Acordei de manhã e a primeira coisa que procurei foi o maço de cigarro. Nada de água, escova ou corpo, tudo o que preciso quando abro os olhos é de algumas tragadas e sentir a fumaça entrando e saindo dos meus pulmões e deixando, ali, o estrago invisível e mortal. Após isso, fui para o banheiro, olhei meu rosto com a maquiagem borrada, as sardas e meu cabelo oleoso. Pelo espelho pude olhar o reflexo de minhas coisas ao contrário. O vaso preto com minha rosa solitária, Matilde o nome dela, pendurado por uma corda de alumínio em um parafuso fincado no azulejo branco. O porta-toalhas tosco e transparente, o box do chuveiro com aquele tipo de vidro quase transparente que, ao olhar por ele, nos faz parecer míopes sem os óculos fundos de garrafa. Escovei os dentes e fui tomar um gole de café preto adormecido. Peguei as chaves do meu apartamento e fechei a porta branca de madeira. O corredor largo e de paredes amarelas do prédio de dois andares onde moro sempre me pareceu estranho, a luz fraca que se acende com a presença de alguém, o extintor de incêndio gigante e vermelho - quem me dera se pintos tivessem aquele formato, pra mim, seria muito mais fácil gozar.
Fui para a rua com a intenção que, vez em quando, vou. Procurar alguém para transar. Sempre quando saio nunca sei qual pessoa será escolhida, se homem ou mulher, rico ou pobre, feio ou bonito. Apenas ando e olho para rostos e bocas. Tento enxergar por dentro, não por dentro da pele, por dentro da roupa, claro. Imagino as pessoas peladas e gemendo. Minha boceta começa a molhar e disfarçadamente tento tocá-la por cima da calça. É quando vem aquela sensação de que estão me olhando. Talvez pensem que sou safada, vagabunda ou que tenho chato. Ao mesmo tempo, nessas horas, dá vontade de ficar pelada e começar uma masturbação, tocar meu clitóris, enfiar alguns dedos dentro da boceta com aquele vai-vem calmo, como se o mundo e o tempo esperassem pelo meu gozo, como se todos quisessem me ver jorrar de prazer. Só assim me sentiria bem, como se as mãos poderosas dos Deuses antigos se enrolassem pelo meu tronco em um abraço caloroso de mãe. Aah, já pensou se pudéssemos realizar todos nossos desejos mais escondidos como o mundo não seria um lugar cheio de sofrimento e graça? Às vezes odeio a religião, os costumes, o tal tratado social e os tabus, mas também sou grata a eles. Acho que é preferível arder em chamas e perder a sagrada sensibilidade do sexo do que ter todos realizando seus quereres mais ocultos. Me assusto como a Justiça precisa ser tão injusta.
Vaguei pelas ruas da Liberdade, não apenas pelo bairro de São Paulo, mas também pela própria palavra, lembrei dos vagabundos de Jack Kerouac e dos vagabundos de João do Rio, lembrei de sorrir e de cantar. Lembrei até de me assustar com as notícias. E, por fim, me lembrei de que procurava por sexo. Caminhei até sair no Centro Cultural da Vergueiro, algumas pessoas dançavam se olhando no espelho, outras estavam sentadas no chão ou nos bancos, com celulares, notebooks ou livros. No meio disso, achei um homem lendo jornal. Não reparei se era feio ou bonito, o charme de alguém lendo jornal é mais encantador que o belo e o feio. Me sentei do lado dele e puxei conversa. "Bolsonaro continua falando bobeiras?", "Enquanto ele tiver boca ele vai continuar cagando". Dei uma risada, pensei que tivesse sido espontânea, depois percebi que fora apenas pelo clima do momento. Sem demora coloquei a mão direita na perna dele e acariciei com lentidão. O olhar de espanto, que logo se torna safado, se fez em seu rosto. O olho dele era preto, porém, com a luz do dia parecia estar arroxeado. Apesar do queixo largo e a pele negra, não era dos mais bonitos, nem feio. Se não fosse pelo jornal, seria um homem comum. Desses que se encontra em supermercados ou padarias, em bares ou no Centro Cultural da Vergueiro.
