Eu estava distraído, quando o amor me achou - CAPÍTULO 34

Um conto erótico de Lissan
Categoria: Homossexual
Contém 3557 palavras
Data: 16/06/2019 22:19:32
Assuntos: Gay, Homossexual

Olá amigos, desculpem a demora.

Mas para não atrasar nada, decidir me demorar mais um pouquinho que o normal.

Obrigado a todos pelas leituras!!!

E muito obrigado pelos comentários!!!!

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UMA ÓTIMA LEITURA A TODOS

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- Tenho um compromisso, mais tarde, até lá – ele sorri sincero – não quero outra companhia...

- Então, - digo semicerrando os olhos para a tela – vamos assistir mais algum filme...

Sinto seus olhos grudados em mim, não viro para encara-lo, mas sei que se fizer agora dou com os olhos dele nos meus... Aponto com o dedo para um dos muitos filmes em tela sem mesmo saber o titulo. Ele solta uma risada curta, e com o controle da televisão seleciona a opção. Não me permito olhar para ele de volta. Fico estranhamente envergonhado, Atila se ajeito ao meu lado no sofá e não diz mais nada. Fito o começo do filme ‘A cor purpura’, relaxo meu corpo no sofá. E não me dou conta de como minhas pálpebras embebedadas de sono vão querendo se fechar.

Ouço as batidas na porta, mas penso nas imagens que estou vendo na tevê e nem me ligo para a porta de minha própria casa, é só quando Atila se ergue que noto ser aqui e não lá.

- Eu atendo – diz a voz de Atila. Dou um salto do sofá. – O quê?

Seguro em seu pulso, e com uma petulância fora de mim cubro os lábios de Atila com a mão. Ele arqueia as sobrancelhas, formando uma interrogação enorme no cenho. Eu espantado faço o mesmo, transpirando de medo. Meus joelhos vacilam ao barulho da porta sendo espancada. E mesmo identificando a voz de Adelmo do outro lado, tremo de medo. Os braços de Atila me envolvem, deixo meu rosto afundar no peito dele. Minhas lagrimas escorrem, não posso impedir o ímpeto de abraça-lo de volta. Aperto Atila contra mim, como se assim ele pudesse me proteger de alguma coisa... Todo o sentimento escondido durante os dias solitários depois do abuso desce em uma avalanche só.

Sinto as mãos de Atila passear pelas minhas costas, e nos dois em silencio abraçados continuarmos alheios ao barulho na porta. Aos poucos volto ao normal, depois de encerrado as batidas. Atila planta um beijo no alto da minha cabeça, e como se estivéssemos em um baile ele começa a nos balançar.

Ficamos assim por minutos a fio. No silencio completo do apartamento, e sob a iluminação da tevê pausada no filme ainda em tela. Ouço o barulho do coração de Atila em ritmo frenético, assim como o meu. Sentir os braços dele em torno de mim, apertando parece acalmar meus nervos. Sinto-me seguro depois de dias, pensando nunca mais ser possível coisa parecida. Solto o ar do meu peito e decido ainda com a cabeça colada ao dele contar tudo...

- Preciso desabafar com alguém – digo com os olhos em brasa – e acho que no momento você é a única pessoa com quem eu posso contar... – Ele segura meus ombros e me encara, a sombra do seu corpo projetado no meu só deixa ver o brilho em seu olhar. Seguro a mão dele ainda pousada nos meus ombros. – Você é a única pessoa que consigo confiar no momento.

- Fico feliz em saber que confia em mim... Mas não precisa contar nada – ele diz consternado, e percebo isso em seu jeito, como passeia o polegar por minha têmpora e o deixa descansar em meu queixo – isso parece te machucar muito...

Seguro a mão dele e o puxo para o sofá. Fico na beira do sofá, tentando encontrar as palavras. Eu preciso falar me convenço, já escondi coisas demais por tempo demais. E se não colocar tudo pra fora, como uma comida indigesta ao ser vomitada, vou morrer com isso em mim. Aperto sua mão, e ele a minha, não o encaro por enquanto limpo a garganta e vacilo mais uma vez para falar.

Controlo meus ímpetos de medo, minha tremedeira desde a ponta do nariz ao dedão do pé.

- Espero que não se decepcione... – digo e sinto meu peito arder – há alguns dias atrás. Um homem, conhecido meu... Não esse que estava chamando na porta, esse é policial amigo do meu tio... E nem sei o que quer comigo... Mas outro sujeito... Envolvido com o crime organizado, - engulo em seco – conhecido do irmão de Robson... Ele... Esse sujeito veio aqui, me disse que eu morreria se não o acompanhasse e me levou para o moro...

