Bom dia meus amores! Como vão vocês? Como prometido, aqui está a segunda parte do capítulo. Comentem o que estão achando. Uma boa leitura á todos.
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Frederico saiu da casa de Rogério dirigindo calmamente. Não estava se sentindo bêbado, mas todo cuidado era pouco. Afinal, não iria querer acabar com sua vida do mesmo jeito que seus pais… ou queria? ... Afastou esse insano pensamento e acendeu outro cigarro. Estava fumando demais. Mas o cigarro era sua única companhia. Sabia que estava sendo um completo sem vergonha de apoiar seus problemas no seu vício, mas não queria pensar muito nisso agora. Foi chegando em casa. Entrou no estacionamento, subiu o elevador e quando chegou na porta foi procurar suas chaves no bolso daquele smoking e só então notou que tinha deixado a porta de seu apartamento aberta. Deus do céu, como ele estava distraído. Saiu tão incerto do que estava fazendo de casa mais cedo que nem lembrou de trancar a porta. Foi entrando e acendendo a luz da sala, do corredor e da cozinha. Entrou lá e começou a tirar aquela maldita roupa e foi até a lavanderia onde colocou as peças dentro de um saco preto de lixo. Abriu a porta da lavanderia e entrou na sala onde ficava o lixo. Era ali que estava enterrando aquelas roupas. Nunca mais queria olhar para elas na vida. Só então notou que estava de cueca e agradeceu por o andar ser somente seu. Entrou em casa de novo e foi até sua suite. Tomou uma banho longo. Não estava sujo, afinal tinha tomado banho para o casamento. Mas aquele banho era pra poder limpar tudo aquilo que ele tinha passado nas últimas horas. Desligou o chuveiro e se secou. Enrolou a toalha na cintura e olhou no espelho tentando de alguma forma tirar seu verdadeiro Eu daquele reflexo tão abatido. Fred saiu do banheiro e foi ate seu enorme guarda roupas. Abriu as portas do meio, onde de lá tirou um smoking rosa, feito por ele, pois sabia que no fundo iria no casamento. Iria vestir aquele smoking, junto com uma camisa preta e um colete da mesma cor do smoking. Sua gravata também seria rosa e seu lenço de bolso preto, uma cor contrastando com a outra. Os sapatos eram a peça mais linda do look: uma Ankleboot preta envernizada. Olhou para aquela roupa e respirou fundo. Estaria fabuloso se tivesse vestido ela no casamento.
Mais cedo quando ele estava se arrumando, só faltando o cabelo para ajeitar, olhou no espelho de seu guarda roupas. Se sentiu lindo e orgulhoso do talento que tinha para desenhar e confeccionar suas roupas. Porém, quando lembrou todo o sofrimento que passou em seus pensamentos enquanto fazia aquela roupa, que simplesmente tirou tudo o que estava vestindo e vestiu o terno que tinha jogado há pouco no lixo. Não queria estar no casamento do amor de sua vida contra a sua vontade se vestindo e se expressando do jeito que ele era. Abandonou o Frederico estilista e assumiu um Frederico que ele nem mesmo lembrava que existia. Todos iriam notar a gritante diferença, e era esse o objetivo do loiro: não estaria lá, tiraria fotos mas quando as visse, não iria reconhecer ele mesmo nelas. Essa foi a sua forma de se guardar pra si mesmo de Humberto. Fred era uma pessoa completamente intuitiva e tinha emoções à flor da pele, embora escondia elas muito bem. Sempre que seu humor mudava ele mudava alguma coisa em seu estilo ou no cabelo. Mas NUNCA tinha mudado tão completamente como mudou à pouco. Ele estava softendo. Sua mudança de vestuário mostrava seu sofrimento. Frederico literalmente se despiu de si mesmo. Ir até o casamento não sendo ele foi a sua redenção. Estaria ali sem estar.
