Meu Loiro! - Capítulo 21 - Separação - Parte 1

Um conto erótico de Léo Hanz
Categoria: Homossexual
Contém 4561 palavras
Data: 24/07/2019 08:50:44
Última revisão: 24/07/2019 10:47:10

Boa noite, queridos. Aqui está mais um capítulo. De agora em diante, conhecerão mais à fundo nossos personagens. A trama central é claro, Fred e Humberto, porém, saberão mais sobre todos os outros e seus respetivos relacionamentos.

Este capitulo vai ser dividido em duas partes, e a próxima eu vou tentar postar ainda essa semana.

Obrigado por cada comentário e cada leitura.

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Chegando na igreja, Humberto ligou para seu pai e pediu para que ele encontrasse com ele na parte de trás do prédio. Rogério veio logo em seguida, onde trouxe o que seu filho havia pedido. Humberto pediu para que Ariel entrasse com ele pra ajudar a se trocar e assim foram para a sacristia, evitando quaisquer comentários sobre o noivo não ter chego na igreja ainda, faltando exatos 20 minutos para o casamento começar.

Ariel ajudou Humberto a se vestir e estava fazendo o nó de sua gravata, enquanto ligava sem parar para Fred segurando seu celular entre a orelha e o ombro. Estava tão preocupado com seu amigo, assim como o homem ridículamente bonito que estava em sua frente.

-Nada, Ari? - perguntou, sem emoção.

Ariel negou com a cabeça.

Humberto respirou fundo. Ariel ajudou ele colocar a gravata, ajeitando-a na gola de sua camisa, o que fez Humberto sorrir.

-Sabe... Fred sempre fazia o nó da minha gravata. Uma vez ele estava no meu quarto, e enquanto nós conversávamos, ele abriu minha gaveta de gravatas e fez o nó em todas elas. Devia ter umas cem lá dentro. - disse o moreno com um sorriso bobo no canto da boca. - Ele disse que era pra eu nunca mais me preocupar em ter que pedir para o meu pai fazer.

-Um executivo de 25 anos já devia saber fazer um nó de gravata há muito tempo, Beto! - disse o ruivo, tentando animar o amigo.

Humberto sorriu e respirou fundo.

- Bem, vamos lá. Eu vou até o altar e você fica com a Sá lá na frente.

-Certo. E ponha um sorriso em seu rosto, você vai se casar! - disse Ariel agora sério, como se quisesse puxar Humberto para a realidade em que ele mesmo se colocou.

Quando ele chegou até o altar, várias vozes bem baixas puderam ser ouvidas. Humberto Rogério Alighieri era definitivamente um homem maravilhoso que arrancava suspiros até de homens. Ele estava com um terno preto, camisa preta, colete preto, gravata azul e um lenço de bolso também azul. Qualquer mulher ali dentro adoraria ser a noiva. Se bem que a roupa era só um detalhe. Tinha um metro e noventa de altura, pele branca cheia de sardas e olhos azuis no mais claro sentido da palavra. Seu cabelo era preto levemente com alguns fios brancos que stavam penteados para traz num topete impecável, e sua barba embora grande, estava perfeitamente desenhada e alinhada. O mais legal de Humberto era que por mais que ele tinha aquele ar sedutor, era extremamente simples e modesto. Gostava das coisas boas que a vida podia proporcionar, trabalhava muito para têlas mas nunca gostou de ostentar nada. Várias pessoas achavam ele maduro demais para a idade, mas na verdade ele era muito sincero e atencioso com todos, desde que ninguém ultrapassasse sua privacidade.

Pillar veio como uma leoa atrás do filho. Era uma linda mulher, mas não lembrava em nada seu filho. Estava com um vestido verde esmeralda, seu cabelo preso num coque, e usava brincos e anéis da mesma cor do vestido.

-Onde é que você se enfiou, Humberto? - perguntou ela bem baixo, fingindo arrumar a gravata dele. - E pelo amor de Deus, eu mandei você tirar essa barba ridícula.

Humberto olhou pra cima.

