Acordei já eram quase duas da tarde. Foi então que senti meu corpo cheio de porra seca, minha pele vermelha e marcada pela calcinha que eu ainda vestia, e o cheiro forte do Marcos vindo na minha cara com aquela cueca ainda ali. Senti a corrente no meu pescoço também. Pulei da cama, tirando tudo aquilo, extremamente nervoso por não ter “devolvido” as coisas deles.
Qualquer coisa que perguntassem eu negaria. Nada estava comigo. Tinha que dar um jeito de devolver tudo sem ser percebido. Enfiei aquelas peças em uma gaveta dentro do armário. Me preocuparia com isso depois.
Fui tomar banho.
Meu pai já me procurava para eu ir trabalhar. As aulas da faculdade já tinham voltado há uma semana. Mas acordei tão tarde e tão lesado que a única coisa que queria fazer era correr e malhar um pouco na academia de casa e ir logo comprar meu apartamento.
Na cozinha, enquanto comia alguma coisa, conversei com minha mãe, disse que ia me mudar, morar sozinho. Marcos estava no sofá, perto de onde tinham deixado a bermuda, a corrente, a cueca e a calcinha. O cara andava quase pelado sempre. Aquilo me bateu certo nervosismo, mas tentei ignorar.
— Filho, a decisão é sua. — Ela pareceu até feliz. Me deu um abraço e saiu, disse que tinha os compromissos de sempre. Não era fácil manter a aparência nessa idade. Cabeleireiro, dermatologista, academia, ioga etc. Eu estava apreensivo por saber que ficaria sozinho com o Marcos.
Minha mãe foi se despedir dele e se sentou no colo do homem, toda arreganhada. Eu olhei de relance o jeito forte que o macho a pegava, falava com ela na orelha, sussurrava. Ela ria. E não acreditei no que vi: ela abriu a bolsa, tirou umas notas de cem e colocou dentro da bermuda dele. Ela estava bancando o filho da puta!
Dei a volta na casa e fui malhar. Corri bastante, tentando esquecer tudo aquilo. Suei, corri, inchei meus músculos, malhei muito, o corpo todo, principalmente o rabo.
Estava com a camisa molhada de suor. Minha calça de moletom também estava um tanto suada. Meu rosto e parte do meu corpo que apareciam ali brilhavam na luz da casa.
Quando eu voltei à sala para ir ao meu quarto tomar banho, Marcos ainda estava sentado no sofá. Tinha cheiro de maconha, de cigarro e latas de cerveja vazia no ambiente. A TV estava desligada, ele mexia no celular. Não prestei muita atenção, mas paralisei inteiro ao vê-lo vestindo a corrente e a cueca que eu havia escondido no armário. Engoli a seco e, antes mesmo de decidir ignorar que ele entrou no meu quarto e pegou as coisas, eu o ouvi se dirigir a mim naquela voz firme:
— Vem aqui ver as fotos que achei na net, Nandinho. — O cara estava só de cueca lá, todo largado, sozinho comigo; ele mexia no celular e alisava o caralho.
Como ele encontrou a corrente e a cueca? Será que ele sabe o que eu fiz ontem?
— Como assim? — Perguntei, nervoso. Eu estava meio perdido. Dei meia volta e fui até ele. Olhava sério para mim, e eu tentava manter o olhar no rosto dele, mas a mão marcava o pau no tecido daquela cueca cujo cheiro eu conhecia tão bem. Voltava a olhá-lo. — Que fotos?
— Essas aqui, ó! —
— O que tu fez lá no teu quarto com minhas coisas e a calcinha da Marta? —
— Eu? Ah! Nada... Eu deveria... — Tentei encontrar uma desculpa, e logo elaborei algo mais ou menos crível — ...ter levado à lavanderia, estavam todas jogadas aqui pela sala. — Me senti muito confiante com minha resposta; até apontei para o canto onde estavam os pertences.
Ele não pareceu confiar muito na resposta.
