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Henrique aproveitou estarmos à sós no domingo, pra dar continuidade no quadro que estava pintando.
Depois do almoço, tiramos um breve cochilo no sofá da sala e, em seguida, fomos para o ateliê.
Ele me posicionou como de costume e iníciou mais um dia cansativo de trabalho.
Apesar de eu estar adorando, era cansativo permanecer várias horas na mesma posição ㅡ mesmo com pequenas pausas ㅡ, mas era por uma boa causa e eu estava feliz em poder ajudá-lo.
Quando ele se deu por satisfeito, veio até mim e, me segurando pela cintura, disse que precisáva-mos dar um jeito de começar a guardar nossos objetos pessoais para a mudança.
Me vesti, lhe dei um beijo apaixonado na boca e prometi que o ajudaria, pra quê ele pudesse ter folga e resolver o financiamento da casa
Durante a semana, ele foi encontrar o ex-proprietário do imóvel. O pagamento foi feito e às chaves foram entregues.
Nesse dia, Henrique foi me buscar mais cedo na faculdade. Pedi que me levasse à praia, queria caminhar um pouco e dizer que havia conseguido um caminhão baú pra quê fizéssemos a mudança.
Eu estava conversando com um colega de trabalho no horário de almoço e comentei que nos mudaríamos, mas ainda não havia encontrado ninguém pra fazer o frete.
Eis que bem nesse exato momemto, o gerente da loja, que estava na sala, ouviu a conversa e ofereceu um dos veículos da loja de usados.
Ele disse que o caminhão não era grande e, que talvez, teríamos que fazer duas viajens, mas era melhor que nada. Claro que aceitei a oferta.
Como chegava muita encomenda na loja, pedi pro Josemar, que trabalhava no estoque, que separasse pra mim as caixas de papelão.
Contei ao Henrique e ele ficou super empolgado. Me agradeceu pela ajuda e, em um gesto de carinho, apoiei minha cabeça em seu ombro e ele me fez um carinho no rosto enquanto caminhávamos pela orla.
Nesse momento, senti um golpe bem no meio das costas e fiquei sem fôlego. Só ouvi alguém nos chamando de viados e meio que de relance, vi Henrique discutindo com alguém.
Eu estava de joelhos no chão e tentando respirar, quando uma senhora veio me ajudar a levantar. Ela perguntou se eu estava bem, mas eu mal conseguia falar direito pela falta de ar.
Vi Henrique dando um mata-leão no homem e, me levantando meio sem jeito, pedi a ele que o soltasse, mas vi seus olhos queimando de raiva e o cara estava perdendo os sentidos.
Chamaram a polícia que prontamente veio não sei de onde. Conseguiram fazer com quê Henrique soltasse o infeliz recuperando meu fôlego aos poucos, fui até ele pedir que se acalmasse.
Explicamos o quê havia acontecido e a senhora que estava ao meu lado, nos ajudou dizendo que tinha visto quando o homem me atacou por trás enquanto caminhávamos e que havia nos chamado de viados.
Os policiais o algemaram e perguntaram se queríamos registrar um B.O, mas pedi ao Henrique que fóssemos pra casa.
ㅡ eu não posso deixar esse tipo de coisa passar em branco, Leo. Você foi agredido. Faço um B.O por homofobia e pronto. Ah, preciso dar o endereço da casa nova. Não posso esquecer. Se souberem que estivemos na delegacia, os coroas vão pirar.
ㅡ tem isso ainda. E vai dizer que somos um casal? Ninguém sabe que a gente namora. Isso vai chegar até nossos pais e...
ㅡ e então contamos à verdade, mas isso não vai acontecer! Por isso já vou passar o endereço da casa nova. Pra que não chegue nenhuma correspondência lá em casa. Confia em mim?
ㅡ tudo bem! Que miserável...to com uma dor horrível.
