Oi galera. Chegamos ao penúltimo capitulo, o qual a reviravolta da história acontece. Espero que todos e todas gostemJá estávamos com a vida estabelecida em Uberlândia. Tudo ocorria bem. Felipe havia feito certo nome na cidade como professor de piano graças às apresentações que havia feito em São Paulo, mas sobretudo por conta daquela apresentação do Rio de Janeiro.
Seu número de alunos havia crescido. Agora dava aula para 8 pessoas, 5 crianças e 3 adultos.
No conservatório de música, tudo corria bem. Estávamos trabalhando, nossos pais aposentados e curtindo a vida deles. Eu e Felipe estávamos muitíssimo bem.
Já estávamos no mês de março, para adentrar no mês de abril.
Felipe dava aula para uma de suas alunas do nível avançado. Eu adorava quando eram aquelas alunas, sempre tinha muita música boa e sempre podia aproveitar e escutá-los.
No dia em questão, eles estavam praticando o terceiro movimento da Sonata ao Luar de Beethoven.
Apesar de muito triste, aquela música era linda.
Eliane, era o nome da aluna, era muito talentosa. Tocava muitíssimo bem apesar do pouco tempo que havia estudado piano antes de começar as aulas com Felipe. Fazia também aulas no conservatório, mas de canto, não de piano.
Felipe lhe dava dicas, corrigia alguns erros, que por mais que fossem mínimos, aconteciam.
Ele parecia cansado aquele dia. Mas estava aparentemente bem, pensava eu.
Em determinado momento, ele foi ficando mais pálido, parecia que suas forças estavam se esgotando e ele foi caindo. Corri a tempo de ampará-lo evitando que ele caísse no chão.
Pedi que Eliane ligasse para a ambulância e que chamasse a mãe dele no apartamento ao lado.
Algo estava errado, meu coração batia forte. Além do susto que eu havia passado com o desmaio de Felipe, eu tive medo.
Não demorou muito a ambulância chegou. Levamos ele para o hospital Santa Genoveva, aqui na cidade, já que haviam me dito que era o melhor hospital da região, então foi para lá que fomos.
Eliane preferiu não nos acompanhar, disse que aquele momento era da família e que depois ligaria perguntando por notícias.
Chegamos ao hospital, Felipe estava começando a despertar, mas ainda muito perturbado e tonto. Não sabia dizer onde estava e nem o que tinha acontecido.
O médico, que eu não consigo me recordar do nome perguntou-me o que eu era dele e eu respondi que éramos um casal. Dona Lara confirmou e então o doutor nos disse que ele ficaria em observação, fariam mais alguns exames, pois os resultados do exame que haviam feito, traziam algumas coisas bem alteradas.
Eu não entendia nada daquilo, só queria que ele ficasse bem. Estava com medo de que pudesse ser algo muito sério, que fizesse ele se sentir muito mal.
Dona Lara tentou me acalmar. Meu coração estava aflito, eu não conseguia. Mesmo sabendo que estávamos ao lado dele, mesmo que ele estivesse acordado e apenas um pouco fraco e atordoado, minha preocupação era muita.
Felipe iria ficar na enfermaria por pelo menos mais um dia. Ele estava desidratado, seu organismo estava aparentemente desorganizado, o que para mim parecia muito estranho.
Ele não reclamava de dores, sempre alegre, estava sempre com um sorriso no rosto, nem mesmo de nenhum desconforto sequer ele reclamou a nenhum momento.
No outro dia, o doutor voltou trazendo um colega que vinha trazendo em seu avental o nome dele, que eu também não consegui decorar.
Vinha explicando que teríamos que investigar mais sobre o que Felipe tinha e que ele ficaria mais tempo ainda no hospital.
Eu não me importava com mais nada, apenas queria que meu anjo ficasse bem, que não se sentisse mal e que fosse tratado pelo que ele mais merecia de melhor, o resto podia se explodir.
E assim seguiu-se mais uma semana com ele internado, fazendo alguns exames e tomando remédios.
Dona Lara, meu sogro e meus pais também começaram a ficar bastante preocupados.
A cada visita dos médicos, eu percebia que eles não queriam falar ainda, o que estava acontecendo.
Eu começava a me apavorar. Quanto mais os dias passavam, mais minha angústia aumentava sobre aquilo estar acontecendo com ele.
Felipe não reclamava. Até as enfermeiras que vinham lhe dar os remédios gostavam muito dele. Ele até mesmo internado, era cativante.
O fatídico dia do resultado dos exames havia chegado.
Eu não tinha conseguido dormir na noite anterior com medo do que poderiam dar aqueles exames.
Felipe tentava me acalmar, me dizendo para que não importa o que acontecesse, tudo ficaria bem quando se está bem.
Como era possível que alguém seja tão sutil que mesmo doente, sem saber o que se tem, pudesse ser tão assim?
Ele era tudo isso. Um ser de outro mundo. Não existia outro como ele.
Na hora do almoço, Felipe comia normalmente, quando ouvimos batidas na porta. Eram minha sogra, meu sogro e o médico que estava investigando o que estava se passando com aquele anjo deitado naquela maca.
Minha sogra deixou transparecer que aquilo não era um bom resultado. Meu corpo estava gelado de medo.
O médico se sentou na ponta da cama de Felipe e disse para ele que não tinha boas notícias. Aliás, tínhamos péssimas notícias.
Felipe sorriu e disse a ele que não existiam más notícias, apenas notícias.
Ele então disse para todos nós algo que nunca esperamos que pudesse acontecer.
E mesmo com aquela hecatombe em forma de exame médico acontecendo, aquele pequeno anjo de 15 anos não tirava o sorriso do rosto.
Minha sogra deixava lágrimas caírem no rosto.
Meu sogro parecia sem chão.
Felipe segurou a minha mão, me olhou nos olhos, com aqueles olhos de brandura que eu jamais vi igual em minha vida, dizendo que tudo ia ficar bem, mesmo com aquele diagnóstico de um câncer em estágio avançado.
Tudo ia ficar bem.
Então ele disse que me amava.