Nunca, em meus planos, e logo num início de relacionamento, eu cogitaria a possibilidade de enganar a garota que eu gosto. Aliás, a minha vida seguia muito tranqüila antes de me envolver com cliente… mas eu estava ali. A mente queria parar com tudo aquilo, mas meu corpo ordenava que eu caçasse impiedosamente. A Paula havia acabado de sair do quarto. Não havia nenhum rastro dela. Estava trajada do mínimo possível… e agora me chega a Paloma.
Paloma: Desculpa eu ter demorado tanto, rs, é que a minha mãe demora pra pegar no sono, e eu tenho muito medo de ela notar algo, eu sou meio desastrada, sabe. No escuro, sem os óculos, eu faço barulho, e ela tem um sono leve. Ela é mulher da noite, eu sou a mais tranqüila da casa.
Eu: Bom, você deu sorte que deixei a porta aberta. Eu também saí, fui ao banheiro, me atrapalhando um pouquinho, mas achei. Quase topei com sua mãe porque abri a porta errada, e ela tava só de camisola.
Paloma: Meu Deus!
Eu: É, mas achei o banheiro. Porra, tanta beleza na filha é perfeitamente justificável: Muito linda e jovem, a Paula. Parecem irmãs, vocês duas…
Paloma: rsrsrs, Muita gente diz isso. Ela se cuida bastante. Ainda mais depois de vivido tanto tempo uma vida monótona e fria com meu pai. Casou muito nova, dedicou-se desde cedo à família, mas meu pai não deu valor à ela. Nunca mais firmou com ninguém depois que divorciou-se. Ela tá namorando esse Gonçalo, agora, mas já é o quinto namorado. Sério mesmo, se fossemos irmãs, seríamos o total oposto, porque eu sou a caseira e ela agora é a baladeira. Ninguém a segura..
Eu: “ É, e nem você a segura. Nem a segura e nem percebe do que ela é capaz”, pensei comigo.
Vocês viram que menti pra caralho em menos de 5 minutos conversando com ela, né. Depois da primeira mentira, as outras vêm fácil. É uma arte. E Paula era mestra nisso. Eu tinha plena certeza que se um dia isso fosse descortinado, não iria acabar nada bem.
Eu: Poxa, você demorou tanto que…
Paloma: Que?
Eu: Me desculpa, mas eu tive que abrir a válvula de escape… acendeu meu fogo e depois foi dormir…
Paloma: Aiiinnn, Mateus! Magoei…- fez beicinho pra mim- será que não tem nenhuma reserva pra sua gatinha?
Eu não podia fazer vergonha logo na nossa primeira vez. É claro que eu tinha reserva. Até tirei o lençol pra mostrar a ela como eu estava esperando. Ela levou a mão à boca e perguntou:
Paloma: E você galgou até o banheiro sem nadaaaaa!?
Eu: Err...rsrsrs
Paloma: Mal entrou pra família e você tá todo confiado, seu safado! E se minha mãe te visse desse jeito com a piroca dura, seu maluco!? Ela poderia se assustar…
Eu: Ou talvez não(dei um sorriso maroto)
Paloma: O que você está insinuando, seu ca-(me enchendo de tapas)chor- rooooo! Eu que não saiba que você está se assanhando pro lado dela!
Eu: Aiii...rsrs, é brincadeira, Paloma!
Paloma: Eu acho bom…- dessa vez ficou emburrada. Virou a cara pra mim.
Eu: Vem cá, linda, eu só tava brincando…
Paloma: Toda Brincadeira tem um fundo de verdade… minha mãe é muito fogosa. Já vi que vou ter de ficar de olho em vocês dois…
Eu: E eu te dei alguma razão para você desconfiar de mim desse jeito? Poxa, depois de tudo que passamos juntos em tão pouco tempo, olha como a gente está agora: parece que estou caminhando com você há meses…
Paloma: É, verdade. A gente já brigando como namorados de 3, 4 anos… Mas você me negando fogo na nossa primeira noite.- emburrou de novo a cara.