-Mamãe querida! Eu tenho vinte e cinco anos e estou prestes a me casar. Para de me tratar como uma criança. - disse Humberto sorrindo sarcástico.

-Você foi atrás do Frederico, não foi? - perguntou ela, levantando uma sobrancelha. - Não percebe que ele virou as costas pra você? Pare de agir como um Imbecil!

- Fred não virou as costas pra mim, mãe. Eu bati nele. Ele está ferido. E a culpa é toda minha por isso. Mas sim, eu fui atrás dele. Fui implorar o meu perdão e colocar minha vida e decisão nas mãos dele. Mas para a sua alegria, eu cheguei tarde. - disse ele perdendo o sorriso.

Pillar estava em choque e aliviada ao mesmo tempo. Sabia que se seu sobrinho pedisse seu filho para largar tudo, Humberto largaria.

Céus, ainda bem que ele nao apareceu, pensou ela.

-Bom, eu pedi para que a Michelle, secretaria dele, ocupasse seu lugar com o Ariel e...

-NÃO! DE JEITO NENHUM! - disse Humberto completamente irado, porém baixo. - SE MEU PRIMO NÃO VIER, O ARIEL VAI ENTRAR SOZINHO!

-Você vai acabar com a formação dos padrinhos. As fotos no álbum ficarão horríveis!

-Você está preocupada com as fotos, mãe? Eu estou sofrendo a falta dele. Posso perder ele pra sempre, e você preocupada com o inferno do álbum? Tem noção do quanto eu estou sentindo a falta dele aqui? - disse Humberto. Ele é sua mãe se encaravam, um medindo forças com o outro.

Enquanto o noivo e sua mae estavam no altar, Rogério estava na entrada de costas para a rua e Ariel e Samantha estavam na sua frente. Estavam aguardando Alessandra chegar quando um homem loiro muito conhecido estava indo em direção à entrada e desviou a atenção dos dois.

- Não acredito! - disse Ariel e Samantha juntos e correndo até Fred, fazendo com que Rogério virasse e sorrisse aliviado, mas um pouco triste quando viu o sobrinho.

Fred vestia um terno preto, uma camisa branca, uma gravata borboleta preta e um lenço cinza no bolso. Seus cabelos que estavam na altura do ombro, estavam impecavelmente penteados para trás, onde dava pra ver certinho a divisão entre a sua cor natural e o loiro. Sua pele branca cheia de sardas já não mais apresentava o hematoma gigante do soco. (Ainda bem) Estava com uma leve barba por fazer. Não usava batom, nem rímel, nem lápis de olho, nem base. Não estava de brincos, nem anéis. Não estava de salto; usava um sapato social preto.

Uma persona diferente do Frederico que todos conheciam.

Ariel ao mesmo tempo que estava feliz por ver seu amigo ali, estava triste por ver o jeito que ele estava vestido. Pelo menos a única coisa boa era que tanto ele quanto o loiro estavam vestidos iguais.

Samantha estava boquiaberta, tentando reconhecer seu primo por trás daquele rapaz. Estava ansiosa para ver com qual roupa o primo viria, pois sentia que ele viria. Só esperava tanto pra ver alguém aparecer vestido como esperava pela Lady Gaga, musa de Fred.

Rogério estava atônito. Não lembrava quando foi a última vez que viu seu sobrinho tão... HETERO!

Fred tinha um estilo único. Mesclava roupas masculinas e femininas no seu jeito de vestir. Seu cabelo sempre loiro era todo bagunçado e desfiado, com bastante volume, e ele ainda usava um topete. Sempre usou batom, maquiagem, brincos, colares e pulseiras. E francamente, um sapato social preto? Quem era aquela pessoa?

Ele não estava ali;

Não era ele ali.

-VIADO! - exclamou Samantha, abraçando o loiro. - Que bom que você veio. E pode me explicar o que você fez com o meu primo? - disse ela sorrindo.

-Oi prima! - disse Fred um tanto envergonhado retribuindo o abraço.

-Oi meu amor! - disse Ariel colocando sua mão no ombro do amigo enquanto ele abraçava Samantha.

-Oi baby! - disse o loiro se soltando do abraço e indo abraçar Ariel.

