Confissões de um Hetero ( 10 anos depois ) FINAL

Um conto erótico de Igor
Categoria: Homossexual
Contém 9780 palavras
Data: 16/11/2019 19:09:15
Última revisão: 16/11/2019 19:25:49
Assuntos: Gay, Homossexual

Eu: O que tem o Guilherme ?

Duan: Igor... Como vocês estão ?

Eu: Não estamos, Duan.

Duan: Eita, desculpa.

Eu: Duan, Não tem que se desculpar. Você não tem nada a ver com o que aconteceu entre nós. Estamos bem, eu estou bem. A vida segue. ( Sorri pra ele )

- E a vida realmente segue. Eu tive que ser mais contundente com o Duan em minha resposta sobre o Guilherme. Ele acreditava que o Guilherme fazia ainda grande parte no meu coração. E Fazia.

Eu: Ei, posso te fazer uma proposta ?

Duan: Claro!

Eu: Porque não vamos pra minha casa ? a gente pede um vinho e come uma pizza.

- Ele sorriu muito dessa minha proposta. Eu fiquei sem entender o motivo da crise de risos.

Eu: Falei alguma coisa engraçada ?

Duan: Cara, desculpa. É que eu ia fazer essa proposta a você. Mas, depois de tanto tempo sem te ver, eu não ia dizer “ Posso ir pra sua casa tomar um vinho?” fiquei com vergonha.

Eu: Que bom que fui cara de pau.

Duan: É, você é meio certinho demais, né ? ser folgado não faz parte de você

Eu: Hahaha. Tô longe de ser certinho. Mas, também tô longe de ser folgado.

- Falamos besteiras no caminho de volta para minha casa, eu não estava levando o Duan para minha casa, para tentar algo ( deveria ? ) eu só queria estar mais confortável, São Paulo é tudo tão louco e corrido que eu sempre acabo prezando por um momento mais intimista. Seja agora com o Duan ou na maioria das vezes com amigos.

- Chegamos em casa. Pedi para o Duan ficar a vontade enquanto eu ia abrir o vinho. Estava na cozinha e ele na sala...

Duan: Bonita sua casa.

Eu: Obrigado, mudei a pouco tempo...

Duan: Foi você quem decorou a casa ?

Eu: A maioria sim, mas tive ajuda da Olga, minha amiga.

Duan: ficou bonita, tem uma energia agradável...

- Cheguei na sala com o vinho e as taças.

Eu: Que bom que gostou.

- Coloquei o vinho em cima do centro da sala e me levantei para colocar um stlist.

Eu: Espero que você goste.

Duan: Você curte muito Mpb, não é ?

Eu: Sim.

- Abri o vinho que amo, e nos servi.

Duan: Vinho seco ?

Eu: Sim, não gosta ?

Duan: É o meu preferido.

- Bebemos sem falar nada, apenas a música de fundo tocando, até que ele disse.

Duan: Acentuado... como seu gosto por musica.

- Abri um sorriso e disse;

Eu: Foi um elogio?

Duan: Com certeza. ( sorriu de volta )

Eu: Eu queria te fazer uma pergunta, posso ?

Duan: Preciso ficar receoso para responder ?

Eu: Não, acho que não.

Duan: Pode perguntar... ( disse, olhando sério para mim )

Eu: Como ele era seu amigo, como está você e o...

- Ele não esperou que eu terminasse a minha pergunta...

Duan: Igor, depois daquele dia, eu e Guilherme nunca mais nos falamos. Eu procurei ele uma vez, depois que você foi embora, e ele não me retornou, então eu entendi que ele não queria mais contato comigo. Eu o entendo, não devia ter feito o que fiz. Independente de você está solteiro ou não. Acho que faltou sensibilidade da minha parte.

Eu: Isso foi um desabafo ?

Duan: Sim, desculpe.

Eu: Tudo bem. Eu entendo. Mas, não era sobre o Guilherme que eu estava falando.

- Ele olhou para mim envergonhado e disse;

Duan: Não ?

Eu: Não. Eu ia perguntar sobre o Otto. Já que nunca mais tive noticias dele.

