Acordei. O quarto estava escuro, apenas dava para ver a pequena luminosidade que passava por baixo da porta do que, supostamente, seria o banheiro.
Minha cabeça doía um pouco e meus pensamentos estavam confusos.
Onde eu estava? O que tinha acontecido? Tentava, aflitamente, encontrar respostas.
Me levantei da cama e me dirigi em direção á luz.
Abri a porta e entrei em um enorme banheiro, bem iluminado, lindamente decorado, e pela porta aberta do box dava para ver uma banheira.
Mas, o que me chamou a atenção foi um enorme espelho, que praticamente ocupava toda uma das paredes.
Dentre as imagens que os espelho refletia estava a minha. Mas, como assim, a minha?
Aquela imagem não era a minha. Eu era um homem, hétero, 25 anos, 1,70 metros de altura e 60 kg, pele clara e olhos verdes.
Tudo bem, era magro e nenhum primor em músculos e virilidade, mas aquela imagem no espelho era de uma mulher, e bem bonita.
Os cabelos eram loiros, lisos, medianos, quase chegando a altura dos ombros. O rosto tinha sobrancelhas bem feitas, os olhos ainda eram os mesmos, mas o queixo, as bochechas e os lábios eram completamente femininos. O rosto era meu, uma versão feminina de mim.
Eu estava vestindo uma camisolinha de seda, cujo comprimento mal cobria as genitais.
Para meu espanto, por baixo dela despontavam dois pontiagudos mamilos, como duas bandeiras fincadas sobre dois pequenos morros.
Espere! EU TINHA SEIOS? Pequenos, mas sim, estavam lá, fragilmente revelados pelo fino tecido da camisola.
Desci um pouco os olhos e vi um belo par de coxas. Lisinhas e bem torneadas e, abaixo, pés com unhas bem feitas e pintadas de vermelho, mesma cor da camisola.
Virei de costas e meu espanto aumentou. Assim como os pequenos seios, uma bela de uma bunda se mostrava proeminente por sob a camisolinha.
Não resisti e levantei a camisola. Enfiada dentro daquela bunda dura e redondinha estava uma calcinha fio dental também vermelha, confesso que a imagem era muito sexy.
Então a ficha caiu. Sexy! Era eu, homem. Um enorme desespero bateu em mim. Meu Deus, o que fizeram comigo? Em completa agonia voltei correndo para o quarto, agora mais claro com a porta do banheiro completamente aberta.
Sentei na cama e olhei o quarto. Tal qual o banheiro, também era bastante espaçoso. A cama era tipo king, tinha um frigobar, um imenso guarda-roupa, uma mesa com cadeira e uma televisão gigante na parede.
Um pouco mais calmo, sentei na cama e tentei relembrar os últimos acontecimentos para encontrar uma justificativa para a situação completamente inverossímil na qual me encontrava.
A última coisa que me recordava era de estar sentado em uma mesa de bar, sozinho, tomando uma cerveja, quando uma baita de uma morena perguntou se podia sentar-se comigo, pois o bar estava lotado e ela não estava afim de beber em pé.
Ė claro que aceitei sua companhia. Ela disse se chamar Manoela e me deu um beijo no rosto para selar nosso início de amizade.
- Prazer em te conhecer, respondi. Meu nome é Mario.
- Agora que você foi gentil em me deixar sentar aqui, vou retribuir a gentileza pegando uma bebida mais forte para nós. Você gosta de conhaque?
Para agradar aquela morena eu beberia até estanho derretido - É claro que sim, respondi.
Ela se levantou foi até o balcão, que ficava um pouco distante da mesa, de forma que a perdi de vista.
Uns poucos minutos depois ela retornou, com os dois copos na mão. Me deu um e me desafiou a tomar todo o conteúdo em um só gole.
Não poderia deixar minha masculinidade e fama de bom bebedor em cheque e virei tudo de uma vez.
Pronto. Acabou. Foi a última coisa de que me lembrava.
Não sou nenhum talento em deduções, mas estava claro que eu caí no golpe do boa noite cinderela.
Mas com qual objetivo? Para que tudo isso?
Será que queriam mudar meu sexo? Me transformar em mulher?
Novamente o desespero se apossou de mim. Levantei da cama e retornei as banheiro, de frente para o espelho. Sem dúvida era uma mulher que estava aí.
Atabalhoadamente tirei a camisola e, atônito, contemplei o corpo semi nu que se apresentava, precariamente coberto pela calcinha fio dental.
O par de seios estavam lá, agora perfeitamente visíveis. Pequenos, como de uma adolescente em início do formação, com aqueles bicos grandes, duros, desproporcionais ao tamanho dos seios.
Olhei para a calcinha e onde deveria estar o volume do meu sexo, nada tinha. Estava tudo liso.
Agora o suor descia em meu rosto. Meu coração acelerou e quase desmaiei.
Será que não deixaram nenhum traço de minha antiga masculinidade? Será que meu pênis foi reconstituído em uma vagina?
Era demais. Eu não poderia suportar.
Respirei fundo, coloquei cada uma das mãos quadris e segurei a calcinha. Lentamente fui baixando a fio dental.
Onde antes estava a floresta de pelos pubianos, esta tudo depilado, apenas um pequeno fio de cabelos ia de cima até onde começava a base do pênis, ainda coberto pela calcinha.
Caramba, pensei, Cadê meu pau? Normalmente fica aqui em cima.
O desespero aumentou, eu estava meio tonto, os pensamentos não muito claros, não havia volume na calcinha e o pau não esta onde deveria estar.
Juntei o pouco da coragem que ainda me restava, fechei os olhos e acabei de baixar toda a calcinha.
Respirei fundo novamente e como fazia quando criança quando tinha medo de abrir os olhos no escuro, contei regressivamente:
Cinco, quatro, três, dois, UM.
Abri os olhos.
Continua...