Olá pessoas, tudo bem com vocês???
Vou postar correndo, porque a internet aqui voltou faz pouco tempo. Eu escrevo e posto pelo PC, então por isso o atraso.
Muito obrigado a todos pelas leituras e comentários!
Espero que o capítulo não pareça confuso. Caso esteja, por favor, podem postar nos comentários. As vezes passam algumas coisas e só outros olhos veem.
Beijo a todos!!!! Até amanhã!!!
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UMA ÓTIMA LEITURA PARA TODOS
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Eu não estava ouvindo aquilo? Serio, olhei para a cara de Robson sem acreditar, tendo que aguentar o bafo de onça ainda por cima. Quantas aquele menino tinha bebido? O empurrei pelos ombros, e sem nenhum incentivo seu, para o carro. Apoiei suas costas ao capô sem saber como chamar por Heitor ainda dentro do bar. Não tinha sido uma ideia nada boa, aquela de ir até o bar. Fiquei ali com meu amigo caindo no meu ombro, todo mole e quase choroso. Robson vez ou outra ainda soltava o nome de Fábio, e eu entendia essa ressaca sentimental dele afogada em álcool, entendia mesmo. Talvez se eu já tivesse passado por tantas perdas estivesse exatamente igual a ele.
Respirei fundo. O sustive por mais um tempo e quando ele descampou para o lado quase me levando junto, senti vontade de deixa-lo ali mesmo. Entregue ao conforto do chão, pelo menos por enquanto que eu fosse chamar Heitor. Pegar a chave do carro e depositar meu amigo ali dentro, não foi preciso.
Adelmo fez o favor de com o braço de Heitor na sua nuca, carrega-lo até próximo de nós. Eu agradeci mentalmente, por falta de força física para agradecer de verdade. Cutuquei nos bolsos de Heitor e não foi difícil achar as chaves.
- Eu vou... – o ouvi dizer para Adelmo – Eu vou... vou...
Quando eu abri a porta dos fundos, Adelmo lançou Heitor lá dentro e eu logo em seguida fiz o mesmo com Robson. Passando o cinto nos dois. Respirei fundo e soltei de uma vez, meu braço quase dá um jeito. A mesma sensação dos primeiros dias nas obras de construção civil, aquela dormência doída. Adelmo limpou a garganta e só então me virei para ele, mas seu celular começou a tocar ele teve se se afastar um pouco. Fazia anos que eu não dirigia, pensei, foram poucas vezes na verdade... Fiquei com a chave na mão.
Minha vontade era deixar Heitor e Robson dentro do carro, e ir eu sozinho para minha casa. Mas já passava o horário dos ônibus naquela parte da cidade, olhei para os lados. E também eu não teria coragem de fazer isso com um amigo, sorte a sua, falei isso tudo comigo mesmo, enquanto esperava por Adelmo. Abri a porta do carro e sentei no banco do motorista. Ensaiei onde deveria pisar, e onde não deveria... A marcha também. Acho que consigo, sorri contente comigo mesmo.
Sentando de frente para o volante, lembrei de Atila. Foi inevitável, meu coração até bateu com mais força. Larga de teimoso... penso, não sei se para mim mesmo o desejando dizer isso para ele. Na verdade nos dois, teimosos. Vejo Adelmo s aproximar pelo reflexo do retrovisor e imediatamente saio do carro.
- Uma urgência, - ele limpa a garganta mais uma vez – vou ter que ir agora. Mas foi muito bom te reencontrar Inácio.
- Digo o mesmo, - sorrio – e obrigado por me ajudar com eles. Se não fosse por você eu nem sei...
- Que isso tudo bem, - ele aponta com o polegar em direção ao bar – ficou outro rapaz lá, acho que ele veio com vocês... Mas preferiu ficar.
Eu aperto a mão dele com firmeza, e ele me puxa para um meio abraça que não demora nem um minuto. Já está seguindo em direção a sua moto, a mesma de tempos atrás. Entrei no carro e fiquei por um tempo parado encarando o volante. Então fui me lembrando da voz do meu pai, distante, bem distante, me orientando onde ligar. Quando dei por mim já estava com o carro em movimento, passei o cinto por mim mesmo e fui manobrando. Sem saber como acionar o GPS do carro manualmente, pelo visto. Meu medo me fazia não tirar os olhos do caminho.
