele mastro continuava entrando em mim e parecia não chegar ao fim.
- Ai Rodrigo! Eu não estou aguentando mais. – gemi, agarrado às bordas da banheira.
- Quer que eu tire? Está doendo muito? – sussurrou ao meu ouvido.
- Eu não sei se vai caber em mim. – balbuciei, inseguro. Mesmo sem ver o seu rosto eu soube que ele esboçou um sorriso.
- Vai sim! Você só precisa ter paciência e relaxar. É normal você se sentir inseguro na primeira vez, mas eu vou fazer caber tudo e você vai gostar, tenho certeza. – sussurrou mais calorosamente.
- Eu amo você! – exclamei, recomeçando a gemer, pois ele voltou a exercer pressão e a pica voltou a deslizar para dentro do meu cu.
- Eu sei que ama! Não apenas pelo carinho que tem por mim, mas por desabrochar esse botãozinho delicioso na cabeça da minha rola. – havia um tom tão safado em sua voz rouca que me deixei levar pelo tesão provocando espasmos por todo meu corpo. Sem me dar conta eu empinava o rabo franqueando seu acesso.
As estocadas jogavam meu corpo para frente, ele me puxava de volta pela cintura encaixando a minha bunda em sua virilha. O pau parecia que ia sair pela minha boca juntamente com os ganidos. Quando a estocada atingia minha próstata eu chegava a gritar de dor. Ele então me acalentava em seus braços e quase me fazia desfalecer neles. Ao contrair as nádegas eu conseguia sentir o sacão dele aprisionado entre elas, era quando ele soltava um gemido ou um sibilo rouco de satisfação. Eu jamais havia imaginado que servir a um macho fosse algo tão sofrido e ao mesmo tempo tão maravilhoso. Essas duas sensações pareciam não poder coexistir simultaneamente, mas estavam se combinando tão perfeita e harmoniosamente que só elas podiam explicar e dar sentido a uma conjunção carnal. Quando me dei conta de que o Rodrigo e eu, naquele instante, éramos um ser único, por que até nossa respiração e nossos corações estavam sincronizados, eu senti as lágrimas descendo pelo rosto.
- Está sendo demais para você, não é? Não levei em consideração que não estou numa buceta, mas num cuzinho virgem que não laceia tanto quanto uma buceta. Vou tirar devagarinho e você me diz quando voltar a aguentar, ok? – disse ele, ao ver meu choro.
- Não! Não faça nada. Apenas fique dentro de mim. É que eu nunca fui tão feliz como agora, e não consegui controlar a emoção. – devolvi, beijando suas mãos que tentavam acariciar meu rosto para me reconfortar.
- Ah, meu menininho gostoso! No que depender de mim você vai ser muito feliz. – murmurou, deixando apenas seu peso pousado sobre mim.
Ele me virou depois de algum tempo, colocando minhas pernas abertas sobre as bordas da banheira e se encaixando entre elas. Ao me virar, eu vi meu sêmen flutuando na água. Eu não sei quando gozei, devia ter acontecido quando da última estocada que distendeu toda minha ampola retal. Não longe de onde flutuava a porra, a água estava turvada de um vermelho vivo, era o meu cabaço. Ele acariciou meu rosto quando ficamos de frente um para outro, me chamou de tolinho enquanto seus polegares tiravam as lágrimas dos meus olhos, me disse que se soubesse que eu era tão gostoso já tinha me fodido antes. Em seguida, com aquele seu costumeiro risinho brincalhão me perguntou se eu sabia que ele era meu macho e que eu iria servi-lo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, respeitando-o e amando-o por todos os dias da minha vida. Embora ele estivesse mangando de mim, ou da minha inexperiência, as palavras dele eram verdadeiras e sérias, mais sérias do que eu podia crer naquele momento descontraído. Antes das lágrimas voltarem a embaçar minha visão, minhas mãos tocaram seu rosto e meus lábios balbuciaram um – eu prometo – que sua boca silenciou com um longo de devasso beijo. Enquanto isso, sua pelve se moveu e meteu o cacetão inteiro no meu cu, junto com meu ganido ele urrou, e eu