Vadão tirou devagar a jeba do cuzinho arrombado. Tinha completado sua missão. Faltava batizar o viadinho. Começou a conversar com Paulete, como se Leia não estivesse ali.
- Vai dar uma boneca lindinha, não vai, Meu Bem?
- Ah vai. Nasceu pra isso! Essa pele, peitinhos, pernas... essa bunda...
- E quando tomar hormônio, então? Nem vai precisar de silicone nenhum.
- Vai não. Não vai é ter muito cliente. Boiola enrustido não se agrada dessa piquinha pequena.
- Ah, vai ter sempre quem pague pra comer. Ainda mais, novinho assim. E tem os que querem dar, mas tem medo de piru grande.
Vadão e Paulete avaliavam Leia como se fosse um bicho de fazenda, enquanto o novinho arrombado recuperava o fôlego, e sequer tinha condição de perceber que falavam dela se prostituir. Mas logo Paulete comandou:
- Bebê! Tu tá toda lambuzada! Toda melecada! Vai tomar um banho rápido, e volta aqui pro teu batizado!
Leia entendeu na hora. Animou-se pra pular do sofá, mas assim que ficou de pé sentiu as dores. Parecia que cada músculo das virilhas, bunda e quadril, doía. Mas o pior era o cu. Não tinha mais ardência, mas uma dor muscular forte, em todo o tubo do reto. Andou mancando até o banheiro, e Paulete comentou, orgulhosa de seu homem:
- Égua! Mais uma bichinha que meu macho deixa descadeirada!
Vadão queria era batizar a bichinha.
- Que nome você acha que combina com ela?
- Ela já se chama de Leia. Não é muito bonito, mas acho que escolheu porque combina com o nome de menino que tem.
- Leia? Isso não é nome de travesti, não! É nome de velha!
- Você falou isso da Carla, mas foi ela também que escolheu. Era Carlos, e Carla pegou.
- É. Eu tava errado. Mas essa daí vai ser ainda mais puta. Não pode ter nome sério assim. Leia?
- E que nome você dá pra ela?
- Não sei direito. Aline? Bianca? Michele? Priscila?
Vadão divagava, sem que nenhum nome lhe despertasse certeza. O fato do menino já ter escolhido Leia não ajudava. Paulete teve uma ideia:
- Égua! Que tal Laila? É nome de puta e parece o que ele escolheu.
- É! Tá bom! Tu mereceu esse beijo!
Vadão, ainda de pau duraço, sem gozar por toda a manhã, tascou um beijo apaixonado em Paulete, que se pendurou toda sensual no pescoço dele. Ainda se beijavam, e Paulete tocava uma lenta e carinhosa punheta na piroca de Vadão, quando Leia saiu do banho, com a toalha enrolada cobrindo as tetinhas, como menina.
Paulete colocou duas almofadas aos pés de Vadão, e mandou Leia tirar a toalha e voltar a vestir o blusão da escola, mas deixando escancarado pra aparecerem os peitinhos. Leia, com seu instinto de viado, tinha entendido direitinho o que seria o “batizado” mas, se não tivesse, entenderia agora. Vadão, com a máquina fotográfica na mão, olhava com tesão para o corpo nu do viadinho. Ancas largas, pernas grossas, aquelas tetinhas. Era óbvio que a bichinha tinha nascido pra dar prazer a machos! Ia ganhar gozos e dinheiro com aquele menino! Depois dos hormônios, então...
Paulete puxou Leia, e a fez ajoelhar coladinha com ela, entre as pernas de Vadão. Sem esperar muito, pegou na piroca grossa do macho e a ofereceu à iniciante:
- Vêm, Bebê! Ora de mamar! Começa tu, que acabou de sair do teu rabão, mesmo.
Por um momento Leia ficou só admirando o cacete que a tinha arrombado e a fizera gozar por três vezes na mesma manhã. A pica, com sua cabeça de tomate, não era tão bonita quanto a de Gil. Mas era mais gostosa que a dele. Era maior, mais grossa, e a arrombara. A transformara de vez em mulher.