— E aí tu babou e suou na minha cueca e vestiu a calcinha da tua mãe? — Ele se levantou. O semblante sério, a testa franzida, os olhos cerrados, tudo isso me intimidava. Ele era maior do que eu e, com certeza, mais forte. — Não sou otário, cara. Senti cheiro de outro cuzinho na calcinha e o teu perfume na minha cueca. — Ele veio à minha direção, de caceta dura, e eu dava uns passos para trás. — É bom “mermo” você se mudar.
— Calma, Marcão... — Eu deveria ter falado o nome dele de maneira normal e séria, mas falei olhando o peito, a tatuagem.
— Não tem como eu viver com a namorada gostosa e a amante safada no “mermo” teto.
— Aman... Hã? — Perguntei sério, sentindo-o bem perto de mim.
Ele me segurou pela mandíbula, apertou minhas bochechas com os dedos. Meu coração disparou. Senti um calafrio e, de súbito, o cuspe quente bateu forte no meu rosto, que foi empurrado pra trás e espalmado duas vezes. Não tive tempo de escapar. Nem coragem. Nem vontade.
— Tá com o cuzinho suado, viadinho? — No terceiro tapa, ele manteve a mão no meu rosto. Passou aquela saliva por ali e me puxou para perto.
Fiquei desnorteado um tempo, não sabia como agir diante daquele jeito de se dirigir a mim. Estava acontecendo o que ontem eu fantasiava sozinho no meu quarto. Ele era canalha demais, eu soube disso desde que o vi. “Se ele está fazendo isso comigo, fará com outros”, pensava, tentando me eximir da culpa de aquele tarado estar em um relacionamento com a minha mãe!
O outro tapa veio ainda mais forte.
Eu fui jogado no sofá, empurrado, e olhei arregalado para ele.
— Responde, gostosa! — “Oh, gostosa”, lembrei. Aquilo me excitou, e muito, muito mais do que ontem, pois agora o comentário era para mim. Olhei novamente o peito tatuado do macho, o corpo, o volume do pau duro na cueca, a cueca que eu cheirei muito na noite passada.
— Estou, Marcão. — Ele não sabia que eu não era “viadinho” antes de conhecê-lo, mas isso não importava. — Eu corri e malhei bastante. — Tinha receio de responder, de olhar, mas não havia escapatória.
— Baixa essa calça, deixa eu ver a cueca. — Ele falou imponente, grosseiro, mandão. — Vira de costas, Nandinho!
Me chamar assim já me colocava na condição de submisso.
Eu aceitei sem respostas. Sobre o sofá, ajoelhei-me e baixei minha calça de moletom até metade das coxas. Realmente, minha cueca estava molhada de suor na frente e atrás. O tecido azul mais escuro na parte em que o suor foi absorvido.
— Ao vivo é maior ainda. Rabão gostoso! — O safado estava a fim mesmo. O tapa ardeu na minha nádega, e outro chegou mais forte na outra.
Eu até soltei um gemido. Nessas horas, me passava pela cabeça a surpresa de estar levanto tapa na bunda de um macho sacana, do padrastão favelado. O tesão percorria todo o meu corpo. Eu estava um tanto inerte, inebriado de excitação e nervosismo, sem saber se cedia totalmente àquilo ou se mantinha minha dignidade.
— Vai lá no teu quarto. Botei um negócio naquela gaveta. Veste e desce, viadinho. — Seu tom era sempre impositivo. Não tinha pergunta. As regras eram claras: eu deveria obedecer a tudo.
Eu não retruquei nem respondi. Apenas fui ao meu quarto, curioso, excitado e nervoso. Não exagero ao dizer que eu tremia um pouco. Que coisa!
Era uma calcinha vermelha que o puto colocou na gaveta ao pegar suas coisas junto à tanguinha da minha mãe. Isso me sugeria tanta coisa que só de pensar tirei tudo o que eu vestia e coloquei somente aquela peça pequena. Me vi no espelho, ajeitei bem o fio no meu rabo.
Ouvi um som de funk vindo da rua enquanto descia as escadas.
[continua]
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