Marta: Passou no que criatura? Por que está gritando?
Renan: Consegui a vaga mãe, na faculdade, vou ter que me mudar para Curitiba.
A expressão de Marta indicava que ela não tinha ficado nenhum pouco feliz.
EM BUSCA DO SUCESSO – CAPÍTULO 3
Marta: Mas meu filho, por que você colocou a vaga pra Curitiba?
Renan: Poxa mãe, porque é universidade pública, federal.
Marta: Fosse pra Maringá então que é mais perto.
Renan: Mãe eu vou morar com o pai, em Curitiba.
Marta: Renan, você vai morar com aquela bruxa da Néia? Você pensa o que? Que ela vai ser igual eu? Que faz de tudo por você, que faz tudo o que você quer?
Renan: Eu sei que a Néia é chata, mas mãe eu quero começar a minha vida, tomar um rumo, desde que seu Pedro morreu eu não consegui trabalho aqui.
Marta: Não é só aqui, achar serviço tá ruim em todo lugar.
Renan: Mas lá é capital mãe, mais oportunidades, empresas boas pra trabalhar.
Marta: Meu filho, você é tão novo pra ir morar assim, numa cidade tão grande, tão perigosa.
Renan: Mãe eu presenciei uma morte na minha frente, e foi aqui, eu sei que me cuidar e outra coisa, a Paula também passou, estava falando com ela.
Marta: A Paula? Vai morar em Curitiba também?
Renan: Vai né mãe, não sei se com o pai também, mas se não dermos certos, mais tarde posso morar só com ela, me dou super bem com minha irmã.
Marta: Aí Renan, eu não queria que você fosse.
Renan: É, eu sei que não, mas vai ser bom mãe, vai ser bom. – Ele deu um abraço nela.
DIAS DEPOIS
CURITIBA
Marta ainda não estava totalmente convencida, a ideia de ficar longe do filho deixava ela triste, ela e Renan foram até a capital para formalizar a matrícula. Na rodoviária, eles encontraram Paula.
Paula: Oi amores, tudo bem mãezinha? Quanto tempo!
Marta: Tudo bem minha filha, ta boazinha? – Elas deram um abraço.
Paula: Tudo ótimo, Renan tá animado?
Renan: Muito, no caminho eu vim olhando a cidade, muito linda.
Paula: É, a gente vai adorar aqui.
Marta: Vocês tomem cuidado viu, Paula, você que sabe, que ônibus pegamos pra ir até a faculdade?
Paula: Vamos chamar um Uber, é aqui pertinho.
Renan: Em Califórnia, não tem essas tecnologia não.
Paula: Esqueça aquela cidade Renan, brincadeira mamis, o carro já está vindo.
Renan foi no carro olhando ainda mais os detalhes de Curitiba, as pessoas na rua, como era diferente do que ele estava acostumado. O que mudaria dali para a frente? Que tipo de pessoas conheceria? Onde iria trabalhar? Será que iria encontrar Samuel ou viver outras aventuras? Essas perguntas ele mesmo se fazia.
CASA DA FAMÍLIA MACOPPI
César estava chegando do trabalho em seu carro, ele parou na frente do portão que dava acesso a garagem e reconheceu um adolescente parado no portão de pedestres. César desceu do carro.
César: Ei, o que faz aí? Você é o filho da Gilda né?
Kauan: É, sou sim – Ele olhou sem entender.
César: Sou o patrão dela, César, deixa que eu abro pra você, só vou estacionar o carro.
Kauan não deixou de reparar em como o carro de César era bacana.
César estacionou na garagem e foi abrir o portão de pedestres.
César: Fica à vontade, vou chamar ela, você nunca tinha vindo aqui né?
Kauan: É a primeira vez, nem sei se podia incomodar.
César: Imagina garoto.
Kauan ficou impressionado com a casa, se por fora já era bonita, por dentro era melhor, os móveis, a decoração, a piscina.
César: Pelo jeito ela não está, anda não voltou do supermercado, foi as compras com minha esposa, daqui a pouco está de volta, fica à vontade, é Kauan né?
Kauan: Isso aí, parabéns pela casona hein.
César: Valeu, quer alguma coisa? Um café? Uma água, suco, chá? Tá com fome?
Kauan: Não, tô de boa, uma água gelada só, esse sol aí tá muito quente, calorzão.
César: Pois é, quente mesmo.
César pegou uma garrafa de água e estava reparando em como Kauan era gostoso. O adolescente foi olhar os fundos da casa para reparar melhor na piscina. A vontade de se jogar ali era grande.
César: Tá com vontade de entrar?