Mais ainda eu não conseguia passar de cinquenta por hora, e claro, evidente, deixava o carro morrer. Por pelo mesmo umas três vezes isso aconteceu, mas enfim consegui estacionar o veículo em frente ao prédio. Mas com os pneus cantando, meu coração também em saltos. Sorri para mim mesmo de orgulho, fazia tantos, tantos anos que não pegava em um carro. Isso pareceu uma realização maior do que de fato era, abri a porta do carro e sai primeiro.
- Vamos lá cambada, me ajudem a ajudar vocês – olhei para o prédio a minha frente, e respirei fundo.
Fui primeiro em Robson que não ofereceu muita resistência, mas ficou cantando o caminho toda até a porta de casa. Se os vizinhos não haviam reclamado ainda, isso não ia demorar, pensei. Heitor fez birra, quis tomar a chave. Não queria entrar de jeito nenhum, mas por fim consegui vencê-lo e quase carrega-lo para cima.
- Um, dois, três – ele contava os degraus, e fazia o sinal com o dedo cortando os próprios lábios – quarto, shiiii
- Vocês dois calados, - eu disse para eles colocando um deitado ao lado do outro enquanto abria a porta – meu dia não poderia acabar de forma diferente...
Arrastei Robson para dentro e o joguei no sofá, não ia dar banho nele, não mesmo. Quanto a Heitor peguei o colchonete e o deitei também na sala, eles não reclamaram mais. Tranquei a porta de casa e me senti aliviado por finalmente estar em casa, no silencio. Apesar de cheirando a álcool, por causa dos dois. Capotei na cama. E sonhei com meus pais vivos, em uma parte rural de Embu em São Paulo. Sonhei que eles sorriam coisa tão estranha para eles que viviam sempre muito sérios.
Abri os olhos com um zumbido nos ouvidos. Soergui na cama, e ainda consegui sentir o cheiro de cachaça em mim. Levantei da cama, os dois ainda estavam caídos na sala. Heitor com a cara no chão e Robson deitado no colchonete. Ia sair alguma coisa daquela relação? Eu duvido, peguei minha toalha e me tranquei no banheiro. Não demorou para começarem a bater na porta com veemência, antes que um dos dois aluados bêbados atendessem, e ainda de toalha na cintura abri a porta.
- Bom dia, - me disse um homem com cara rechonchuda – o senhor me conhece pouco, talvez só tenhamos nos visto uma vez... Infelizmente fui acionado por dois condôminos que sentiram primeiro um cheiro muito... Como dizer... Peculiar vindo desse imóvel, e em segundo, ontem ouviram uma barulheira incomum.
Engoli em seco sem saber onde enfiar a cara, culpa dos dois trastes logo ali atrás de mim. Fechei a porta com a advertência do sindico. Entrei e os bonitos continuavam dormindo. Vesti uma roupa, e voltei para a sala. Lavei algumas panelas sujas na pia, e passei um café bem forte.
- Hora de acordar – disse para Robson. – Preciso falar com você...
Ele semicerrou os olhos demonstrando está morrendo de dor de cabeça. Ergueu-se sem muita dificuldade e assentiu partindo para o banheiro. Esquecido da toalha eu mesmo fiz questão de levar para ele e entrei também era até melhor... Robson ligou o chuveiro e sabia que eu estava logo depois do pequeno box. O cheiro de ressaca já estava impregnando o banheiro todo, ele colocou a cabeça para fora.
- Me seguiu? – disse sorrindo.
- Levei uma bronca do sindico hoje... Imagina por quê? – nem o deixei responder – você já zerou não foi? Tudo o que tinha para beber, fumar, sei lá mais o quê... Porque eu também estou em um turbilhão de coisas acontecendo e nem por isso... – suspirei. – Você entendeu, somos adultos, então... Mudando de assunto, vou precisar de um celular e como perdi o meu...
- Tá bom, sabe a senha não é? – assenti para ele – foi mal amigo, não vai acontecer...
