Eu: O que foi isso?
- Falei sério, eu estava atônito, não conseguia raciocinar direito, além do mais com álcool em minhas veias.
Otto: Você não gostou? ( falou ele em tom supreendentemente normal )
Eu: Cara, você namora o Guilherme!
Otto: Igor, qual parte do “ acabamos o namoro” você não entendeu ?
- Nessa hora eu fiquei muito puto, e não medi as palavras.
Eu: Qual parte de “ Você é um idiota” você não entende?
- Antes dele responder, dou de costas e entro no carro. Ele bate na janela, o carro já está ligado, pronto para sair. Abro a janela em uma demonstração da pouca educação que ainda me resta, e falo;
Eu: Diga.
Otto: Me desculpa, eu não estou bem. Eu confundi as coisas.
Eu: Confundiu mesmo. É melhor você ir pra casa. Dirija com cuidado.
- Não esperei ele me responder e dei partida no carro. No caminho pra casa, um turbilhão de coisas passam pela minha mente. Será que o Gui ainda gosta de mim ? Pq ele não havia me ligado ? Será que sou eu o motivo da separação? Pq o Otto me deu esse beijo ? Como a Nick conseguiu meu numero ? Bom, deve ter pego com a Michelle. Muitas dúvidas, nenhuma certeza. Aquela cidade me trazia sensações estranhas, e, por um momento, parecia que eu tinha voltado aos meus 19 anos. Queria ligar pro Gui, queria escutar sua voz, queria estar perto dele, mas eu não tinha seu número, e também não iria pedir a ninguém. Que noite.
- Depois de um banho e de comer alguma coisa, já estou na minha cama, pronto para dormir, quando recebo uma mensagem;
Otto: Igor, quero te pedir desculpas. Apesar das circunstancias do nosso encontro terem sido no mínimo tensa, eu gostei do nosso papo. Entre uma bebida e outra eu devo ter confundido as coisas, por favor, que isso fique só entre nós, não irá se repetir.
Eu: Não se preocupe, eu sei que foi a bebida. Espero que amanha vocês se resolvam. Estou indo dormir agora. Até mais. ( Falei seco )
Otto: Mais uma vez me desculpe. Abraço.
- Não respondi.
- Acordei por volta das 09:30 da manhã. Quando acordo a essa hora, nas minhas férias, é porque certamente alguém deve ter me acordado, e foi o que ocorreu!
- Celular chamando...
Eu: Alô
Guinha: Amigo, acho que vou te visitar!
Eu: Amiga, são 09:30 da manhã! Apareça depois das 14:00
Guinha: Igor, é sério!
Eu: Amor, só tenho mais uma semana aqui! quando você vem?!
Guinha: Talvez no Sábado. Mas ainda tô vendo, não é certeza.
Eu: Você e o Du estão bem ?
Guinha: Se estivesse tudo bem, não estava querendo ir para os confins da terra, amigo!
Eu: Te pego no aeroporto! Vem!
Guinha: Te confirmo mais tarde. Tá tudo bem por ai ?
Eu: Lembra da sua história com o Emmanuel ? ( o porre dos ex namorado dela )
Guinha: Meu Deus, infelizmente sim, por que ?
Eu: Multiplica por três!
Guinha: Conta tudo!
Eu: Amor, só vem. Não tenho condições para te contar agora, quero te contar pessoalmente.
Guinha: Tá bom amor, te confirmo mais tarde tá? É porque tenho que ver com que posso deixar Leticia. ( a gata dela )
Eu: Sempre Letícia ( falei sorrindo ) beijo amor, espero a confirmação.
- Passei a manhã em casa. Almocei com minha família, sai pra resolver umas coisas com meu pai no período da tarde. Cheguei umas 16:30 em casa. Fico na sala, começo a resolver algumas coisas da empresa pelo notbook. A companhia toca. Minha mãe vai atender, demora uns segundos, minha mãe chega na sala com um sorriso como quem tinha ganho na megasena.
Mãe: Filho, tem visita.
