Entregas especiais – Capítulo 12 – Caça ao Tesouro

Um conto erótico de Kamila Teles
Categoria: Heterossexual
Contém 2104 palavras
Data: 20/09/2019 20:10:11

Daisy percebeu que estava sendo colocada de lado pouco a pouco. Suspeitava que sairia da relação com o Edgar e também da loja com uma mão na frente e outra atrás. Ela obteve conhecimento de que limparam a sua ficha com a justiça referente ao primeiro atropelamento que ela cometera contra o filho do prefeito, caso ocorrido no RN e com a motocicleta do seu avô. Com a ficha limpa, decidiu ter alguma salvaguarda no emprego atual: ela pediu para que o Edgar a registrasse. O homem transferiu a responsabilidade para a patroa substituta (a Giulia). A mulher, que por motivos óbvios não gostava da Daisy, enrolou a jovem concorrente dando-lhe evasivas e dizendo para deixarem assim por hora, pois a situação da loja estava em mudança. O registro seria feito no início do próximo ano.

A garota percebeu o joguinho do casal de patrões e sabia que não passaria o Réveillon empregada. Decerto teria que sair da quitinete também.

Eu precisava pôr a mão na grana que o Edgar estava ocultando, depois daria um perdido em algum lugar bem longe de São Paulo.

Em uma das últimas noites em que dormi na casa dele, fui para o banho assim que chegamos. Enquanto estava sentada no vaso pensando na vida, ouvi um barulho rápido, similar ao de uma tampa de bueiro sendo removida ou recolocada. Aquilo só chamou a minha atenção porque era quase meia noite, porém, somente um dia depois, em meio aos meus pensamentos, dei-me conta que poderia ser o homem escondendo a grana desviada da loja.

Em minha visita seguinte fiquei ligada no barulho, mas nesse dia não ouvi nada. Ainda assim, pela manhã, enquanto ele estava no banho, dei uma olhada rápida no quintal em busca de algo similar. Encontrei duas tampas de ferro de uns 80x40cm, no chão, rente à parede no interior da pequena área onde ficava a churrasqueira, e sob um balcão de alvenaria que separava o ambiente do quintal. Tentei levantar uma das tampas enfiando dois dedos em um pequeno orifício lateral… Sem chance, a chapa era grossa e pesada, precisaria de um ferro para fazer de alavanca. Voltei rapidinho para dentro antes que ele saísse do banho e me pegasse bisbilhotando.

Na última sexta-feira daquele mês, a tia Carlota chegou de surpresa para conferir de perto como o seu patrimônio, herdado da sobrinha, estava sendo administrado. A princípio ela se hospedaria no apartamento alugado pela Giulia. Foi um balde de água fria nos planos da mulher que estava cada vez mais envolvida em seu relacionamento secreto com o Edgar. O casal havia combinado de saírem para jantar e depois, como era costume nos dias de encontro, dormiriam na casa dele. Ela também não queria dar oportunidades para que a Daisy fosse em seu lugar. Apesar de que o homem jurava que acabara há meses o seu envolvimento com a menina, mas a Giulia sabia que continuavam se encontrando (a mulher sempre sabe).

Quando eu voltei da última entrega, naquele final de expediente de sexta, felizmente as duas mulheres já haviam saído, pois eu queria ficar sozinha com o Edgar e pedir para dormir em sua casa. Desconfiei que com a aproximação repentina da tia, minhas chances de conseguir pôr as mãos no dinheiro estariam terminando.

Ele não se opôs, passamos em um drive-thru e levamos nosso jantar.

Quando chegamos, ainda dentro de sua garagem, ele estava todo safado e queria transar dentro do carro. Escapei dele com minhas calças quase arriadas, desci falando que precisava fazer xixi — realmente precisava — o homem desceu agarrando em minha cintura e colocou-me sobre o capô, disse que não aguentava mais de tesão e queria me ter naquele instante.

Na hora eu não entendi nada, mas depois pensei que estivesse preocupado que a Giulia visse as evidências que deixaríamos na cama.

Não dei importância e até curti o calorzinho da lataria sobre o motor em minha bunda nua, posto que ele já havia puxado o meu jeans e a minha calcinha até o meio de minhas pernas.

O homem estava mesmo a fim; meu jeans justinho e minha lingerie passaram pelos meus pés em tempo recorde e a sua boca chegou ao meu sexo frações de segundo depois. Ahh! Ele judiou de mim; não resisto à uma língua safada em minha vagina. Fez-me contorcer sobre a lataria e já ia gozar em sua boca sem aviso prévio, contudo, ele desceu as calças junto com a cueca e enterrou tão rapidamente que continuei no estado de clímax e gozei mesmo antes que seu pau iniciasse as bombadas em minha boceta. Deeeeus! Suas estocadas a seguir intensificou meu gozo, nunca foi tão bom com ele antes. O quarentão me fez delirar naquela noite.