Leia tinha ido pro banho exausta. Quase três horas tomando no cu tinham esgotado seu tesão. E no box, o cansaço e o relaxamento da água a haviam feito lembrar de Gil. Bateu a culpa de estar traindo o namorado. Sentia-se uma puta de baixa categoria, e ao mesmo tempo sabia que estava se apaixonando por aquela piroca e seu dono. Sem querer pensar mais, abocanhou a rola, até onde aguentava, mais ou menos um terço do comprimento, e começou a fazer um vai e vem lento, gemendo, revirando os olhos e curtindo. Mas a cabeça ainda girava. Gil era tão bom com ela! Tinha sido tão paciente e carinhoso para tirar seu cabaço... mas Vadão... Vadão era um macho completo, adulto, feito.. e a tinha arrombado tão gostoso... o click da 1ª foto do boquete interrompeu os devaneios do viadinho, e Paulete logo mandou:
- Agora, Bebê, tu já tirou o gosto do teu cu, e a piroca é minha!
Paulete afastou Leia, abocanhou a rola de Vadão e fez outro garganta profunda rápido, escondendo toda a vara. Tirou a boca e punhetando de leve, falou:
- Agora vem aprender. É assim que tem que tratar teus machos! Tá vendo essa costura aqui? Bem no meio do saco? Ela vai ate o cu. Não tem homem que não ame ser lambido aqui.
Paulete lambeu lenta e carinhosamente, arrancando um gemido de reconhecimento de Vadão. Deu a vez a Leia, que fez o mesmo e também foi recompensada com a mesma reação do macho. Paulete voltou a ensinar, punhetando lentamente seu marido:
- E as bolas. Trate muito bem das bolonas deles – e lambeu o sacão de Vadão, e esfregou carinhosamente o rosto – é daqui, ó, que sai o leite de macho que a gente bebe!
Leia nunca havia pensado nisso. Paulete cedeu a vez, e ela agora lambia o saco de Vadão com dedicação amorosa, amparando as bolas carinhosamente em sua mãozinha. Vadão tirou mais uma foto, com Leia rindo de felicidade enquanto esfregava o rosto em seu saco, e Paulete segurava a pica tesa pro lado, pro rosto de Leia aparecer na foto.
Mas o macho tava doido pra gozar, e logo falou que já passava de meio dia e meia, e que tinham que batizar logo a nova fêmea. Paulete concordou, ajeitou Leia mais pertinho da piroca de Vadão, quase colando as bocas das duas na glande, e começou a punhetar mais rápido, ao mesmo tempo puxando o cacete pra horizontal.
As duas bichas passaram a lamber rápido, juntas, a ponta da glande, enquanto Paulete acelerava a punheta. Leia se realizava! Fazia a cena do filme pornô que tinha assistido com Gilda. Pena que não dividia a rolona de Vadão com a amiga índia. Quem sabe no futuro? Era um frenético beijo a três, com as pontas das línguas se batendo rápidas, e ao mesmo tempo batendo na glande. Olhando pra baixo, Vadão se deliciava vendo que suas duas fêmeas riam felizes, esperando pela recompensa. Tirou mais duas fotos, e parou porque o gozo vinha. Não demorou muito. O macho se controlara a manhã toda, e precisava esporrar. E quanta porra que foi!
Anunciando o gozo com um grito animal forte, seguido de um “Puta que pariu, Vô gozá!” tão alto quanto o urro, Vadão começou a leitar as boquinhas sedentas. Ambas soltaram gemidos de satisfação com o primeiro jato batendo na língua de Paulete e respingando na de Leia, que não se conteve e abocanhou rápida o segundo jato, mas foi puxada pra onde estava por Paulete. Além das duas línguas e bocas, a porra de Vadão voou nos dois rostos e até entre as cabeças, pro chão. Foi muito leite.
As duas bichas, felizes, iam se lamber, mas o macho, retomando o pau das mãos de Paulete, o passou catando a porra do rosto de Leia, e levando as sobras até a boca sedenta do viadinho. Fez isso umas três ou quatro vezes, falando com sua voz grossa:
- Viadinho... eu te batizo Laila. Vai ser um travesti muito da gostosa. Tio Vadão vai te dar hormônios e Tia Paulete vai te ensinar coisas de piranha... vai ser um sucesso com os clientes.
Clientes? Laila? Leia estranhou. Mas não ia contrariar Vadão de jeito nenhum, muito menos agora, posando pra ele toda esporrada e rindo feliz, enquanto ele tirava as últimas fotos. Ela e Paulete se beijaram, e se lamberam os rostos onde tinha porra, e Vadão ordenou:
- Vai te vestir, mas não lava o rosto não. Quero que vá pra casa com os restos do Tio Vadão no rosto... e não coloca mais essa camiseta por baixo da blusa da escola não! Teus peitinhos têm que aparecer!