Foi indo em direção da cozinha, quando passou e parou no quarto ao lado do seu. O quarto de Humberto estava decorado do jeito que seu primo gostava. Tudo estava muito organizado e limpo, graças à sua ajudante, que mantinha sua casa em ordem enquanto ele estava fora. Entrou no quarto e respirou fundo. Sentiu o cheiro de Humberto lá dentro. Abriu o guarda roupas do primo e passou a mão pelas peças que ele tinha deixado lá. Imediatamente sentiu o desespero tomar conta de seu corpo e saiu do quarto, trancando a porta e seguida. Tirou a chave da fechadura, voltou pro seu quarto e, da sua sacada, jogou a chave o mais longe que conseguiu. Estava chorando e continuou por alguns minutos. Não queria nunca mais entrar naquele quarto, e se pudesse simplesmente apagava aquele cômodo de seu apartamento. Se um dia Humberto precisasse de alguma peça de roupa, inventaria uma história que tinha perdido a chave e chamaria um chaveiro. Mas se isso não acontecesse, simplesmente manteria aquela porta fechada pra sempre. Entrou no seu quarto e deixou a porta da sacada aberta, fechando apenas a cortina. Apagou as luzes da casa e deitou na cama, abrindo a gaveta de seu criado mudo, pegando dois comprimidos de dor de cabeça e engolindo com água da garrafinha que estava ali. Pegou seu celular e desligou. Queria ficar incomunicável. Deitou no travesseiro e tentou pegar no sono mas ficou rolando na cama por quase meia hora. Quando levantou e sentou no lado oposto que ele dormia, Fred sem querer olhou para o porta retrato que ficava no outro criado. Uma foto de Humberto que Fred tinha tirado na praia, no dia de seu aniversário. Quando olhou para os olhos do primo na foto, sentiu uma vontade absurda de chorar, pegou seu cigarro e subiu até o andar de cima do apartamento, onde havia montado uma pequena academia pra ele, ja que tinha ficado 50 dias sem por o pé fora de seu prédio. Foi o jeito que encontrou de manter a forma. Sentou na bicicleta e começou a pedalar, sentindo aos poucos sua respiração e batimentos aumentarem. Por mais que ele tentava não deixar, pensamentos inevitáveis de um passado distante começavam a brotar em sua mente
(Flashback)
"Fred estava feliz por aquele dia. Estava completando 18 anos. Era por volta das 19h da noite de um sábado quando estava terminando de se arrumar em seu quarto. Todos de sua família viriam até a casa de seus pais para sua festa. Ariel já estava com ele. Tinha chego na sexta. Samantha chegou no sábado de manhã e estavam os três passando o dia juntos. Mais a noite, iriam todos comemorar a maioridade do loiro numa balada LGBT. Fred não via a hora de irem. Aguardava ansioso a chegada de seu primo que estava viajando e chegaria dali alguns instantes. Sentia tanta falta de Humberto que quase não cabia dentro dele. Meia hora depois seu primo tinha chego. Se cumprimentarem e se abraçaram como sempre faziam. A festa estava rolando quando Desirée chamou todos para o parabéns. Fred não gostava muito de cantar parabéns, porque nunca sabia se sorria ou se batia palmas. Depois que o parabéns terminou, um "com quem será que o Fred vai casar" pôde ser ouvido por todos, deixando o loiro extremamente envergonhado e surpreso ao mesmo tempo, pois era Humberto quem tinha começado. Quando chegou no "vai depender se o Beto vai querer", o moreno soltou uma gargalhada e correu até o primo, notando seu desconforto."
"-Estou morrendo de vergonha, Beto. - disse o loiro abraçando o primo. "
"-Vergonha do que, Fred? Não quer casar comigo não?" Perguntou Humberto olhando sério para os olhos de Fred."
"O loiro simplesmente não respondeu, pois foi cercado pelos seus pais que queria cimprimenta-lo, seguido de seus tios e depois seus primos e amigos. Subiram os cinco para o quarto do loiro para se arrumarem para a festa. Fred estava se sentindo maravilhoso naquela noite. Terminaram de se arrumar e foram até a balada."
"Fred dançava ao som de hits pop da época. Lady Gaga, Madonna, Britney… dançava como nunca junto com Ariel e Samantha. Estavam se divertindo muito. Humberto estava feliz de estar ali junto com o loiro, seus irmãos, seu primo e seu amigo. Numa determinada hora da noite, dois homens usando apenas sungas carregando um bolo de aniversário cheio de velas se aproximavam de Fred. O loiro quis se afundar no chão de tanta vergonha, e nesse momento sentiu seu primo lhe abraçar de lado, cantando parabéns. Fred soprou as velas e abraçou Humberto. Que noite incrível seu primo estava dando a ele!"
