TEQUILA

Um conto erótico de ClaudioNewgromont
Categoria: Homossexual
Contém 915 palavras
Data: 16/07/2019 01:31:32
Assuntos: Gay, Homossexual

A criatividade na elaboração de drinques não conhece limites.

Era segunda-feira, estava escuro o céu que deveria estar azul, se azul fossem todos os céus do litoral. Apesar de quase dez da manhã, o vento insistente encrespava de leve as ondas do mar e os pelos do meu braço.

Caminhava com o sem rumo de quem está de férias, zero compromisso. Ao longe, na deserta praia, uma barraca preguiçosa boceja, o rapaz confirma, olhar no céu: não vai dar praia.

Meus pés deixaram o calçadão e se enfiaram na areia fofa e chuviscada da noite.

A solidão da praia mais o vento frio mais as nuvens escuras encobrindo o sol: tudo isso me dá um tesão danado! Se em Tambaba, estaria sentindo essa brisa e tudo no corpo inteiro, livre de interferência indumentária.

Perdido pensando meus desejos de nudez e os pingos grossos chegaram, consumando a manhã. Eu não queria me molhar, relanceei o olhar buscando abrigo, e este se apresentou como a barraca que se abrira há pouco. Acelerei...

Tão deserto como o resto do dia; sentei numa mesa do canto, que protegia meu corpo da chuva mas não meus olhos, que se deliciavam com a inusitada visão do temporal onde deveria ser sol. Dos fundos, barulho de pratos sendo lavados.

Meus olhos percorrendo o recinto bateram sobre uma garrafa de tequila. Por que não? Seria tão bom quanto festejavam os amigos? E todo aquele ritual de sal, limão e engolir de uma vez... Parecia-me complicado, mas atraente. Eu me sentia um adolescente prestes à minha primeira vez de qualquer coisa que fosse proibido: coração disparado, leve tremor (que poderia ser do frio da manhã), e até uma discreta excitação.

A noite fora convencional até onde pode ser. Jantar, brindes, volta na orla, conversas de se jogar fora... coisas assim. O início da semana exigia o inusitado. O meu seria a tequila. Minha primeira tequila.

O ruído interior cessou e um vulto assomou à porta. Apoderou-se de um cartaz menu e veio até mim, restos de sono no rosto jovem. Enquanto se aproximava, que mais poderia eu fazer senão repousar meus olhos sobre ele: camiseta sem manga, expondo morenos braços, apenas com os músculos necessários; calção de malha azul, um número a menos, creio, que as coxas que dele escapavam começavam bem em cima.

Nada mais pude constatar, ao parar meus olhos naquele volume nitidamente desenhado, deitado à esquerda, acompanhando os passos com leves movimentos.

Não sei se me demorei muito; estaria inconveniente? Busquei naturalidade onde não tinha, voltei-me para seu rosto solícito e, antes que me apresentasse o cardápio, pedi-lhe o meu desejo, a tequila e os acessórios.

Sentia-lhe o cheiro agreste entrando em mim. Cheiro bom. Poderia tocar-lhe, se me permitisse a ousadia e não me impedisse a timidez – tão perto estava. Fez-me uma ou duas perguntas de praxe, para formar o pedido, e se preparava para voltar, quando lhe perguntei pelo banheiro: o corpo urgia prazer.

Dirigi-me ao interior do recinto, por ele apontado, meus olhos dançando em suas nádegas a minha frente, e no começo de coxa, minha imaginação acariciando aquele volume horizontal à esquerda; sentia-me enrijecer.

Ele entrou para o balcão, eu para o banheiro. A porta no canto, no canto ficou. Libertando-me, a rigidez pronunciou-se, palpitando; fechei os olhos e os dedos, acariciando-me com o volume horizontal diante de mim, dentro de mim – de minha cabeça ao menos. Leves, sinuosos movimentos, sem pressa, construindo o prazer que se juntava.

Ouvi-lhe concluir o drinque mexicano na bandeja e iniciar seu caminho à mesa; passaria necessariamente pela porta aberta do banheiro, mas estava tão íntima minha conversa com meu corpo, que não ousei parar. Ou, quem sabe, meu inconsciente desejava coisas...

Imagino-o passando e parando. Meus olhos fechados na horizontalidade. Pensei que menearia a cabeça, entre incrédulo e resignado, e me deixaria no meu diálogo corporal, que já se encaminhava para o clímax, embora eu procurasse retardar.

Pressentindo-lhe parado, abri os olhos e encontrei-o equilibrando a bandeja com o branco líquido no copo e, com a outra mão, acariciando o volume, agora claramente maior sob o calção azul.

Meu olhar quase suplicante atraiu-o para dentro do banheiro; a bandeja sobre a pia e as mãos libertando aquela dureza que olhava insistentemente para cima, aos pulsos.

Sentia meu rosto em fogo, antes mesmo de beber. Agachei-me diante daquele deus fálico, cheirei-o em toda sua extensão, trazendo-o para dentro de mim, inebriando-me. Meus lábios experimentaram a textura macia, e minha língua sentiu-lhe o gosto saudável.

Aos poucos, foi se agasalhando em minha boca e pude sentir todos os gostos que se misturavam. Minhas mãos contornavam o moreno falo e o manipulavam com doçura, como há pouco em mim. O moreno gemia e seus grunhidos misturavam-se ao barulho da chuva sobre o telhado, que engrossara, como o volume que eu sugava ávido.

Os movimentos de pressão dos quadris denunciavam o relampear e o trovejar iminentes. Acelerei. Se contorceu. O salzinho que senti na língua avisou-me da chuva que desabou em minha boca, aos borbotões quentes e cremosos que me inundaram. Ele urrava, fazendo coro ao tamborilar forte no telhado, do toró que desabava lá fora. Ele desabou também.

Ainda com seu mel espalhado em minha boca, tomei o copinho de tequila sobre a pia e, como me disseram, emborquei de vez, descendo tudo garganta abaixo. Indescritível o sabor, a textura, o rasgar da bebida, suavizado pelo sêmen, e a quentura se espraiando pelo corpo todo.

Ah, a criatividade desses drinques não conhece limites...

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