Não demorou nadinha para Inês entrar em contato comigo. Deslumbrada com uma noite maravilhosa ( que nada, eu estava ainda mais, que mulata é aquela!) , pelo tom de sua voz ao telefone tudo indicava que além de Rodrigo aparentemente não desconfiar de nada, eu tinha mesmo prestado uma grande ajuda: Coloquei uma dinamite no ultimo pilar que sustentava aquela bosta que não ouso chamar de casamento.
E estranhamente, você pode pensar ao contrário de mim, não estava me importando com isso.
Como eu disse no conto anterior, queria mais que se lascassem. Não menosprezando a Inês, ela é uma mulher fantástica, mas eu não sou psicólogo de relações em crise.
Você pode pensar:
- Ah, mas você esperou ela ligar te procurando!?
- isso mesmo. Esperei. Motivo!? Nenhum! Capricho meu mesmo.
Não sou perfeito. Tenho meus defeitos e, sim, não ligo depois de uma foda, por mais fantástica que tenha sido. E, se foi fantástica, se eu fiz bem o meu papel, se existe interesse, não importa quem vai procurar quem primeiro. Isso não minimiza o fato de que estou encantado com a Inês.
Mas este é um terreno que não posso considerar conquistado. Por quê!? Simples. Mulher, quando aprende a trair é engenhosa, sabe jogar, usar bem suas armas para que o imbecil não desconfie de absolutamente nada. E é simples: Se foi capaz de se entregar a você , também é capaz de voltar atrás e tornar a sua vida estruturada e manter as aparências.
É um jogo mais complexo e bem jogado, o delas. Estava encantado, mas não entregue. Não poderia. Estava cedo demais. Mas, rendeu bons resultados, e ela me procurou dia seguinte, no WhatsApp.
Inês: Olá, Ulisses. Bom dia, meu anjo!
Eu: Oi, querida! Que bom falar com você!
Inês: Já estava pensando que você tinha me abandonado, rs.
Eu: Ué, mas por que!?
Inês: Ah, rs, esquece. Olha, desde aquele dia eu não páro de refletir sobre tudo que disse pra mim. Fico pensando se foi tudo verdade mesmo, sabe!?
Eu: Pode ter certeza que eu me recordo com muito carinho, querida. Foi uma pena ter que deixar você ir.
Inês: Voltar à realidade... Nossa, que mentira é minha vida.
Eu: Inês, como eu havia dito: Novos tempos. Você continua a viver isso se quiser. Se ser feliz depende de um evento, ou uma pessoa, então você vive de momento. Agora, quando você decide SER, é bem diferente. É esse meu lema.
Inês: Você pensa de uma forma diferenciada, Ulisses, por isso fiquei encantada com você.
Eu: Inês, sei que deveria ficar lisonjeado com palavras tão sinceras, mas permita-me dizer algo:
As pessoas se apegam à realidade, mas de olhos fechados para a verdade, a maior parte do tempo. Realidade e verdade caminham juntas mas são paralelas. Você enxergou a verdade por um prisma, mas ainda está atrelada às circunstâncias que a realidade quer impor pra você . A realidade pode fazer você por alguns momentos esquecer a verdade, e você preferir viver de olhos abertos acreditando naquilo que enxerga, mas... Ao deitar em seu travesseiro, a alma te faz lembrar coisas que mais ninguém sabe.
Inês: Você realmente odeia qualquer vida de aparências. E como você define nosso momento!?
Eu: Quero acreditar que o que vivemos é o que pode vir a ser, querida. Pode. O futuro está sempre em movimento. Escolhas mudam o destino.
Inês: Nossa, você tá profundo hoje, que você tem!?
Eu: Também tive muito no que pensar depois daquela noite. Estou sozinho há um tempo, quero refazer minha vida, mas sempre fantasmas do passado me atormentam. Não sou o melhor cara do mundo, Inês. Tenho que enfrentar meus demônios todo dia também.
Inês: Compreendo. Isso me trouxe uma pergunta à minha mente: Será que você não tem algo mal-resolvido que tenha que enfrentar!?
Puta que pariu. Falei demais. Não disse!? Um descuido e você por milésimos de segundo mostra sua fraqueza.
Eu: Não tenho medo do futuro. Mas procuro dar um passo com calma. Sabe, não é que eu não tenha enfrentado meus demônios. Quantas vezes quis acreditar que seguir em frente fosse um erro!