Era um passo importante para Leia, e ela obedeceu com o coração apertado. Sabia que, mais dia menos dia, todo mundo ia saber, inclusive sua Mãe. Em seus sonhos tinha imaginado que isso fosse acontecer só quando ela já fosse professora formada, e pudesse se sustentar.
Leia se vestiu com o uniforme escolar de menino, colocou a camiseta na mochila, e ia beijar Vadão, mas ele só lhe deu um tchau frio, de longe, indo ao banheiro. Quando ia descer a escada Paulete a pegou forte pelo braço, assustando, e falou:
- Espia, Piranhazinha! Vadão é MEU homem! Tu só dá de novo pra ele se eu quiser e comigo junto! Entendeu?
Leia, com os olhos arregalados de susto, balançou a cabeça que sim. Paulete sorriu amavelmente na mesma hora:
- Vamos ser boas amigas, bebê! Vou te ensinar muita coisa gostosa! Mas espia!
- Q-que foi?
- Teu cuzinho agora é um cuzão arrombado. Foge do teu namorado por uns dias, senão ele vai ver que você deu muito pra outro.
Leia se apavorou. Não tinha pensado nisso, nem no que faria com Gil. Paulete continuou:
- Mas tá combinado. Na quarta que vem, sem ser depois de amanhã, vou preparar você e te montar todinha pra você e teu boyzinho passarem a tarde toda aqui, sozinhos, tá bom?
Leia agradeceu sem entusiasmo nenhum, e desceu a escadaria. Andava mancando, com o reto muito dolorido.
Fora da escadaria, e num dos lugares mais pobres de Terra Firme, Leia viu que o mundo todo tinha mudado, pra ela. Vadão tinha toda razão. Tinha entrado menino-viado naquele conjugado brega, e saído mulher-viada. Travesti... Vadão falara que seria um lindo travesti. E era assim que ela se via, agora. Aquilo que sonhava como um sonho distante, para quando tivesse um emprego, a manhã de foda com Vadão tinha antecipado praquele momento, com seus 15 anos. Como faria? O que seria dela? Como contaria pra sua Mãe? E Gil? E pra Gilda?
Sua Mãe! Tinha que ligar pra ela! Já tava atrasada para o almoço, e não queria que ela se preocupasse. Procurou um orelhão.
Enquanto isso já via o mundo como viado, e andava e falava como viado, e não mais como o menino que andava duro e engrossava a voz, para disfarçar. As preocupações não tiravam o ar de felicidade. Tinha se encontrado de vez!
Os biquinhos pontudos de suas tetinhas, sensíveis das mamadas e mordiscadas bigodudas de Vadão, agora a excitavam, raspando soltos no tecido fino da camisa do uniforme, sem a camiseta apertada que sempre tinha usado. Achava que todo mundo, homens, mulheres, olhava pra seus peitinhos, e que todos viam os restos de porra em seu rosto, e até que sentiam o cheiro forte da porra de Vadão. Na verdade, muitos olhavam mesmo, primeiro atraídos pelo viadinho novinho, bonitinho, de uniforme de escola e andando como uma gazela, apesar de mancar. Até aquele andar mancando era sensual, porque junto com o ar de felicidade, indicava aos mais maliciosos que a bichinha havia dado o rabo a pouco tempo. Depois do rosto é que as pessoas notavam aqueles dois peitinhos pontudos, querendo furar a blusa.
Ligou pra Mãe, e inventou que ia fazer um trabalho de escola na casa de Samira. Dona Verônica reclamou um pouco, mas deixou, dizendo-se mais tranquila depois do filho ter inventado que o pai de Samira a levaria em casa. Leia desligou o telefone e ficou perdida, pensando. Ia fazer o que da vida, agora? Fugir de casa e largar a escola? A breve conversa com a Mãe tinha diminuído esse impulso, mas ainda existia. Se ao menos pudesse contar pra alguém... Gilda! Tinha que desabafar com Gilda! Mas ela teria que prometer não contar pra Gil, e isso era arriscado! E também não podia ir na casa deles! Gil ia sacar logo de cara que ela tinha sido arrombada! Sem saber o que fazer, ficou parada, na sombra de uma marquise, até a fome apertar. Não comia desde o café da manhã com a Mãe. Procurou uma lanchonete vagabunda, perto, e entrou.