Duan: Há tá. Então, não tive mais noticias. Cortei contato, tanto com ele quanto a Nick. Mas, as poucas coisas que soube era que estavam bem.

Eu: Que bom.

- Fiquei calado olhando pra ele. Duan tinha uma beleza diferente, era algo mais, digamos, delicado, atual, algo meio intelectual, não sei explicar... fiquei só olhando pra ele. Ele as vezes tirava a vista. Percebi que ele estava ficando envergonhado, mas, continuei. Até que ele falou;

Duan: Posso ver a vista da sua varanda ?

Eu: Claro, vem cá.

- No caminho até a varanda, Lucas se enrosca no pé dele. Ele toma um baita susto!

Eu: Calma! Hahaha

Duan: Que linda!

Eu: Lindo. É o Lucas.

- Chegando até a varanda, a noite estava linda. O céu de Sampa não tinha nuvens, dava para ver as estrelas...

Duan: Que vista linda!

Eu: Hoje a noite tá bonita, aproveita.

- Estavamos um ao lado do outro, encostados na varanda olhando os carros e as pessoas lá em baixo. De repente ele diz:

Duan: Acho que o vinho tá fazendo efeito...

Eu: Você tá bem ?

Duan: Estou, é que...

Eu: Fala...

Duan: Eu queria te dar um beijo...

- Eu olhei pra ele, dei um sorriso de lábios e coloquei a mão na sua nuca e o beijei. Foi um beijo com vontade, com força, como se eu quisesse fazer aquilo, mas faltava algo, eu iria descobrir...

Duan: Nossa.

Eu: Desculpa, te machuquei ?

Duan: Não não

- Ele sorriu e deitou a cabeça em meu ombro. Estávamos agora sentados na varanda da minha casa, peguei um cobertor, pois estava frio e nos cobrimos. Conosco havia mais duas xicaras de café quentinhas.

Duan: Que lindo esse jarro!!!

- Falou ele em um tom pouco convencional.

Eu: Obrigado, falei rindo.

Duan: Posso tirar uma foto ?

Eu: Claro, fique a vontade.

- O Guilherme me deu as flores que estavam no jarro, mas é obvio que eu não iria falar sobre isso.

- Depois de um tempo ali, a pizza já havia chegado, mas, ainda não havíamos pensado em comer... o nosso papo e os nossos beijos estavam suprindo nossa fome. Até que...

Duan: Tá ficando tarde, eu tenho que ir...

- Fui reto, e muito sincero, até certo ponto, ousado, apesar de estar enferrujado, tratando-se desse tipo de abordagem.

Eu: Porque você não dorme aqui hoje ?

Duan: Não posso, amanha tenho congresso.

Eu: E se eu te levar ?

Duan: É as 08:00

Eu: Perfeito.

Duan: Mas teria que passar no hotel primeiro, minhas roupas estão lá...e Igor, já vou embora amanhã, depois do congresso.

Eu: Bom, eu tenho certeza que uma das minhas roupas vai servir em você.

- Ele olhou, sorriu e disse.

Duan: Eu vou adorar dormir aqui hoje.

-Eu queria e ele também queria, dava pra sentir a ligação que nós tínhamos naquele momento. Peguei em sua mão e o levei para meu quarto.

- Eu vou deixar vocês imaginarem como foi a noite. Mas não se decepcionem. Apesar de estarmos cansados, conseguimos ( sem esforço ) transar duas vezes. E, como eu imaginava, descobri o que faltava, era a entrega de nós dois.

- Conseguimos cochilar por 3 horas, eram 06:00 da manha. Duan acordou apressado, tomou um banho rápido e vestiu uma das roupas das quais eu havia separado para ele, tomamos um copo de suco e seguimos em direção ao seu hotel... no caminho, até chegar lá, ele colocava sua mão sobre a minha nuca enquanto eu estava dirigindo, em um dos momentos ele me disse:

Duan: Igor

Eu: Oi meu lindo.

Duan: Eu gostei muito de ontem a noite ( disse ele olhando para mim, com um sorriso maroto )

Eu: Eu também, foi melhor do que eu imaginava.

Duan: Que bom que gostou.