Eu: Minha princesa, olha pra mim… Olha pra miiiim!( Peguei o rosto dela com as duas mãos) Eu nunca negaria fogo pra você, mas amanhã preciso levantar cedo pra trabalhar, eu tenho que voltar à minha casa, trocar de roupa, o dia que passamos foi cheio, você sabe… Eu também estava louco pra dar um foda bacana com você, mas tá tarde, eu tô cansado…
Paloma: Quer dizer que depois de eu ter me vestido assim pra você( ficou em pé bufando de ódio ), você vai ter coragem ( começou a tirar a camisola dela por cima...ai papai!) e negar prazer a tuuudo isso!? Hein!?
Era linda. Tinha o corpo mais cheinho que a mãe, mas era uma deusa. Na hora meu pau começou a dar sinal de vida. Quando ela, revoltada, pegou a camisola no chão, deu-me um boa noite revoltada e foi empinada até a porta e pegou na maçaneta, surpreendi minha menina num salto da cama e agarrando-a pela cintura, por trás , à altura do ventre, perto da sua xana, e segurei sua mão esquerda com a minha ,girei-a bruscamente de modo que a quase fiz tropeçar com uma perna na outra e enverguei meu corpo sobre o dela num beijo sôfrego, animal, bruto. Ela tentou se desvencilhar de mim, eu a puxei com mais vigor e então Paloma pôde sentir minha masculinidade chegando ao ponto máximo, roçando seu ventre. Gemeu dengosamente enquanto minha língua caçava a sua, retribuiu aprofundando o beijo , alcançou minha potência com uma das mãos, tocando uma punheta lenta e marcante.
Paloma: Nossa… pra quem tá cansado e acabou de tocar uma pensando em mim, esse soldado tá pronto pra uma nova batalha… e dessa vez tem um vale escuro e deserto pra ele se apossar… Aimn, delícia! É perfeito! - disse abaixando sobre ele e mergulhando-o em seus lábios carnudos.
“ Porra, que boca é essa… faminta!”, pensava enquanto soltava um gemido.
Paloma: pssiu, rsrs! Quer que minha mãe saiba que estou aqui? Controle-se! Mmmmmm...mmmmm…
A pressão da mão de Paloma, adicionada à sucção de sua boca e sua língua furiosa parecia uma força me puxando até a alma para dentro dela. Comecei a foder sua boca, sincronizando com o vai e vem que fazia ao longo do meu membro duro como rocha novamente. Paloma olhava para mim de uma forma que misturava uma certa pureza com safadeza. Obviamente perto da mãe, era uma donzela. Paula me devorou com os olhos!
Minha namorada acariciava minhas pernas, arranhava meus glúteos, tudo enquanto me sugava em sua boca. Naquele curso, não demoraria muito para eu me esvair completamente. Trouxe sua boca até a minha e tomei seu fôlego num beijo profundo. Dava pra sentir o gostinho do meu leite que eu tinha regado o céu da boca da Paula.
Paloma: Recuperou as forças, tesão? Nossa, eu já tô toda molhada…
Eu: Vem, deita aqui que eu vou dar o trato que você merece.
Coloquei ela deitadinha , feito uma rainha sobre o colchão, comecei beijando pelos pezinhos, subindo paulatinamente os beijos pelas pernas, coxas, até atingir seu baixo ventre. Sua bucetinha estava um pouco cabeluda sobre o clitóris, mas nos lábios estava no ponto pra abusar dos beijos. Fui aproximando minha boca da sua vulva aos poucos. Para ela era uma doce tortura. Ela direcionava sua xana em direção à minha boca, mas eu esquivava. Tentava usar as mãos, porém eu as segurava firmemente para ela não me puxar pelos cabelos. Quando fiz a primeira sucção , uma leve sucção na parte externa de sua vagina, nem chegava propriamente a pegar os lábios, Paloma deu uma arqueada. Eu afastei minha boca de novo. Estava adorando brincar com a ansiedade dela. Paloma deu um suspiro profundo, reclamando que eu a possuísse, mas devolvia só um sorriso.
Paloma: Você tá acabando comigo, já tô toda molhadinha e você me segurando…( dizia isso mordendo o canto dos lábios)
Eu: é dando prazer que se recebe prazer( ergui-me para ela para mostrar o quão rígido meu caralho já estava)
Paloma: Nossa… mais potente que antes… como ele fica cheio de veias!
Eu: Entenda uma coisa: o cérebro é o órgão sexual mais poderoso que existe. E ele é quem intensifica a experiência. Não se trata somente de ligar. É saber como se usa.
Paloma: Uau… Quer dizer que eu tenho um guru particular do amor, é!?