Na delegacia, quiseram fazer vista grossa pro acontecido. A senhora que nos ajudou, foi como testemunha e descobrimos que ela trabalhava na relação do jornal da cidade. Acabou que o delegado nos ouviu de imediato, pois dona Ivone ameaçou entrar em contato com a imprensa por omissão por parte da polícia.
Não demorou muito e fomos liberados. Agradecemos dona Ivone pela ajuda e nos deu cartão caso precisamos dela pra alguma coisa.
Entrei no carro e pela primeira vez, vi um ódio nos olhos do Henrique que jamais imaginei que existisse. Ele estava transtornado.
Depois de tudo resolvido, fomos pra casa.
Fui direto tomar um banho e, quando entrei no quarto, Henrique estava me esperando com o jantar.
Pediu que eu comesse pelo menos um pouco e me sentei na cama.
Ele trancou a porta e se sentou ao meu lado. Me vendo nervoso, me abraçou e disse que estava tudo bem.
ㅡ eu jamais vou permitir que alguém te faça algum mal. ㅡ ele disse e me deu um beijo na boca.
ㅡ você quase matou o cara...fiquei com medo. Faz tanto tempo que você não luta.
ㅡ fiquei com tanta raiva quando vi ele indo pra cima de você que me joguei em cima dele. Vontade de matar aquele desgraçado.
ㅡ não fala isso! Minha nossa!
ㅡ você é o homem que eu amo! Não posso permitir que alguém te agrida e fique em pune. Sou teu namorado e se um dia não dermos mais certo como um casal, nunca vamos deixar de ser irmãos. Sempre seremos importantes na vida do outro, Leo. Você é minha parte boa, cara.
ㅡ te amo tanto! Me abraça?!
Estávamos nos braços do outro quando ouvimos uma batida na porta. Sequei meus olhos e era nosso pai.
Henrique se levantou pra abrir e Roberto olhou em minha direção. Perguntou se eu estava chorando, mas disse que havia escorregado no banheiro e batido as costas no vaso.
Ele pediu pra ver e me sentei na cama, mostrando minhas costas pra ele.
ㅡ tem um roxo enorme, filho. Vou pegar um gelo pra dar uma melhorada nisso. Precisa tomar mais cuidado. E se você bate a cabeça?
Ele saiu todo preocupado e foi até a cozinha pegar gelo.
Quando voltou, Henrique disse que cuidaria de mim.
ㅡ certeza que você está bem, Leo? Quer que o pai te leve no pronto socorro? ㅡ disse Roberto me fazendo um carinho no rosto.
ㅡ rsrs, ta tudo bem, pai! Relaxa! Vai descansar.
ㅡ tudo bem. Rick, tem uma pomada na gaveta do banheiro. Passa nas costas do Leo depois. Vai aliviar a dor.
ㅡ pode deixar. Vou cuidar do nosso caçulinha.
ㅡ rsrs, eu sei que vai! Boa noite e toma mais cuidado da próxima vez.
Ele saiu e fechou a porta.
Enquanto eu comia, Henrique se sentou atrás de mim e passava o gelo nas minhas costas. Perguntei como estava e me disse que bem roxo, mas iria passar a pomada.
Terminei de jantar, ele levou meu prato e trouxe a pomada pra passar nas minhas costas.
Me deitei na cama, ele fez o quê precisava ser feito e se deitou comigo.
Fiquei em silêncio por um tempo. Nunca imaginei passar por uma situação semelhante e confesso que senti medo. Medo de sofrer uma violência todas as vezes que saíssemos de casa, medo dos nossos pais não nos aceitarem e se separarem por estarmos juntos.
Eu estava aflito e Henrique sabia disso, pois me abraçou com todas as forças.
Segurei sua mão próximo ao meu peito enquanto ele me dizia baixinho que tudo daria certo e que nosso amor era maior que tudo e esse era o único momento que eu sentia um pouco de paz.
Pela manhã, acordei cansado e ainda com sono. Quase não dormi por não conseguir me ajeita na cama. Minhas costas estava me matando.
Henrique já havia se levantado e acabara de entrar no quarto com a toalha presa na cintura.