- Eles te machucaram – ouço a voz de Atila me cortar como uma faca, um corte recente onde agua cai em cima. Sinto arder no peito e fecho os olhos. – Te bateram? Ameaçaram?

Tento me controlar, abro os olhos e encaro Atila que está prostrado perto de mim, segurando minha mão.

- Fui... – isso é tão difícil, um bolo surge na minha garganta – fui... Estuprado, violentado sei lá qual palavra usar... Esse homem me destruiu Atila, me destruiu de uma forma que eu não sei como ainda estou aqui – os olhos dele também se enchem – e não posso culpar ninguém, porque eu me envolvi com essa gente, eu, eu, eu mesmo sou o culpado...

Sinto as suas mãos percorrer meu corpo parecendo investigar, e depois estou mais uma vez com a cabeça em seu peito. As lagrimas parecem enfim ter se extinguido, me deixo ficar quieto ali. Sem saber por que esse homem ainda permanece perto de mim mesmo sabendo de tudo isso. Porque correr o risco? Não consigo, nesse momento não consigo raciocinar direito. Não consigo como é de costume meu mesmo, perceber o sentimento ressuscitado da distração. Ele me aperta mais e nos dois entramos naquela bolha, onde apenas nós estamos.

Atila segura as duas partes do meu rosto. Vejo as perguntas nos olhos dele, no rosto dele. Tão perdido quanto eu, tão confuso quanto. Ele beija a minha testa, e aperta meus olhos procurando desfazer o semblante preocupado. Com uma voz firme, mas doce e sem firulas, direto ele diz:

- Preciso que venha comigo até faculdade, - e essa é a última coisa que esperava ouvi-lo dizer – lá minha irmã, vai fazer os exames em você... A não ser que queira ir a um hospital... Mas como você não quis receber esse amigo policial, eu suponho que não queira... – ele engole em seco. – Comunicar a policia disso tudo... Mas por favor, faça os exames, lá Alyne consegue fazer sem criar alarde – ele saca o celular do bolso – então?

- Meu deus eu não tinha pensado nisso – digo pressionando as têmporas. – Exames...

Suspiro e assinto, ele tem toda a razão e se pode me ajudar... Sem envolver a polícia pelo menos por enquanto... Levanto do sofá, Atila guarda seu pen drive, aciona o celular. Enquanto ele pressiona o aparelho no ouvido, vou para dentro de casa e visto outra roupa. Guardo no bolso meus documentos e dou uma olhada no meu semblante no espelho. Força, coragem... Tento convencer a mim mesmo. Fecho as portas do guarda-roupa e sigo para a sala.

Atila cruza nossos dedos, ele continua com o celular no ouvido. Vamos em direção a porta. E quando ele vence o átrio com facilidade, eu me demoro analisando tudo... Se devo mesmo seguir ou não. Atila estica nossos braços por já está a passos de mim. Minhas pernas não querem me obedecer, ele aperta minha mão mais.

- Estou preocupado com você tá – ele diz – então me desculpe por isso. – Sem aviso Atila passa o braço por trás dos meus joelhos e me joga em seu ombro. Minha cabeça entra em parafuso e não sei como agir logo de cara, apenas repetir incessantemente:

- Me põe no chão, Atila, me coloca no chão... – minha garganta chega a secar e ele continua avançando as escadas. – Estou falando sério vamos cair daqui e nos machucar...

Acabo segurando em suas roupas. E por milésimos de segundo, que é o que demora para vencermos completamente os lances de escada. O agarro como se fosse meu instrutor de paraquedas e esse fosse meu primeiro salto. Seguro tão firme em sua porta, como um bichinho assustado. Ele me coloca no chão quando chegamos diante do portão do prédio. Os carros continuam passando lá fora, o porteiro continua não estando na porta. E a vida continua... É tudo o que penso quando sinto meus pés mais uma vez plantados no chão, e o céu escuro lá fora.

- Viu – ele sorri de forma terna – não doeu nada.

Ele abre o portão, e com um braço atrás na minha cintura, faz uma leve pressão para eu sair primeiro com ele logo ao lado. Sentir o ar da noite é reconfortante, mas me atemorizo um pouco. Penso se em algum daqueles carros ali estacionados alguém a mando de Emerson me observa... Sei lá... Atila faz todos esses pensamentos fugirem, ele me conduz até o carro, puxa a porta mais uma vez, eu entro. Olho para os olhos dele enquanto faço isso, nunca senti tanta confiança em alguém quanto agora. Ele a fecha e dá a volta sentando-se ao volante.

