AGORA É COM ELA, COMO NÃO AMÁ-LA? 7 - Calmaria.

Um conto erótico de Danysinha
Categoria: Trans
Contém 1580 palavras
Data: 17/07/2019 17:27:21

Entramos no carro. Eu tinha duas aguas de 500 ml, cedi uma pare ele lavar as mãos do lado de fora do carro, o que o fez bem rápido. Ele ajustou o cinto. Liguei o carro mais deixei no ponto morto, olhei para ele e perguntei.

- Passou!

O Sr Otávio respondeu:

- Sim, acabou!

Ele chorou!

Mesmo acuado ele não se humilhou, estacado ele ainda segurava a arma. Nem no momento da morte ele se arrependeu!

Essa noite uma mãe irá dormir com dor e sem o seu filho.

Essa noite o mundo deixou de ter um animal!

Ao chegarem no hospital, já eram quase quatro da manhã.

Sr Otávio foi conversar com sua esposa e trataram fazer rodízio, então ele iria para casa dormir. Leandro pegou Ana para levar na casa dela, iriam vir no fim da tarde ver eles.

De manha eu acordei, eram 7:30 hs, tomei um café, perguntei para minha mãe aonde estava a Giselle, porque ainda ela não tinha vindo, porque estava demorando tanto?

Então mamãe me contou o pedido de Giselle. Ela quis aproveitar a situação, de ir para o centro cirúrgico, já que tinha que ser operada, na boca, nariz um auxílio de um cirurgião plástico que ela já tinha feito consultas, para realizar sua feminização facial (FF).

Eu não entendi e perguntei o que era FF?

Ela me explicou que é quando as trans melhoram os contornos do rosto nos pontos aonde definimos os trejeitos masculinos para femininos. Levantamento das sobrancelhas, aumento das maças do rosto, frontoplastia óssea, avanço do couro cabeludo, rinoplastia (fazer a conversão do nariz dela), suavização do pomo de adão, diminuição do lábio superior, mentoplastia e osteotomia dos maxilares.

- Mãe você deixou, você é louca?

- Filho, não era o melhor momento, mais se ela aproveitasse a cirurgia de emergência pelo SUS iria pagar só a metade dos procedimentos estéticos, ela não tem dinheiro então eu e o seu Pai iremos contribuir com parte. Ele irá pagar à custa hospitalar as diárias e a rinoplastia. Eu vou pagar a correção no queixo e a frontoplastia, ela vai pagar as sobrancelhas e a diminuição do lábio superior.

- Mãe então deixa algo pra mim, deixa o pomo de adão, o avanço do couro cabeludo e qual e outro procedimento dela, qual dos dois é o mais caro?

- É a sobrancelha filho!

- Então deixa que eu acerto esses.

- Esta bem, mas paciência, os próximos três dias serão muito difíceis para ela.

- Aonde está o Pai?

- Foi dormir em casa, saiu fazer o B.O. Logo ele estará aqui e eu irei para casa ok!

O médico passou no quarto e acabou dando alta para o Rodrigo. Então com alta ele decidiu ficar no quarto esperando Giselle e pediu para sua mãe que quando seu pai chegasse que fossem embora, ele iria ficar cuidando dela.

Dona Luisa conversou com Rodrigo se era isso mesmo que ele queria. E já que todos se envolveram com ela, até financeiramente, o que ele achava de convidar ela para morar em nossa casa temporariamente até vocês decidirem alugar algo para vocês?

Eu concordei, mais pedi para conversar com ela para saber se concordaria.

Dona Luisa aceitou. Então Rodrigo teve uma nova ideia.

- Mãe então já que está tudo evoluindo, deixe o pai me levar na casa dos pais da Giselle, eles não sabem de nada. Preciso contar tudo o que está acontecendo e pedir autorização para eles se ela pode ir morar com a gente.

- Estou de acordo filho.

- Irei aguardar até vocês chegarem.

Neste momento o Sr Otávio chegou, eles explicaram a situação o que ele concordou e saíram para a casa dos pais da Giselle.

Meu pai estava calado e sério, não era comum. Perguntei para ele o que ele queria me contar longe da mãe. Já conhecia o olhar dele, foi então que me disse o que ele tinha ido fazer a noite junto com Leandro e como tudo terminou.

Fiquei perplexo com meu Pai. Não sabia que me amava tanto e como ele procurou proteger a Giselle.

Chegamos na casa dos Pais da Giselle, foi uma longa, tensa, difícil conversa. Ao final foram se desarmando e concordando com os desfechos e com o meu pedido dela morar em casa. Eles nos acompanharam até o quarto dela, fizemos duas malas inicialmente, sem nenhum roupa masculina, pertences pessoais que julgamos que fosse valorizar o nosso quarto, documentos.

