Terceiro encontro: café na madrugada
A noite já estava alta lá fora, passava da meia noite e eu dormia profundamente. Fui despertado pelo celular chamando, “quem é a essa hora?” resmunguei enquanto tentava alcançar o aparelho ao lado da cama. Mesmo com os olhos pesados de sono reconheci a responsável pela ligação na foto que brilhava diante dos meus olhos. Sorriso desconfiado, cabelos pretos lisos um pouco acima dos ombros, pele branca escondida atrás de uma blusa de frio cinza. CK não tinha o hábito de ligar, muito menos naquela hora da noite, e ponderei as motivações daquela chamada antes de atendê-la.
“Alô”, disse sem pressa.
“Oiê”, foi o que ouvi do outro lado. Estava com o raciocínio lento e não me veio nada na cabeça para falar. “Desculpe estar ligando a esta hora, mas estou em casa sem sono e me lembrei de você. Lembrei das nossas últimas conversas e gostaria de me encontrar contigo, acho que sua companhia me acalma. Você pode?” Confesso que fui pego de surpresa tanto pela ligação quanto pela proposta, respondi um “é claro” automático, sobressaltado e levemente excitado. CK é uma mulher linda e temos uma conexão incomum e estranha: nossas conversas são sempre pela internet e nunca nos encontramos presencialmente, mesmo morando na mesma cidade. Apesar disso desfrutamos de longas horas de conversa pelo Whatsapp ou Skype e penso que se trata de um reflexo do mundo estranho no qual vivemos e dos compromissos que os dois já possuem. Havíamos combinado de mantermos o nosso “relacionamento” totalmente virtual, mas justamente quem propôs a regra a estava quebrando.
Combinamos de nos encontrar num café que fica aberto 24 horas daí a 20 minutos. Saí da cama, troquei rapidamente de roupa, peguei meu carro e segui para o local marcado. Não fiz grandes preparativos para o nosso “primeiro encontro”, apenas lavei o rosto, coloquei uma calça, uma camiseta básica e tênis (hoje penso que deveria ter me preparado melhor). No caminho fui pensando sobre o que ela gostaria de falar, especialmente de forma tão inesperada em plena madrugada.
Cheguei uns 10 minutos atrasado e ela já estava lá. Era uma noite fresca de primavera e ela escolheu uma mesa do lado de fora, um balcão elevado que dava para a rua, sem cobertura, mas que oferecia alguma privacidade devido às plantas do local. Reconhecê-la foi muito fácil, já conhecia a sua feição. Trajava um jeans surrado, uma blusa preta de alças e um all star preto de cano baixo. Havia uma jaqueta jeans sobre seus ombros e aquela imagem conferia a ela um frescor muito maior que a nossa diferença de idade poderia sugerir. Quando ela me viu levantou-se da cadeira, aproximou-se e abraçou-me como se houvesse uma saudade irreparável entre nós. Percebi que ela era mais alta do que imaginava e que as fotos trocadas não davam real dimensão da realidade. Ao abraço seguiu-se um belo sorriso. “Você veio!”.
Claro que eu iria, que atenderia ao seu chamado. Já nutria um misto de admiração e desejo em relação à CK. Conversávamos sobre os mais variados assuntos - dos problemas em relação ao futuro do trabalho ou onde o pôr do sol seria mais bonito - o que para mim é algo fundamental, mas não há como negar a sua beleza e o seu corpo deslumbrante, longilíneo e bem distribuído coberto por uma pele branca e coroado por uma feição de menina e um dos mais belos sorrisos que se poderia encontrar. Sem sombra de dúvidas CK é uma mulher deslumbrante. Estaria eu apaixonado por ela?
“Claro”, respondi. Ela abriu um sorriso infantil, apontou para a cadeira indicando onde deveria sentar-me. Ela agradeceu a minha disponibilidade de vê-la e começou uma narrativa de como havia seu dia e quais seriam as suas motivações para o convite. Emendamos esta conversa com outras que havíamos travado pela internet, especialmente sobre como ela se sentia só nesta cidade e como os poucos amigos que ela havia conquistado não eram tão amigos assim. Também havia problemas com o seu trabalho atual, no qual ela se encontrava absurdamente insatisfeita pelo convívio com os colegas e com a remuneração. Enfim, percebi que havia ali a necessidade de desabafar, então deixei que ela falasse sem maiores considerações.