Ariel soltou Fred mas segurou um pouco seu corpo.

- Que roupa é essa, Fred? - perguntou o ruivo com ar triste.

- Nao quero falar sobre agora, Ari. - disse o loiro dando os ombros.

-Meus amores, mesmo vocês dois estando vestidos como dois heteros, ainda são as bichas e os padrinhos mais lindos dessa igreja. Ainda bem que eu sou linda e o Henrique também, porque se não vocês iriam me ofuscar. - disse Samantha sorrindo e tentando aliviar a tensão entre seu primo e seu amigo.

Fred sorriu e levantou os olhos para cumprimentar seu tio que chegou logo em seguida, o abraçando.

-Oi tio! - disse o loiro abraçando forte Rogério.

-Me filho, que bom ver você! Onde foi que você se enfiou? Humberto procurou você igual louco pela cidade toda.

- Humberto foi atrás de mim? - perguntou Fred meio chocado.

-Sim. Ele foi até seu apartamento e depois até o cemitério. Não sabe a correria que foi pra fazer ele sair sem sua tia saber. O Ariel foi junto com ele. Fred, ele foi buscar seu perdão e está disposto a desistir de tudo por você! - disse Rogério olhando nos olhos do sobrinho.

-E todos nós estamos do lado de vocês, Fred. Mas o que tiver que fazer, faça agora. Antes que aquela nojenta da Alessandra chegue. - disse Samantha tranquila, embora eufórica.

- Humberto vai se casar com a minha bênção, tio. - disse Fred olhando para Rogério. - Se ele me enfrentou e está disposto a encarar as consequências disso tudo, então eu estou aqui por ele, para o que ele quiser esperar de mim. - disse o loiro.

-Mas e você meu filho?

Fred olhou firme para Rogério, e pela dor que viu nos olhos do sobrinho, viu que sua lógica era simples. Estava morrendo de dor em dar o amém à escolha do primo.

- Vou falar com ele, Fred e ele vai vir até aqui. - disse Rogério.

-Filha, segure a Alessandra uns minutos aqui enquanto o Ariel vai até o Humberto chamar ele. - disse olhando para o ruivo, que foi até Humberto. -Não quero ter que subir naquele altar até a cerimônia começar. - disse Rogério para a filha.

Ariel foi até o altar e pegou o final da discussão entre Humberto e sua mãe e chegou perto dele para dar a boa notícia a seu amigo.

-Baby, respire fundo e olhe para a entrada. - disse o ruivo bem perto do ouvido de Humberto. O moreno fez exatamente o que ele disse e sentiu seu coração bater forte e as lágrimas encherem seus olhos.

Humberto não disse nada, e simplesmente com passos largos, praticamente correu pela igreja, desceu rapidamente as escadas e se jogou nos braços de Fred que retribuiu o abraço, sentindo completamente o corpo forte e quente do primo. Imediatamente sentiu seu corpo recuperar a força que o loiro havia perdido há 50 dias atrás, sentindo a paz voltar e entendeu tudo;

Nunca abandonaria Humberto.

-Meu loiro! Eu procurei tanto por você. - sorriu.

-Fiquei sabendo...

-Fui até seu apartamento, depois fui até o cemitério. Cheguei tarde e achei que nunca mais sentiria seu abraço de novo. - disse Humberto se afastando um pouco, mas sem soltar o abraço.

Fred estava tão diferente. Simplemsnete não era ele, pensou. Tateava com uma mão o corpo do loiro tentando encontrá-lo naquela figura tão... masculina. Mas quando olhou em seus olhos, viu que era seu primo. Seu primo que cresceu junto a ele. Aquele Fred sem filtro.

-Humberto, você vai acabar com a sua vida! Vai se arrepender amargamente com escolha burra que você está fazendo. - disse o loiro segurando e puxando o rosto do primo a poucos centímetros do seu. - Mas ainda sim, você é a pessoa que mais importa na minha vida. Então estou aqui por você!

Humberto sorriu e sentiu a paz e a alegria de viver naquele momento. Abraçou com tanta força o primo com toda a sua alma e amor gritando no seu peito. Mas se soltou um pouco só para olhar em seu rosto e seu sorriso foi ficando sério.