senti meu cuzinho sendo inundado por sua porra grudenta e mais morna do que a água da banheira que já começava a esfriar. Naquela mesma noite eu me deitei em sua cama, por determinação dele, para não mais voltar a ocupar meu antigo quarto; o que me custou, naquela meia dúzia de dias que se seguiu, um cuzinho permanentemente esfolado, sensível e impedidor de me sentar corretamente, como resultado do que ele chamou de ‘nossa primeira lua-de-mel’. Esse não era um evento único? Ao menos essa era minha concepção sobre assunto. Questionado, o Rodrigo apenas me devolveu um sorrisinho ladino, acompanhado da observação – gosto do resultado de uma lua-de-mel com você, por isso teremos muitas – sem dúvida ele estava se referindo à aparência frágil das minhas preguinhas eritematosas e inchadas, onde ele introduzia um absorvente íntimo interno, a meu pedido, para minimizar as manchas que se formavam em minhas cuecas depois dos coitos. Era uma tarefa da qual ele logo se apegou. Introduzir aquele aplicador plástico no meu cuzinho logo após termos feito amor, e eu ter feito minha higiene, sem dispensar o sêmen dele, foi encarado como uma forma de prolongar o prazer da relação sexual e estreitar nossa intimidade. O absorvente também acabou por se transformar numa espécie de fetiche para o Rodrigo. Toda vez que ele via o cordãozinho saindo do rego apertado, um desejo lascivo se apoderava dele e, invariavelmente, ele me pegava de jeito para consumar sua tara.
Numa tarde, pouco depois de ter regressado da faculdade, fui atender um homem com forte sotaque castelhano que havia tocado a campainha. Ele se apresentou como advogado de uma família chamada Villaseñor Urquiza, de Neuquén na Argentina, querendo obter informações a meu respeito. Ele também perguntou pelo Rodrigo e pela Clarisse, querendo saber como havia se dado a minha adoção. Eu o dispensei sem muitos esclarecimentos, e pedi para agendarmos outra data na presença do Rodrigo. Quando contei sobre o advogado ao Rodrigo na volta do trabalho, ele esboçou um ar de preocupação.
- O que foi exatamente que esse sujeito quis saber?
- Só isso que eu te falei. Como tinha se dado minha adoção e se eu realmente me chamava Diego. Por que você está tão perturbado com isso?
- É que sua adoção não foi algo feito pelos trâmites burocráticos normais.
- Como assim?
- A Clarisse e eu praticamente compramos você. – ele ficou sem jeito depois de ouvir sua própria voz fazendo essa revelação, como se repentinamente fosse flagrado cometendo um crime.
- Compraram? – minha pergunta saiu como um grito angustiado.
- Apesar de você estar naquele orfanato, não estava disponível para adoção. No entanto, assim que nós o vimos brincando junto a um chafariz, nos apaixonamos por você. A freira responsável pelo orfanato, não me lembro mais do nome dela, pediu uma pequena fortuna para nos entregar você. Tudo foi arranjado em sigilo numa saleta do orfanato, sem papeis ou provas e, nós o tiramos da Argentina valendo-nos da precariedade dos controles de fronteira do Brasil e da Argentina.
- Vocês me compraram como se eu fosse uma muamba qualquer e atravessaram a fronteira como hoje fazem milhares de muambeiros que abastecem os camelôs. – afirmei, chocado com o que o Rodrigo acabava de me contar.
- Você nunca foi uma mercadoria para nós! Nós nos apaixonamos por você no exato instante que o vimos. Acontece que nunca o teríamos se as coisas tivessem sido feitas conforme a burocracia argentina. Digamos que nós tenhamos burlado um sistema burocrático demais. – afirmou ele, aproximando-se de mim e me tomando nos braços.
- É horrível descobrir isso, Rodrigo! Eu sempre tive essa sensação de não saber quem eu sou de verdade. Eu nunca fiz muitas perguntas a respeito, pois não queria magoá-los. Vocês sempre foram tão amorosos comigo. Mas, essa chaga não cicatriza, você entende?