Após algum tempo, percebi que a conversa estava ficando muito “pesada”, seu sorriso desaparecera por completo e aquele rosto de menina carregava mais amargor do que sua leveza natural. Num intervalo da narrativa perguntei “CK, acho que nunca te perguntei isso, mas você gosta de café? Estamos num dos melhores cafés da cidade e ainda não pedimos nada…”. Ela não respondeu de imediato, parecia que estava presa em algum transe. Depois de alguns segundos ela deu um longo suspiro e respondeu: “É mesmo. Olha eu A D O R O café, inclusive tenho uma máquina em casa para tomar os meus espressos.” Percebi que a pergunta havia devolvido vida aos seus olhos, que faiscavam ao responder. “Então, já passa das 3 manhã e acredito que não seja mais um bom momento para um espresso, mas o capuccino daqui é maravilhoso…” e antes que eu pudesse terminar a frase ela interpelou “Eu quero!”. Pedimos dois capuccinos, um tradicional para mim e outro com chantilly para ela, e nossa noite mudou completamente daquele momento em diante.
Começamos a falar sobre cafés, sobre as vantagens e desvantagens de uso de cápsulas (ela experimenta as novidades assim que possível e eu mantenho o tradicional o máximo possível), sobre gostos peculiares em relação à comida, lugares já visitados e outros que se deseja visitar. Falamos de tudo um pouco, da vida, de nós mesmos e de sonhos. Ela estava sentada na minha frente e soprava uma brisa fria da madrugada. Seus gestos tornaram-se largos, algumas vezes ela parecia querer caminhar e falar ao mesmo tempo, muita vezes colocava um dos pés sobre a cadeira e o joelho alto ultrapassava o limite da mesa. Por um momento verifiquei se o que ela bebia era um capuccino com chantilly ou se era um irish coffee, mas não, era só café mesmo. Desisti de tentar entender a mudança que procedia na minha frente e deixei-me levar pelo fluxo da conversa. Reparei que seu sorriso estava solto, que ela mexia seus cabelos displicentemente e que havia um brilho vivo nos seus olhos. Perdi o fio da conversa ao perceber como aquela mulher é deslumbrante e que não haveria companhia melhor para um café na madrugada.
Tocando meu braço ela me trouxe de volta à realidade. “Estava viajando ou é sono mesmo?” disse com um tom jocoso na voz. “Desculpa, acabei me perdendo entre as suas palavras e o meu raciocínio”, respondi sem pensar. “E no que você estava pensando?”. Esta frase surgiu de forma tempestiva e desafiadora, havia algo maléfico em seus olhos. Fiquei sem ação, ela me dominou por completo com aquelas palavras e com aquele olhar. “Se você não estava prestando atenção no que eu falava, no que estava prestando atenção?” perguntou projetando o corpo sobre a mesa, encarando-me. Ela abriu um grande sorriso frente ao meu silêncio, tomou meu rosto em suas mãos e beijou-me. Daquele momento em diante estava condenado aos caprichos daquela mulher.
Ela me soltou, sentou-se novamente em sua cadeira enquanto me fitava. Sou uns 15 anos mais velho que ela, mas naquele momento não havia como minhas orelhas não estarem queimando. Ela sorria vitoriosa. “Está tarde não é mesmo? Já deve ser umas 4 horas da manhã e amanhã nós dois precisamos trabalhar cedo”. De fato, ela estava certa, mas meu coração estava acelerado e ainda não havia superado o sabor e a surpresa do beijo que ganhei. Pagamos o café e nos dirigimos para a rua, caminhávamos lado a lado e nossas mãos se procuravam. Seguimos em silêncio, ela me acompanhando até o carro e assim que ali chegamos paramos frente à frente e eu busquei seus lábios. Pude sentir o sabor da sua saliva enquanto nossas línguas se descobriram. Nossos corpos ficaram mais próximos, senti o calor da sua pele contra a minha, a textura dos seus seios e a agitação da sua respiração. Seus braços estavam sobre meus ombros, suas mãos acariciavam meus cabelos enquanto as minhas repousavam eu sua cintura. Interrompemos o beijo e ela me perguntou “me leva pra casa?”. Neste momento parecia uma criança que pede colo manhosamente. “Claro!” e entramos no carro.
