'Cinco semanas depois de chegarem à capital paulista.'
Jessie e Pedro Miguel estavam morando em uma casa de dois ambientes, tipo quitinete, em uma pequena vila com cinco outras casas iguais, situada nas imediações do motel em que se hospedaram na chegada. Fecharam um acordo verbal para ficarem por três meses na residência equipada com mobília e eletrodomésticos. O proprietário exigiu pagamento adiantado, incluso mais um mês de depósito. A garota, no entanto, não pretendia ficar tanto tempo na cidade, assim que estivesse bem fisicamente, partiria na captura do Maciel (o concierge).
Início de noite de sábado, o rapaz havia saído para comprar o jantar, ela acabara de sair do banho do modo como veio ao mundo. Animou-se com a música que preenchia o ambiente: "Nem sempre se pode ser deus" dos Titãs. Caminhou balançando o corpo ao ritmo da melodia ao mesmo tempo em que esfregava a toalha nos cabelos molhados. Chegando à cozinha, abriu a geladeira e serviu-se de uma mistura de vodka com suco de laranja, deu um gole, fez cara de quem gostou e dirigiu-se ao quarto. Vestiu uma camiseta do Ramones, a mesma que dera ao Pedro Miguel no dia da fuga. Admirou-se no espelho girando nas pontas dos pés para olhar seu bumbum semi exposto, levantou a camiseta e examinou a nudez do seu corpo em ângulos diferentes. Sua expressão foi de alívio; os hematomas daquele dia de terror estavam quase imperceptíveis. Vestiu um shortinho folgadinho, realçou a beleza dos lábios rosados passando um brilho labial, mandou um beijo para si mesma e sorriu maliciosamente.
Pedro Miguel chegou com a comida, ela o olhou com carinho e havia desejo naquele olhar. O vínculo entre os dois jovens se estreitara nos últimos dias; selinhos e abraços de agradecimento eram constantes. O momento mágico não tardaria a acontecer.
O rapaz estava ligeiramente mudado: deixou crescer os cabelos e a barba por sugestão da Jessie.
— Você não tinha me dado essa camiseta? — ele falou em forma de crítica, mas em tom brincalhão.
— Se quiser ela de volta tem que vir pegar — ela falou o desafiando e rebolou debochadamente segurando no cós da camiseta.
Ele colocou os marmitex sobre a mesa e partiu pra cima dela. Só para fazer graça ela soltou um gritinho e correu até a cama e pulou em cima. Ele estava em seu encalço. Jessie agarrou um travesseiro para se defender.
— Não vem não, maluco! Te encho de travesseirada — falou em tom de farra.
Ele chegou pertinho e entrou no clima erguendo os braços pacificamente.
— Sem violência, só quero a minha camiseta de volta.
— E vai me deixar pelada?
— Não vou negar que é a minha intenção.
— Vamos fazer um trato, te devolvo depois do jantar, estou morrendo de fome.
Ele concordou, mas quis um selinho para firmar o acordo. Ela deu mais que isso, um beijo mais longo, sem língua, mas tão gostoso quanto.
Depois do jantar e de barriga cheiinha, recostei com ele na cabeceira da cama para assistirmos a novela, já que não tínhamos TV a cabo. Cerca de meia hora depois, durante um comercial:
— E então, vai me devolver a camiseta agora?
— Eu nem queria mesmo e também estou morrendo de calor — falou a moça retirando a peça de roupa e ficando vestida só com o shortinho.
— Porém não é justo, esta é a minha banda favorita — concluiu ela.
— Eu troco por um beijo, mas tem que ser igual ao de uns dias atrás — disse ele.
— Seu safado! — disse ela e tomou a iniciativa do beijo.
Eles nem viram uma cena de erotismo que passava na TV, entre eles acontecia algo real e desejado por ambos há semanas.
Senti sua ereção quando me beijou, aquilo incendiou minhas partes baixas. Depois de rolarmos curtido um dos beijos mais longo da minha vida, fiquei por cima dele ao desgrudar dos seus lábios e acariciei seu membro por cima do short.
— Ei! Tem algo vivo aqui — disse Jessie.
Deslizei a mão por dentro para senti-lo, estava mais vivo do que nunca. O despi da pequena peça de roupa e fiz um boquete gostoso o lubrificando e deixando lisinho com minha saliva. Tirei meu shortinho e acomodei-me por cima dele direcionando seu pinto na minha boceta. Caraca! Fiquei descontrolada com o tesão que senti com ele invadindo suavemente o meu interior. Usei de todos os meus truques para curtir aquele pau gostoso inserido lá dentro. Remexi meus quadris de um lado para o outro em movimentos circulares e alternando com subidas e descidas cada vez mais rápidas. Senti que ele se segurava para não gozar rápido demais, diminui a velocidade subindo devagar até quase tirá-lo de dentro e com movimentos suaves o torturei brincando com a glande em minha entrada sem deixá-lo ir além… Ele não segurou mais, senti o primeiro jato do seu leite e a ansiedade do homem. Foi o maior bom sentir sua pegada forte em minha bunda e socando até o fundo de minha alma. Entreguei-me à sua vontade apoiando minhas mãos em seu peito e acompanhei o ritmo das suas enterradas. Ahh! O clímax chegou gostoso como um choque suave, me acabei cavalgando sobre aquele nervo duro golpeando fundo dentro de mim e enchendo minhas entranhas com sua ejaculação animal.
