10 de agosto de 2015
Eu estava completamente atordoado com aquelas mensagens. Fui dominado pelo desespero, era uma manhã fria de agosto e eu tinha acabado de acordar para desligar o despertador do Guilherme que estava na sala. Quando resolvo abrir as mensagens dele, vejo a conversa com um homem chamado Ricardo. Guilherme estava dormindo, eu não sabia como reagir, não sabia o que fazer. Resolvo ligar para Rodrigo, ele já morava em Maceió, mas estava em São Paulo. Rodrigo era como um irmão, ficamos amigos desde a época que ele fazia faculdade de fotografia. Morávamos relativamente perto, pois fazíamos a mesma faculdade, só que áreas diferentes. Era cedo, mas era a única pessoa da qual eu podia desabafar no momento.
Rodrigo: Ainda bem que eu não estava dormindo, se não ia ficar puto!
Eu: Rô preciso falar com você
- Minha voz estava tensa
Rô: O que houve ?
Eu: Amigo, o Guilherme tá aqui!
Rô: Eita que bom, podemos fazer algo hoje.
Eu: Não Rô ele chegou ontem...
Rô: Podemos sair a noite ou vocês podem vir aqui pra casa
- Ele não me deixava falar, e eu não podia falar alto, pois Guilherme estava dormindo.
Eu: Rodrigo, para, deixa eu falar. Aconteceu uma coisa agora, não sei o que fazer...
- Eu comecei a chorar, não consegui me controlar, foi mais forte que eu.
Rô: Meu Deus, o que foi amigo ? vocês brigaram ?
Eu: Amigo, acho que ele tá me traindo, eu vim desligar o despertador dele e vi umas mensagens com um tal de Ricardo.
- Eu estava chorando baixo, de cueca na sala da minha casa.
Rô: Despertador? Amigo, eu não estou entendendo. Igor, vou ai.
Eu: Não! Ele tá aqui, vai estranhar, melhor não, amigo.
- Rodrigo desligou o celular. Imaginei que ele estivesse vindo pra cá. Eu ligava para ele não vir, mas ele não atendia. O Trajeto da sua casa a até a minha de carro, daria uns 15 min. Entrei no quarto, coloquei um roupão e fechei a porta do quarto. Conhecendo o Guilherme, ele só acordaria perto de 12:00, ele era o tipo de pessoa que prezava uma boa noite de sono, já que não tinha muito tempo. Deixei a porta da minha casa aberta para que Rodrigo não tocasse a companhia. Porém, o porteiro iria interfonar, então eu mesmo interfonei para avisar ao porteiro que um amigo iria chegar, que poderia mandar ele subir. Fiz um café para tomar e esperei Rodrigo chegar sentado numa cadeira azul lilás que ficava na varanda do meu apartamento. Estava frio, eu estava de roupão tomando um café e minha mente não parava de pensar coisas e situações mirabolantes...
Rô: Amigo ?
- Tomei um susto. Tinha esquecido que tinha deixado a porta aberta. Eu estava em outra dimensão, não parava de pensar em como o Guilherme pode ter feito isso comigo!
Eu: Amigo!
- Dei um abraço nele. Já não chorava mais. Contei a ele de todo o ocorrido. Suas reações foram de espanto e descrença, Rodrigo conhecia o Guilherme, eu já havia apresentado ele em outra oportunidade que o Guilherme veio me visitar.
Rô: Amigo, calma! Mas, você tem certeza que não era um amigo!?
Eu: CLARO!
- Falei um pouco alto e nervoso com a tentativa de Rodrigo me mostrar outra visão dos fatos que pra mim eram mais claros como a luz do sol,
Rô: Ok, calma. Vou precisar de um gole de café.
- Coloquei café para ele e voltamos para varanda em silencio, Rodrigo parecia apreensivo e pensativo. Ele parecia incrédulo, mas eu não o recriminaria, eu também não havia acreditado no que tinha lido.
Rô: Ele tá dormindo ?
Eu: Sim, falei mais calmo, mas ainda triste.
Rô: Você vai falar pra ele ?
Eu: Obvio! Você acha que vou continuar com um cara que tá me traindo ?!
Rô: Amigo, calma! Eu sei que você ta triste, nervoso, decepcionado... Mas tudo tem uma explicação. Além do mais, isso não é o fim do mundo.
- Olhei pra ele com um ar de indignação.
Eu:Rodrigo, eu tô casado com um cara a mais de 8 anos, do qual a minha vida toda eu respeitei e cuidei e fui fiel e leal. Ou você acha que na minha vida ao longo desses anos, não apareceram caras interessantes ? Claro que apareceram, mas eu sempre fui fiel! Sempre!
Rô: Não amigo, nem sempre!
Eu: Para, você tá falando de uma situação da qual eu era calouro e estava completamente bêbado! Nem sabia o nome do cara, não lembro nem do rosto!
Rô Mesmo assim foi uma traição, Igor. ( falou ele em tom calmo e compreensivo )
Eu: Porra! Você vem aqui pra me dar lição de moral sobre o que é traição ?! eu sei o que é traição, e aquilo não foi a merda de uma traição, não significou nada pra mim, Rodrigo, não houve sentimento.