-Me loiro, perdão. Eu te amo tanto cara. Eu não quero perder você e não posso perder você. Eu desisto de tudo nesse exato instante. É só você me falar que é isso o que eu preciso fazer pra te ter de volta. - suplicou.

Frederico por um segundo pensou na possibilidade, e quis muito falar bem baixo, assim como Humberto falava com ele agora, "Então desiste". Mas apesar de querer falar o que o seu coração mandava, o loiro negou com a cabeça e segurou firme a mão do primo.

-Você não pode desistir, Beto. Não mais!

-Eu posso sim meu loiro. Tudo o que eu não posso é perder você.

-Mas você não vai me perder. Estou aqui, estarei aqui sempre do seu lado como seu primo. Se o grande problema é achar que vai me perder, se casa e seja feliz. - disse o loiro.

-Fred, por que? - perguntou Humberto começando a chorar e buscando os olhos do primo, que sorriu e se afastou.

-Porquê eu também te amo!

Humberto começou a chorar, e quando ia falar, Pillar chegou puxando ele pelo braço e levando ele ate o altar, lhe avisando que Alessandra estava chegando. Olhou rapidamente para o sobrinho, achando que era algum amigo de Humberto, mas olhou com mais atenção e enxergou as sardas dele. Suspirou aliviada. Ainda bem que ele e o amigo estavam vestidos como homens. Já não bastava ter que engolir dois homens sendo padrinhos, estarem registrados no álbum do casamento ao lado de todos. Não queria nem imaginar o que sentiria se aqueles dois estivessem vestidos como realmente gostariam de estar. Atrás dela vieram Samantha tentando impedir sua mãe de atrapalhar seu irmão, e Ariel pra saber o que iria acontecer. Fred colocou uma mão no bolso e com a outra passou pelo braço de Ariel, que abraçou o loiro e deu um terno beijo em seu rosto com o intuíto de dizer "Estou aqui". Seguiram para a Igreja, onde Fred e Ariel entraram atrás de Rogerio e Pillar, onde o loiro implorou ao seu tio para deixar ele e Ariel entrarem primeiro. Rogério prontamente atendeu o pedido, pois sabia que o sobrinho não aguentaria abraçar seu filho por muito tempo naquelas condições, já que ele e Pillar estariam atrás. Então o abraço teria que ser rápido. Samantha buscou Henrique e foi entrando atrás de seus pais, onde entraria logo em seguida. A tão conhecida marcha nupcial anunciava que o casamento estava começando. Um Humberto triste começou a andar pelo caminho até o altar, olhando todos ao seu redor. Estava nervoso, mas aliviado, porque estava chorando e todos pensariam que ele estava emocionado em se casar, sentimento esse que não existia.

Alessandra era uma mulher maravilhosa. Tinha 23 anos, era loira natural, olhos castanhos quase verdes. Era uma mulher fina, sustentava sua elegância. Estava usando um vestido tomara que caia bem solto para disfarçar sua já notável gravidez de três meses e meio. Não tinha vergonha de estar grávida, pois sua gravidez aparente mostrava a todos que era fruto de seu amor com Humberto. Olhava à sua frente, onde estava seu noivo de contos de fadas. Casar com Humberto era um sonho. Faria de tudo para fazê-lo feliz e seria feliz também. Olhou para o lado dele onde viu Ariel e Fred. Ambos os dois vestidos como dois homens, o que foi um alívio para ela. Sabia que Fred não a suportava, e não sabia o porquê disso tudo. Pensou que seria ciúmes, pois finalmente alguém tinha roubado o coração de Humberto. Teve que suportar muitas piadinhas de seus amigos e familiares de que teria que pedir a autorização de Fred para casar com Humberto, e não aos pais dele. Apesar de não contrariar a ideia de Humberto escolher eles para serem padrinhos, que foi longe de ser um pedido, mas sim uma condição, ela não estava muito contente com aquilo. Imaginem o que os outros iriam comentar. Ela não era tão preconceituosa quanto sua sogra. Adorava Fred e estava muito feliz de ele estar ali. Não o via desde que ele e Humberto brigaram feio há quase dois meses atrás. Mas apesar de gostar dele, nao enxergava com bons olhos o relacionamento deles, e estava disposta a tentar aos poucos afastar os primos, com ou sem a ajuda de Pillar. Imaginou que a briga dos dois foi por conta de Humberto ter contado a Fred sobre o casamento e a gravidez. Mas como seu marido nunca lhe disse nada, não tinha o porquê se preocupar. Se ele estava ali, era porque tudo tinha se resolvido entre eles.