Segundos após ele gozar e tirar de dentro todo satisfeito, subi correndo com uma mão na xoxota segurando a meleca dentro de mim e quase mijando escada acima. Cheguei ao banheiro e instantes depois aconteceu novamente o lance do barulho como se alguém removesse a tampa de um bueiro. Permaneci sentada no vaso e de orelhas em pé. Ouvi um baque: "com certeza é o som de uma das chapas de ferro sendo colocada de volta no lugar", pensei.

Naquela noite eu fui preparada para achar aquela grana a qualquer custo, levara um sonífero para fazer o Edgar dormir pesado por várias horas, assim eu poderia remover as tampas em busca do dinheiro, ou continuar procurando por toda a casa enquanto ele estivesse apagado.

Ao final do nosso jantar ele capotou e não acordaria tão cedo, pois eu havia colocado porções generosas da droga nas duas últimas doses que o homem ingeriu. Comecei a agir rápido: desci à procura de alguma ferramenta para remover as tampas. Achei um pé de cabra que estava em destaque dentro de um armário na área de serviço. Imaginei que o Edgar usava o negócio com o mesmo fim.

Levantei e arrastei a primeira chapa de ferro… Nada, só buracos de canos grandes de esgoto. Na segunda, assim que a arrastei parcialmente, já bateu a emoção, pois vi algo interessante.

Descobri totalmente aquele vão no piso, dentro havia uma caixa do tamanho de um micro-ondas grande. Abri a tampa de plástico e quase tive um treco, o bagulho estava estufado de dinheiro, pacotes de dólares com notas de 100, 50 e 20, além de um maço de uns dez centímetros com notas de 50 e 100 reais.

Tirei a caixa com o dinheiro e ia repor a chapa de ferro para depois sair fora rápidão, porém, um som vindo da cozinha me fez gelar. Abaixei ficando quietinha e ouvi novamente a voz da Giulia chamando pelo patrão. Fodeu! Eu não tive como apagar a luz para ficar em silêncio e escondida debaixo do balcão. Daí não seria percebida.

Aquela infeliz entrou na área da churrasqueira e tornou a chamá-lo. Ouvi o som do seu salto vindo em direção da entrada da varandinha; ela veria a mim, a caixa do dinheiro e tudo estaria perdido.

"Tô fodida, preciso me livrar dessa intrometida". Falei comigo mesma. Levantei e dei um sorriso forçado.

— Oi, chefinha, você aqui? — ela odiava que eu a chamasse de chefinha, nem lembrei na hora, estava muito nervosa.

Ela também ficou nervosa e disse ironicamente:

— Então a menina continua fazendo hora extra aqui — cadê o Edgar?

Ela ainda estava do lado de fora do balcão. Falei que ele estava vendo um encanamento entupido. Percebi sua cara de quem não entendeu nada, então adiantei-me antes dela falar.

— Vem aqui ver, ele está lá dentro.

E apontei para debaixo do balcão, depois peguei discretamente o pé de cabra e o segurei escondido por detrás da minha perna. Ela aproximou-se caminhando toda cheia de pose com seu salto alto e seu jeito arrogante. Chamou pelo homem novamente.

— Acho que ele não consegue te ouvir lá de dentro.

Ela olhou para a caixa, olhou para a luva de limpeza em minha mão e para o buraco.

— Você tem que chamar mais perto da entrada para que ele te ouça.

Ela parecia desconfiada. Eu pensei em acertar a cara dela enquanto era tempo, no entanto, a sonsa abaixou quase ajoelhando na beirada da cavidade vazia. Quando ela gritou "EDGARRRR" eu levantei o pé de cabra e dei uma pancada com toda a minha força em sua cabeça. Ela caiu tombada com o tronco dentro do buraco, a ferramenta foi junto escapando de minhas mãos. Eu ia pegar o bagulho e bater novamente, pois ela não poderia sair dali com vida e contar o que viu.

Mas nem foi preciso um segundo golpe, eu tinha mais força do que imaginava, a parte da ferramenta que é usada para arrancar pregos, havia entrado totalmente na cabeça dela e foi com dificuldade que consegui tirar.

Algumas horas antes, no apartamento da Giulia.

Durante o jantar a tia Carlota pressionou a moça sobre seu envolvimento com o Edgar. Ela negou e quis saber de onde ela tirou aquela ideia. A mulher não revelou como soube. Ela ouvira um comentário maldoso da Daisy no decorrer do dia, dito para outro funcionário:

— Esperta essa gerente, além de administrar a loja, ela também administra o patrão na cama da nossa ex-patroa.

A tia passou a prestar mais atenção nas atitudes do casal referido e percebeu um excesso de simpatia entre eles. Ficou decepcionada com a sua gerente.