- Nos primeiro meses que fui morar em São Paulo, para cursar engenharia, eu tinha ido para uma festa, nesse dia eu bebi demais e acabei ficando com um cara, sim, transamos! E eu poderia muito bem dar continuidade, seu eu quisesse, mas o fato é que eu não queria, simplesmente aconteceu, fugiu do meu controle. Errei ? sim, com certeza. Mas não considero uma traição pois não houve uma continuidade, não houve uma procura, não houve sentimentos envolvidos.
Rô: Desculpa. Eu só estava querendo que você se colocasse no lugar dele.
Eu: Não posso me colocar no lugar dele, porque foram situações distintas Rodrigo, ele mantem uma conversa com um cara. Eu não fiz isso, como te falei, não houve sentimento, papo, conversa, nada! Não passou daquilo, que eu nem lembro direito na verdade.
Rô: Então você vai ter que conversar com ele meu querido! Igor, você tem que entender a história dele. Diga exatamente o que você me falou, e veja o que ele vai te dizer.
Eu: Com certeza vou fazer isso!
Rô: Mas se acalme meu querido, você está outra pessoa.
Eu: Você quer que eu seja doce, com ele ? pelo amor de Deus, só me faltava essa!
Rô: Não, doce não. Acho apenas que você deva se acalmar e ser racional. Só isso. Não to pedindo pra você ser o que não é, mas, você está muito nervoso, se acalme! ( falou ele um pouco nervoso )
- Escutei em silencio o que ele tinha acabado de me falar. Eu estava realmente tentando ficar mais calmo. Flertei com a carteira de cigarro dele que estava em cima da mesa da varanda.
Eu: Posso pegar um ?
Rô: Você não fuma, Igor.
Eu: Eu sei.
- Quando estou prestes a ascender o cigarro...
Guilherme: Você não fuma, Igor.
- Tomamos um susto tão grande que Rodrigo derrubou a xícara de café no chão.
Guilherme: Tudo bom, Rodrigo. ( falou ele em tom sério )
- Ele estava com um camisetão de basquete que eu havia dado a ele para dormir.
Rô: Oi Gui, tudo bom ( tentou esboçar um sorriso )
Eu: Você estava escutando a nossa conversa ? ( falei sério )
Guilherme: Estava. Tem problema ?
Eu: Toda!
Guilherme: Do mesmo jeito que olhar as mensagens do celular de outra pessoa também deva ter!
Eu: Você é meu namorado!
Guilherme: Eu sou seu namorado, não seu dono!
Igor: E ainda vem querer dar uma de certo pra cima de mim! ( falei alto! )
Rô: Amigo, se acalme.
Guilherme: Rodrigo, eu posso ficar sozinho com o Igor ?
Eu: Como é que é? Rodrigo é meu amigo, e está na minha casa, quem você pensa que é ?
Rô: Gui, acho que não é uma boa ideia.
Gui: Rodrigo, vai lá pro quarto, então por favor.
Eu: Ele não vai!
Guilherme: Baixe o tom da voz, Igor. Quer conversar, converse como homem!
Rô: Amigo, estou no quarto, se acalme!
- Rodrigo foi para o quarto e eu estava possesso, parece que o que me deixou enfurecido, foi ele está escutando toda a conversa e ter ficado ali, calado. Obvio que juntou com o fato da traição.
Eu: Quem é Ricardo!?
Guilherme: Ricardo é um colega de residência.
Eu: Que com certeza deve estar te comendo!
- Nessa hora os olhos dele se encheram de lágrimas.
Guilherme: Me respeita, Igor.
Eu: Se der ao respeito, primeiro.
Gui: Você se deu ao trabalho de ler toda a conversa ?
Eu: Não, não precisei.
- Nessa hora ele foi até o celular dele, abriu na conversa do rapaz e disse:
Gui: Leia, Leia tudo!
- A medida que fui lendo, descobri que o Guilherme tinha ido para uma festa que a amiga dele de residência o tinha convidado, e nessa mesma festa, o Ricardo também estava. Ele gostou do Guilherme, mas o Guilherme disse que era casado, e que eu morava em São Paulo. Eles fizeram um jogo de “verdade ou desafio” do qual o Guilherme não queria participar, mas, participou por insistência das outras pessoas da festa. Nisso alguém escolheu para alguém fazer uma pergunta. Escolheram Ricardo, e ele escolheu Guilherme para perguntar. Guilherme tinha escolhido verdade, ao invés de desafio, porém a essa hora, todos disseram que não tinha mais verdade e apenas desafios ( prendas... eram na teoria o que todos estavam fazendo. ) Então, Guilherme escolheu a prenda, mas o cara disse que queria um beijo. Guilherme riu e disse que não, pois era casado. Teria parado por ai, porém o cara conseguiu o numero do Guilherme com a amiga dele residente, e o cara desde então fica no pé do Guilherme. Eu tinha lido tudo isso na conversa, e o Guilherme também foi me explicando algumas situações que não estavam na conversa, e batiam as coisas. Eu olhei para o Guilherme, estava envergonhado de tudo que fiz e disse, então falei;
Eu: Me desculpa!
- Ele olhou para mim enxugando o rosto que estava molhado de chorar, e disse;
Gui: Quem traiu quem agora ?
CONTINUA...