- Tudo bem! Já disse que pra faturar teu coroa faço qualquer cosia mais do que bem feita, mas ainda não estou entendo nada. Dá pra explicar melhor esse seu plano, gênio?
- Até daria se tivéssemos tempo pra isso antes do meu pai voltar e se eu não tivesse que te explicar o que vai fazer assim que ele se aproximar de nós. Amanhã te ligo e tiro todas as suas dúvidas sobre minha armação. Por hora preste atenção em minhas instruções porque vai precisar começar a atuar já, já.
- Mas já? Assim de repente?
- Quer ou não, quer faturar o bonitão? Se quer vai ter que confiar em mim, não fazer mais perguntas por enquanto e fazer o que e te disser, ou acho melhor pararmos com tudo agora mesmo. É pegar ou largar. O que vai ser?
- Já que não tenho escolha, só posso dizer que tô dentro. Manda ver, esquentadinho.
- Muito bem! Tudo que tem a fazer por hora é esperar o velhote chegar, fingir que está bastante triste, despedir de nós dois e vazar do clube. O resto é comigo, entendeu bem?
- Então acho melhor começar a me concentrar nesse instante, porque se depender dos passos largos que seu pai está dando em nossa direção, vou precisar começar a interpretar o deprimido em menos de um minuto.
- Se vira nos trinta, neguinho. E agora ou nunca. Arrase na encenação e não demore pra se mandar daqui, Confie em mim e até amanhã. Boa sorte!
Na mesma hora eu fechei meu semblante, enruguei bastante minha testa, abaixei a cabeça e encarnei tão bem uma pessoa deprimida, que se algum Anthony Hopkins da vida assistisse a cena, morreria de inveja. E nem bem comecei com minha brilhante atuação, Sr. Ivo já foi chegando.
- Rapazes! Com certeza alguém me jogou uma urucubaca qualquer. Estão vendo aquela mulher de maiô azul, lá na frente do restaurant... O que foi, Rubens? Que cara de tristeza é essa, garoto? Morreu alguém?
- Quer fazer o favor de deixar de ser inconveniente, papai? Não está vendo o estado lastimável que meu amigo está? Fique quieto, que depois conto tudo pro senhor.
Nesse momento, conforme as orientações do Ivan, me levantei, despedi dos dois pra lá de “arrasado” e rachei fora sem nem olhar pra trás.
- Me desculpe pelo meu estado! Preciso ir embora, me trancar em meu quarto!
- Mas vai embora nesse estado, Rubens! Perguntou-me Ivan.
- Desculpe, meu amigo! Mas preciso ficar sozinho comigo mesmo! Com licença e peço-lhes que não venham atrás de mim por favor. Respeitem minha dor. Adeus!
-Mas... Mas... Ivan? O que aconteceu de tão grave para o Rubens ficar no péssimo estado em que está? Coitado! Parece que a coisa é mais do que séria! Ele foi embora derrotadíssimo! Que coisa mais louca! Quando chegamos ele estava tão bem e agorVenha pai! Sente-se aqui ao meu lado! Eu gostaria muito de poder contar pro senhor o motivo de toda tristeza e angustia do meu amigo, mas não posso.
- Como assim, não pode! Gostei tanto do seu amigo, filho! Quem sabe se você me contar, nos dois juntos não conseguimos pensar em algo para que o ajude a sair dessa.
- Não insista comigo, porque com certeza o senhor vai ficar tão triste quanto ele quando souber o motivo e a última coisa que desejo nesse mundo é vê-lo mal. Até mesmo porque a única pessoa que poderia ajuda-lo seria o senho... Não! Melhor o senhor não saber e irmos embora agora mesmo.
- De jeito nenhum! Se eu só eu posso ajudar, trate de me contar tudo nos mínimos detalhes agora mesmo, para que eu posa agir, Sr. Ivan. Anda moleque! Desembucha, logo! Isso não é um pedido, é uma ordem, está me ouvindo?
- Bom já que é assim, vou contar tudo pro senhor. Mas depois não vá dizer que eu não avisei, heim?
- Pare de enrolar e fale logo, criatura de Deus.
- Então, lá vai! Sabe quem é o único responsável pela tristeza do Rubens? O senhor!
- Eeeeuuuu? Mas o que foi que eu disse ou que eu fiz pro rapaz, meu filho! Me diga, porque preciso pedir desculpas pra ele agora mesmo e você vai comigo. Vamos fazer isso, antes de voltarmos pra casa.
- Quem dera se a coisa fosse assim tão simples, viu coroa? Na verdade o senhor nem disse nem fez nada de errado, o problema é que o senhor existe.
- Que coisa mais estapafúrdia é essa que está dizendo, Ivan? Não entendi nada, do que disse. O problema é que existo? Como assim?
- Como assim? Como assim que, simplesmente o Rubinho ficou completamente apaixonado, tão logo bateu os olhos no senhor. Tipo amor a primeira vista, sabe? E quando eu disse que ele nunca, jamais teria chance alguma com o senhor, na mesma hora ele desabou. Pois é? Pro senhor ver o quanto o senhor se auto desvaloriza a toa. Deixou o coitado do meu amigo doente de amor, sem ter movido uma palha sequer.
- Você deve ter entendido tudo errado. Isso não é possível! Como é que um camarada tão comum quanto eu, seria capaz de... Não! Com certeza você se enganou. E tomara que tenha mesmo se enganado, porque nisso infelizmente eu não poderei ajuda-lo. Você sabe muito bem que respeito muito a sexualidade de todo mundo, mas meu negócio é só buceta mesmo. Mesmo se eu quisesse, eu nunca conseguiria me envolver sexualmente com homens. E de mais a mais se o que está dizendo for mesmo verdade, não precisamos nos preocupar, porque sei muito bem que essas paixonites agudas passam rapidinho. Você vai ver.
- Se bem conheço o Rubinho, não sei não, viu paizão. Vamos torcer pro senhor está com a razão! Amanhã vou a casa dele, e se Deus quiser ele já estará melhor. Bom! Já está ficando tarde! Vamos vazar, velhote?
- Vamos sim filho!
- Aêêhhh coroa! Arrasando corações, heim meu? Bonitão! Gostosão! Lind...
- Já vi que agora tô fodido contigo, né moleque? Quer fazer o favor de parar de me encher a saco, engraçadinho? Vem! Vamos zarpar fora logo! And...
CONTINUA ...