Me sentei na cama e ele perguntou como eu estava. Pediu pra ver o hematoma em minhas costas e me disse que estava bem melhor.
Me levantei lhe dando um beijo rápido e fui tomar banho. Vi a mancha roxa no espelho do banheiro e, se estava melhor, imagina quando estava pior? Enfim, decidi não ficar tão ligado ao que havia acontecido, mesmo estando extremamente chateado, e decidi focar na mudança pra casa nova.
Quando entrei no quarto, Henrique já estava vestido e veio até mim com o perfume que havia me dado. Passou no meu pescoço e o puxei pela cintura.
ㅡ por que está vestido? ㅡ perguntei e ele encostou sua testa na minha.
ㅡ está mais calmo?
ㅡ e tenho outra escolha? Certas coisas apenas são. Não posso me enfiar numa bolha e sofrer por cada um que se atravessar no meu caminho. Já chegamos até aqui, então, bora continuar. Ah, obrigado por cuidar de mim. Você me da forças não sei de onde...
ㅡ é sempre um prazer cuidar de você! Eles ainda estão em casa. Melhor a gente se acalmar. ㅡ olhei pra baixo e estávamos de pau duro.
ㅡ rsrs, culpa sua!
Me vesti e ainda tive que encarar o interrogatório de minha mãe. Queria saber se eu havia me machucado muito e se eu estava bem pra ir trabalhar.
Apesar de estar um pouco dolorido, não era pra tanto, ao ponto de faltar no trabalho.
Nos despedimos de todos e antes de eu saltar do carro, Henrique perguntou se tinha como eu levar as caixas de papelão até em casa na hora do almoço.
Disse que sim e fiquei super animado em saber que começaríamos a encaixotar tudo.
Aproveitei meu horário de almoço pra separar as caixas pra quando o Henrique fosse me buscar e, assim que ele chegou, colocamos o quê podíamos dentro do porta-malas e no banco de trás do carro.
Quando minha mãe nos viu chegando em casa com todas àquelas caixas desmontadas, disse que Henrique estava mais ansioso do que eu, pois já havia pedido que ela contratasse alguém pra fazer a faxina na casa nova.
Na sexta-feira, conversei com meu chefe e fui autorizado a pegar a chave do caminhão. Como Roberto era o unico que tinha carteira para àquele tipo de veículo, Henrique nos levou até a outra loja depois do expediente, pra quê nosso pai pudesse levar o caminhão até em casa.
Assim que chegamos, minha mãe veio correndo lá de dentro. Disse que o jantar já estava pronto e que tinha feito strogonoff de carne; nosso prato favorito.
ㅡ onde conseguiram esse caminhão? ㅡ ela perguntou e veio me abraçar.
ㅡ peguei emprestado da outra loja. A senhora parece animada, ta tudo bem?
ㅡ está tudo ótimo! Chega de ficar lamentando por causa dessa bendita mudança. Se vocês estão felizes, eu também estou. E vamos comer, senão esfria.
ㅡ obrigado, mãe. É muito importante pra gente que vocês não fiquem criando caso.
ㅡ eu sei disso, meu filho. ㅡ ela me deu um beijo e fui com ela até a cozinha.
O jantar estava animado. Roberto queria saber o quê levaríamos pra casa nova e minha mãe perguntou se eu levaria a cama que estava no meu antigo quarto. Fiquei meio sem saber o quê dizer, mas Henrique disse que sim.
Roberto gargalhou e me olhado disse:
ㅡ já passou da hora do Leo voltar a dormir sozinho. Ja está bem grandinho pra ter medo de assombração.
ㅡ rsrs, eu não tenho medo. Me acostumei a dormir com o Rick. Pelo menos a gente fica conversando. ㅡ disse e senti Henrique acariciando minha perna por debaixo da mesa.
ㅡ é bom ter com quem conversar. Vocês sempre foram amigos e isso me deixa muito feliz. Não suporto brigas, ainda mais entre vocês dois. Lembram quando brigaram por causa daquele tênis? ㅡ claro que nos lembrávamos e comecei a rir.