A cerimônia correu muito bem. Humberto estava sério, como nunca esteve antes. Rogério e Thiago olhavam para Humberto. Sua mente e seu coração estavam em conflito. Rogério olhou sutilmente para o sobrinho e notou que ele estava de cabeça baixa segurando a mão de Ariel. Ele não queria registrar nada daquela cena. Ainda bem que estava terminando.

Quando o padre perguntou se havia ali alguém presente que era contra a união dos dois, Ariel, Rogério, Pillar, Thiago, Beatriz, Samantha, Henrique e Dante prenderam a respiração e olharam disfarçadamente para Fred, onde o loiro apenas respirou fundo com olhos baixos e segurou firme a mão do ruivo. Humberto olhou na direção de seu pai, e quando viu pra onde todos estavam olhando, virou e baixou a cabeça e o olhar.

Era a hora de abençoar as alianças.

O protocolo foi todo feito com o padre oficializado o famoso "Eu vos declaro Marido e Mulher. Para a surpresa de todos, Humberto deu um beijo bem sutil na boca de Alessandra e depois um outro em sua testa. A loira estranho a atitude do marido, mas não deu tempo de pensar, pois começou a ser cercada por seus familiares.

Fred e Ariel foram os primeiros. Abraçou Alessandra, e Ariel, Humberto. Quando chegou perto do primo, abraçou ele bem de leve, se soltando inclusive de Humberto, pois o mesmo a todo custo o puxava para si. Tinha mais sete casais para cumprimentarem. Pegou o braço de Ariel e olhou para o tio, dando uma piscada e falando um inaudível "obrigado" por seu tio ter ajudado ele. A igreja era próxima da casa de Rogério, onde seria a festa. Seguiram todos pra lá.

Amigos e conhecidos por todos os lados. Fotos para o álbum. Protocolo seguido à risca por Fred, onde ele respirou fundo e colocou sua mais falsa máscara de felicidade no rosto. Uma máscara que ele passou cinquenta dias criando. Ficava esperto para se manter o mais longe possível de Humberto. Quando as fotos dos padrinhos terminou, o fotógrafo anunciou que era hora da foto dos noivos. Fred viu a deixa e puxou Ariel até o jardim da casa.

Enquanto andavam, Fred buscava desesperadamente a caixinha de seu cigarro nos bolsos. Não tinha vindo de bolsa e estava perdido tentando encontrar nos bolsos do terno, quando finalmente achou. Acendeu um cigarro, onde deu uma forte tragada, entregando para o amigo e acendendo outro pra ele. Sentiu um leve alívio. Samantha seguia seu primo e seu amigo com os olhos e quando tentou chegar perto deles, sentiu seu pai segurar seu braço, dizendo que Fred precisava de um tempo pra ele e que Ariel daria conta de acalmá-lo.

- Como você está, meu amor? - perguntou o ruivo.

-Anestesiado. Eu preciso beber e ir pra casa.

-Quer que eu vá com você?

-Ari, eu iria amar demais ter sua companhia. Não sabe o quanto me ajudou hoje. Mas eu preciso muito ficar sozinho, e não serei uma boa companhia pra você. Ficarei mais feliz se você ficar aqui com a Sá. Ela vai querer beber com você e não vai te deixar ir embora.

Ariel concordou. Fred tinha suportado o mundo aquela noite. Precisava ficar sozinho.

-Me promete que vai ficar bem?

Fred deu os ombros.

-Eu vou ficar. Só preciso dormir. - disse o loiro abraçando o ruivo.

