Otto: Igor ?
Eu: Oi, desculpa. Otto. Eu não sei o que te dizer...
- Quando escutei a frase “ Eu e Guilherme acabamos o namoro” algo dentro de mim me deixou feliz, mas incrivelmente eu não estava confortável com aquela situação. Uma mistura de sentimentos passou pela minha cabeça, de modo que fiquei pensativo. Eu não estava confortável em estar ali. Aquele homem parecia estar apaixonado pelo Gui, e o que parecia era que, o único problema que estava impedindo que aquele relacionamento desse certo, era eu.
Otto: Tudo bem. Iria ser mesmo estranho, você me dar dicas de como recobrar o amor de Guilherme.
- Eu tive o estranho, perturbador e desconfortável momento de empatia pelo Otto, e disse:
Eu: Como você esta ?
Otto: Por mais que eu sei que não transpareça, estou terrivelmente péssimo.
- Meu Deus, o que eu falo essa hora ? o psiquiatra aqui era ele, eu não queria falar algo que transparecesse que eu estava sendo falso ou piegas, e ao mesmo tempo eu não queria sentir pena daquele homem que ( apesar de tudo ) parecia ser incrível. Mas erámos homens maduros, e quando se tem maturidade, tem-se complacência.
Eu: Veja pelo lado bom, vocês só estão a 3 meses juntos.
Otto: 3 meses intensos!
- Não estava dando, aquilo não estava sob o meu controle eu não conseguiria afagar alguém, sendo que eu estava “gostando” daquela situação. Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, meu celular toca.
Eu: Número desconhecido.
Otto: Não vai atender ?
- Meu coração gela, nesse momento. Meus Deus, se fosse o Guilherme que estivesse me ligando ? Eu não saberia como reagir na frente do Otto. Mas já era tarde, eu tinha que atender.
Otto: Igor, pode atender ( falou ele um pouco tenso )
Eu: Alô ?
Voz: Tudo certo para amanhã ?
Eu: Oi? Quem é ?
Voz: Igor, é a Nick. Esqueceu que marcamos de nos encontrar amanhã, queria te apresentar a uns amigos.
- Dei um respiro aliviado, e falei em voz alta olhando para o Otto.
Eu: Há, oi Nick!!!
- Juro que vi a postura impecavelmente ereta de Otto, caindo no encosto do estofado, como quem dissesse “ Ufa, que bom que não era o Guilherme”
Eu: Claro, desculpa. Vamos sim, só me diz direitinho o local e a hora, amanhã.
Nick: Vai ser na casa de um amigo. Te passo a localização por mensagem.
Eu: Claro, tudo certo. Então amanhã nos falamos. Beijão e obrigado linda. ( falei querendo desligar a chamada )
Nick: Onde você esta ? estou escutando música! Você não ta em casa safadinho!
- Eu realmente não me recordo de ter dado tanta liberdade a Nick.
Eu: É, eu estou em um pub. Tô com uma amiga.
- Menti, mesmo sabendo que isso poderia ser facilmente descoberto. Me arrependo no mesmo instante. Otto olha para mim confuso. Dou de ombros.
Nick: Onde ? estou perambulando um local para tomar uma cerveja, estou com um amigo, onde você esta ?
- ótimo, Igor. Pensei comigo, como vou sair dessa sem ser ríspido ?
Eu: Lindona, eu já estou de saída, só vem bater um papo com uma velha amiga, mas amanhã nos encontramos de certeza.
Nick: Tudo bem então. Amanhã te espero.
- Eu não havia me lembrando do quão é difícil despistar alguém. Eu certamente não sou um bom mentiroso, e minha história fala por si só.
Otto: Tá tudo bem ? ( disse ele meio confuso )
Eu: Sim, era a Nick, me lembrou que amanhã temos um programa com uns amigos que ela quer me apresentar.
Otto: Sua vida está agitada.
Eu: Mais do que eu gostaria.
- Ele pede mais uma dose de whisky.
Eu: Otto, eu vou indo nessa.
Otto: Fica mais um pouco, por favor. Amanhã eu não trabalho, então hoje é o dia que eu posso fazer o que quero. ( falou ele rindo para mim )
- Eu realmente não quis entender aquilo como uma indireta de um homem que estava triste pelo fim do seu relacionamento.
Eu: Ok, vou pedir só mais uma dose, e terei que ir.
Otto: Com uma condição!
- Olhei pra ele e fiz um sinal de qual condição com a cabeça.