ㅡ eu não briguei com ninguém! Foi o Rick que brigou comigo. Kkkk
ㅡ rsrs, me senti tão culpado depois. ㅡ ele disse e encostei minha cabeça em seu ombro.
ㅡ kkkkkk, ta perdoado!
ㅡ seu pai e eu ficamos tão chateados, nossa! Nunca mais fazem isso. Gosto da família assim, toda unida. Amanhã bem cedo ajudo vocês a guardarem tudo nas caixas. E os móveis, Rick? ㅡ minha mãe perguntou e ainda não tinhamos comprado os móveis da sala e cozinha.
ㅡ nem tive tempo de ver isso ainda, mas daremos um jeito. Relaxa! Vai dar tudo certo.
ㅡ poxa, Rick, como vamos cozinhar? Nessa pressa de nós mudarmos, nem pensei nisso.
ㅡ a gente se vira, Leo. Pedimos comida em alguma cantina lá no bairro. Semana que vem eu dou um jeito nisso. Quer mais strogonoff, Leozinho?
ㅡ isso, muda de assunto. Já que ofereceu, serve mais um pouco de strogonoff pra mim. Ta bom pra caralho! Kkkk ㅡ disse e minha mãe me repreendeu.
ㅡ olha a boca, menino! Mas ta uma delícia, mesmo. Também vou comer mais.
Depois do jantar, lavamos a louça e nossos pais foram ver tv na sala.
Eu ja estava quase terminando de passar pano no chão, quando ouvi meu pai chamando o Henrique.
Quando ele voltou, perguntei o quê Roberto queria e vi o Rick pegando a pipoqueira no armário.
Comecei a rir. Seria mais uma noite de filmes ruins, mas a gente adorava.
ㅡ bora assistir um filminho de terror com os coroas, Leozinho?
ㅡ bora! Adoro filme de terror. Lembra quando a gente era criança? Eu assistia contigo e depois ficava com medo. Kkkk
ㅡ aí você corria pro meu quarto. Eu adorava cuidar de você. Agora cuido de outro jeito. ㅡ ele disse baixinho no meu ouvido e me arrepiei.
ㅡ safado! Para de graça!
ㅡ rsrs, nem da pra ouvir com o barulho da pipoca, relaxa!
Peguei umas almofadas e joguei no chão da sala. Abri um refrigerante e nos servi.
Henrique levou as pipocas e se sentou comigo no chão. Ele estava tão feliz e nossos pais pareciam mais tranquilos e aceitando melhor o fato de estarmos saindo de casa. Pelo menos não estavam demonstrando com aqueles olhares de reprovação de antes.
No meio do filme Henrique ajeitou uma almofada em minhas pernas e se deitou no chão pra assistir o filme.
Por instinto, comecei a deslizar meus dedos por entre seu cabelo e, me vendo fazer carinho no Rick, minha mãe disse que se eu não parasse, ele dormiria.
Rimos, porque ele sempre dormia enquanto assistia, mas era culpa do nosso pai que sempre escolhia os piores filmes de terror do mundo.
Ele levantou a cabeça e olhando pra minha mãe, jurou que iria assistir até o final, mas quando percebi, ele havia adormecido.
ㅡ seu companheiro de filme dormiu, não dormiu? ㅡ perguntou meu pai, quase morrendo de rir.
ㅡ rsrs, dormiu! Droga! Ele tava indo tão bem, mas não aguentou.
ㅡ poxa, um terrorzão desse e ele dormiu?
ㅡ ah, pai! Esse filme é muito ruim, vamos combinar?
ㅡ kkkkk, é ruim mesmo! Mas não é dos piores. Ja está acabando.
ㅡ ainda bem, né?
ㅡ na próxima vocês escolhem. Poderíamos tirar um fim de semana todo mês pra vocês virem aqui em casa assistir filme com a gente, não podemos? Gosto muito de dias assim, apesar do Rick dormir, sempre.
