EM BUSCA DO SUCESSO - CAPÍTULO 9

Um conto erótico de Rocio
Categoria: Homossexual
Contém 2049 palavras
Data: 13/07/2019 21:05:52

César: Às vezes as pessoas escondem, escondem muito bem por medo.

Kauan: Ah é?

César: Pois é.

Um silêncio tomou conta do lugar.

Kauan: Tem alguma coisa que você quer me contar?

César: Tem

EM BUSCA DO SUCESSO – CAPÍTULO 9

Kauan: Desenrola aí.

César: Acho que ainda não é a hora, não sei se posso confiar em você.

Kauan: Eu te contei uma parada íntima da minha irmã, porque confiei pô.

César: Mas isso não muda nada.

Kauan: Não vai falar pra minha mãe que eu contei né? E nem contar pra sua família.

César: Até parece né Kauan que vamos nos meter na vida da sua irmã, ela gostar de mulher não tem absolutamente nada demais.

Kauan: Mas qual é, pode confiar em mim, todo mundo tem seus segredinhos.

César: E qual é o seu “segredinho”? – Ele fez sinal de aspas com as mãos.

Kauan: Ah eu desenrolo um back de vez em quando.

César: Um back? Isso não é nada.

Kauan: Você não é nada careta né, se eu conto pra minha mãe isso ela me mata.

César: Sou antenado, sei que hoje em dia isso não faz mal nenhum, pelo menos pra algumas pessoas.

Kauan: Qual é, vai contar o que você apronta ou não?

César: Não aqui, topa ir tomar um chopp qualquer dia?

Kauan: Topo, mas então bora jogar mais uma partida aí.

Os dois voltaram para a quadra. De longe, estavam sendo observados. Guilherme achou estranho ver o pai ali e quando chegou mais perto viu que era Kauan que estava jogando.

Guilherme: Pai? Jogando tênis com esse aí?

CALIFÓRNIA

Renan e Paula estavam de volta à cidade onde nasceram. Marta estava esperando com um belo café da tarde.

Marta: Meus queridos, que saudades de vocês, como foi a viagem?

Renan: Cansativa né mãe, aí mas a senhora fez torta de banana, que delícia.

Paula: Cuidado Renan, vai engordar.

Marta: O que isso no seu dedo Renan?

Renan: Ah, é um anel. – Ele olhou para Paula.

Marta: Parece mais uma aliança, será que já achou uma namorada na capital?

Renan: Que isso mãe! É que coloquei no dedo errado, deixa eu pegar um pedaço.

Marta: E como está o Juvenal?

Paula: Anda triste mãe, a situação lá não é das melhores.

Marta: Se um dia for pra eu ter câncer quero que Deus me mate de uma vez já.

Renan: Que horror mãe, vira essa boca pra lá, muita gente é curada do câncer.

Marta: Não é o que eu vejo, fiquem de olho naquela mulher, a Néia é capaz de dar um veneno pra ele morrer de uma vez.

Paula: A senhora não suporta ela né.

Renan: Mãe a Néia não é lá a pessoa mais legal do planeta, mas ela cuida muito bem do pai e como andam as coisas por aqui?

Marta: Uma violência danada nessa cidade, Califórnia não é mais a mesma.

Renan: Sabe do Giovani?

Marta: Foi pro retiro da igreja.

Renan: Nossa, nem vou vê-lo então.

CURITIBA

César: Guilherme, meu filho, encontrei o Kauan aqui e adivinha sabe jogar tênis!

Guilherme: Uma pessoa que cresce na favela sabe jogar tênis?

Kauan: Ei, rapaz, olha como você fala, eu não moro na favela não.

Guilherme: A vila pinto é o que?

César: Guilherme, mas que implicância é essa? Deixa de bobagem.

Guilherme: Pai, eu que devia estar jogando.

César: Você nunca quis saber de tênis, sempre foi fissurado em vídeo game.

Guilherme: Pai, eu acho estranho você ter uma relação próxima com o filho da empregada, primeiro ele tava lá em casa na piscina, agora aqui com o senhor?

César: Sempre me dei bem com garotos da sua idade, não é atoa que você sempre fez festas lá em casa.

Kauan: César, eu vou indo pra casa, tenho que resolver umas coisas.

César: Tudo bem Kauan, até mais, se cuida.

Kauan: Até. – Ele fez um sinal de despedida.

Guilherme: Esse garoto não me desce!

César: Você pare de implicar, ele é filho da Gilda.

Guilherme: Pai, tava entediado vim pra cá pra espairecer, vamos dar uma volta aí.

Os dois foram caminhar no parque.

César: Me conta o que aconteceu!

Guilherme: Uma garota aí, fiquei e nem me deu bola mais.

César: Sério? Não era você que sempre fez isso Guilherme?

Guilherme: Qual é pai, mas homem é normal né, agora ela recusar eu? Guilherme Macoppi.

César: Filho de quem você puxou toda essa soberba? De mim que não foi.