Ganhar tempo. Estalou na cabeça de Leia que era o que tinha feito com a Mãe, e era o que tinha que fazer com tudo. Tinha uns 2 anos pra entrar na faculdade, e depois o tempo de formar. Quanto mais pra frente empurrasse tudo, melhor. Mas tinha certeza duma coisa: não ia viver mais sem a piroca do Vadão, sem ser a Laila do Vadão! Pra ele seria sua Laila, puta, travesti, daria a dinheiro, faria o que ele quisesse. Pras amigas era Leia. E pra Mãe era Lelio, mas não por muito tempo.
Dar o cu por dinheiro. Virar piranha. Isso a excitava, e a ideia, combinada com seu cu doendo e o cheiro de porra no rosto, lembranças vivas da pica de Vadão, a fazia desmunhecar mais ainda. Quem sabe não conseguia fazer de tudo um pouco?
Leia tava nesse devaneio, tomando um suco de cupuaçu, quando o atendente da lanchonete, um rapaz negro, de bigode ralo, a chamou, sacanamente:
- Lelinho? Égua! É tu mesmo?
Era o dono da primeira pica que pegara, e que mamara até aprender a gostar de porra. Era Luiz Cláudio.
Leia não teve medo. Agora tinha segurança de ser boa de briga, e de ter certeza de que era viado. Não tinha nada a perder, nem a provar. Ficou foi supresa de rever seu quase comedor. E Luiz Cláudio estava mudado! Mais alto, mais forte, mas um pouco mais magro, cara de cínico. Leia automaticamente olhou pro lugar da pica que tinha conhecido e não via há um ano, e ficou imaginando se teria crescido também.
- Não vai falar nada não? É assim que tu trata um amigo?
Eram amigos? Tinham sido amantes, mas amigos? Leia riu, e tentou seduzir, falando de forma bem feminina, e se empinando no banquinho, pra mostrar os peitinhos.
- Ooooi, Luiz!!! Nooossa! Você cresceu!!!
O rapaz riu-se canalhamente. Agora era um experiente comedor de garotas, mas sentia falta daqueles boquetes apaixonados com que Lelio o tratava. E via que o viadinho estava mais viado ainda! Bronzeado, pele lisinha e sedosa, desmunhecando direto, e com peitinhos.
- Teus peitinhos também cresceram, espia só!
Leia se riu orgulhosa, mas passou um braço na frente de uma tetinha, e ocultou a outra com a mão, como se fosse uma menina, rindo meio constrangida. Tentou desviar do assunto.
- Tu trabalha aqui, agora?
- É. Tô esperando uma outra coisa, mas aqui serve. Tenho que viver.
Leia lembrou que Luiz Cláudio era de família pobre, e ficou com medo de perguntar da escola, porque parecia que tinha abandonado. Queria se assanhar mais, mas era o trabalho do moço, e já tinha gente olhando. Ia arrumar outro lugar pra pensar. Despediu-se casualmente, mas já pensando numa futura vingança.
- Bom saber que tu tá aqui, Luiz. Outro dia eu volto – e levantou, pegando a mochila.
Luiz respondeu sacanamente:
- É? Bom por que?
Leia tava ouriçada de tesão pra geral. Qualquer um que chegasse nela, levaria. E tendo memória do quanto gostava de chupar e beber a porra de Luiz, não desperdiçou a deixa. Deu um sorrisinho de puta, e respondeu:
- Bom porque te devo “uma coisa”, que não te dei – falando na mesma hora em que virava as costas e tentava mostrar o rabão, meio escondido pela calça social larga. Saiu rebolando o melhor que pôde.
Luiz só olhou, rindo, e pensou: “É. Ficou viadaço mesmo! Alguém completou meu serviço. Mas... pensando bem, Lelio deve tá chupando ainda melhor do que fazia.”
Leia guardou na mente o local do trabalho de Luiz, e saiu dando voltas. Voltou pro orelhão e ligou pra Gilda. Deu sorte, ela tava no cochilo de depois do almoço, mas acordou com a Mãe chamando, e não atendeu de mau humor.
- Gilda?
- Am... – ia falar “amiga”, mas se tocou que a Mãe tava perto – Lelio? Aconteceu alguma coisa?
Leia respondeu feliz, mas sem saber como contar:
- A-aconteceu, sim!!! E muuuuito!!! Queria te falar. Mas não dá pra ser por telefone.