ㅡ claro que podemos, pai! Vamos nos mudar de casa, não de país. Teu filho tá tão feliz. Pensa que é uma conquista pra ele ter comprado essa casa?!
ㅡ eu sei filho! Tenho muito orgulho dele e de você também.
ㅡ valeu! Será que acordo ele? Ta dormindo tão gostoso.
ㅡ espera o filme acabar. E ele dorme porque você fica chamegando ele toda hora. Sempre foi assim. ㅡ minha mãe disse e comecei a rir.
ㅡ kkkk, toda hora não!
ㅡ Leo, desde que ele deitou aí, você ta chamegando ele. Ninguém resiste um carinho assim.
ㅡ poxa, mãe! Ele ta cansado. Deixa ele dormir, coitado.
O filme acabou e nem vimos o final daquela super produção, pois ficamos conversando.
Meus pais foram dormir e continuei sentado com o Rick dormindo no meu colo. Acordei ele devagar e senti um frio na barriga quando ele se virou de frente pra mim e enfiou a mão por debaixo da minha camiseta.
Sorte estarmos à sós, mas pedi a ele que fóssemos deitar e acordou se dando conta que estávamos na sala.
Rapidamente parou de me tocar e me olhou assustado. Disse que estávamos sozinhos e ele suspirou aliviado, mas voltou a mão onde estava e fiquei cuidando o corredor pra ver se não aparecia ninguém.
Senti sua mão dentro da minha samba canção. Gemi baixinho e pedi que parasse, mas ele tirou minha pica pra fora e a botou na boca devagar.
Comecei a acariciar seu rosto, seus ombros e era lindo vê-lo alí, com minha pica toda na boca e me olhando de um jeito safado.
ㅡ sai, porque vou gozar! ㅡ disse e ele fez questão de prender meu cacete na boca.
Gozei ali mesmo. Senti medo de sermos pegos, mas muito tesão em ser mamado por ele no chão da sala.
Ele se ajoelhou e olhando pro corredor, segurou meu rosto e me beijou.
ㅡ você é doido! ㅡ disse e ele se sentou ao meu lado com a boca toda melada.
ㅡ eu sei, mas não resisti! Caramba...a gente precisa sair logo dessa casa.
ㅡ amanhã já estaremos no nosso cantinho.
ㅡ assim espero! Bora se levar pra dormir?
ㅡ bora lá!
Pela manhã, ouvi alguém batendo na porta e era minha mãe. Pedi que entrasse e vendo que Henrique ainda dormia, pediu para eu acordá-lo, pois seu Luís já havia chegado pra desmontar os móveis.
Ainda teríamos que guardar todas as roupas nas caixas e rapidamente o acordei pra quê ele me ajudasse.
Assim que nos vestimos, ouvi minha mãe nos chamando na cozinha.
A mesa do café da manhã estava posta e me sentei ao seu lado.
Henrique nos serviu, nos deu um beijo na testa de bom dia e se sentou pra tomar café.
Estava tudo tranquilo.
Seu Luís entrou com nosso pai, que o levou até meu quarto pra começar a desmontar minha cama.
Assim que tomamos café, comecei a montar as caixas de papelão e minha mãe com a ajuda do Rick, foi guardando as roupas e nossos objetos pessoas.
Os armários já estavam todos livres. Fomos pra edicula encaixotar tudo que estava no ateliê e nosso pai nos ofereceu a bancada que o Rick usava pra guardar as tintas e materiais para as esculturas.
ㅡ o senhor não vai precisar desse móvel? ㅡ perguntei e Roberto me abraçou.
ㅡ não vou. Comprei justamente pro Rick guardar as coisas dele. Podem levar. Caramba, vai ser estranho olhar isso tudo vazio.
ㅡ poxa pai, não chora! ㅡ disse e lhe demos um abraço.
ㅡ o senhor conhece o caminho lá de casa, pai. Vai quando sentir saudades. ㅡ Henrique disse e ele limpou o rosto.