"Fred estava bebendo whisky, fumando e dançando um remix bastante eletrônico de Bad Romance, quando seu primo chegou perto dele e começou a dançar junto, abraçando Fred por trás e encaixando o corpo do loiro no dele. Fred estava tão desligado que deixou seu corpo seguir a música e começou a rebolar, sem lembrar de que estava dançando com seu primo. Humberto estava se divertindo e experimentando as sensações que o corpo de Fred estava proporcionando tão junto à ele. Fred virou de frente e beijou o pescoço de Humberto, passando a língua até sua orelha. Humberto fechou os olhos e sentiu pela primeira vez na vida um incontrolável tesão que nunca tinha sentido. Sua única reação foi puxar Fred com mais força do que pretendia para abraçá-lo com força, fazendo com que o loiro que ainda dançava perdesse o equilíbrio e agarrasse seu pescoço, quase beijando ele."
"-FRED!" - gritou Humberto, fazendo com que o loiro recuperasse seus sentidos.
"-Me desculpe!" - sorriu o loiro meio sem jeito.
"- Meu Deus, você quase me beijou!"
"-Se coração batendo forte desse jeito indica que ou você se assustou ou queria isso tanto quanto eu". - provocou o loiro.
"-O dia que eu quiser te beijar eu simplesmente vou te beijar primo, e meu coração não vai estar disparado porque eu não vou estar assustado como eu me assustei agora."
Fred olhou para os viciantes olhos azuis de Humberto, que mostravam segurança e ternura. O loiro levantou uma sobrancelha."
"-Tá ouvindo o que você está falando?" - perguntou o loiro.
"-Estou." - respondeu dando os ombros.
"-Então me explica!"
"-Eu quero que você saiba que eu amo você. Você é meu primo, meu amigo, meu irmão, meu tudo. Você é o presente mais lindo que eu já recebia na vida. Você é importante demais pra mim e eu quero que saiba que…" - ficou quieto de repente. Fred estranhou o primo. Estava começando a achar que ele poderia também ser gay."
"-Hey, me escuta." - disse o loiro puxando o queixo do mais velho pra cima. "-É recíproco. E quanto ao beijo, sei lá. Não vejo problema nisso porque eu e você sempre fomos livres de qualquer maliciosidade um com o outro. Apesar de eu ser gay e sempre saber disso, nunca tivemos problemas com essas declarações de carinho e afeto. Olha como nós estamos agora!"
Humberto sorriu. Eles estavam abraçados e seus rostos estavam próximos. Dançavam lentamente apesar da música ser agitada e Fred acariciava os cabelos do primo sem nem notar que o primo fazia o mesmo com seu cabelo.
Um pouco longe deles, Ariel, Samantha, Dante e Henrique assistiam hipnotizados com a química e a sincronia dos dois que arrancavam olhares de todos que estavam por perto.
"-Estranho como isso é… maravilhoso, confortável e seguro."
"Fred sorriu."
"-Sabe, fiquei pensando naquilo que você me disse mais cedo em casa, me perguntando se eu não me casaria com você."
"Humberto agora apertou mais um pouco o corpo de Fred ao seu."
"-Eu casaria sim com você e seria o homem mais feliz dos mundo. Acordar todo dia do seu lado deve ser um sonho." - "disse o loiro respirando fundo e fechando os olhos. "- Humberto sorriu e colou sua testa com a do primo. Suas bocas estavam próximas.
"-Como você consegue?" - perguntou o loiro.
"-O que?"
"-Me dar tanta paz assim?"
"-Amor incondicional. Só consigo dizer Eu Te Amo pra você, Fred. Nem pros meus pais, nem pra mais ninguém." - disse Humberto olhando nos olhos de Fred."
"-Então diz!"
"-EU TE AMO!"
(Falshbsck)
Fred saiu de cima da bicicleta e caiu de joelhos no chão. Estava despedaçado. Foi a primeira vez que tinha ouvido que Humberto lhe amava e nunca tinha duvidado disso até o dia em que seu primo lhe deu um soco. Seu mundo explodiu naquele dia e se se questionava se um dia tudo voltaria a ser como antes.
Só o tempo diria.
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Boa semana à todos vocês. ♡