Depois do jantar e da conversa, a senhora sentia-se incomodada e visivelmente irritada. Disse que voltaria para Bragança Paulista naquela noite mesmo.

Ao decidir não pernoitar no apto, sem saber ela estava assinando a sentença de morte da assistente que havia traído sua confiança.

A Giulia não insistiu. Assim que a mulher saiu, mais que depressa ela mandou uma mensagem de texto para o Edgar dizendo que estava indo dormir com ele. Não obteve resposta. Ela ligou, mas só deu caixa postal. Deduziu que o homem já estivesse dormindo. "Sem problemas", pensou, ela tinha as chaves da casa e faria uma surpresa.

"Meu plano inicial era achar o pé de meia do patrão e sair com a grana dentro da minha mochila. Depois vi que precisaria de outra mochila, era muito dinheiro. E agora me acontece isto. Por que esta infeliz tinha que aparecer?" Fiquei me lamentando e xingando a morta idiota que atrapalhou tudo.

Refletia tentando elaborar um plano de fuga que não me incriminasse. As ideias fluíam desordenadas, mas já tinha um esboço do que faria, pois não poderia ficar perdendo tempo.

Depois que participei do esquartejamento da patroa, nada mais me impressionava. Pensei em tudo que precisaria e fui juntando na garagem. Depois ensaquei a cabeça dela com uma sacolinha plástica para não espalhar sangue pela casa toda. Arrastei e coloquei o corpo no porta malas do carro do homem, também a arma do crime e as coisas necessárias para me livrar do corpo e para a minha fuga. Dividi o dinheiro da caixa: parte em minha mochila e parte em uma bolsa de lona. Limpei o sangue do piso com um pano e recoloquei a caixa de volta na cavidade, também a tampa de ferro. Não queria que o homem descobrisse de imediato que houve violência ali, ele só pensaria no roubo do seu dinheiro e não chamaria a polícia. Ainda acrescentei algumas gotas do meu sangue ao pano com o sangue da Giulia. Coloquei no fundo do cesto de lixo.

Peguei minhas coisas, a carteira do homem com os documentos da Tucson, os copos em que eu coloquei o sonífero, dei uma última conferida e partiu desova.

Eu iria queimá-la dentro do carro em um lugar deserto, queria que pensassem que a carbonizada fosse eu. Para tanto teria que ser forte o suficiente para cortar as falanges dos dedos dela… E também a cabeça. Argh!

Não havia tempo para carbonizar as partes cortadas e o fogo de madrugada chamaria a atenção. Enterrei bem distante de onde deixaria o corpo.

Cheguei ao local escolhido, próximo à represa. Já havia me livrado das ferramentas e acessórios pelo caminho. Troquei de roupa e deixei a que estava suja dentro do carro. Encharquei todo o interior, também o cadáver, com quase dez litros de gasolina, recuei alguns metros, acendi uma tocha que fiz enrolando um pano umedecido de gasolina no salto do sapato dela e joguei no carro.

Aff! O fogo enorme chamaria a atenção a quilômetros de distância. Peguei a mochila e a bolsa que estavam mais à frente e desapareci do local.

Eram quase quatro horas da manhã. Teria que caminhar meia hora até a estação de trem.

Continua…

Capítulo anterior: Entregas Especiais – Capítulo 11 – O Reencontro Fatal

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Foto de perfil de KamilaTelesKamilaTelesContos: 174Seguidores: 112Seguindo: 0Mensagem É prazeroso ter você aqui, a sua presença é o mais importante e será sempre muito bem-vinda. Meu nome é Kamila, e para os mais próximos apenas Mila, 26 anos. Sobrevivi a uma relação complicada e vivo cada dia como se fosse o último e sem ficar pensando no futuro, apesar de ter alguns sonhos. Mais de duas décadas de emoções com recordações boas e ruins vividas em períodos de ebulição em quase sua totalidade, visto que pessoas passaram por minha vida causando estragos e tiveram papéis marcantes como antagonistas: meu pai e meu padrasto, por exemplo. Travei com eles batalhas de paixão e de ódio onde não houve vencedores e nem vencidos. Fiz coisas que hoje eu não faria e arrependo-me de algumas delas. Trago em minhas lembranças, primeiramente os momentos de curtição, já os dissabores serviram como aprendizado e de maneira alguma considero-me uma vítima, pois desde cedo tinha a consciência de que não era um anjo e entrei no jogo porque quis e já conhecendo as regras. Algumas outras pessoas estiveram envolvidas em minha vida nos últimos anos, e tiveram um maior ou menor grau de relevância ensinando-me as artimanhas de uma relação a dois e a portar-me como uma dama, contudo, sem exigirem que perdesse o meu lado moleca e a minha irreverência. Então gente, é isso aí, vivi anos agitados da puberdade até agora, não lembro de nenhum período de calmaria que possa ser considerado como significativo. Bola pra frente que ainda há muito que viver.

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