A Sra Tereza abriu o fundo do guarda-roupa, tinha uma mala de viagem média, tipo para avião, de cor rosa envernizada, de rodas e alça, muito bonita. Ele comentou que sabia que ele escondia essa mala, já olhou o que tinha dentro, são roupas sociais, calçados, acessórios, pinturas, blusas e lingerie. Ela sabia que caminho seu filho tinha tomada e agora fica feliz por ele ter encontrado uma companhia a altura dele, descente e com caráter e que vai tentar absorver todos esses acontecimentos e acostumar-se que agora tem uma filha e que deve chama-la de Giselle.

Ela falou que ela sóbria muito, pois Giselle não demonstrava não se dava a entregar, mais fazia falta alguém para ela. Ela acordava com um sorriso em casa e nunca deixava de despedir-se de nós a noite. Sofríamos muito em casa, pois ela é uma pessoa maravilhosa, nos ajuda em casa com a limpeza, com as despesas, não é justo estar sozinha.

Eram 8:30 da manhã quando vieram nos dizer que foi tudo bem. Giselle está na UTI e se a evolução dela for satisfatória, terça de manhã irão removê-la para o quarto.

Eram 10:00 da manhã quando chegamos no hospital e tivemos as notícias da mãe. Deu para passar em uma loja e comprar um chinelo feminino para ela caminhar, um pijama e uma camisola. Assim ela não ira ficar sem roupas para usar no hospital. A mãe de Giselle procurou na mala rosa, uma roupa propícia para ela sair do hospital. Giselle tem bom gosto para roupas, tinha um vestido, muito bonito, de flores vermelhas, uma jaquetinha jeans para sobrepor o joelho e uma sandália de salto preta.

Terça-feira, Giselle entrou no quarto finalmente. Estava irreconhecível. Bandagens na cabeça e queixo. Sabíamos que era ela, mas estava uma múmia. Não podia falar, devido às compressas apertadas. Tadinha dela.

Peguei sua mão, passei a pondo dos meus dedos no rosto dela no espaço que estava descoberto. Molhei o meu dedo, e passei nos lábios dela levemente, falei ao ouvido, que era um carinho, mas acabei dando um selinho nela.

Vi que os dentes continuavam quebrados, eles seriam o próximo desafio, pois é necessário moldar a boca e isso só quando ela melhorar.

Estávamos todos os presentes, meus pais, os pais dela e nossos amigos Ana e Leandro.

Ela estava com muita dor, mais feliz de ouvir tantas vozes.

Mas a voz que fez ela chorar, foi a dos pais dela, quando pegaram na mão dela e chamaram de Giselle, nossa filha.

Dois meses se passaram, Giselle ainda tem umas poucas marcas de hematomas, abaixo dos olhinhos dela.

Já está ambientada com a nossa casa e não abre mão de ajudar minha mãe nas tarefas domésticas quando chega do serviço.

Ela está muito feliz e nesses dois meses e devido aos traumas e cirurgia, emagreceu 10 quilos. Ela também está surfando nessa fase para definir o seu corpo. Ela está com 65 Kg, os seus seios ficam mais destacados uma vez que a sua barriga e quadril diminuiu.

Ela está tranquila com o cabelo curto, talvez leve ainda mais uns quatro meses para chegar no comprimento que tinha antes de ser cortado por “eles”.

Marcamos nosso casamento para daqui dois meses. No mesmo dia e no mesmo horário que ficamos juntos sentados na praia olhando o por do sol.

Ela não me conta, mais disse que seu vestido é lindo.

Já reimplantou os dentes e trabalhamos só para pagar contas. Mais elas tem prazo e logo estaremos sem elas.

Agora podemos fazer amor, gostoso e somos um do outro.

Escolhemos o Restaurante Cascatinha em Santa Felicidade. Muito bom lá. Você acerta por pessoa, ai comida, bebida, refri e vinho à vontade.

Além de nossa vida tivemos alguns contatos que inicialmente nos eram interessantes e achávamos necessário de representantes classistas de Direitos Humanos e LGBT. Eles souberam de nossa história e percebemos que eles desejavam surfar em nossa história ao invés de realmente mostrar apoio. Acabamos percebendo que os recursos federais que vão para essas instituições é só para manter o padrão de vida dos dirigentes. Estamos vendo que estão sendo passado para todos a cultura da perseguição, a cultura do “coitadinho”. Não somos coitadinhos, não somos perseguidos por estarmos envolvido. O que aconteceu é filho desajustado cometendo erros por falta de educação e repreensão dos pais. Quem nos sustentou foram nossos pais. Não foram os movimentos classistas que nos visitaram no hospital, que pagaram nossa conta, que acompanhou meu pai na delegacia fazer B.O. Foram nossos pais e amigos.

Então eu e a Giselle estamos dispensando esse tipo de “ideologia de perseguidos e coitadinhos” para buscar esclarecer. Feliz de quem respeita o ser humano. Quanto mais estarmos divididos, mais teremos ódio de outro grupo e por ai vai.

Falta um mês para o nosso casamento. Espero muito ver ela de branco.

Como será que ela vai estar?

Ontem eu soube que o “menor” conseguiu habeas corpus para responder o seu processo em liberdade, mas com tornozeleira eletrônica. Lembro que Leandro me contou que mesmo preso ele fez ameaças.

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