Gilda sentiu logo que era algo sobre sexo, e ficou curiosa. Mas estava na hora da preguiça, e com a cabeça longe de Lelio. Respondeu que era melhor conversarem na escola, no dia seguinte, e Lelia ficou frustrada.
A bichinha perambulou sem destino por umas duas horas. Sem desabafar com a única pessoa que lhe tinha ocorrido, começou a organizar os pensamentos e resumiu suas dúvidas. Pra saber se voltava pra casa ou se fugia, e se voltava e contava tudo pra Mãe, precisava saber se podia viver da prostituição. E tinha Gil, também. Rompia? Ficava e escondia tudo? Ficava e contava tudo? Por fim, chegou à conclusão de que só uma pessoa ajudaria: Vadão!
Leia não queria conselhos de Vadão. Queria que Vadão decidisse por ela! Faria o que ele mandasse, e pronto! Não fazia sentido se aporrinhar, se o macho podia resolver tudo, e tudo o que ela mais queria era agradar o macho. Era amor de pica imediato, e em alto grau.
Bom, já sabia a quem perguntar e onde ir. Mas não queria que Paulete ouvisse, e nem que soubesse. Sabia que Vadão dormia com Paulete depois do almoço, toda segunda, e que voltava pro seu ponto de táxi, na Praça da República, por volta das três horas. Então enrolou mais pelas ruas, e pouco antes das três chupava um chopps – o conhecido sacolé – de cupuaçu, na esquina, de frente pro carro de Vadão. Chupava sensualmente e sem pressa, imaginando um caralho na boca, e estava no segundo geladinho quando viu Vadão sair e ir pro carro. Paulete não estava com ele, e nem na janela. Ótimo!
Assim que Vadão ligou o carro, Leia foi andando em sua direção exagerando em mancar, com cara de dor, e fazendo sinal pra parar. A primeira coisa que Vadão pensou foi “Pronto! Perdi minhas corridas da hora do rush. Se cada viadinho que arrombo fizer isso, eu to quebrado!” Mas à medida em que foi se aproximando ficou com pena do menino, e lembrou que ele era investimento. E pelo menos o viadinho tinha esperado longe, pra Paulete não ver. Parou e fez sinal pra Leia entrar. Na mesma hora o rostinho bronzeado de Leia se abriu num sorriso lindo, cativando Vadão. Leia sentou ao lado do macho.
- Seu Vadão... desculpa... mas é que...
Vadão andou com o carro, irritado.
- Espia, ô... – por um momento Vadão teve que fazer força pra lembrar do nome de travesti com que batizara aquela fêmea – Laila!
Leia gostou de ser chamada pelo novo nome, mas percebeu que Vadão estava incomodado. Ficou apreensiva.
- Espia, Laila! Essa é a hora do dia que ganho mais dinheiro. Agora e de manhã. Tenho que trabalhar!
Leia tinha pensado nisso, e tinha a resposta. Há muito tempo que juntava o dinheiro da mesada para maquiagens, roupas e acessórios femininos. E como sua maleta com tranca já estava cheia, tinha passado a acumular dinheiro pra quando morasse sozinha.
- Eu pago, Seu Vadão! Juro! É só o senhor me falar quanto ganha nesse tempo que o senhor vai... me dar uma carona, que eu pago.
Vadão gostou de cara! Não tanto pela compensação das corridas que perderia. O mais importante era aquela bichinha ter aceitado a ideia de que ela ia passar a lhe dar dinheiro. Em geral isso levava mais de uma foda nos novinhos.
Vadão falou a quantia, e Leia perguntou se podia pagar no dia seguinte. O macho, experiente, sacou que se não tomasse cuidado aquela bichinha arriscava querer grudar.
- Pode deixar com Paulete, semana que vem, quando ela te montar pro teu namorado.
Leia travou. Essa era uma das perguntas que queria fazer. Vadão teria ciúmes? Será que devia terminar com Gil? Vadão já sabia que Leia morava em Terra Firme, e tocou pra lá.
- Mas fala logo o que tu quer!
- Eu... bem... queria perguntar uma coisa ao Senhor.
Leia não conseguia tirar os olhos da calça social de Vadão, vendo na dobra do tecido o formato daquela jeba que lhe fizera tão feliz, naquela manhã. E Vadão percebia e estava a ponto de soltar um “Tu quer é rola!”, mas se conteve.
- Pergunta logo!
Leia não aguentou e virando meio de lado colocou a mão na coxa direita de Vadão.
- O senhor quer que eu termine com meu namorado?