Eu: Você tinha dúvidas ? ( falei sorrindo )

Duan: Com você sim.

Eu: Nossa, eu não sou nenhum senhor do sexo... e pra falar a verdade, estava um pouco enferrujado... hahaha

Duan: Queria poder ficar mais tempo com você.

Eu: Iria ser bom.

- Depois da minha resposta, ficou um silencio no ar, até que ele disse.

Duan: Meu internato está acabando. Creio que um pouco mais de 1 mês, depois que receber meu CRM, já estarei apto para escolher o local da onde quero fazer minha especialização.

Eu: Poxa, que legal, tá chegando a hora não é ?

- Ele olhou para mim, estava sério, e disse:

Duan: Eu estava querendo vir fazer aqui em São Paulo.

- Olhei sério para ele e disse;

Eu: Mas porque aqui ?

Duan: Porque não tem outro lugar perto, que seja tão qualificado como aqui.

Eu: Entendi. Pense, faça a escolha certa.

- Mais silencio no carro... até que;

Duan: Sem falar que tem você aqui, pode me ajudar com dicas de apartamento, essas coisas.

Eu: Claro, posso te ajudar. ( falei não conseguindo conter a minha seriedade )

Duan: Igor, relaxa, eu não estou vindo por causa de você não. É que a maioria das pessoas que terminam o internato e vão fazer residência, tentam aqui em São Paulo. Sou apenas mais uma dessas pessoas.

Eu: Duan, eu não falei nada. Eu estou relaxado e é claro que vou te ajudar.

- Perto de chegar ao seu hotel, eu digo;

Eu: Du, eu gostei de ontem, e além do mais, eu gosto de você. E quero continuar te conhecendo e não quero perder contato contigo, e se você vier mesmo pra cá, vai ser ótimo, pois vamos poder nos conhecer mais. Não vou e nem quero criar expectativas, mas depois de muito tempo, eu quero que você saiba, e acho que você também quer saber que, eu estou disposto a te conhecer melhor, já faz um tempo que não estava disposto a conhecer alguém além do primeiro encontro. Mas...

- Ele iria começar a falar e eu o interrompi.

Eu: Mas, com você eu quero arriscar, e pelo pouco que percebo, eu vejo que você pensa o mesmo que eu. Eu só quero que seja algo leve, sem cobranças. Até porque não somos nada, ainda. Só dois homens, maduros, independentes e que estão dispostos a se conhecerem melhor.

- Ele estava sorrindo a todo momento que eu estava falando. E disse;

Duan: O hotel é ali.

- Eu quase ia passando da entrada do hotel. Parei na frente, pois ele iria arrumar a mala dele, pois, do congresso, ele iria embora. Já que já estava pronto. Antes de descer do carro ele disse;

Duan: Eu tenho medo de me apaixonar e não ser correspondido.

Eu: Não tenha medo. A gente aprende que o medo vem das coisas que a gente mais quer, e se a gente deixar de fazer as coisas que mais queremos por medo delas darem errado, elas não acontecem.

- Ele sorriu, me deu um abraço apertado, um beijo e disse:

Duan: Eu vou levar a sua roupa e só irei devolve-la pessoalmente, ok ?

Eu: Combinado.

- Ele me deu outro beijo e saiu correndo para não chegar atrasado.

- E foi assim a minha primeira vez com o Duan

- Passaram-se dois dias ou três. E eu não parava de falar com o Duan um único dia se quer, ele me informava de tudo que estava acontecendo com ele, e eu, a mesma coisa. Sabe começo de relacionamento ? Era isso. Meu semblante havia mudado, até a Guinha percebeu.

- Mas ai, o impensável aconteceu. Quase duas semanas depois, ainda com intensa comunicação com o Duan, eu estava em meu escritório, eram por volta de umas 10:30 da manha. Nossa empresa fica em uma galeria, localizada no 2 piso da mesma. Ocupávamos metade de andar, que não era muito grande. Quando Olga em estado de transe, entra na minha sala.

Olga: Igor.

Eu: Oi meu amor.

Olga: está ocupado ?

Eu: Um pouco, mas pode falar.

Olga: Amigo...

Eu: Tá tudo bem ? Fala logo garota.