A noite seguiu com brincadeiras gostosas e por várias horas esqueci que havia um mundo de perigos nos esperando lá fora.
***
O patrão do Tenório mandou reunir alguns dos seus pistoleiros para dar-lhes um ultimato, o industrial estava possesso com seus subalternos por não conseguirem localizar a garota.
Felizmente, para o grupo de capangas, um deles trouxe informações que acabara de conseguir sobre um dos golpistas: o sujeito era um funcionário não fixo do hotel e fora cobrir a folga de um recepcionista naquele dia do golpe.
— Foi esse "hijo de puta" que me deu as bebidas drogadas — vociferou o homem ao ver a foto do Maciel exibida pelo empregado.
— Vocês têm uma semana para me darem a cabeça desse merda, a localização da vagabunda e do outro puto — ou podem começar a procurar trabalho bem longe daqui.
O Tenório, após ouvir toda a conversa, concluiu que precisava encontrar o Maciel antes dos cães de caça do patrão, ou a casa ia cair pra ele. Contava com a vantagem de saber mais sobre o ex-parceiro, pois quando planejou o roubo, havia chegado até o Maciel através de informações de conhecidos do submundo. O ex-policial soube do tipo de golpe que o homem e a garota aplicavam, quem os protegia, quem compactuava com eles e todos os beneficiados pelos lucros. Foi apresentado ao concierge e ofereceu-lhe centenas de milhares de dólares para um trabalho que ele e sua parceira estavam acostumados a fazer com sucesso, contudo, era um esquema que renderia a ambos um milhão de dólares. O golpista ganancioso pulou de cabeça sem tomar conhecimento dos riscos que envolvia aquele negócio. Também não hesitou quando o novo comparsa sugeriu que eles não revelassem o motivo principal do golpe à parceira, assim, os dois homens dividiriam o lucro só entre eles. Também seria prudente eliminarem a garota para não deixarem testemunhas.
Depois de arquitetar mentalmente o seu plano de caça ao concierge, Tenório alegaria motivos de saúde para poder ausentar-se dois ou mais dias do trabalho na casa do empresário. O ex-policial partiria na captura do Maciel na tentativa de antecipar-se aos capangas do patrão.
***
Jessie e Pedro acordaram tarde no dia seguinte. Algo ocorrera durante o período de sono, pois toda a desenvoltura e ímpeto na cama demonstrado pela jovem amante parecia ter desaparecido. O semblante sério não lembrava em nada aquela menina divertida, amorosa e carinhosa nos gestos e frases de horas atrás quando eles adormeceram abraçados após uma atividade sexual intensa. Ela havia mudado da água para o vinho, recusou um beijo de bom dia e evitou o rapaz. Em tom sério e frio disse que tinha uma missão a executar, necessitava de um comparsa e, não, de um amante.
Pedro Miguel ficou confuso, realmente aquela garota era difícil de entender. Ele repassou em pensamento cada um dos momentos vividos naquela noite, tentava chegar a algo que tivesse feito de errado. "Ou será que tudo não passou de um sonho? Não, foi muito real." Ele mesmo respondeu em pensamento. Ainda sentia o doce aroma e maciez daquele corpo feminino que se unira ao seu, e o calor daquela boca sugando e revivendo o seu membro a cada nova etapa de pegação daquela noite amorosa repleta de erotismo.
Ele não encontraria uma falha, a noite foi perfeita e Jessie sabia disso, por isso ela virou a chave e tornou-se fria novamente, reprovou a si mesma por mais uma vez ter se envolvido emocionalmente. Apaixonar-se e levar adiante aquela relação não estava em seus planos, ainda sentia raiva de homens e prometera nunca mais abrir seu coração. Relacionamentos sexuais seriam tratados apenas como negócios. Ela tentaria manter o seu novo aliado ao seu lado sem usar o seu corpo e o romantismo.
Era notório que o carinha sério havia mexido com a moça aparentemente fria. Apesar dos vários momentos punks vividos por ela nos seus vinte e um anos incompletos e só ter praticado sexo com interesses financeiros nos últimos dois, ainda assim em seu coração havia fragmentos de romantismo. No entanto, a relação que despertou seus sentimentos adormecidos, não tirou o foco da sua sede de vingança contra os que quase lhe tiraram a vida. Ela havia se recuperado e chegara a hora de dar o troco.
Jessie contou todo o caso do empresário, dessa vez sem omitir nada: o ataque de catalepsia, o roubo dos valores do homem, o Audi que tirou do estacionamento sem saber que tinha um milhão de dólares em seu interior, a traição dos parceiros e todos os outros detalhes, inclusive os da tortura.
— Eu fui enganada, espancada, estuprada e colocaram uma arma em minha boca. — Você viu o estrago que fizeram em mim. Quero vingança e a grana que eles me devem. — Em alguns dias entregarei a quitinete e partirei para Santa Catarina. Você vem comigo?
Continua…