Daisy, em sua fuga após atentar contra a vida do filho do prefeito, chegou em São Paulo, em uma pensão no bairro do Bixiga, descoberto por intermédio da leitura de um anúncio em um jornal gratuito. Para ficar com a vaga ela precisou pagar adiantado os $350 referentes a um mês de estadia, eram as normas da casa. A recém chegada teria que conseguir um emprego em poucos dias, ou não teria dinheiro suficiente para o segundo mês. Todavia, o emprego não poderia ser oficial com um registro em carteira, já que ela considerava o fato de que estivesse sendo procurada pela polícia após ter atropelado o Paulinho (filho do prefeito). E mesmo que os danos causados pelo atropelamento não tivessem sido fatais, aquela família de poderosos estariam atrás dela.
Duas semanas se passaram voando e a recém chegada não conseguia um trabalho alternativo com um mínimo de dignidade, apesar de toda sua dedicação, desenvoltura e simpatia.
Na tarde de domingo, uma das mulheres que morava na pensão e que era conhecida por Tia, teve uma nova crise em seus rins e mal conseguia se locomover. Daisy havia feito amizade com a mulher e se ofereceu para fazer algum chá ou ir comprar algo na farmácia. No final do dia elas fizeram um acordo e a jovem a ajudaria na limpeza de uma casa em que a mulher trabalhava de diarista todas as segundas-feiras no bairro do Itaim Bibi. Ela não conseguiria fazer tudo sozinha nas condições que estava. Pagaria a metade da diária para Daisy. A garota agradeceu e ficou feliz com a oportunidade de ganhar um dinheiro.
O casal de patrões da "Tia" eram proprietários de uma loja que confeccionava e entregava cestas de café da manhã, além de arranjo de flores para diversas ocasiões. O homem folgava as segundas-feiras, pois era ele quem cuidava da loja que abria também aos domingos.
Adélia (a Tia) chegou com Daisy e explicou para o homem o motivo de trazer a ajudante. O quarentão não conseguiu disfarçar o fascínio ao ver a menina pela primeira vez e ela percebeu de imediato que o interesse dele era somente o de levá-la para a cama.
Daisy ainda estava decepcionada e com raiva de homens, havia feito uma promessa que fdp nenhum a faria de idiota novamente. Poderiam ter seu corpo, sim, mas pagariam um preço justo por isso e nunca teriam o seu coração.
A garota astuta e necessitando de dinheiro para se manter sozinha em uma cidade e estado estranho, anteviu a oportunidade de obter algum ganho com aquele homem.
Durante o dia de trabalho Daisy explorou cada mínimo instante para seduzir o patrão. Quando Adélia se afastava deixando aquele corpinho angelical sob os olhares gulosos do homem, a garota aproveitava para aplicar seu joguinho de sedução. Deixava cair a alça de sua blusinha folgadinha e o tecido leve fazia o restante expondo parcialmente seu seio durinho e juvenil. A garota, entretanto, continuava com seu trabalho de limpeza como se nada de anormal estivesse acontecendo. Seu corpo era despido completamente pelo olhos do homem que a devorava em pensamento.
— Você é uma moça muito linda e atraente, Daisy — arriscou o homem em uma investida, pois ele ainda não estava certo se aquela menina era uma safada ou apenas uma interiorana simplória.
— É só pose, eu não resisto à tentação de parecer sedutora — ela disse e sorriu.
Depois de quebrar o gelo eles conversaram de modo descontraído e se conheceram melhor. Daisy aproveitou o momento e sem fazer cerimônia lhe pediu um emprego fixo. Maliciosamente disse que seria uma boa funcionária e que ele não se arrependeria.
Durante a semana Edgar conversou com a esposa sobre a ideia de contratar mais um empregado e ampliar o raio de entrega. Recentemente o negócio expandiu também para o happy-hour incluindo cervejas geladas, vinhos, destilados, queijos e frios nas entregas. Precisariam de mais um funcionário além do rapaz que já trabalhava para o casal. Era uma ideia para o futuro, mas o patrão antecipou para ter Daisy por perto permanentemente.
Tudo foi acertado com a patroa. Na semana seguinte a menina foi até a loja — no bairro de Moema — para conversar com eles. Ofereceram-lhe o emprego de entregadora, já que ela sabia pilotar motos, faria entregas com um ciclomotor.
***
O plano de aproximação oferecendo o emprego para conquistar a garota não saiu como o planejado, Daisy era esperta e decidiu dificultar para o patrão se valorizando, mas continuaria o seduzindo, pois pretendia alçar voos mais altos com esta relação e não apenas se deitar com ele de vez em quando em troca do emprego.
Final de mês, Daisy teria que pagar até a manhã do dia seguinte os $350 correspondentes ao novo mês de estadia. Só lhe restavam $400, se pagasse pela vaga ficaria sem dinheiro suficiente para se alimentar e para condução, já que receberia seu pagamento por aquela primeira semana de serviço alternativo só no dia 10 e ainda era menos do que precisava no momento.
Em sua última entrega de cesta de happy hour daquela noite, o cliente havia levado um fora da namorada. Quando Daisy chegou com a encomenda o homem parecia bem abatido, seu comportamento inseguro e de coitadinho até faria algumas mulheres sentirem pena dele. Falou que era seu aniversário e a namorada o abandonara naquele dia especial em sua vida. Óbvio que a cena de sofrimento e de se fazer de vítima era para mexer com a sensibilidade da moça. Depois ele partiu para o bote a convidando para entrar. Foi insistente para que a garota o acompanhasse em uma taça de vinho.
— Vem cá! Eu não mordo, não com força — e riu descontraído.
Mesmo receosa Daisy concordou em entrar.
— Não tem mais ninguém aqui? — ela perguntou ainda indecisa.
Eles estavam sozinhos na residência, mas o cara não forçou a barra, continuou simpático e conquistador. A jovem descontraiu e tomou uns goles em consideração a caixinha especial que havia recebido. Entre um papo e outro ela levantava o moral do homem de baixa autoestima. A investida do cara era improdutiva, com uma paquera enferrujada ele tentava seduzir a moça para que ela ficasse em sua companhia naquela noite. A conversa subitamente incendiou.
— Eu preciso conseguir trezentos reais nas próximas duas horas e só tenho o meu corpo para vender. Você quer fazer negócio? — falou Daisy sem meias palavras.
Rolou... Chegaram a um entendimento. Os beijos e carícias começaram na sala e ficaram ardentes. No caminho até o quarto havia uma trilha de roupas jogadas ao chão. Uma calcinha vermelha e de rendas era a última peça que estava próxima à cama em que a menina nua, deitada de costas recebia o homem por cima dela. O cara que a princípio fez papel de coitadinho era um amante impetuoso, deu uma e mais outra sem sair de cima ou tirar de dentro da moça que soube ser carinhosa. Ela o fisgou pelo sexo.
Minutos depois, após uma ducha, a jovem se vestia dizendo que era tarde e precisava ir. O homem carente e insaciável choramingou pedindo que ela ficasse um pouco mais e não o deixasse sozinho naquela casa. Ele arriou as quatro rodas pela garota e esqueceu a regra básica do jogo da sedução: nunca se apaixone.
— Fica! — Eu tô pedindo.
— Hoje eu não posso, mas haverá outros dias e você sabe onde me encontrar. — A menina aprendeu rápido a ser profissional.
Continua Amanhã.
Capítulo Anterior: Entregas Especiais – Capítulo 1 – Tal Pai, Tal Filho
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