Guilherme: Ta, ta, mas é que sou um cara que se apaixona as vezes, quando encontra uma mina firmeza.

César: De onde você conheceu?

Guilherme: Da festa ontem, ela estuda comigo.

César: Guilherme a festa foi ontem, relaxa, você encontra ela na faculdade e se acerta.

Guilherme: Não vejo a hora.

DIA SEGUINTE

Jéssica e Gilda estavam sob o mesmo teto, porém sem quase trocar uma palavra.

Gilda: Onde vai Jéssica, assim toda arrumada?

Jéssica: Agora quer saber?

Gilda: Sou sua mãe, me deve satisfação.

Jéssica: Mãe eu se eu contar a senhora não vai reagir bem, então é melhor que não saiba.

Kauan chegou aos beijos com Luana em casa.

Kauan: Eita, estão conversando é?

Jéssica: Mãe, enche o saco deles aí tá, fui.

Gilda: Essa garota anda se comportando muito mal.

Luana: O Kauan me disse o que aconteceu, eu penso como a senhora dona Gilda, esses LGBT pedem respeito, mas não respeitam a família.

Gilda: Ah é? Encontrou uma boa namorada Kauan!

Kauan: Luana, menos por favor.

Luana: Na escola tem uma bicha louca dona Gilda, quer sabe assim, quer arrasar com todo mundo, passa maquiagem, usa salto, ridículo.

Gilda: Meu Deus do céu, se a Jéssica começar a se comportar como um homem?

Kauan: Mãe, a vida é dela.

Gilda: Você acha tudo isso normal meu filho? Homem querer mulher, mulher querer ser homem?

Kauan: Olha só, eu não faço questão de ter amigo gay, mas acho que cada um cuida de si.

Gilda: Vou falar com o padre da paróquia, ele deve saber me aconselhar.

Kauan: Por que não fala com seus patrões?

Gilda: É uma boa ideia também.

SHOPPING

Lucas e Samuel estavam aproveitando para ir ao cinema ver o lançamento de um filme da Marvel.

Samuel: Sabia que o Renan não gosta de filme de super-herói? Eu fiquei chocado!

Lucas: Nossa, que besta, eu amo, falando nele, quando ele volta?

Samuel: Amanhã né.

Lucas: Pois é, tem que trabalhar, feriado acabou.

Lucas reconheceu Jéssica e Taís na fila do cinema.

Lucas: Jéssica! E você é?

Taís: Taís, eu vi você na festa.

Lucas: Surpresa encontrar vocês aqui, eai deu tudo certo aquele dia?

Jéssica: Ah minha mãe que aceite do jeito que quiser e esse é seu boy?

Samuel: Eu? Não, não!

Lucas: Samuel, meu amigo.

Jéssica: Entendi.

Durante o filme, Jéssica pode observar Lucas se debruçando no ombro de Samuel.

Jéssica: Os gays não perdem tempo né.

Taís: A gente é mais evoluída. – Ela deu um selinho.

DIA SEGUINTE

HOSPITAL

Juvenal iria dar início a quimioterapia e Néia o acompanhou.

Néia: Doutora, posso aguardar aqui ou lá fora?

Médica: Aqui não, só lá mesmo, assim que terminar, nós mandamos chamar.

Néia: Amor, vou tomar um café na cantina. – Ela deu um beijo na testa de Juvenal.

Néia sentou-se à mesa e recebeu uma ligação de um interessado em comprar o caminhão de Juvenal.

Néia: Claro, claro que você pode visitar hoje, isso o caminhão está na minha casa, como é seu nome mesmo? Anderson? Beleza, eu aguardo você!

Néia correu para pegar um táxi e foi direto para a casa. Chegando lá, o interessado já estava lhe esperando!

Néia: Anderson?

Anderson: Dona Néia, já andei vendo o caminhão aqui de fora!

Néia: Pode entrar.

Anderson vistoriou o caminhão e percebeu que não valia muita coisa.

Anderson: Desculpa, mas os 15 mil que a senhora está pedindo, não posso pagar.

Néia: Um caminhão desse vale sim.

Anderson: Olha eu pretendo pagar à vista, mas se baixar pra 10.

Néia: A vista?

Anderson: Dinheiro vivo, posso ligar o caminhão?

Os dois entraram na cabine e Anderson achou que poderia haver um problema na bateria.

Anderson: Essa bateria não ta funcionando direito, eu poderia levar o caminhão na oficina pra arrumar?

Néia: Escuta aqui, não entendo direito e também não sou otária de deixar o caminhão com você, vou esperar meu marido sair do hospital pra resolver isso.

Anderson: Tudo bem.

Os dois desceram da cabine.

Anderson: Eu gostei bastante viu, pensa na minha proposta dos 10 mil, será que a senhora poderia me arrumar um copo de água?

Néia: Pode me acompanhar.

Na cozinha, rolou um clima, Anderson encostou-se atrás de Néia.

Anderson: Mulher cheirosa!

Néia virou-se e Anderson lhe tascou um beijo, dali os dois foram para a cama.