Depois de 15 minutos fumando com Ariel e conversando com a nova namorada de Dante, que estava sendo sua melhor amiga depois de três copos de whisky, Fred pediu licença, se despediu de Ariel, Dante e Bárbara. Pediu para que Ariel explicasse para Samantha o motivo de sua saída e combinou com o ruivo de se verem no dia seguinte. Foi andando pela casa, encontrou seu tio e sua tia saindo de perto dos noivos. Ia até Rogério informar sua saída à francesa, quando sentiu Alessandra entrelaçar seu braço no dele.

- Que bom te encontrar sozinho! Queria falar um pouco com o meu padrinho de casamento, e agora o meu primo. - disse Alessandra sorrindo. Fred buscou Humberto com os olhos desesperadamente. Alessandra notou e sorriu. - Ele está com alguns diretores da empresa. Estão parabenizando ele.

-E você está fazendo o que aqui? Devia estar com ele, já que agora é a mulher do chefe! - disse Fred com mais sarcasmo do que gostaria.

-Eu já vou voltar pra lá. Mas antes eu queria conversar um pouco com você. Queria dizer que estou feliz que esteja aqui. Esses quase dois meses antes do casamento tem sido difícil para o Beto, e agora eu vejo que ele está feliz por você estar aqui. - disse ela fazendo um carinho no rosto do loiro, que se sentiu profundamente incomodado. Não engolia Alessandra de jeito nenhum. Alguma coisa ele sentia. Olhou em volta e viu que não tinha ninguém conhecido por perto. Acendeu um cigarro, deu uma tragada e naquele momento fez valer sua ida até aquele maldito casamento, dizendo tudo o que estava no fundo de sua alma.

-Alessandra, você é inteligente e eu também sou inteligente. Então, vamos direto ao ponto. - falou deixando a recente esposa em alerta. - Você se casou com o mais precioso tesouro da família Alighieri. Humberto é um homem maravilhoso, um bom filho, um bom amigo e um bom primo. É a melhor pessoa que eu já conheci na minha vida. É o motivo de eu acordar sorrindo todo dia, e tambem é o motivo de eu estar aqui hoje. Fazer ele feliz é tão fácil que chega a ser patético; ame ele pela pessoa que ele é, valorize o trabalho dele, receba os afetos que ele vai te dar. Humberto é um homem extremamente carinhoso, gosta de fazer tudo junto. Vai querer te proporcionar tudo o que estiver ao alcance dele. Diga que o ama todos os dias e terá pra você o melhor e o mais perfeito marido que você se quer já imaginou. Faça ele feliz, e por mais que eu nunca venha gostar de você, eu vou ser grato e respeitar você eternamente. Faça ele infeliz um dia, e você vai ter o pior inimigo que nunca teve na sua vida. Vai conhecer o tamanho do amor que eu sinto por ele da pior forma que você possa imaginar. Eu não vou te desejar felicidades, pois estar casada com ele já é sinônimo de felicidade. Vou te desejar sorte, destreza e sabedoria, porquê pra manter essa felicidade, só depende de você!

Fred deu uma última tragada no cigarro, pegou um copo de whisky na bandeja do garçom que passava ao lado deles e virou tudo num só gole e deixou Alessandra sozinha. Fred era um homem gentil e doce, parecia até frágil as vezes. Mas Alessandra estava assustada. Não que ele tivesse ameaçado ela. Mas ali, ela realmente conheceu o tamanho e a força do amor que seu "cunhado", Fredereico Medeiros, sentia pelo seu marido. E sabia que ele não mediria forças para protegê-lo. Sabia que seus erros custariam caro se chegassem aos ouvidos do seu padrinho de casamento.

Apesar de beber quatro copos de whisky, Fred estava longe de estar bêbado. Andou pela casa e quando chegou na porta da sala, viu seu tio e Humberto. O primo procurava alguém com os olhos. Provavelmente seria Alessandra. Deu meia volta e estava indo para a saida da da casa quando oiviu seu nome sendo chamado. Por instinto, continuou andando como se não ouvisse, mas tropeçou e quase caiu, se não fosse Humberto ter segurado forte seu braço. Tentou tirar forças de onde não tinha para olhar pra ele. Sorriu, e quando olhou o semblante triste de Humberto, notou que se tivesse ficado sério, teria mais efeito.