Abri a porta e sai do banheiro. Não dei bola para a cara de abestalhado de Heitor sentado no sofá como se fosse um desmemoriado. Tomei dois goles do café, e com a carteira no bolso e o celular no outro saí para a rua. O celular de Robson tinha uma capa de um famoso vestido de Yves Saint Laurent, sorri para isso. Atravessei a rua, e caminhei até o local onde há alguns dias eu já vinha namorando, um local onde eu poderia abrir um pequeno negócio. Lá dentro não encontrei nenhum papel informando número de contato nem nada do tipo.
Fiquei ali parado esperando uma ideia surgir, mas sem saber como fazer. Querendo agir, não ficar parado pensando em tudo. Em Atila principalmente e no vídeo. Caminhei pela rua, sem consegui contato para aquele local. Por reflexo atendi uma chamada no celular de Robson, sem ao menos olhar de quem era.
- Robson, veadão!- disse a voz firme do outro lado – seu miserável tu me paga moleque! Quando eu te pegar você vai ver só! Veado filho da puta... – meu coração começou a bater bem rápido. Sai em disparado para casa, e o carro de Heitor não estava mais na frente da casa.
Subi correndo para casa e escancarei a porta. Encontrei Robson saboreando o café placidamente sentado na mureta da cozinha.
- Nem olhei! Alguém te ligou ameaçando!
Ele nem pareceu digerir o que eu estava falando, pulou da mureta normalmente sem aquele ar de assustado que com certeza eu estava.
- Você escutou o que eu disse?
- Huhum pode ser Fábio não? – ele arqueou as sobrancelhas – deixa ver...
Entreguei o celular a ele, voltei para fechar a porta, mas um pé travou a porta. Olhei para aquele sapato e pensei em Atila. Mas não era ele, o rosto sorridente de Fefito apareceu na mesma hora em que ouvi um grito surdo de Robson atrás de mim. Ele chegou a soltar o celular no chão e correu para o quarto, fiquei entre os dois. Fefito entrou na casa sem qualquer resistência minha.
- Oi querido – ele disse – vim buscar Robson, ele tem que sair daqui imediatamente... – engoli em seco na mesma hora.
- Você... Meu Deus... Você quer dizer o que com isso? – engoli em seco não sei quantas vezes.
- Querido não dá tempo explicar, ele tem que sumir por uns tempos – sentenciou – imediatamente... – Fefito passou por mim e bateu na porta do quarto. Robson ficou choramingando e eu fui para fechar a porta de casa, tinha um homem ainda no corredor. Respirei fundo sem saber como agir. Que situação inusitada era aquela? Ajudei os dois a se aprontarem logo.
Tudo aconteceu em fração de minutos, Robson me deu um abraço e saiu porta a fora. Fiquei ali parado andando de um lado para o outro sem saber como agir, o porquê de tudo aquilo. Bebi o resto do café todo, e decidi fazer uma pequena mala de roupas para mim mesmo. Foi exatamente o tempo de voltarem a bater na porta, insistentemente. Meu sangue gelou e minha espinha estremeceu. Andei devagar até a cozinha e peguei uma faca, daquelas de cortar carne. Eu estava suando frio, e morrendo de medo de perguntar quem batia me aproximei da porta. A faca junto do rosto... Hesitei alguns passos...
- Quem... – tremi a voz – quem tá ai?
- Abre, não precisa ter medo – reconheci a voz de Emerson e mesmo assim não fiquei muito seguro se deveria abrir o não. – Anda Inácio, não temos o dia todo...
Engoli em seco, me aproximei da porta de novo, com a faca abaixada. Nele eu podia confiar não é? Virei à chave na porta e abri, ele entrou de supetão. Sorriu olhando para a faca na minha mão. Debochado, eu fiquei arredio sem entender tudo o que estava acontecendo e em tão pouco tempo, o que diabos aquele homem estava fazendo ali? Na minha frente com uma arma na cintura e outros dois caras às suas costas.
- Por favor, não faz nada comigo – digo sentindo meu nariz tremer como nunca. – Sério Emerson...
Ele veio caminhando até próximo de mim, hesitei ainda mais quase encontrando à mureta da cozinha.
- Não é de mim que você tem que ter medo – ele sorri tirando a faca das minhas mãos – o irmão de Robson vai vim com tudo pra cima dele, e de tabela vai te levar junto. Escuta, quer viver? Então vamos, agora!
Meu coração estava quase saindo pela boca. Travei na mesma hora, Emerson estava ali na minha frente...