UNIVERSIDADE

Professora: O trabalho é em trio, façam com quem preferir!

Paula: Vamos chamar a Jéssica?

Renan: Vamos, Jéssica, quer fazer com a gente?

Jéssica: Ai quero sim! Vai dar pra fazer na casa de vocês?

Renan: Então, é que lá em casa... a gente tá passando por uma situação difícil, nosso pai tá em tratamento do câncer.

Paula: A gente pode fazer aqui na faculdade.

Jéssica: Ah sem problemas gente, melhoras por ele, podem ir lá em casa, acho que dá boa.

Guilherme resolveu chamar Gustavo para formar o trabalho o trio junto com Camila.

Gustavo: Eu? Claro que aceito!

Guilherme: É, o Enzo e a Valentina não se largam.

Enzo: Faz com o Gustavo pô, ele tirava notas boas no colégio!

Gustavo: Eram melhores que as suas.

Camila: Tá, quando pode ir lá em casa Gustavo?

Gustavo: No fim de semana né.

Guilherme: Tu joga play?

Camila: É pra fazer o trabalho Guilherme, não pra jogar play!

Gustavo: Mas eu jogo sim.

Enzo: Pensei que você não era muito chegado Gustavo.

Gustavo: Ah é? Por que?

Enzo: Nada não. – Ele fez cara de paisagem.

Valentina: Amor, volta pra cá, vamos começar a planejar o trabalho!

Enzo: Claro, minha linda.

No outro canto, Paula comentava sobre a beleza de Enzo.

Paula: Ele é lindo né, mas tem uma cara de escroto.

Jéssica: A namorada dele também.

Renan: Realmente, só eu acho que o Gustavo é gay?

Jéssica: Não, meu gaydar já apitou também.

Paula: Nunca desconfiei.

Jéssica: Viado e essa aliança aí? Tem namorado é?

Renan: Tenho, há pouco tempo e aquela menina lá da festa?

Jéssica: Estamos nos conhecendo.

Guilherme se aproximou de Paula.

Guilherme: Paula, será que a gente pode conversar?

Paula: Claro, vamos lá na cantina então.

Guilherme: O que aconteceu na festa, morreu lá?

Paula: Guilherme, não devia nem ter acontecido nada.

Guilherme: Gostei de você!

Paula: Você acha que eu nasci ontem né, não sou essas meninas bobinhas que você pega por aí.

Guilherme: Ei, nada a ver.

Paula: Olha a gente pode ser amigos, acho que é o ideal.

Guilherme: Então tá, amigos, amigos. – Ele disse num tom de deboche.

JARDIM BOTÂNICO

Sábado, Kauan chegou para uma partida de tênis, mas César não estava com as raquetes.

César: Hoje eu não trouxe.

Kauan: Ué, por que?

César: Quero conversar com você, num outro lugar, vamos lá no carro.

Os dois entraram no veículo e César deu partida.

Kauan: Pra onde a gente vai?

César: Num restaurante aqui perto.

A viagem foi em silêncio, chegando lá, Kauan percebeu que não tinha condições de consumir nada ali.

Kauan: Cara, isso aqui é caro!

César: Peça o que quiser, eu vou pagar.

Kauan: Fecho então, vou querer lagosta, nunca comi.

César: Ótima escolha, adoro.

Kauan: Mas então, eu estou muito curioso pro que você quer falar.

César: Então imagino que você já saiba.

Kauan: Existem algumas possibilidades que passaram pela minha cabeça nessa semana.

César: Um homem como eu Kauan, não iria ficar dando trela pra um garoto de 17 anos atoa.

Kauan: César, mas eu acho que eu não posso te dar o que você quer.

César: Calma, eu nem cheguei lá, a gente começou a se aproximar, eu acho que posso te oferecer muita coisa que você nunca teve, digamos... condições, imagina você poder frequentar restaurantes bons, poder comprar uma roupa boa, eu costumo viajar muito pra São Paulo a trabalho, sempre sozinho, eu queria uma companhia, a gente pode fazer essa troca Kauan, o que você acha?

CONTINUA...

Parece que o Kauan tá interessado, será?

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CÉSAR TÁ COMPRANDO KAUÃ MESMO DEPOIS DELE DIZER QUE NÃO PODE DAR O QUE ELE QUER. QUE COISA HORRÍVEL. GUILHERME NÃO É BOBO, JÁ ESTÁ PERCEBENDO A JOGADA DO PAI. MAS PERCEBI UM TANTO DE ACHISMO NAS PALAVRAS DE GUILHERME, DESCE DO PEDESTAL GUILHERME. O MUNDO NÃO GIRA EM TORNO DO SEU UMBIGO. SAMUEL ME PARECEU UM TANTO BABACA AO FALAR SOBRE RENAN PARA O LUCAS. NEM TODO MUNDO É OBRIGADO A GOSTAR DAS MESMAS COISAS.

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César e Kauan movem-me e, para mim, é o eixo principal dessa história. Conte-nos mais...

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