Kauan: Que? Eu? – Ele achou que o patrão perguntou zoando.
César: Pode entrar Kauan, qualquer coisa pega uma roupa do meu filho depois, sua mãe pode demorar, aproveita aí, qualquer coisa tô aqui na sala.
Kauan tirou a camisa e pulou. César pode apreciar o corpo definido ainda mais do novinho, do jeito que ele gostava. O bancário foi até seu quarto, para ficar olhando a piscina pela janela. Ele estava admirado com a beleza de Kauan.
SHOPPING
A família de Renan estava passeando no shopping, onde ele encontrou o pai Juvenal para acertar as últimas coisas que faltavam para sua mudança.
Juvenal: Então você também vai Paula? Meus dois filhos morando comigo, isso vai ser muito bom.
Paula: Ah, pois é.
Marta: E eu sozinha.
Renan: Mãe, se a senhora não tivesse com o Ademir, podia vir embora pra cá também.
Marta: Gosto de morar no interior, o povo daqui é muito esquisito.
Paula: Aí mãe, menos, pai, eu vou chegar no mesmo dia que o Renan, fora essa segunda, na outra.
Juvenal: Já to arrumando o quarto de vocês.
Renan: Vamos ter que dividir?
Juvenal: É, a casa é pequena, só tem 2 quartos.
Paula: Fazer o que né, vou ali pegar um milk shake.
Marta: Renan, tem certeza que é isso mesmo que você quer filho?
Renan: Tenho mãe, nunca estive tão convicto.
Marta: Vai deixar de morar com a mamãe, a Néia não vai ficar lavando tua roupa, não vai fazer nada por você.
Juvenal: Para de encher a cabeça do menino Marta, ele precisa de um rumo na vida, crescer, o pai saiu de casa com 17 anos, trabalhava como cobrador de ônibus lá em Santa Catarina, tive que virar quando sua avó morreu.
Marta: Você vai me visitar todo mês Renan?
Renan: Claro que vou mãe.
Paula: Mãe, relaxa, quando eu saí de casa a senhora deu graças a Deus, não fez todo esse drama, mas né, agora é o queridinho, que foi mimado a vida inteira.
Marta: Menos Paula, a gente tem que ir para a rodoviária, está quase dando o horário do ônibus.
CASA DA FAMÍLIA MACOPPI
Guilherme chegou em casa, foi olhar quem estava tomando banho na piscina e teve uma surpresa.
Guilherme: Ei rapaz, o que ta fazendo aí? Quem é você?
Kauan levou um susto.
Kauan: Eu...
Guilherme: Desembucha, nem te conheço, tomando banho aqui, é namorado da Camila?
César: Guilherme, calma, é o Kauan, filho da Gilda.
Guilherme: Ah, o filho da empregada, ué, mas e quem te deu permissão pra tomar banho aí?
Kauan: O seu pai.
Guilherme: Sério pai?
César: Guilherme para de implicar com o garoto, a Gilda não voltou ainda do supermercado, ele precisa falar com ela, pode ficar aí Kauan.
César puxou Guilherme para dentro.
Guilherme: Qual é pai? Filhinho da empregada achando que o filho do patrão agora?
César: Olha o jeito que você fala.
Guilherme: Só não deixa se acostumar, vou pro meu quarto.
Estela: Querido, chegamos, aí to cansada, supermercado é uó.
Gilda: Estou indo preparar o café.
César: Gilda, seu filho está aqui, procurando você.
Gilda: Aonde?
César: Na piscina, Kauan, sua mãe chegou – Ele foi avisar.
Gilda: Menino, o que você ta fazendo aqui? Kauan pelo amor de Deus você entrou na piscina? Me desculpa doutor César, dona Gilda, Kauan você não devia ter feito isso – Ela disse desesperada.
César: Gilda, calma, eu deixei ele se divertir aí, fique tranquila.
Gilda: Sério isso?
Kauan: Mãe eu jamais ia entrar aqui sem a permissão de alguém.
César foi até o quarto do filho.
César: Anda preciso que empreste uma bermuda pro Kauan.
Guilherme: Ah ta de zoeira né?
César: Guilherme deixe de ser assim, compro roupa todo mês pra você.
Guilherme: Puta que pariu hein! Pega essa aqui, já que ta velha, não vai devolver mesmo – Ele disse entregando uma bermuda.
Kauan trocou a bermuda e ainda aproveitou para tomar o café da tarde.
Gilda: Afinal o que você queria Kauan? Pra vir até aqui atrás de mim?
Kauan: Ah mãe, seguinte, ta ligado a Luana, hoje vou levar ela lá em casa, quero que a senhora conheça, estamos namorando agora.
