Durante toda caminhada rumo ao nosso destino, eu me senti bastante atraído pelo papai e fiz de tudo para afastar tais sentimentos, mas não consegui. Fiquei com os nervos à flor da pele e descarreguei minha ira nele assim que lá chegamos e começamos a conversar. Tudo que eu não queria era me envolver emocionalmente outra vez, pois jurei pra mim mesmo que nunca mais me apaixonaria por ninguém, a fim de não sofrer como meu tio havia me feito sofrer. Usaria sexualmente a todos os parceiros que me interessassem e em seguida os descartaria sem dó nem piedade. Entre eles e eu, melhor que fossem eles a sofrer. Mas como a vida é cheia de surpresas, não foi bem assim que as coisas aconteceram entre meu pai e eu, depois dessa nossa primeira e quentíssima conversa.
Depois de caminhar por um certo tempo, chegamos em frente a um enorme alto portão de madeira e bem de frente pra ele, papai me disse:
- Chegamos, meu querido. É aqui que seu pai ganha a vida. Estou muito feliz de apresentar-lhe meu local de trabalho, pois de todos os meus filhos, você era o único que ainda não o tinha conhecido. Vamos entrar?
Muito irritado, enquanto o coroa destrancava o portão, eu comecei a despejar meu veneno nele.
- Será que preciso responder essa pergunta, idiota? Claro que vamos entrar. Como conhecerei essa droga de lugar, do lado de fora?
- Tem razão! Me desculpe! As vezes sou mesmo um idiota.
- Pelo amor de Deus, pai! Sem dramalhão, né? Odeio pessoas dramáticas e “sentimentalóides”. Vamos logo, antes que eu perca o resto de minha paciência com o senhor e volto pra casa daqui mesmo, depois que me der todas as explicações que mereço.
- Acalme-se meu filho! Venha! Entre e seja muito bem vindo ao meu segundo lar.
Assim que entrei, pensei que tinha entrado no paraíso. O local era um enorme terreno totalmente florido. Nele papai plantava, cuidava e vendia vários tipos de flores e hortaliças. O cuidado, a organização e a limpeza imperavam no local. Tudo era setorizado. Na frente ficavam as flores, plantas ornamentais e um belo viveiro de orquídeas multicoloridas e no fundo muitos canteiros com todo tipo de hortaliça que se podia pensar e um pequeno, simples, mas impecável barracão de alvenaria, que o coroa usava para receber seus clientes e foi nele que sentamos para conversar, logo depois dos pensamento que invadiram meu ser:
“ Meu Deus! Como meu pai é diferente do meu tio! Que homem sensível, criativo e capaz! Esse lugar é simplesmente maravilhos...”
- Pronto, Rafael! Estou a sua disposição para tirar todas as duvidas que com certeza estão há anos lhe atormentando a alma e também para me desculpar contigo em meu nome e em nome de sua mãe, meu filho.
Tinha algo de tão sincero, humano e agradável em sua voz e em seus olhos e aquele lugar era tão mágico, que quando vi estava tomado por uma sensação tão gostosa, que me fez chorar compulsivamente, antes de dizer qualquer coisa, enquanto papai com todo carinho tentava me consolar e me acalmar, o que foi suficiente para me fazer enxergar porque eu o estava tratando com tanto desprezo e agressividade, eu estava mais uma vez perdidamente apaixonado. Apaixonado pelo meu pai, irmão gêmeo do homem que me secou por dentro e que também era casado, com a mulher que a além de ter me dado a vida, a partir de agora seria minha mãe de verdade. Mas o que eu sentia era tão maior e mais forte que eu, que mesmo tentando lutar com todas as minhas forças internamente contra tal sentimento, fui vencido por ele. O amor não só tomou conta de mim, como também descobri que o mesmo também já tinha tomado conta do Senhor dos Anéis Márcio e não demorou muito para cairmos um nos braços do outro diante de juras e mais juras de amor.
- Filho? Porque está chorando tanto assim? Por favor, acalme-se, meu querido! Que posso ajudá-lo? Te amo tanto, que sou capaz de fazer qualquer coisa para vê-lo bem e feliz. Pode confiar e se abrir comigo, se assim o desejar Rafael. Se for a minha presença, podemos ir embora e deixar nossa conversa pro futuro. Quer ficar sozinho? Se quiser, posso partir e deixar a chave com você?
- NÃO! FIQUE, POR FAVOR! Apesar de querer muito, não sei se posso me abrir com o senhor, meu pai. Não sei se o senhor seria capaz de me entender. Apesar do que Tio Marcos, me contou a seu respeito, o que acabo de descobrir, pode ser muito doloroso e demais para um homem tão simples, de família e bom como o senhor, que também parece ser bem diferente do canalha do seu irmão. Já perdi muito nessa minha curta existência e não posso arriscar a perdê-lo também.
Nesse momento papai me abraçou forte e me disse:
- Nada nesse mundo me afastaria novamente de você, meu filho! Mas te entendo perfeitamente. Também tenho algo para lhe disser, que como você, não devo disser, pois não quero perdê-lo para sempre. Prefiro viver atormentado com meu segredo, do que arriscar a ficar sem meu querido filho outra vez.
Mas o calor do corpo do meu pai, seus carinhos e sinceridade, me causaram um turbilhão de sentimentos que quando se misturaram, me deixaram tão cego, que assim que papai terminou de falar, eu olhei fixo em seus olhos, aproximei meus lábios dos dele e antes de beijar-lhe apaixonadamente, eu só lhe disse:
- Te amo, papai! Te amo e te quero demais! Não apenas como filho, mas também como homem, como macho. Desculpe, mas não consigo resistir a isso e preciso saber agora. Quero a verdade. Peço que não me engane como seu irmão fez. O senhor quer ser meu, para sempre, “Senhor dos Anéis Márcio”?
Mas antes de responder, papai retribuiu meu beijo ardentemente e depois de muito nos beijar, foi ele quem segurou meu queixo, olhou fixamente em meus olhos e me disse:
- Ser seu de corpo e alma é tudo que mais desejo nesse mundo, meu amor. Assim que bati meus olhos em você no dia que voltou pra casa que me apaixonei perdidamente por ti, Rafael e esse amor só cresce a cada dia.
Depois de ouvir a resposta de papai, me levantei, puxei papai para junto de mim, voltei a beijá-lo, começamos a nos esfregar como se o mundo lá fora não existisse e a nos despir lentamente. Pude sentir seu desejo e deixei-o sentir toda minha virilidade e tesão que estava sentindo por ele. Nossos cacetes estavam mais duros que aço e a fome que estávamos sentindo um pelo outro quase foi saciada, mas um detalhe, mais do que importante pra nós nos impediu. Um detalhe não, uma pessoa. Dona Margareth, minha mãe e diferente do nocivo do meu Tio Marcos, foi papai quem decidiu parar nossa festa e claro, teve todo meu apoio.
Sofremos muito pela nossa realidade, mas preferimos não sofrer de consciência pesada e muito menos desrespeitar mamãe, que além de ser uma mulher maravilhosa, também estava muito enferma e não merecia ser traída pelos que tanto amava.
Diante disso, decidimos esperá-la se recuperar de sua doença, para depois pensarmos no que fazer com nosso amor.
CONTINUA ...