- Claro que te entendo! Vamos fazer o seguinte: vamos ver o que esse advogado quer exatamente, se não obtivermos as respostas que te satisfaçam, vamos nós mesmos atrás da verdade. Eu vou estar ao seu lado e te proteger de tudo para que você possa ser plenamente feliz. Combinado? – ele ia me beijando o rosto enquanto explanava e, ao terminar, pousou seus lábios sobre os meus e me beijou intensa e carinhosamente.
- Eu sou feliz! Sou feliz por que tenho você! – exclamei, beijando-o fervorosamente.
O advogado nos explicou toda a situação. Minha mãe, filha única de uma rica e tradicional família de Neuquén, engravidou fora de um casamento que já estava acertado com um homem dez anos mais velho de outra família abastada. Quem a engravidou foi um dos empregados das empresas do meu avô, um sujeito arrogante, truculento e de atitudes arcaicas. A gravidez transcorreu em Buenos Aires, longe da família do pretendente, e o parto realizado numa clínica particular da cidade. Meu pai biológico nunca soube da gravidez, e nem do parto complicado que resultou na morte da minha mãe. Com três dias de vida fui deixado naquele orfanato aos cuidados das freiras mediante o pagamento de outra pequena fortuna, a fim de garantir o sigilo do pouco que a freira responsável sabia e, da condição de não adoção, devendo ela me encaminhar na vida com o dinheiro que havia sido disponibilizado para isso. Ocorre que madre Carmelita nunca foi nem de longe, um protótipo de virtudes e idoneidade, valendo-se da situação que poderia gerar um escândalo na sociedade e na família, aproveitou-se para se apossar de todo o dinheiro. Mediante a denúncia de uma ex-governanta, confirmada por um motorista, a verdade veio à tona, após a morte do senhor Villaseñor Urquiza. Madre Carmelita já havia falecido e boa parte da fortuna adquirida ilicitamente tinha sido resgatada com seus familiares, por que a consciência de madre Consuelo, sua antiga assistente e atual reitora do orfanato, revelou o que madre Carmelita deixou de registrar nos documentos oficiais do orfanato. Eu teria obviamente que me submeter a um teste de DNA, para confirmar minha relação com os Villaseñor Urquiza antes de ter direito à posse dos bens deixados por ele.
O Rodrigo, sentado ao meu lado enquanto o advogado nos contava a história, me abraçou quando viu as lágrimas descendo do meu rosto. Talvez aquela história fosse semelhante à de muitos outros órfãos ou desvalidos deixados nos orfanatos, mas aquela era a minha história, por isso ela doía tanto. Saber que sua família biológica o descartou como algo repugnante e comprometedor, não era a coisa mais fácil de assimilar.
- O que devo fazer? Ir a fundo nessa história, ou simplesmente seguir adiante como se ela nunca existisse? – perguntei ao Rodrigo.
- O que você quiser! O que te deixar mais em paz consigo mesmo! Qualquer decisão eu sempre estarei ao seu lado. – respondeu.
- Talvez esse dinheiro possa te ajudar a recuperar tudo que a Clarisse e seu sócio tiraram de você. – afirmei.
- Não, isso não! Você deve seguir adiante, se esse for seu desejo, por você, e não por mim. Nós vivemos felizes dessa maneira como estamos, não vivemos?
- Sim! Mas eu queria poder retribuir tudo o que você já fez por mim.
- Você já retribuiu muito mais do que devia, com esse amor cândido e imenso que sente por mim. – eu olhei discretamente para o advogado e, não sei por que, algo me dizia que ele compreendeu que esse amor ao qual o Rodrigo se referia não era o amor paternal.
- Podemos refletir um pouco sobre o que o senhor nos contou? Um ou dois dias, no máximo, pode ser? – questionei o advogado.
- Claro! Mas eu garanto que se o teste de DNA confirmar sua relação com os Villaseñor Urquiza, não haverá grandes ou demorados trâmites para que possa assumir o que lhe é de direito. – garantiu ele, antes de nos deixar.