Eu: Vou já...
Mãe: Posso mandar vir aqui ?
Eu: Claro, pode sim.
- Minha mãe fazia parte de um grupo da igreja local, pelo sorriso dela, com certeza era algumas de suas amigas, que queriam me chamar para ir em algum dia especifico para ver a missa.
- Eu estava numa mesa de madeira madeira branca com a visão totalmente voltada para um jardim de inverno. De modo que qualquer pessoa que chegasse na sala, não daria para eu ver, a não ser que eu me virasse. Estava resolvendo as coisas da empresa, quando me dei conta que a visita estava demorando demais para vir falar comigo. Quando eu me viro, meu coração gela. Uma surpresa toma conta de mim, e sem controle abro o sorriso, como se não tivesse controle sobre meu corpo.
Guilherme: Oi Igor! ( falou ele com o sorriso no rosto )
Eu: Oi Gui!
- Aqueles olhinhos puxados, olhando pra mim com um sorriso no rosto.
Gui: Te atrapalho ?
Eu: Não, você não me atrapalha.
Gui: Eu queria conversar contigo, você pode ?
Eu: Claro, vamos subir.
- Subimos para o meu quarto...
Gui: Nossa!
Eu: O que ?
Gui: Esse quarto me trás lembranças! ( falou com o sorriso no rosto )
Eu: É, trás! Já me peguei pensando em algumas...
- Ele ficou calado. Ficamos nos olhando por uns segundos, até que eu disse.
Eu: Vem pra cá
- Chamei ele para uma varanda que tinha no meu quarto, onde tinha uma mesa pequena e 3 cadeiras. Sentamos um de frente pro outro. Seu semblante ficou um pouco sério de uma hora pra outra. Parecia que ele estava tomando coragem para me falar algo. Eu estava agoniado com aquilo. Mas eu estava tão bobo com a presença dele, que não tinha lembrado que ele tinha acabado o namoro, porém, ele não sabia que eu sabia disso.
Eu: Gui, tá tudo bem ?
Gui: Tá, é que...
Eu: Para! Sou eu, você pode me falar qualquer coisa...
- Ele olhou sério para mim e disse;
Gui: Eu acabei com o Otto
- Não fingi surpresa, omitir uma situação por “um bem maior” é uma coisa, fingir sentimento é outra. Se eu fizesse isso, eu estaria conscientemente “mentindo” pra ele, e não era o que eu queria, já bastava a situação do ex dele ter ido me procurar sem ele saber.
Eu: Sinto muito. Eu não sei o que dizer.
Gui: Comece me perguntando o porque eu fiz isso.
- Se o Guilherme tinha uma coisa, essa coisa era atitude, sempre apreciei sua hombridade e principalmente a sua fidelidade a seus sentimentos. Ele era direto, reto, correto!
Eu: E qual foi o motivo ?
Gui: Você não tem ideia de qual seja o motivo ? ( ele continuava sério )
Eu: Gui, eu não sei. E também não quero parecer presunçoso.
Gui: Quando eu vi você na cafeteria aquele dia, depois de dois anos, me veio na mente todos os momentos que passamos juntos. Tudo que eu tive que passar para estar com você. As brigas que eu tive com minha família para manter e nutrir um amor por você, Igor. As viagens para São Paulo, nossa primeira viagem juntos para fortaleza, os planos que nós tínhamos juntos. E principalmente, a primeira vez que te vi. Alto, loiro, olhos claros, com um sorriso que encanta qualquer pessoa.
- Ele estava com os olhos marejados. E eu também.
Eu: Porque só agora, porque só agora me procurou ?
Gui: Porque quando a gente ama muito uma pessoa, e se decepciona com ela, a ferida não é tão rápido de cicatrizar.
Eu: Você sabe que eu sempre te amei. Depois de você, não namorei mais ninguém.
Gui: Quem ama, não trai!
- Essa frase me fez relembrar aquela noite fria de Agosto. Aquele dia nunca vai sair da minha mente.
CONTINUA...