Dois meses depois do crime da casa da praia, o processo de investigação continuava em andamento, o policial Freitas seguiu todos os passos nesse período pegando novos depoimentos do pessoal da loja, principalmente do Edgar e da Daisy. Também esteve oficialmente na residência da tia em Bragança Paulista e na casa em Maresias. Nessas viagens ele conversou com pessoas em busca de possíveis testemunhas que tivessem visto a desaparecida ou que pudessem descrever as atitudes dos suspeitos (o casal de amantes e a tia) durante aqueles dias de feriado prolongado. Todavia, não encontrou nada que desse uma luz ao seu caso, muito menos encontrou vestígios de homicídio e nem da passagem da Luana por aquelas localidades.
A única beneficiada com a morte da Luana seria sua tia Carlota, mas as investigações não apontaram indícios de que ela estivesse ligada ao sumiço da sobrinha. O caso seria encerrado se nada de novo surgisse nos próximos dias.
Eu até pensei que a minha relação com o Edgar melhoraria após a saída da Luana de nossas vidas, mero engano, o homem ficou mais mandão e cimento do que antes. Também financeira e profissionalmente a minha situação não melhorou em nada e pra piorar, nossa convivência tornara-se destrutiva, a cada dia ele aumentava o seu campo de controle sobre mim. Suas críticas grosseiras quando eu não agia do jeito que ele queria era mais um aditivo para deteriorar a nossa relação que ia de mal a pior. Minha vontade era de sumir… Ou então de matá-lo.
— Não gosto que você use esses shortinhos minúsculos — e essa blusa então...
Ele segurou no cós da minha blusa a puxando para baixo, meus seios saíram pelo decote.
— Veste um sutiã, pelo amor de Deus! — parece que gosta que a chamem de oferecida e vadia.
— Mas você adora ver essa "vadia" pelada, não é?
— Sim, gosto, mas é diferente quando estamos em nossa intimidade.
Ele sempre tinha uma resposta pronta. Desde o início eu tentei levar aquela relação numa boa, evitava retrucar e até engoli alguns sapos, mas o homem estava insuportável e divergíamos em tudo.
— Eu não sou uma senhora como sua ex-mulher, me visto igual aos jovens da minha idade.
— Está me chamando de velho?
— Estou dizendo pra você parar de exagerar e de ficar me dando ordens; até parece que sou sua escrava.
Era meu primeiro desabafo mais contundente, já estava de saco cheio desse homem me ditando regras.
— Me deixa viver uma vida normal, me divertir, ter amigos, não significa que eu irei transar com eles. Que mania você tem de arrumar defeito em tudo o que eu faço, até parece que gosta de brigar.
Acho que o peguei de surpresa, pois o homem baixou um pouco o tom e me devolveu a surpresa usando sua arma favorita, o poder financeiro. Falou que estava considerando a ideia de me dar um carro, mas não tinha certeza se eu merecia o presente.
"Putz! Que golpe baixo. Pensando bem... Acho que consigo engolir mais alguns sapos". Falei comigo mesma e ri por dentro, mas ainda com carinha de brava.
— Vem cá sua ferinha, deixa eu domar você — falou ele enquanto erguia-me em seus braços.
Dei um gritinho de susto, mas foi de farra. Ele costumava fazer isso. Só que ao invés de levar-me para a cama, como de costume, dessa vez fui colocada de bruços sobre a mesa, em posição de 90 graus. Meu short, calcinha e chinelos foram retirados em segundos e jogados longe. Minhas pernas foram arreganhadas e o homem encaixou por detrás de mim enfiando seu pau lubrificado de saliva em meu sexo. Ele tentava demonstrar que estava com raiva e que era o dono daquela boceta, então socou selvagemente arrancando meus gritinhos e gemidos simulados. Já conhecia meu parceiro e sabia que quanto mais eu bancasse a coitadinha submissa e demonstrando sentir dor, mais rápido ele gozaria e depois me deixaria em paz.
Fiz meu papel naquele jogo comportando-me como uma boa menina, assim aumentei minhas chances de ganhar meu primeiro automóvel.
***
Ao completar três meses do desaparecimento da Luana, sua tia Carlota entrou com uma petição para assumir o controle dos bens da sobrinha, assim poderia administrar provisoriamente os negócios. Já a obtenção definitiva, poderia levar uma década, seria quando o desaparecimento fosse considerado morte presumida. A menos que achassem o cadáver antes.
Naquela mesma semana o Ministério Público requereu o arquivamento do inquérito sobre o desaparecimento. As autoridades já haviam dadas por encerradas as buscas há mais de um mês e não encontraram nenhum indício de que a mulher estivesse viva ou morta.
Quanto ao Edgar, ele continuava retirando o máximo de dinheiro que podia da loja, os trocava por dólares e também euros. Pretendia manter o dinheiro ilegal escondido em sua residência até que fosse solicitado oficialmente que entregasse a casa.
Dayse passou a frequentar e a dormir na residência com certa constância, ela sabia que o homem estava fazendo um grande pé de meia com o desfalque que dava na loja, só não sabia em qual parte da casa ele escondia o dinheiro.
Na semana seguinte à morte da Luana, o homem conseguiu abrir o cofre particular da esposa com a ajuda de um especialista. Ela escondia seu dinheiro não declarado, parte era herança do seu pai que sonegava impostos. A filha manteve o esquema em menor proporção, mas ainda era dinheiro ilegal, algo em torno de 600 mil dólares.