ㅡ não é a mesma coisa, mas não tem outro jeito, né? Mas está tudo bem, vamos encaixotar tudo isso.
Passamos a manhã toda desmontando o quê levaríamos e nunca imaginei que tivéssemos tanta coisa.
Pra falar a verdade, tinha muito mais coisas do Rick, por causa do ateliê.
Fizemos três viagens com o caminhão e quando terminamos, já passava das 16:00hrs.
Henrique já estava na nossa casa com minha mãe e Roberto tinha chegado de caminhão pra me buscar. Eu havia separado algumas caixas com fotos e algumas roupas pra levar por último.
Notei Roberto muito empolgado e admirei a mudança de humor uma hora pra outra.
Ele me ajudou a colocar as caixas no caminhão e até que enfim, me levou.
Assim que meu pai entrou com o caminhão na garagem, desscemos e vi Henrique vindo me encontrar. Ele passou o braço em volta do meu pescoço, me levando até a porta da sala que estava fechada e estava com um puta sorriso lindo no rosto.
ㅡ vocês estão muito estranhos. Estão aprontando.. ㅡ disse e meu pai abriu a porta da sala.
Quando entrei, vi que havia um sofá imenso, desses retráteis na sala, um rack com painel na parede e uma mesa de jantar bem no canto.
Fiquei chocado e abracei o Rick por instinto, quase lhe dando um beijo na boca, mas caí em mim na hora e desviei acertando seu rosto.
ㅡ quando você comprou essas coisas, Rick?
ㅡ quando peguei as chaves da casa. Comprei tudo pela Internet. Me avisaram da entrega e vim abrir a porta na hora do almoço durante a semana. Comprei fogão, os móveis da sala e os coroas deram a geladeira pra gente. Vai lá na cozinha ver.
Corri até a cozinha e ele já tinha comprado até os modulados. Fiquei pasmo com o bom gosto dele. Era tudo lindo e perfeito.
Perguntei como ele tinha pago por tudo aquilo e começou a rir.
ㅡ eu ainda tinha um bocado da grana, lembra? Mas paguei a metade, a outra metade você vai me ajudar a pagar. Kkkkk
ㅡ kkkkk, é justo! Sem problemas.
ㅡ não paguei tudo à vista porque queria que sobrasse um pouco pra eu comprar uma moto pra gente ir trabalhar. Agora não temos mais o carro dos coroas. Vou entrar no consórcio e dar um lance.
ㅡ te ajudo com a metade! E nem adianta falar que não aceita. Se vamos morar juntos, precisamos dividir as despesas.
ㅡ rsrs, tudo bem. Gostou? ㅡ senti o abraço de minha mãe e disse que as caixas com nossas roupas estavam todas no quarto.
ㅡ adorei! Você é o cara. Pensei que teríamos que improvisar um fogão a lenha lá fora.
ㅡ até parece! Kkkk
Minha mãe me arrastou até o quarto e quando entrei, tive vontade de sair correndo. Ela me abraçou e disse que mandaria a mesma moça que limpou a casa, pra arrumar tudo em seu devido lugar.
Seria ótimo, pois chegaríamos em casa cansados e ter que organizar toda bagunça não estava nos meus planos.
Mesmo eu percebendo que haviam colocado nossas caixas em quartos separados, minha mãe perguntou se continuaríamos dormindo juntos.
Fiquei sem jeito e sem saber o quê responder na hora, mas disse que ficaríamos cada um no seu quarto.
ㅡ quero só ver, daqui a pouco vocês estão dormindo juntos de novo. Eu só separei pra não ficar tudo amontoado no mesmo quarto, igual estava lá em casa. Pelo menos não vira bagunça.
ㅡ rsrs, tudo bem. A senhora sabia que ele já tinha comprado os móveis?
ㅡ sabia, mas pediu pra eu não te contar. Ele queria te fazer uma surpresa. Eu ajudei a escolher. Aproveitamos que você estava na faculdade. Seu pai também já sabia.