- Posso escolher a música? – ele assente, passo o dedo por várias listas de música. Encontro uma nacional de um dos meus cantores favoritos “Renato Russo – Boomerang Blues”, Atila dá partida no carro. A voz potente do cantor os primeiros acordes assustam logo, eu tento. – ... não entregue o seu ódio, sua crise existencial...Preliminares não me atingem o que interessa é o final...

Atila começa a fazer batidinhas no volante, enquanto a musica vai desenrolando até o final... “você tentou roubar, mas o bumerangue agora é meu”... Ele entrou com o carro pelo estacionamento. Quase todas as vagas já estavam ocupadas, passou por vários carros até achar uma disponível. Já estávamos ouvindo Rolling Stones, quando estacionamos.

- Pronto? – ele diz para mim, eu assinto – então vamos... Já foi na área de saúde da faculdade? – arqueia as sobrancelhas – então prepare-se para andar, sorri, é do outro lado...

Engulo em seco ao sair do carro. Atila sem problemas cruza nossos dedos. Aquecendo as palmas das nossas mãos. Entramos pela entrada comum dos alunos, mas seguimos por outro corredor, o dos funcionários. Ele vai me explicando que conhece tudo no prédio porque seu avó, por parte de mãe quem construiu. E desde pequeno ele e sua irmã participavam dos eventos no campus, e seu pai fazia questão mais do que sua mãe para que ele conhecesse a história do prédio. Eu ouvia tudo prestando atenção, com um frio na espinha por pensar nos exames.

Abrimos umas três portas de vidro até alcançar uma ala do prédio a que eu nunca tinha visto. Piso, paredes, tudo muito claro. Banco, bege. Um tipo de porcelanato totalmente deslizante, provavelmente para as rodinhas de macas... Ou coisa parecida.

- Não sabia que tinha um hospital aqui – digo enquanto caminhamos por um longo corredor.

- E não tem mesmo, por enquanto, quando você me perguntou – ele diz abrindo mais uma porta de essa à nossa esquerda – se minha irmã estudava aqui, eu disse que não, porque ela já é professora... Está implantando com um grupo de outros médicos, o curso aqui... Ainda tá no inicio, precisa de muitas autorizações.

Não há nenhuma indicação em canto nenhum, mas pelo jeito das coisas nessa sala logo percebo estar em um tipo de laboratório. Atila aponta para uma moça baixinha dos cabelos aloirados... Ele se aproxima dela sem desgrudar nossas mãos, os dois selam os lábios em um cumprimento muito rápido. Eu a conheço, penso no mesmo instante, claro, irmã! Sorrio para mim mesmo... E vejo os dois se entreolharem.

- Prazer, Alyne – ela me estende a mão.

- Desculpe, - peço pelo riso fora de hora – Inácio.

- Essa é minha irmandona – ele brinca e ela revira os olhos – e esse... – ele sorri de modo terno – esse é o cara Lyne...

Minha garganta seca na mesma hora e meu coração parece parar debater e voltar de uma vez só. Sinto minhas bochechas arderem, e Alyne passa a mão pelo rosto do irmão, sorrindo.

- Você é louco? – sussurro.

- Vai matar o menino de vergonha, venha Inácio, - ela espalma a mão em minhas costas – o resultado dos exames ficam prontos em questão de horas... Não vai ser o caso tenho certeza, mas caso surja alteração avisamos imediatamente...

Respiro fundo e solto, Atila com as mãos nos bolsos permanece onde está. Um homem calvo o cumprimenta, e eu sou chamado para colher sangue e fazer outros testes. Mil e uma perguntas depois, e alguns comprimidos obrigatórios garganta abaixo. Saio da sala e encontro com Atila de volta. Ele sorri para mim, e vem até onde estou Alyne ainda permanece na sala de coleta.

- Ela é o máximo, - ele diz sussurrado – e eu amo ver seu rosto ficar corado de vergonha...

A palavra imbecil, passa pela minha cabeça, mas como se fosse um jogo onde a partir de certa fase já não é mais possível executar certas tarefas. Minha relação com Atila parece ter evoluído para um nível onde isso já ficou para trás. Quero dizer as provocações, apesar de fazer parte da personalidade dele. No lugar de dizer algo sorrio para ele. Alyne sai da sala tira a mascara que estava vestida e me entrega um envelope com os resultados de alguns exames imediatos.