Olhei-o com olhos de inocente, depois sorri. Levei meu rosto para perto de seu ouvido como se quisesse revelar um segredo, minha língua molhada tocou a ponta da orelha do homem e pude sentir o arrepio dele. Foi como se eu tivesse estado no fundo de sua espinha dorsal e subisse até o último fio de cabelo dele, junto do calafrio. Meus dentes também tocaram a orelha e tive vontade de mastigá-la como se ali estivesse o melhor prato do mundo. Deixei meu rosto escorregar rente ao dele até a boca, o beijo. A demonstração de afeto mais íntima do mundo. Onde línguas se chocam e saliva é trocada. Os lábios se mexiam, a língua molhada de baba e o prazer, querendo se encharcar de sexo. Uma das mãos do homem tocaram meus peitos. Apertou e massageou. Desencontrei minha boca da dele para apenas gemer baixinho e me certificar, com minha mão, de que o pau dele endurecia. Fomos para minha casa. As roupas foram tiradas e somente pele nos cobria. Nada de músculos bem definidos, mas havia nele um pouco de barriga com vontade de ganhar forma e deixar o corpo bonito da juventude recente na lembrança, os braços eram fortes, mas não musculosos. O toque era direto e seguro. O pinto? Grande e duro. Ele lambeu meus pescoço e afundei o rosto dele ali. Queria ter o desenho de sua face marcada naquele local e poder vê-la toda vez que mirasse o espelho. Acariciei os cabelos cortados e as costas. O homem tocou os bicos dos meus peitos, girou os dedos neles e puxou. Senti aquela dorzinha de tesão. Eles também ficaram duros. Depois foi a vez da língua. Lábios no meu corpo. Na barriga. Nos seios. Na bunda. Na nuca. Na boceta. Na boceta. Na boceta! No cu. No cu. No cu. Chupei o pinto dele. Coloquei a boca na glande, rocei a língua na abertura de onde sai o mijo e a porra e chupei. Depois engoli o corpo do pau. E fui chupando, ele respirava ofegante e colocou as mãos na minha cabeça. Minhas unhas acariciaram as bolas dele e o senti se arrepiar novamente. Puxava meus cabelos para trás e pedi que me chamasse de gostosa. Segurei o pau negro e continuei chupando-o. Me deitei e falei que não enfiasse o pinto direto na boceta, que tocasse nela, que esfregasse o pau nela, que descobrisse tudo dela até a conhecê-la melhor que sua casa. Mandei olhar nos meus olhos, é da cara de prazer que eu gosto. O olhar do homem, ao mesmo tempo assustado e feliz, por ter ali alguém como eu. Não me importo se pensem que sou puta ou seja lá mais o quê. Gosto de encarar o êxtase. Gemi enquanto o pinto roçava minha xana. Gemi alto, sem pudor. Ele tentou desviar os olhos dos meus. "Olha pra mim seu filho da puta, olha pra mim". Não ousou mais me desafiar. Mandei-o me comer. Mandeio-o enfiar o pau na minha boceta. O pré-sêmen já estava ali e se juntou com o meu. O pênis dele saia e entrava de minha vagina com aquele fio gosmento branco. Segurei meus peitos enquanto olhava para ele. Segurei seus cabelos e puxei-os até seu rosto tocar meus seios, queria a baba dele neles e consegui. É de fluídos em meu corpo que eu gosto. Suor, saliva, porra e porque não lágrimas?
Tirei o pau dele dentro de mim, chupei e botei no meu cu. Pedia que ele metesse com força, com vontade e não parasse. O pinto era grande e gostoso e estava no meu cu. Entrava e saía. E eu, gemendo. Já respirava cansada, tocava minha xota, enfiava alguns dedos e sentia o pau dele no meu cu. O pau grande. "Quero seu caralho, quero seu caralho", "me come, isso, me come, quero seu caralho". E ele metia. Virei de quatro com o pinto dele ainda no meu cu, enquanto ele metia em mim, as mãos me pegaram pelo peito e me encostou em seu dorso. Cada vez mais rápido o pau entrava e saía do meu cu. Cada vez mais rápida ficavam nossas respirações. Eu gozei com um gemido gostoso e alto. Ele metia com força. Metia em mim, no meu cu que latejava. Ele gozou lá dentro. Deitei na cama, toda suada e cheirando a sexo. Enfiei dois dedos no meu cu, toquei a porra dele e lambi meus dedos com ele me encarando.
Deixei ele tomar um banho e o mandei embora.