ㅡ kkkkkk, sacanagem. Por isso o pai tava todo sorridente...
ㅡ seu irmão se importa muito contigo. Acho bonito isso.
ㅡ é, se importa. ㅡ fiquei em silêncio por alguns segundos. Senti meu coração me pedindo pra contar à verdade, mas me calei. Não era o momento.
ㅡ bom, vamos lá pra sala? Seu pai e eu vamos à missa mais tarde. Agora é com vocês. Tem supermercado aqui perto?
ㅡ tem, sim senhora. Vou aproveitar e comprar algumas coisas, mas amanhã.
ㅡ precisa de ajuda?
ㅡ acho que não, mas te ligo se precisar.
ㅡ será um prazer te ajudar, meu filho.
Ela saiu do quarto com um sorriso no rosto e permaneci por mais alguns minutos alí, parado, ainda absorvendo como eu havia mudado o rumo da minha vida em tão pouco tempo.
Abrir meu coração pro Henrique foi de longe a coisa mais importante que fiz em toda minha vida.
Demos juntos um passo muito importante e sem a certeza de que seríamos bem recebidos por nossos pais.
Pois bem! Ainda tinha esse pequeno detalhe: contar para nossos pais que estávamos juntos como um casal.
Respirei fundo e Henrique entrou no quarto. Perguntou se eu estava bem e lhe sorri dizendo que estava um pouco preocupado, mas que estava feliz.
ㅡ eles já estão indo pra casa. Vou pedir uma pizza pra gente. Amanhã temos que ir ao supermercado. ㅡ ele disse e lhe dei um selinho.
ㅡ vou lá me despedir, então. Nossa, você está fedorento.
ㅡ kkkkk! Tô fedorento e cansado, mas depois você me dá um banho.
ㅡ rsrs, fala baixo! Seu Luís já está terminando de montar seu armário?
ㅡ quase! Daqui a pouco ele vem aqui.
Depois de tudo montado, meus pais e seu Luís se foram.
Ficamos a sós e, como não tinha nada pra comer, pedi uma pizza antes de irmos pro banho.
Adorei a ducha gigante que o Rick havia comprado e o espaço no box do banheiro nos acomodava perfeitamente e ainda sobrava espaço.
Banhamos um ao outro, ele se divertia embaixo daquela água toda e, antes de eu desligar a ducha, perguntei quando contaríamos toda a verdade aos nossos pais.
ㅡ tô pensando em chamá-los pra jantar aqui em casa semana que vem e seja o quê Deus quiser.
ㅡ não sei como você consegue ficar tão calmo.
ㅡ olha, eu amo muito nossos pais, mas o quê eu sinto por você transcende qualquer sentimento. Eu não posso deixar de ter algo especial e importante contigo, só pra não deixá-los chateados, posso? Não é justo com a gente. Além do mais, eles vão ter o tempo necessário pra digerir tudo isso. E não estou calmo. Pra ser bem sincero, eu estou apavorado! Porque pode ser que eles nunca nos perdoem. Enfim, é um risco que estamos assumindo.
ㅡ e se eles se separarem por nossa culpa?
ㅡ calma meu amor, isso não vai acontecer. Não acho que chegariam a tanto.
Ele me abraçou. Disse pra eu parar de pensar bobagem, mas eu sabia que lá no fundo, ele estava com o mesmo medo.
Ser responsável pela separação de um casal tão maravilhoso, não estava nos meus planos.
Senti que naquele momento, eu havia plantado uma dúvida em nossos corações e me odiei por isso.
Na medida que os dias iam passando, Henrique e eu estávamos cada vez mais apaixonados e envolvidos com nossa nova vida e rotina.
Já fazia quase três meses que tínhamos nos mudado e nada de tomarmos coragem pra contar toda a verdade aos nossos pais.
Estávamos postergando e todas às vezes que eu tocava no assunto, sentia que Henrique ficava chateado. Parece que ele havia mesmo desistido.