Ela explica como qualquer pessoa da área cientifica, cada passo dos exames o que eles dizem, resumindo:

- Esses exames não apontaram nada, - sorri com as mãos nos bolsos – seu sangue foi para a análise. Mas pelo que entendo de imunidade... – limpa a garganta – você está saudável. - Fico aliviado por saber disso e instintivamente seguro a mão de Atila. Ela se recosta para meu lado inclinando o corpo. – Ele só é constrangedor com quem gosta de verdade, para o resto é insuportável...

Sorrio movendo os ombros e Atila solta minha mão para fingir amassar a cabeça da irmã com a mão. Ela se move entre os braços dele e parecem duas crianças brincando. Eles finalmente param com a brincadeira, mas continuam sorrindo.

- Lembre-se que estou com a chave do seu carro – ele diz de forma travessa.

- Inácio tem cara de bom rapaz, não vai deixar você ferri meu bebê – ela diz com uma das sobrancelhas arqueadas – ai de você Atila se fizer... Estou falando sério! – ela diz alto, mas nos já estamos nos afastando. Aceno com a mão para ela que me responde com um sorriso e outro aceno seus olhos preocupados. Parece sibilar “CUIDA DO MEU CARRO”.

- Vocês são duas crianças – eu digo me sentindo bem mais feliz – ela é o máximo mesmo... Igual a você.

Ele semicerra os olhos e me abraça andando comigo pelos corredores assim, nos dois colados.

- Até que fim você percebeu – responde o convencido. Saímos do prédio por uma porta lateral, que dá em um estacionamento para mim desconhecido em uma rua também desconhecida. – Olha o carrão da minha irmã...

Atila aponta a chave para um carro que lembra muito um fusca. Todo azulzinho, fico olhando para o carro encantado por sua beleza fofa. E ela tem razão em se preocupar com o irmão ao volante. Ele não tem o mínimo respeito pelo pequeno veículo fofo.

- Ele é muito bonitinho – digo assim que nos aproximamos – mas porque vamos com ele e não com o seu? – pergunto.

- Ela vai precisar do meu hoje, ele é maior – sorri abrindo a porta – vem, entre e perceba como Alyne é sovina. Uma médica com o salário altíssimo, e nesse carro...

- Atila, - digo entrando também, e nos dois ficamos bem mais perto neste – é ele é pequeno... Mas... Deve ser uma relíquia não?

- Sim e deveria tá em um museu – ele limpa a garganta e fica mais sério – quero te levar para minha casa Inácio... Não acho legal você ficar sozinho... E sei que tem um amigo morando lá com você – “tinha, penso em dizer” – mas gostaria muito que ficasse comigo por esses dias...

Ele liga o carro e fica impossível travarmos qualquer conversa o pequenino azul faz o maior barulho para sair do lugar.

A casa de Atila fica a quilômetros de distancia da faculdade. Mas com certeza é um lugar aconchegante. Sem muitas mordomias, algo que me surpreende dado o curso dele, a família, casa de inverno... Não. Nada disso diz quem ele é. A casa fica em um bairro conjunto residencial, ou seja, só entram conhecidos. Ele vai passando por casas enormes e belas, a que ele vive, é a menor de todas. Um belo jardim na frente, com três anões no meio uma aparência de madeira na faixada.

Estaciona em frente a essa casa, tira o sinto e suspira como se tivesse acabado um mergulho profundo.

- Aqui é muito legal...

- Essa lata velha nem deixou você responder, mas é que quando liga ele tem que sair logo se não morre... – sorri de forma engraçada.

- Eu aceito, na verdade nem sei mais se meu... Se Robson vai voltar àquela casa, e depois de tudo nem eu...

- Você vai conhecer meu cantinho – eu assinto e abro a porta com certa dificuldade – é clichê, mas não vai reparar na bagunça hein... – avisa.

Saímos do carro, e sinto dificuldade para fechar a porta. Meu deus como esse carro ainda funciona? Pergunto a mim mesmo. Atila abre a porta de sua casa e ascende a luz de forma manual mesmo. As paredes da sala são tomadas por enormes cartolinas com desenhos de engrenagens e esqueletos de peças e tudo mais eletrônico. Fico bestificado com o tamanho do telão dele na sala, e com sua desenvoltura com toda a bagunça do seu ninho, ele vai entrando e tirando os sapatos e caminhando de forma que nem sei como fazer para não derrubar alguma coisa.