Eu: Você terá de mim tudo que você quiser… é só você aprender a usar ( apontei pra minha cabeça) isso aqui! Pergunta pra sua mãe, uma pessoa madura e inteligente, se isso não é verdade…
Paloma: Vou tentar conversar mais disso com ela. Eu sou bem introspectiva… taurinas são assim...rsrsrs!
Eu: Sou pisciano...profundo em tudo que faço… intenso, mas também muito racional… vai entender que quanto mais se libera a mente, mais o corpo se expande. Quando se é mais jovem, pensa-se muito em coisas como: quantas vezes é capaz de repetir, o tamanho, o encaixe perfeito...Parceria na cama se constrói como na vida. Eu admito: já me diverti um cadin nessa vida. Não é isso que procuro com você… quero dizer, também é isso, mas eu quero você inteira!
Paloma: Owwnn, ti linduuu! Nossa, que sortuda que eu sou!
Eu: Sorte foi a minha, que aceitei fingir ser o cavaleiro que salvou uma princesa das chamas… mas na verdade eu sou um incendiário! Rsrsrs!
Paloma: Safado! Cachorro! Vem, acaba comigo, seu puto!
Eu: Viu!? É disso que tô falando( abaixando novamente até vo centro de sua intimidade), quando se usa( uma chupada)...
Paloma: Aiiiieeennn!
Eu: O cérebro! - Nessa hora cai de boca e chupei lentamente cada polegada da buceta carnuda dela. Paloma se contorcia, gemia como se nunca tivesse experimentado tal sensação. A impressão que tive foi que era um novo nível redefinido de sexo pra ela. Fiquei com isso na cabeça. Ou o cara trabalhava mal, ou… porra, prefiro nem pensar nessa hipótese!gA hipótese de àquela altura ainda ser virgem.
Quando minha boca atingiu seu micro pênis inchado, e comecei a chupar bem devagar, uma descarga de néctar veio e molhou toda a minha língua. Seu corpo estremecia como o de Paula. Não. Era mais intenso. Era como se estivesse desabrochando. Ah, porra, será que ela era virgem? Teria mentido pra mim?
Eu: Paloma… você é virgem?
Ah, pra puta que pariu, se tu pensou que eu não seria capaz de perguntar… falei na cara dura!
Paloma: Hã? Como você percebeu?
Eu: Paloma, por que não me contou, linda? Então quer dizer que aquele cara…
Ela ruborizou. Mas abriu seu coração e disse:
Paloma: Eu sempre fui taxada de boba e careta. Mas a verdade e que mesmo tendo namorado um e outro eu queria que fosse com um cara que respeitasse meu momento. Eu já recebi toques, beijos pelo meu corpo, mas nunca deixei de fato que me fizessem mulher… os caras da minha idade sempre foram muito afoitos. Conheço preliminares, leio sobre, converso com as amigas, mas as que sabem mesmo que sou virgem até zombam de mim. Eu sou uma menina fora do meu tempo, rsrs. Você se decepcionou com isso?
Eu: Não é isso, princesa… É que eu fiquei surpreso. Tava muito suspeito. Eu nunca peguei uma virgem na minha vida. Você sabe, tudo tão moderno, rsrs… e você sentiu sua hora comigo?
Paloma: Tive certeza disso desde o primeiro toque que me deu na frente do Luciano. Seu sorriso, desde a foto do perfil, sua simplicidade… E com os dias se passando, eu percebi que mesmo fingindo ser meu namorado você não se aproveitou para invadir minha intimidade. Você construiu em mim um desejo sincero de poder me entregar a um homem de verdade…
Aí, podem me mandar pra puta que pariu: a consciência me infernizou. Eu fiquei sem chão, completamente. Não tava acreditando no que eu estava ouvindo.
Eu: E o que sua mãe pensa disso? Ela sabe que você é…
Paloma: Uhum… por isso ela me acha boba. Já chegou a pensar que eu era lésbica, pois ela só me via com amigas no quarto e tal… nesse ponto eu sou bem mais velha que ela… talvez porque eu viva o sonho da Cinderela de encontrar o homem certo.
Aquilo me quebrou. De verdade. Paloma não estava entregando a sua virgindade. Não era só isso. Ela estava entregando de fato o seu coração. Ela me tornou o responsável por cuidar do seu cativo e frágil tesouro. Eu não era digno. Mesmo que aquele sentimento dela fosse algo, sei lá, pueril, coisa de moça da idade dela, aquilo foi como espada no meu estômago.