Otto: É por minha conta a sua bebida!
Eu: Acho justo ( falei rindo )
- Pedimos mais uma bebida e começou a querer saber mais sobre a minha vida.
Otto: Você gosta de morar em São Paulo.
Eu: Amo!
Otto: E desde o fim do relacionamento com o Guilherme, você namorou outra vez ?
Eu: Não. Conheci um cara, mas não deu certo.
Otto: Não fazia seu tipo ?
- Eu acho que eu não era um homem que tinha um tipo especifico de pessoa para me apaixonar. Eu sei que gostava de pessoas inteligentes, que falasse sobre tudo, eu sempre fui um cara que era apaixonado pelo saber, então quanto mais as pessoas me agregavam mais interessante elas ficavam para mim.
Eu: Na verdade, ele queria algo mais sério. Mas eu não estava preparado para dar a ele o que ele queria.
Otto: O que ele queria que você não poderia dar ? ( diz ele acabando com outra dose )
Eu: Amar alguém como realmente mereça ser amado.
Otto: Olha só, um homem romântico!
Eu: ( sorrindo) Gostaria de ser mais, mas, tenho meus demônios.
Otto: E quem não os tem, não é mesmo. “ Pior não amar, do que amar”
Eu: Estamos filosofando ? chegamos a esse ponto ?
- Eu já estava com outro drink na mão, e nem tinha percebido.
Otto: ( Sorrindo ) Eu já fui como você.
Eu: Como eu, como ? ( falei curioso )
Otto: Com esse ar jovial. Com essa certeza de coisas e fatos. Com esse querer pela vida.
- Olhei sério para ele e disse:
Eu: E porque você perdeu tudo isso ? ( deduzi )
Otto: Antes de ser quem eu sou hoje, passei por caminhos tortuosos. A vida se encarregou de cruzar com pessoas que me fizeram aprender que no mundo, existe dois tipos de pessoas; “ As que enganam e as que são enganadas”. Essa é a dura realidade. Mas não é só isso, meu caro. A profissão também me fez esgueirar por outras vertentes de realidade. Lido com a realidade das pessoas todos os dias, e a realidade delas, querendo ou não, também me afeta, o que algumas pessoas passam, Igor, podia facilmente acontecer com qualquer um de nós, e acredite, não são coisas fáceis.
- Foi naquele momento que vi o Otto com outros olhos. Aquele cara branco de olhos claros com o semblante restritamente sério e sofisticado, havia passado por maus bocados na vida. E algo que eu ainda não sabia o que era, minou a sua graça, o seu flerte com o gozar da vida. Naquele momento ele parecia estar vivendo apenas por viver, o que ele vestia era uma fantasia de homem bem sucedido e bem assertivo na vida. Mas a realidade era outra completamente diferente.
Eu: Posso dizer, que eu conheço um outro Otto.
- Ele sorriu e em seguida disse:
Otto: Merda, preciso ir ao banheiro.
- Ele se levantou rápido...
Eu: Você ta bem ?
Otto: Tô sim...
- Ele demorou um tempo no banheiro, e quando voltou, minhas dúvidas tinham sido respondidas.
Eu: Você ta bem ?
Otto: Acho que bebi além da conta.
Eu: Ok, vamos embora.
- Pagamos a conta, já era por volta de quase 00:00. Fomos nos dirigindo para nossos carros, parei em frente ao meu, e me despedi dele.
Eu: Bom, apesar dos pesares, foi um bom papo. E bem reflexivo na verdade.
Otto: Eu também gostei. ( falou sorrindo )
Eu: Você ta bem para voltar pra casa ?
Otto: Tô sim, só foi um enjoo rápido.
- Antes de entrar no carro, eu aperto sua mão, ele aperta a minha, e fica me olhando, foram segundos, mas esses que me deixaram desconcertado. Quando eu solto sua mão e me viro para entrar no carro, ele diz:
Otto: Igor
- Quando eu me viro para responder, ele me dá um beijo. Empurro ele em um ato automático e falo:
CONTINUAObs: Quero agradecer a todos pelo carinho. Fiquei MUITO surpreso com o número de visualizações e de pessoas que estão lendo. Fico curioso em saber se essas pessoas são da época do Orkut ( quando postei a primeira vez a história ) ou já da época que a Aimee postou aqui no CCE. De todo modo, depois crio um e-mail e passo aqui. Sei que muitos não gostam de comentar por N motivos. Perdi contato com várias pessoas, queria muito falar com o Aimee, por exemplo.