Tem até resto de comida em alguns lugares uma pilha de DVDs, VHS, e várias outras coisas.

- Licença hein – peço e ouço um muxoxo em resposta – você é um cinéfilo não é? Fã do cinema... – vou olhando os filmes, e há, não um mais quatro notebooks espalhados pela sala que nem é muito grande.

- Você ainda tá ai? Vem vou te apresentar tudo, quero que fique muito a vontade na minha casa – sorri e segura minha mão – que também será sua a partir de hoje...

Avançamos pela cozinha com a pia cheia de coisas, pelo banheiro limpo e o quarto dele o único na casa. Além de uma área no fundo. Todo coberto por tela eletrificada. A casa de Atila precisava de organização, e propus isso a ele. Antes de fechar os olhos e dormir sem perceber, dormir de forma leve e tranquila sem medo. Dormi ao lado dele, com sua mão acarinhando-me o rosto.

Abro os olhos, o dia entra pelas frestas da janela e o cheiro de roupa masculina suada e guardada, ou lavada, mas sem estar totalmente seca me invade o ar. Atila está bem ao meu lado, e posição fetal, virado para mim como se estivesse me observando. Fico cuidando dele ali, perto de mim. Respirando de forma calma, e sinto medo... Medo por ele, Atila abre os olhos como se detectasse. Cobro meus lábios para ele não sentir o mau hálito.

- Bom dia, - digo – vou fazer um café para a gente...

- Fica, - ele pede – acho difícil ter pó de café aqui em casa, sou meio desleixado... - Meio só? Atila não avançou em meus lábios. Nem me tocou sem que eu quisesse, percebo o quanto ele está respeitando meu espaço, ou tentando fazer isso. – Que horas são? – franze as sobrancelhas. – Está quase na hora... – ele continua.

- Para quê? – pergunto já ansioso, ouvimos o som da campainha.

- Você vai ver fica aqui – ele dá um salto da cama e eu fico sem reação, pensando mil coisas nenhuma consegue se aproximar da realidade. Atila trás uma cesta com pães, e tudo para um café da manhã.

Cubro o rosto sem acreditar naquilo, ele calculou tudo? Coloca tudo na minha frente e sorri, sem precisar dizer coisa alguma. Vou até ele, mas não posso beija-lo assim, sou eu quem dá um salto da cama agora, vou até o banheiro e lavo o rosto a boca. Passo pasta nos dentes e lavo a boca mais uma vez, volto para o nosso café, Atila está só a alguns passos de mim no corredor da casa. Eu abraço seu pescoço, beijo a ponta do seu nariz, ele abraça minha cintura, beijo seus lábios com ternura.

Eu quem dito como o beijo prossegue, avanço em seus lábios já com gosto de café. Ele corresponde me apertando em sim, e sorrindo ainda com minha boca na sua. Também sorrio por estarmos ali. Por isso que eu penso, o mundo não gira capota.

- Tem alguém tocando a campainha de novo – eu digo sorrindo e ele ainda abraçado comigo nos conduz ate a porta.

Atila abre a porta com uma das mãos, vejo seu semblante de estranhamento e coloco parte do rosto para fora. Meu coração gela na mesma hora, como ele nos encontrou? Atila parece sentir meu receio, mas não permite que eu me afaste dele. Apenas não deixa que eu apareça, ele se empertiga.

- Algum problema senhor? – diz sério.

- Preciso falar com Inácio, sei que ele está com você – a voz de Adelmo está tão séria quanto à de Atila – é do interesse dele... Em parte tem haver com o amigo dele, Robson.

Ouvi o nome de Robson, dito assim de forma tão séria, me deixa ainda mais inseguro. Vejo Atila segurando a porta para esta não sair do lugar. E ela parece ser pressionada, meu coração volta a bater de forma desesperadora.

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Comentários

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Uau! Adoro como os momentos com Atila são mágicos, sente-se uma atmosfera de amor nas ações dos personagens, mas detesto como sempre esses momentos são quebrados por situações chatas e inconvenientes. Por mim, você deveria publicar esse conto até eles ficarem bem velhinhos rsrsrs. Muito obrigado por proporcionar tão boa leitura!

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Cara, as coisas ainda estarão complicadas por um tempo, mas com Átila a proteger Inácio, tudo parecerá mais calmo. O que espero é que Inácio permita que Átila venha junto, corra os riscos junto, pois é isso o que ele quer. Amigo, essa história é muito envolvente, eu não consigo me desgrudar dela. Fala sério.

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