DENVER, 1871.
Todd Burton, o xerife daquele fétido povoado esquecido do resto do país, punha à força de pontapés o negro Moses para fora do único saloon da cidade. “Fora, saco de carvão!”, berrava o velho, loucamente, por todos os poros. Mas não pensem que o expulsava do saloon diante dos olhos passivos de todos os que ali assistiam por calote, por roubo ou ínfima perturbação da ordem pública. Era pela cor da pele.
Chutou o negro já tonto até este cair na poeira seca da rua principal. Alguns caubóis, parados sobre a sombra dos alpendres dos comércios, gargalhavam-se da surra que Moses levava. Não podiam tolerar um negro bebendo num bar de homens brancos.
De súbito, Moses lançou-se sobre o xerife, enfurecido. Vou te partir em dois, velho! Mal alcançou a figura gorda e desajeitada de Burton quando dois gorilas impediram-no com socos no estômago e uma paulada na nuca. Moses teve apenas o tempo de tombar ao chão, retorcendo-se de dores atrozes.
Burton, enlouquecido pela afronta, atirou o negro dentro da tina de água dos cavalos. Humilhou-o, imergindo sua cabeça na água suja, lhe atribuindo características racistas. Deixando emanar de si tudo o que havia de socialmente mais podre. A cidadela parou para assistir ao combate desigual. Cada qual sob a segurança de suas varandas, das suas janelas, espiavam o xerife revolutear-se qual um louco com o negro nos punhos.
Um afro-americano monumental, escultural, era Moses. De corpo altivo, parrudo, braços grandes ― grunhia agora na poeira do chão feito um cão açoitado. Não satisfazendo-se, Burton rasgou as calças encardidas do negro surrado, deixando-o completamente nu defronte aos olhos já horrorizados da cidade. Apanhou o azorrague e lanhou suas nádegas musculosas. Uma, duas, três, quatro vezes. O sangue vermelho do negro escorria vagaroso, contornando a voluptuosidade das suas curvas generosas.
Quando calaram-se as risadas que acompanhavam de perto os movimentos de tortura de Burton, o negro continuou lá, desacordado. Como um bicho encolhido na rua, permaneceu por horas bem onde o largaram, ao lado da tina, desnudo, até que um comerciante foi retira-lo de lá.
No dia seguinte, a nudez robusta de Moses era o fatídico assunto nos saloons de Denver. Cada boca dava uma proporção diferente e fenomenal para seu pênis negro e descrevia sua versão exagerada da sucessão de acontecimentos. Todas, no entanto, exaltavam o xerife Burton como um grande homem da lei, o grande pai da ordem.
O tempo passou, vagaroso. O xerife tornou a cometer outras atrocidades cruentas contra outros cidadãos, talvez para fazer lembrar o seu embrutecimento e rudeza, pondo assim ordem na casa, no condado, na mente dos cidadãos. Queria fazer-se lembrado. Queria que não ultrapassassem a sua lei. Nisso, o negro desnudo se desvanecendo da mente das pessoas, ninguém mais tocava no seu nome.
Num obscuro dia de Maio, após ter caído uma chuva diluviana, Denver encontrava-se sob a lama. Burton, após o expediente, foi depressa para o saloon. Lá ficou entupindo-se de uísque e de estórias que lhe contavam até sentir vontade de ir embora.
No caminho de casa, encontrou-se com um caubói que o esperava na penumbra discreta de um alpendre. Ambos seguiram para a casa do xerife, sempre a olhar em volta.
Pôs a chave na fechadura, girou e abriu a porta. A casa, como costumeiramente, estava retida na completa escuridão. Entraram, o xerife e o jovem que o seguira. Fechou a porta. Abraçaram-se eroticamente, arduamente.
A luz bruxuleante de um lampião agora aceso dava luz ao ambiente. O homem que acompanhara Burton era um rapaz lépido, de uns 20 anos, de olhos claros e apreensivos. Louro, de cabelos ondulados sob as abas do chapéu. Sorriu, ao ver o sorriso criminoso do xerife.
Sentou-se, o velho Burton. Despiu o rapazote de pé na sua frente.
Encantado, deslocava as mãos pela extensão de seu corpo jovem e firme. Devia ter 15 anos; um garoto. “Vou deflorar você hoje, meu rapaz!”, confidenciou o xerife, sob uma risada rouca e lenta.
Abaixou as vestes rústicas daquele rapazola e pôs-se a masturba-lo, rapidamente. Logo este gozou com um gemido. O xerife exibia a poça de sêmen acumulada em sua mão com espanto. “Vou fazer uma dessas na sua boca, meu rapaz!”.
Burton atravessou o jovem em sua cama larga e rude. Afastou suas pernas ligeiramente. O rapaz ingênuo sentiu o dedo grosso e áspero do xerife penetrar vagarosamente o seu orificiozinho nunca antes penetrado. Arregalou os olhos azuis por um instante, contraindo as sobrancelhas louras.
Burton penetrou os curtos centímetros de seu pênis no ânus do moleque. “Ah”, gemia ele, em cima do garoto, dando-lhe tapas na bunda e outras violências verbais. Abafou com a outra mão os seus gemidos, que agora eram agudos. E estuprou-o por vários minutos até enfim encher os seus lábios avermelhados de seu sêmen viscoso.
O rapaz, desconfiado e desconfortável, limpou-se, vestiu-se e saiu depressa da casa do xerife, sempre olhando a sua volta. Pela escuridão das ruas, logo sumiu. O xerife ficou só, esticado sobre a cama, sob o bem-estar do sexo, saboreando ainda o prazer de desvirginar aquele belo jovem, completamente nu.
Ouviu um barulho na porta. Parecia a maçaneta se movendo. Ergueu-se depressa, apreensivo, pensando ser o rapaz de volta. Não era. Voltou para a cama, mas empalideceu quando viu nela a silhueta do negro Moses, completamente nu, de pau em pé.
O negro afundou o pênis maciço no cu latejante do xerife, que não tinha para onde escapar. Este berrava, rangendo os dentes, subornado à dor de ser penetrado por um afro-americano bem-dotado, dotado de vingança. Cada vez que enterrava sem membro, rasgando, a garganta de Burton se desmanchava em gemidos plangentes. Ninguém ouvia.
Moses, encimando o xerife, não lhe tapou a boca: queria ouvir suas súplicas, o seu choro, a sua dor. Queria que doesse tanto quanto doeu aquela sua humilhação em público. As lágrimas já escorriam dos olhos do xerife, seus lábios imploravam piedade. O negro, cego de vingança, sequer o ouvia. Enfiava o mastro no traseiro cabeludo, embrutecido, mais fundo, mais fundo. Não ligava para a sua dor. Possuía-o como este fizera com o rapazote há pouco. Cada vez mais rápido, feroz e frio.
O sangue de Burton já manchava as suas nádegas trêmulas, descendo para os lençóis da cama. Gritava, pedia socorro, mas ninguém ouvia. A cidade parecia dormir profundamente. Um sono justo.
No dia seguinte, quando o sol e o trinado das aves anunciaram o dia novo, o xerife Burton encontrava-se morto sobre a cama onde fora penetrado sem complacência. Ele, de bruços, tinha a calça baixada e as penas ligeiramente afastadas. Os olhos ainda estavam abertos, mirando a janela. O ânus inchado, e sobre as costas, lambuzando a camisa, o sêmen viscoso do negro Moses que não descobririam jamais.
FIM
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