Eu: Paloma…
Paloma: Oi… tô sentido uma densidade na sua fala…
Eu: Eu não posso fazer isso… Não desse jeito.
Paloma: Hã? por quê?
Eu: Não tá nada certo, aqui, cara… nada tá certo aqui. O sentimento que você tem é lindo, perfeito, mas eu tô errado com você. Essa aventura começou como uma mentira. E eu, eu…
Paloma:( colocou o dedo nos lábios), começou com uma aventura. Eu sei. Mas você construiu algo verdadeiro. Eu nunca vou esquecer o que você fez por mim. Você veio como um cavaleiro motorizado no seu Logan Prata e me tirou das chamas.
A mente ia sendo fodida a cada palavra. Aquilo me transtornou de um jeito que fiquei paralisado. Senti uma perturbação nos meus olhos. O incendiário foi incendiado. Eu levantei e não consegui mais fazer nada por uns instantes. Paloma não entendia o que estava se passando, porém eu tinha que falar a verdade.
Eu contei. Contei tudo. A verdade me libertou. Óbvio que ela chorou muito. Eu pedi perdão, mas nem cogitei ouvir mais nada. Eu peguei minhas coisas, saí pela madrugada afora sem rumo algum. Passou um dia. Uma semana. Trabalhei como penitência durante 15 horas todos os dias para foder com meu corpo até desmaiar.
Maldito foi o dia que atendi aquela chamada. Eu repeti isso na minha mente várias vezes. Maldito era o dia. Maldito era o dia… De tanto ralar, fiz 359 viagens num mês. Fui a 6 🌟. Minha nota já era alta pra caralho. Mas nada daquilo me fez esquecer a Paloma. Eu fiz uma merda colossal.
Torturado pela culpa, mas acorrentado por um sentimento que não conseguia explicar, eu decidi procurar a minha ex-namorada. Mas o que falar? O que dizer? Como olhar pra ela? Vencido pelo meu impulso, eu fui até a faculdade dela. O horário que ela costuma sair era às 22:30h. Eu cheguei 21:45h. Liguei para ela. Chamou uma, duas, três vezes. Quando eu ia desligar, ela atendeu. O telefone estava longe do ouvido, mas deu pra ouvir a voz trêmula dela a dizer:
Paloma: Oi…
Fiquei um momento sem dizer nada. Ela sentia minha respiração do lado de lá. Quebrei o silêncio e disse:
Eu: Preciso falar contigo, nem que seja uma última vez. Depois se quiser me bloquear, excluir, é com você mesma. Eu não vim aqui pra te pedir uma chance. Só quero que saiba que eu sinto muito. Tudo foi uma mentira. Tudo, menos o que senti. E ainda tô sentindo. Eu sou escravo dessa culpa e trabalhei sem parar para poder esquecer você. Eu amaldiçôo todos os dias a noite que vim até aqui. Aquele cara foi muito menos idiota que eu. Eu feri seu coração. E eu…
Desligou o telefone. Era o merecido. Olhei meio perdido pro nada, esperei um tempo, quando coloquei a chave na ignição, um toc toc no vidro do carona. Era a Paloma. Fez o sinal pra eu abaixar o vidro.
Paloma : Abre a porta.
Eu: Er… Tá.
Eu abri a porta, ela entrou de mochila e tudo. “Mas não está na sua hora de sair”, disse a ela.
Paloma : Acha que vou voltar pra aula depois de estar com os olhos assim? Anda. Me leva embora daqui.
Eu: Casa?
Paloma: Depois de tudo que aconteceu, acha mesmo que continuei morando lá! Eu fiquei furiosa com minha mãe. Vou pra casa do meu pai. Só que ele mora na Taquara. Me leva, eu tenho muita coisa pra te dizer.
A viagem foi um silêncio infernal. Ela ligou pro pai dela, avisou que estava a caminho, o silêncio dentro do Logan era tão grande que dava pra ouvir a conversa toda. Mas o que me espantou foi isso aqui:
Paloma: Eu tô voltando porque quero te apresentar ele… isso… Tá aqui do meu lado, tá me levando de carro… é… quando chegarmos, resolvemos tudo… beijo, te amo.