César estava reparando na conversa.
Gilda: Nem saiu das fraldas e já vai se arrumar com aquela menina?
Kauan: Ah mãe, gosto dela até.
Gilda: Fazer o que né, com tanta coisa ruim nesse mundo, é melhor estar com ela mesmo do que ficar andando cada noite com uma.
Kauan: Pô esse bolo aqui a senhora não faz lá em casa, muito bom.
César: Pode levar um pedaço se quiser.
Kauan: Demoro. – Ele sorriu com a boca cheia.
CALIFÓRNIA
DIAS DEPOIS
As malas estavam prontas.
Renan: Mãe, a senhora espera aqui um pouquinho, eu preciso dar tchau pro Giovani antes.
Renan foi correndo na casa de Giovani, o único amigo dele na cidade com quem ele ainda tinha contato.
Giovani: Eai viado.
Renan: Giovani, ainda bem que te encontrei em casa, to indo embora hoje.
Giovani: Rapaz, é mesmo né, tinha até esquecido, vai dar tudo certo.
Renan: Eu vou sentir sua falta.
Giovani: É nóis, massa que você conseguiu o que queria, sempre te falei que você ia acabar indo morar com o seu pai.
Renan: Tô bem ansioso, animadíssimo.
Giovani: Que legal, se um dia eu tiver a oportunidade, apareço por lá.
Renan: Claro, só me dar um toque no face.
Giovani: Vem cá me dar um abraço – Ele puxou o amigo.
Os dois deram um abraço apertado. Mas aconteceu o que Renan menos esperava, Giovani tomou a atitude para dar um beijo no rapaz. Um beijo de despedida, que nunca tinha acontecido antes e poderia não acontecer nunca mais.
Renan: Giovani, eu to surpreso.
Giovani: Sempre soube que você era gay.
Renan: Mas você...então também é? Como assim?
Giovani: Começando a me aceitar bissexual, foi o meu primeiro beijo em homem, pior que é bom né?
Renan: Eu to chocado, se eu tivesse descoberto antes...porra você me deixa pra contar isso logo agora?
Giovani: Sei que agora é tarde, você tem que ir viver a sua vida, correr atrás dos teus sonhos, sei que vai estar bem, nunca vai acabar se envolvendo em coisa errada como eu.
Renan: Do que ta falando?
Giovani: Ah das paradas, é que sempre fui torto na vida né, você sempre foi o certinho, o melhor da escola.
Renan: Vou estar torcendo por você viu? Fica bem, não sei o que você fez de errado, mas sei que dá pra concertar.
Os dois deram mais um abraço.
Renan: Tchau Giovani, fica com Deus.
Giovani: Boa viagem mano, até qualquer dia.
Renan virou as costas com o coração apertado. Foi pegar as malas em casa, e foi com Marta e Ademir para a rodoviária. Renan foi se despedir do padrasto.
Renan: Ademir, vou sentir falta, fica com Deus viu, se cuida, cuida da mãe também.
Ademir: Pode deixar, que Deus te abençoe, você é um menino de ouro, certeza que vai dar muito certo na vida, não vai precisar ficar batendo massa igual o pedreiro aqui.
Renan: Que isso, toda profissão é digna, mas é que eu tô tendo a oportunidade né, não posso deixar passar.
Ademir: Você está certo. – Eles se abraçaram.
Marta chorava.
Marta: Meu filho eu vou morrer de saudades.
Renan: Eu também mãe. – Ele se emocionou também.
Marta: Vou rezar todo dia por você, vou ligar todo dia, vou comprar outro celular amanhã pra conversar todo dia com você no whats.
Renan: Isso mãe, vai ser melhor trocar o celular mesmo, eu venho daqui duas semanas.
Ademir: Se precisar de algum dinheiro mais filho, pode avisar ta?
Renan: Opa, claro, valeu Ademir.
Marta: Que orgulho filho, vai estudar na federal, eu nem sei o que é isso, sou uma burra que parou na quarta série.
Renan: Não fala assim mãe, quando puderem vão me visitar também.
O ônibus para Curitiba encostou na rodoviária.
Renan: É hora de ir.
Marta: Deus te abençoe meu filho – Ela abraçou ele.
Renan virou as costas, antes de subiu, olhou para trás, um pedaço do seu coração ficava naquela cidade. Medo, angústia, felicidade, será que ele um dia voltaria a morar ali? Será que ocorreria tudo bem em Curitiba? Ele precisava partir, precisava ir atrás da sua felicidade, conquistar seus sonhos, ele precisava ir “Em busca do sucesso”.
CONTINUA...
Obrigado pelos comentários pessoal <3