O Edgar transferiu o montante do cofre para um local secreto no quintal da casa, se por uma eventualidade a tia soubesse do dinheiro, não o acharia e nem poderia dar queixa à polícia, pois era dinheiro ilícito.
***
Carlota teve sua petição aprovada. Ela não tinha conhecimento e nem vocação para este tipo de negócio, então colocou uma representante de sua confiança para administrar a loja em seu lugar. Giulia era o nome da mulher que beirava os trinta anos. Alta, magricela papo antiquado e sem graça. Também sem bunda, sem atrativos e sem namorado. A moça seria o seu braço direito no comércio.
A moça carente de uma relação amorosa tornou-se uma vítima fácil para o novo Edgar: seguro e conquistador. O homem que havia aprendido bastante sobre relações amorosas nos últimos meses, assediou a Giulia com elogios, cortesias e convites para jantarem e em uma das noites seguintes ele a levou em um dos seus restaurantes preferidos. Depois de uma refeição maravilhosa e uma garrafa e meia de um bom vinho, foram direto para o quarto do homem terminar a noite romântica. Pela manhã havia manchas de amor sobre o lençol e mais uma aliada conquistada.
A tia Carlota não previra que a sua escolhida poderia mudar de lado ao apaixonar-se pelo concorrente. E que ainda faria um jogo duplo desde o início ao cair na conversa romântica do sócio minoritário.
O Edgar estava com o ego em alta por ter controlado facilmente a situação e continuado a fazer suas retiradas do Caixa 2. O mais difícil para ele seria manter o romance em segredo e as duas mulheres ao mesmo tempo. No entanto, esse era um Edgar transformado e não queria abrir mão de nada, então tudo poderia ser possível.
***
Noite de baladas
Algumas semanas mais tarde, Paulo (o Paulinho atropelado pela Daisy) estava em São Paulo acompanhando seu pai (o prefeito) em uma agenda política e de negócios. O rapaz até considerou a ideia de que Daisy estivesse se escondendo na cidade ou no Rio de Janeiro, contudo, sabia que procurar alguém em uma cidade tão grande era como procurar uma agulha em um palheiro.
Na verdade, o Paulinho veio é curtir a noite paulistana e as suas boates convidativas enquanto o pai cuidava dos negócios. Não tinha a mínima intenção de iniciar uma busca impossível.
Todavia, o destino pregaria uma peça nos dois jovens os colocando frente a frente em um reencontro inesperado.
Não muito distante dali, Daisy arquitetava um novo plano para dar mais um "perdido" no Edgar naquela noite.
O homem depois que ficou viúvo passou a controlar meus horários e a interferir demais em minha vida. Isso já havia acontecido quando me mudei para a quitinete, mas piorou chegando a parecer neurose. Seu ciúme e senso de propriedade estavam exagerados e dificultando meus encontros com o Augusto. Naquele sábado precisei inventar uma história diferente para passar a noite fora, iria com o Augusto em uma balada privada na casa de seus amigos.
Só consegui driblar o Edgar com a ajuda de uma colega que trabalhava na padaria, inventamos uma noite do pijama em sua casa. O homem fez que acreditou, mas disse que me pegaria de manhã cedinho na casa da garota. Caraca! Que homem chato. Teria que perder horas de sono para chegar antes dele e ficar plantada defronte a residência para parecer que dormi lá.
Mais tarde, depois das 22h, fui com a colega para a casa dela; precisava produzir-me para o encontro com o meu amor. Ele veio me pegar pouco depois.
Enquanto isso, na rua Augusta, centro da cidade, o Paulo fugiu do jantar de negócios políticos com o pai e foi se divertir em uma boate. Apesar do requinte da casa noturna, strip-tease com nu total não era muito mais caro que uma dose de uísque. O Paulinho, que não tinha problemas com dinheiro, aceitou a companhia de duas gatas insinuantes e oferecidas. Uma loira tipo ninfetinha de peitos miúdos e bundinha carnuda. A outra morena, uns 20 anos, peitos enormes, naturais e firmes. Seu corpo era tipo mulherão. As duas profissionais o levaram para o reservado e fizeram o strip particular entre uma e outra garrafa de champanhe. Além da dança recheada de erotismo das duas garotas, elas também estimulavam ainda mais o cliente sentando a bunda nua em seu colo, se esfregando, o acariciando e o enlouquecendo de desejos.
O meninão não aguentava mais só olhar e ser esfregado, queria transar com as duas ali mesmo.
Elas disseram que ali não podia, mas poderiam ir para um motel. A diversão ficaria um pouco mais cara, elas explicaram. "Dinheiro não é problema", falou o filho do prefeito. Elas trocaram um olhar discreto... Era um código das perversas. Sugeriram a saideira antes de irem para o motel.
O trio saiu minutos depois, embarcaram no que seria supostamente um Uber e a diversão chegou ao fim; as garotas lhe aplicaram o golpe do Boa Noite Cinderela. Obtiveram as senhas dos cartões com a cooperação dele quando estava apenas atordoado devido ao efeito das drogas. Levaram sua grana, o rolex, celular e o largaram em um bairro distante, deserto e sem testemunhas. As duas ladras, junto com o comparsa do carro, fariam saques com os cartões do rapaz durante o decorrer da noite.
Continua…
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