-Estava procurando você! Podemos conversar só um pouquinho? - disse Humberto ainda segurando o braço do loiro.

-Na verdade Beto, eu tô indo pra casa. Preciso descansar. Segunda‐feira eu viajo e sabe como nós ficamos quando temos que viajar. - disse o loiro olhando pra baixo.

Humberto sabia que Fred já tinha suportado o peso do mundo pela amizade deles, mas sintiu o desespero tomar seu corpo quando viu que ele estava indo embora.

-Você ia se despedir de mim? - perguntou Humberto.

-Sabe que não... - Fred olhava pra qualquer outro lugar. Não conseguia olhar os olhos de Humberto, por mais que seu primo buscasse os seus olhos.

-Meu loiro...

-Humberto, eu fui seu padrinho, dei minha bênção no seu casamento, tirei fotos, fiz tudo o que eu prometi a mim mesmo que iria fazer. Não tem mais o porquê eu estar aqui, não me peça isso. - disse o loiro fechando os olhos.

Humberto soltou o braço de Fred, que acendeu outro cigarro.

- Estou te perdendo. Por mais que você negue, eu estou perdendo você.

- Não, não está porquê não há o que você possa perder. Eu só preciso... - disse o loiro tragando o cigarro. - Sei lá do que eu preciso...

Humberto estava sentindo uma dor enorme invadir seu peito por ver Fred perdido daquele jeito. O que fez com seu primo, meu Deus! Quem era aquele homem que tinha assumido seu corpo? Onde estava aquele estilista fabuloso, enterrado por uma figara masculina da qual não era nada parecido com ele? Onde estava aquela determinação e fonte de auto controle que seu primo era dois meses atrás?

-Me promete que vai direto pra casa? Não vai passar em nenhum outro lugar? - pediu sabendo que não podia mais segurar ele ali.

-Prometo. Vou pra casa, tomar um banho e dormir por longas horas. Quando eu acordar estarei me sentindo eu de novo. Obrigado por compreender. Me liga quando você voltar da lua de mel?

-Mas claro que sim. Aliás, vou te ligar amanhã assim que eu acordar. Quero ter certeza de que acordou bem!

- Humberto, sei muito bem me cuidar. Aprendi a viver sozinho há um ano depois que meus pais morreram. - disse o loiro abraçando forte Humberto. - Que o universo te abençoe e te conceda toda a felicidade do mundo. Te amo!

-Eu também amo você! - disse Humberto abraçando forte o loiro.

Se soltaram do abraço e Fred foi andando até seu carro. Humberto foi seguindo devagar o loiro para não ser notado, até que viu seu primo entrar no carro, acender outro cigarro, dar a partida e sumir pelos portões da casa.

-Adeus, meu loiro. - disse Humberto a si mesmo.

- Ele foi embora? - perguntou Rogério chegando em seguida, assustando Humberto.

Quando ele virou e viu seu pai, começou a chorar e correu abraçar ele.

-Pai, o que foi que eu fiz? - disse Humberto entre choro e soluço.

Rogério não sabia o que dizer, apenas ficou acariciando o cabelo do filho que estava praticamente jogado em seus braços com a cabeça encostada em seu peito. Tentou conter as lágrimas para não se mostrar triste. Humberto precisava reagir. Era o casamento dele. Seus familiares, sogros e todo o resto estavam lá dentro, com certeza se perguntando onde o noivo foi parar.

-Humberto, calma. Dê tempo ao tempo. Deixa o Fred se curar sozinho. Amanhã é um novo dia e tudo vai ficar melhor. - disse Rogério.

Humberto respirou fundo. Precisava voltar para a festa.

Infelizmente!

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E aí pessoal, o que acharam? Não esqueçam de comentar o que estão achando da história. Comentários são uma delícia, pois nos aproxima ainda mais. Muito obrigado a todos pela leitura. Pastarei a próxima parte ainda essa semana. Beijos à todos.

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