O coração estava destroçado, a mão suando ao volante, tava foda, cara. A vista começou a embaçar, queimar, e senti algo correndo pelo rosto. Eu até levei a mão para enxugar, mas fui bruscamente impedido.
Paloma: Mãos ao volante.
E enxugou minhas lágrimas, cara. Eu olhei e não entendi nada…
Paloma: Olho na pista.
Segui o resto da viagem no mais profundo silêncio. Quando a vista embaçava, ela enxugava meus olhos. O silêncio que se seguiu após esse curto diálogo eternizou até a porta da casa do Dr. Leandro. É um advogado, bem renomado, tem uma firma na Zona Sul. Também só isso que sei.
Cheguei lá, e fui bem recebido pelo homem que estava de chinelo, camiseta roxa e bermuda jeans.
Leandro: Você que é o namorado da minha filha?
Eu olhei para ela, incrédulo, surpreso, confuso, constrangido, não tinha idéia do que dizer.
Paloma: Anda, fala pra ele!
Dei uma respirada profunda e disse, estendendo a mão com a palma bem aberta em forma de L e os dedos apontados não-opositores apontados em sua direção.
Eu: Sou Mateus Souza de Freitas. É uma honra.
Leandro: ( olha pra filha e aponta na minha direção dizendo). Foi ele que fez isso com você?
Paloma: Foi.
Leandro: Tem certeza que é isso mesmo que você quer, né!?
Paloma: Tenho.
Leandro: … Tá. Mateus, você e eu. Eu e você. Paloma. Entra.
Paloma: Quê?
Leandro: Paloma, ENTRA!
Ela entrou. Deu uma última olhada em direção aos meus olhos e caminhou todo o quintal de grama da enorme casa do pai e fechou a porta após si. O pai acompanhou todos os seus passos até o silêncio tomar o recinto. Depois voltou os olhos diretamente para os meus. Eu não costumo abaixar a cabeça para ninguém. Estranhamente a culpa havia sumido. Uma estranha calma tomou o coração.
Leandro: Tá vendo tudo isso aqui ao seu redor? Eu construí com muito trabalho, com muita lágrima, com muito empenho. Dei aquela filha da puta que você comeu a minha vida. Posso não ter sido o cara mais íntegro. Mas um homem, tem que cuidar da sua família. Eu devo essa responsabilidade a ela, la dentro. De acordo comigo?
Eu: Positivo.
Leandro: Mateus, a questão é que eu não tenho que gostar de você. Nem vou me preocupar se você um dia vai gostar de mim ou não. Mas eu devo dizer que ou você é muito corajoso, ou você é muito maluco. Mas olhando para ti, recebendo uma mão franca e sem nada a esconder, não encontrei provas de que seja maluco.
Mateus: Obrigado pela sinceridade.
Leandro: Não vou entrar aqui no mérito de como começou toda essa bagunça. Você é um homem que me intriga profundamente. É claro que tudo o que eu ouvi me deixou com uma imensa vontade de esmurrar a sua casa, não por ter comido a mãe dela, por incrível que pareça. Eu fiquei possuído de raiva por você não haver surrado o homem que tocou na minha filha! Como conseguiu entrar naquele carro sem ter dado um soco que fosse para lavar a honra dela? Aí você vai até a casa dela, pede àquela progenitora espalhafatosa a mão dela e recebe um test drive grátis… aí depois de uma semana e alguns dias, você aparece e olha só(sacou rápido uma arma e apontou na minha cara), você agora está na minha casa dizendo ser o namorado dela!
Mateus: ( surpreendi pegando a mão dele com o revólver e toquei o cano frio na minha testa e soltei ) Pronto. Daqui você não erra!
Leandro: Tu é foda. PUTA QUE ME PARIU! De onde você é, seu filho da puta!? (Abaixou o revólver e guardou atrás da bermuda) Como você conseguiu chegar até aqui, e não se mija nem com o cano do revólver na sua cabeça!?
Eu: Trabalhei 15 horas por dia na intenção me foder, Leandro… Desculpe, prefere que eu te chame de Dr?
Leandro: Prossiga, rapaz… Me chame pelo nome. É o pai da minha filha com quem fala. Doutor é no meu escritório e no tribunal.