Inês: Exatamente o que sinto agora. Sabe, Ulisses, os casamentos começam sempre como uma primavera: Cheios de vida, flores, cantigas, poesia. Juras daqui, promessas dali... Mas vem o verão. É quando as lutas viram batalhas, mas nada abala você em sua convicção, a pessoa está lutando junto, então tudo está bem. Então vem o outono. Acredito que eu esteja nesta fase, ou no fim dela: Rodrigo e eu erguemos um império, temos tudo que um casal poderia querer, filhos maravilhosos, e de repente a monotonia vira um gigante e... Bom, você sabe o resto. Parece que ele se acostumou com tudo que tem, não investe mais com a mesma paixão de antes, ficamos sufocados numa relação perfeita, por assim dizer. Meu calor não o conforta mais, tudo fica morno, e por fim, vem o inverno...
Eu: Lá dentro de você, ainda crê que tenha jeito, Inês!? Com tudo que contou pra mim!?
Inês:...
Eu: Você não acredita, não é!?
Inês: Já sabe a resposta, querido. Eu não tenho que mentir pra você. Mas eu tenho uma indagação que aumenta todos os minutos dentro de mim...
Eu: E qual é!?
Inês: Não sei se deveria dizer. Mas, queria dizer uma coisa.
Eu: Pode falar, minha linda.
Inês: Seria muito bom fazer parte de uma jornada ao lado de alguém que atrás de um terno, tão sério, tão centrado, tem uma simplicidade tão grande, desprendido, desinteressado, como você. Não me comprou com presentes, também não tem nenhum apego sufocante. Sabe, alguém que parece controlar até os detalhes saiba sentir o vento e direcionar sem se queixar...
Eu: Sabe o que é, Inês? Você não administra o que quer . Como vou explicar!? Você planeja, tem previsões, objetivos, mas...a arte de aceitar aquilo que vem para suas mãos e aproveitar as oportunidades que o momento propicia... Você não administra para o que vai acontecer, você administra o que você tem nas mãos, seja muito ou pouco. É mais dessa forma que acredito.
Inês: Então você não tem expectativas?
Eu: Não se trata sobre ter expectativas, parece algo que te põe no centro e no controle de tudo e não é bem assim que vida joga com você. Tomei pancadas duras, minha linda. Muito duras. Você tomou as suas. A realidade da vida é essa. Agora, se isso é o que você abraça como verdade e fica no chão, então você fica no chão e se lamenta. Mas se você acredita no que pode fazer, você se levanta e segue em frente. É mais ou menos assim que cheguei até aqui. Não tenho muito tempo para ficar chorando, porque isso não vai me trazer muita coisa.
Inês: To impressionada com você... Incrível como você vive! Mas nunca se entregou a alguma coisa especificamente!? Ou a alguém!?
Eu: Ah, isso sim. Mas não se trata de me entregar porque vou receber algo em troca. É mais como gosto de ser tratado. Entende!? Faço aquilo que gosto que façam. O que você recebe é consequência.
Inês: E quando você não recebe!? O que é que você faz!?
Eu: Simples, Inês: Você segue em frente. Se você retribui aquilo que lhe fazem que não corresponde à sua expectativa, então eles é que conseguiram te modificar. Foi isso que aprendi. Sou encorajado a dizer o seguinte:
" Quando você perde alguém que ama, não é porque você não sabe o valor dela, MAS PORQUE VOCÊ FOI IDIOTA O BASTANTE PARA ACREDITAR QUE MESMO TRATANDO ELA MAL VOCÊ NUNCA IRIA PERDER!"
Ela ficou um momento em silêncio. Obviamente que ela teria muito no que pensar depois do que eu havia lhe dito.
Uns dez minutos depois, ela voltou a me procurar. Não era apenas um sexo casual que ela procurou em mim. Na verdade, ela teria muitas decisões a tomar.
Verdade é esta: Para que continuar com uma coisa que está sendo uma bosta na tua vida!? Jogar esse joguinho pode ser muito divertido, mas teu espelho sempre vai refletir a verdade que não quer enxergar!
Nada contra quem caminha assim, eu não sei fazer isso!
Querem saber o fim dessa conversa toda e para que serviu no fim das contas!? Vocês vão ter ciência agora:
Inês: Você me proporcionou um momento ímpar, Ulisses. Incrível como você não pisa em nuvens... Você sabe o que faz e faz porque sabe que não tem nada a perder! Se Rodrigo tiver a mesma coragem que você tem para viver, ao menos a metade, que sei que ele não tem, então seus filhos terão alguém em quem se espelhar. Me diz uma coisa: Você me quer!?
Eu: Rsrsrs, agora!
(continua)
NOTA DO AUTOR:Epistemologia significa ciência, conhecimento, é o estudo científico que trata dos problemas relacionados com a crença e o conhecimento, sua natureza e limitações. É uma palavra que vem do grego.
A epistemologia estuda a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento, e também é conhecida como teoria do conhecimento e relaciona-se com a metafísica, a lógica e a filosofia da ciência. É uma das principais áreas da filosofia, compreende a possibilidade do conhecimento, ou seja, se é possível o ser humano alcançar o conhecimento total e genuíno, e da origem do conhecimento.