Pela primeira vez o Rodrigo e eu discordamos num ponto. Ele não queria que eu levasse a história adiante, alegando que ela podia me trazer mais sofrimento. Eu queria o que me foi usurpado, pois queria que o Rodrigo tivesse tudo que lhe cabia de volta, apesar de ele insistir em não aceitar nenhum centavo do que eu fosse herdar. Fui eu quem ligou para o número que o advogado nos deixou, dois dias depois, dizendo que ia prosseguir com o que fosse necessário para reaver o que me era de direito. Ele se mostrou muito satisfeito com minha resposta, ao contrário do Rodrigo, que nem me deixou chupar sua pica naquela noite, quando tentei mimá-lo para compensar a contrariedade com a qual ele recebeu a notícia.
O processo, conforme havia informado o advogado, realmente não foi longo nem demorado, após a comprovação do meu parentesco com meu suposto avô dado pelo exame de DNA e, os valiosos e reparadores testemunhos de seus ex-funcionários, bem como das revelações dadas por madre Consuelo em juízo. Os ativos imobilizados desde a morte do velho Villaseñor Urquiza formavam uma boa fortuna. Eles me foram oficialmente passados numa audiência e sacramentados por um juiz de Neuquén, para onde o Rodrigo me acompanhou. Inexplicavelmente, eu não estava feliz quando o juiz me entregou os papeis da transferência. Creio que o único que sabia o que se passava dentro de mim fosse o Rodrigo, pois foi no olhar dele que procurei refúgio.
A despeito dos anos decorridos e, até em função deles, a dívida do Rodrigo com credores, funcionários e indenizações era bastante vultosa. Eu a saldei sem o conhecimento dele, pois sabia que ele não aprovaria minha atitude. Prova disso foi a bronca que ele me deu quando descobriu. Cheguei a pensar que nosso relacionamento tivesse chegado ao fim quando ele deixou de falar comigo e de partilhar a cama.
- Eu te amo, você sabe disso. De que adianta a gente amar alguém se não pode fazer com que a vida dessa pessoa se torne melhor? Eu sei como você é orgulhoso, e também sei em que bases você gosta que nosso relacionamento funcione; eu submisso, você dominador, eu levando pica, você gerindo meu cu. Nada disso vai mudar, eu gosto que seja assim. Não faço a mínima questão de ser o passivo contestador, insubordinado, desafiador. Eu gosto que você seja meu macho mandão na cama, meu amor no dia-a-dia, e meu companheiro nas dificuldades. –argumentei.
- Mas você foi um putinho rebelde, insubordinado e atrevido ao me desobedecer! – resmungou, quase quinze dias depois de ele ter descoberto meu arranjo e mantido a cara amarrada.
- Então por que você não castiga o seu putinho? – questionei sensual e voluptuosamente, sentando no colo dele durante uma partida de futebol que ele acompanhava na televisão. – Faz um tempão que eu não uso um absorvente! – emendei, ciente de que isso ia deixa-lo de pau duro.
- Você pode se arrepender do que está me pedindo! – advertiu, querendo disfarçar o sorriso safado.
- Eu nunca me arrependi de nada do que fizemos juntos. Eu amo você! – respondi, sussurrando em seu ouvido, enquanto minha língua o lambia.
- Meu menininho travesso e safado! Vou te ensinar a ser mais obediente. – ronronou o Rodrigo, com o caralhão me cutucando a bunda.
- Você sabe o quanto gosto das suas lições, não sabe? Vem comigo lá para cima e me dá uma aula! – provoquei.
- Eu vou te dar um caralho no cu para tu nunca mais esquecer! – exclamou, levando-se comigo no colo.
- Quem te disse que eu quero esquecer? – a língua dele entrou em mim quase ao mesmo tempo em que os nossos lábios haviam se juntado.
Nos braços um do outro, molhados pelo tesão, esquecemos do que nos levou a ter a primeira discussão, mas eu me recordaria da reconciliação pelos próximos dias.