Eu: Obrigado. Como eu dizia, eu vim aqui para dizer que sou imensamente culpado. Eu disse sim, ser namorado dela, pelo fato de não haver terminado. Eu confessei meu ato( a verdade é que estávamos na casa da mãe) e saí sem ouvir sequer qualquer palavra sobre haver terminado o namoro. O começo foi baseado numa mentira. Eu fingi ser namorado dela para livrar a pele dela do Luciano. Falhei. Conduzi sua filha todos os dias até o lar. Depois de uma semana, pedi em namoro. E depois falei com a Paula. O restante você já sabe. Eu peço perdão por haver feito isso com sua filha. A minha intenção era essa desde o princípio. Não esperava ser perdoado. Só queria livrar-me do peso. Mas sou cativo do sentimento. Eu compliquei tudo.
Leandro: Complicou mesmo. PALOMAAAA! VEM CÁ!
Aí, a Paloma reapareceu. Caminhou lentamente até nós dois. Estava bem trajada num shortinho curto e numa camiseta de alça fina preta decotada.
Paloma: Terminaram?
Leandro: Quem vai terminar é você: desmanche o namoro.
Paloma: Você quer que eu fale o que?
Leandro: Desmancha o namoro!- voltou os olhos para mim e disse: - O que você sente e pensa é verdadeiro?
Mateus: Sim, Leandro.
Leandro: Ótimo. Paloma, desmancha o namoro!
Paloma: Pai, você ficou doido?
Leandro: As configurações de doideira foram redefinidas quando esse homem me surpreendeu com a arma já apontada para a face dele e redirecionou para sua testa.
Paloma: COMO É QUE É? VOC…( olhou para trás do pai e viu o volume abaixo da camiseta) Meu DEUS, você é louco?
Leandro: Desfaz logo essa porra de namoro, garota!
Paloma: Mateus, você foi embora… E não terminamos o namoro. Eu quero dizer que está tudo acabado entre nós. Seja feliz e siga seu caminho. Você está perdoado. Pronto, pai. É isso que você queria?
Eu: Aceito isso de bom grado. É justo.
Leandro: Não terminei ainda. Não se vão.
Eu olhei para ele meio confuso. Morrer, eu não iria mais. Agora o que ele estava arquitetando?
Leandro: Mateus Souza de Freitas, quais são suas reais intenções com a Paloma?
Paloma arregalou os olhos para ele mais incrédula ainda. O coração bateu forte para caralho. Ao que lhe respondi:
Eu: De acordo com meus sentimentos, eu não aguento mais ficar longe da sua filha. Eu quero sua permissão para poder frequentar a sua casa, poder ser conhecido de vocês, e reiniciar o processo de conquista da confiança , uma vez que eu defraudei seu sentimento. É isso que desejo. Independente do quanto esteja magoada, eu penso que você não deve deixar de sonhar nem de feliz. Espero que alguém consiga fazer seu coração feliz com o tempo, se hoje me for denegada essa oportunidade.
Leandro: Ah, maluco, vai tomar no cu, onde fizeram você!? Porra, tu não fez Direito por quê? PALOMA, E AÍ?
Paloma: Eu…Ah, pai!
Leandro: Ah, o quê? Responde logo pra essa figura intrigante, porra!
Paloma: Mateus, você é responsável por tudo que você fez. Eu sou responsável por te envolver numa mentira para livrar minha pele. Eu não posso deixar que você vá… porque… você é responsável pelo que cativou. E…(começou a chorar de novo) como você guardou por uma semana e trouxe de volta, ainda que machucado… eu aceito seu pedido!
Olha, gente, se quiserem zerar o meu relato, fiquem bem à vontade. Mas a verdade é que veio uma felicidade no meu coração que não cabia. Eu estendi a mão pra ela e puxei para lhe dar um beijo de cinema. O pai ficou meio desconfortável , e saiu andando pelo quintal reclamando:
Leandro: Podiam ter deixado eu sair primeiro, porra!
A Paloma não aguentou e soltou uma risada bem gostosa, misturada às lágrimas que derramou por minha causa. Eu não merecia. Tive sabe lá como, uma chance nova.
Eu : Pode falar, Leandro…
Leandro: Eu não tinha mais nada a dizer( aí voltou até onde estávamos e estendeu a mão e recebeu um aperto forte. ), mas parabéns pela sua… bom, estou redefinindo minhas convicções de coragem. Ela tem um coração de ouro. E pelo visto… você também tem!
continua