Eu sabia que ele estava pensando no que eu havia dito sobre nossos pais se separarem, ainda mais se um deles nos aceitasse e o não. Isso os dividiria.
Nesse meio tempo, recebi o apoio da Alessandra, que mesmo lidando com seus próprios problemas, ainda tinha tempo pra me ouvir.
Em uma de nossas conversas na universidade, comentei sobre o medo que estava sentindo e, me olhando de um jeito terno, perguntou até quando viveríamos nos escondendo para poupar nossos pais.
Conversamos bastante e, mesmo angustiado, peguei meu celular e liguei pra minha mãe.
Não tive dúvidas de que precisávamos resolver de uma vez àquela situação e tomando coragem, liguei sem nem ao menos saber se o Rick estava de acordo.
Minha mãe não atendeu. Respirei aliviado, mas senti um nó esmagar minha garganta e mesmo com todo o medo que estava sentindo, liguei pro meu pai.
Roberto atendeu no terceiro toque. Senti uma alegria em suas palavras quando ouviu minha voz e tudo que eu mais queria naquele momento era poder abraçá-lo.
ㅡ oi pai!
ㅡ oi! Bom te ouvir, filho. Está tudo bem?
ㅡ tá tudo bem. Então, desculpa ligar a essa hora, mas vocês poderiam almoçar com a gente amanhã. O quê acha?
ㅡ ótima idéia! Faz três meses que se mudaram e só vocês vem aqui em casa. Pode deixar que aviso sua mãe. Onde você está?
ㅡ na faculdade, mas já estou entrando na sala. Meu intervalo acabou. Nos vemos amanhã?
ㅡ com certeza! Leo, está tudo bem mesmo? Você parece nervoso.
ㅡ rsrs, ta tudo bem. É impressão sua, pai.
ㅡ bom, se cuida! Vou me deitar. Sua mãe dormiu cedo hoje e me deixou aqui, abandonado.
ㅡ kkkkk! Dá um beijo nela por nós dois. Daqui a pouco o Rick vem me buscar. Te amo, pai.
ㅡ eu também te amo, Leozinho.
Quando desliguei, senti que precisava do Henrique. Minhas mãos suavam frio e meu coração estava acelerado.
Não vi a hora da aula acabar e me despedindo da Alessandra, fui até o estacionamento.
Vi Henrique encostado na moto e, quando me viu chegando, abriu um sorriso no tamanho do mundo.
Ele me entregou o capacete e de forma discreta, fez um carinho na minha mão.
Pedi que fóssemos direto pra casa. Queria estar em seus braços e contar que havia convidado nossos pais para almoçar conosco no dia seguinte.
Assim que chegamos, me joguei no sofá e ele lentamente começou a tirar minha roupa.
ㅡ não fica bravo, mas chamei nossos pais pra almoçar com a gente amanhã.
ㅡ tudo bem!
ㅡ mas não é só isso, Rick. Quero contar que estamos juntos. Já está passando da hora disso acontecer. Estamos postergando há três meses, desde que nos mudamos. ㅡ ele se sentou ao meu lado e segurou minha mão.
ㅡ ainda não contei por você. Te vejo tão nervoso quando toco no assunto e confesso que fiquei extremamente chateado com a possibilidade dos dois se separarem por nossa culpa.
ㅡ eu sei, mas quanto mais tempo deixarmos passar, será pior. To com medo, meu amor.
ㅡ eu também, mas vamos fazer isso juntos. Vem tomar banho comigo? Depois você janta e te levo pra cama.
ㅡ então me da um beijo, porque tô com saudade.
ㅡ rsrs, muita saudade?
ㅡ demais, cara!
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Continua...
Espero que tenham gostado. Muito obrigado pelo carinho de sempre e desculpa a demora.
Não vou me demorar, tô muito cansado e preciso entrar em coma pra enfrentar o dia de amanhã. Obrigado aos novos leitores pelo carinho e continuem acompanhando. Grande abraço e até o próximo! 😉
Happy Pride!! 🌈