Dirigi por cerca de 10 minutos até chegarmos ao prédio onde ela morava. Já havia passado uma centena de vezes ali, pois era bem próximo à universidade na qual me graduei e nem desconfiava que ela residia ali. Havíamos suprimido essa informação das nossas conversas pela internet. Ao longo do período que dirigi seguimos em um silêncio confidente, pois apesar de sempre termos muito o que conversar naquele momento nenhuma palavra fazia sentido. Apenas o que existia eram seus dedos nos meus cabelos e minha mão sobre sua coxa. Ao nos aproximar do prédio ela indicou que eu estacionasse em uma vaga para visitantes que ficava na lateral do edifício, o lugar parecia seguro e ao mesmo tempo reservado.
Sem olhar para mim ela disse “hoje você não pode subir… mas como você foi muito fofo comigo esta noite eu vou lhe dar um presente”. Dizendo isto ela projetou seu corpo sobre o meu e se aninhou no meu colo. Segurei seu corpo próximo ao meu e voltamos a nos beijar. Os beijos começaram a ficar mais intensos, havia uma fome ali que não poderia ser saciada em uma noite. Ela passou a beijar meu pescoço, descendo pelo meu peito, mordiscou meus mamilos sob a camisa, beijou minha barriga e, quando chegou no meu pau deu uma mordida que não tão leve assim. Soltei um “ai” em protesto e ela sem me olhar sorriu e começou a abrir a minha calça.
Durante aquela noite eu já havia sentido tesão somente em olhar para ela, mas naquele momento meu corpo todo tremia. Não se tratava simplesmente de tesão, mas de um desejo que transbordava do meu corpo, um desejo que era motivado exclusivamente por aquela mulher. Quando ela mordeu meu pau ela já estava duro, agora havia tanto tesão ali que ele latejava. Sem grandes dificuldades ela abriu minhas calças, puxando-as até abaixo do joelho. Estava nu, apontando para o teto, enquanto ela me fitava. Hoje penso que se tratava de alguma forma de tortura, pois tudo o que eu mais desejava era que aqueles lábios me chupassem. Ela começou a beijar a cabeça do meu pau sem pressa e passava sua língua naquela superfície vermelha e inchada. Depois de molhar bastante a cabeça ela começou a engoli-lo, lentamente, até que meu pau estivesse completamente em sua boca. CK começou a movimentar sua cabeça, chupando, e com maestria usava a sua língua de uma forma que não sei explicar. Confesso que o tesão era tanto que alguns detalhes de como ela me chupava se perderam da minha memória. Tudo o que eu queria era me entregar àquele momento, desejando que ao mesmo tempo ele nunca acabasse e que todo o prazer do mundo viesse de uma única vez.
Passei a tocar seu corpo, suas costas, suas coxas e sua bunda. Mas ela tinha tal controle da situação que a minha mobilidade era praticamente zero, assim uma mão acariciava seus cabelos enquanto a outra percorria a pela de suas costas e sua bunda. Em algum momento ela abriu a própria calça, mas realmente não me lembro. Sentia meu pau todo molhado, sentia a pressão da sua boca e as carícias da sua língua e, quando não havia o que melhorar, ela começou a massagear o meu saco. Quando isso aconteceu eu perdi o resto de controle que eu tinha e me entreguei completamente ao prazer que ela me proporcionava. Não sei dizer quanto tempo ficamos ali, se minutos ou se horas, mas quando meu corpo começou a tremer e meu pau a pulsar eu não precisei alertar quanto ao meu gozo, pois ela aumentou tanto o ritmo quanto a pressão. Não resisti e derramei em sua boca todo o tesão acumulado por nossas conversas e nos gracejos daquela noite. Em sua fome, ela não deixou que nada escapasse de sua boca.
Não demorou muito ela se levantou, enquanto limpava o canto dos lábios com os dedos ela me sorriu e perguntou “gostou do presente?”. “Como não?” respondi com um sorriso que fazia doer a musculatura da face. Ela se aninhou novamente nos meus braços para que nos beijássemos mais uma vez. Um beijo que tinha um gosto de saudade. Nos ajeitamos como podíamos ela me deu um forte beijo na bochecha e saiu do carro. Ao sair, voltou-se e disse “Obrigada pela noite, obrigada por te vindo. Mais tarde nós nos falamos pela internet, ou eu te ligo. Fique bem e até mais”. Virou-se e seguiu para a entrada do prédio. Pensei comigo “que seu contato não demore. Bom descanso menina linda”. Liguei o carro e segui em direção à minha casa. Nesse momento o dia começava a despertar.