Olga: Guilherme está aqui e quer te ver...

- Fiquei sem reação no momento.

Olga: Amigo, o que eu digo ?

Eu: Como assim, aqui em São Paulo ?

Olga: Igor, acorda, ele esta esperando você, esta na sala.

Eu: O que ele quer ?

Olga: Igor, não faço ideia. Mas ele está sério.

Eu: Manda ele entrar.

Olga: Tá bom. (falou ela, nervosa e surpresa com a visita dele.)

- Eu estava sem saber o que pensar. Mas, no todo, estava tranquilo.

- Ele entra na sala, estava de camisa social azul escura e uma calça preta. Ele estava bem apresentável, para quem teria vindo apenas para falar comigo. Então, sério, ele falou;

Gui: Oi Igor

Eu: Oi Guilherme

- Me levantei, apertei a mão dele e pedi para ele sentar.

- Ele sentou, ficou olhando para mim por uns segundos, como se estivesse me admirando ou me percebendo como profissional. Fiz o mesmo, pela primeira vez não fui eu quem o questionei, e sim ele.

Gui: Você fica bem de terno.

Eu: Mas eu não estou de terno.

Gui: Eu sei, imaginei.

- Apenas sorri e disse:

Eu: A que devo a surpresa ?

Gui: Eu não queria conversar aqui. Pode sair para tomar um café ?

Eu: Agora não posso. Mas, 12:30 tô livre.

- Ele olhou para mim, como se não acreditasse nas palavras que estava acabando de escutar. Deu para perceber em sua fisionomia a surpresa que foi.

Gui: Entendi. Bom, onde eu posso lhe esperar então... ( disse ele sério, com um leve ar de desapontamento )

- Chamei a Olga...

Eu: Guinha, leva o Guilherme pra salinha de espera, por favor.

- Ela olhou pra mim, séria e disse;

Guinha: Sala de espera ?

Eu: É, amiga. A sala de tv.

Guinha: Tá. vem Gui.

- Na verdade não tínhamos uma sala de espera. Os clientes que vinham até nós, iam direto para uma sala de Tv, que chamamos de sala de apresentação, onde ( como o nome diz ) apresentamos os projetos.

- Ele olhou para mim e se retirou. Eu não podia deixar tudo e ir correndo para saber o que o Guilherme queria. É claro que eu fiquei surpreso com ele parado na minha frente, é claro que eu estava feliz em vê-lo, mas, não tinha mais aquela emoção, não tinha mais aquele sentimento do coração bater acelerado quando eu via o Guilherme, isso foi quebrado, e eu não sabia dizer o que o Guilherme precisaria fazer para eu voltar a sentir isso. Estava desgastado, mas eu não odiava o Guilherme, pelo contrário, mas era obvio que não era a mesma coisa, e, eu sabia que ele sentia o mesmo. É claro que eu não esperei dar o horário para saber o que o Guilherme queria comigo. Eu o fiz esperar porque eu queria que ele entendesse que não estava no controle, não era ele quem dava as cartas, tampouco seria eu. Ao meu entendimento deveria existir uma cumplicidade, algo mutuo. Mas, hoje eu entendo que isso era pedir demais para dois homens que se conheciam de cabo a rabo.

Eu: Oi

- Apareci na porta da sala, ele estava lendo uma revista.

Gui: Já acabou ?

Eu: Não. Mas não quis te deixar esperando... Vamos tomar um café aqui em baixo.

- Tinha uma pequena cafeteria no térreo da galeria, pedimos cada um uma xicara de café pequeno. Olhei pra ele e falei:

Eu: Que surpresa, você aqui.

Gui: É, na sexta eu vou fazer uma prova para residência. Resolvi passar aqui para te ver.

Eu: Poxa, que legal. Tenho certeza que vai dar certo.

Gui: Obrigado. Mas eu não vim falar sobre mim.

- Continuei olhando para ele, tomando mais um gole do meu café.

Gui: Vou ser direto.

Eu: Por favor.

Gui: Mas primeiro, deixa eu te fazer uma pergunta.

Eu: Faça.

Gui: Você esta com raiva de mim ? ( disse ele franzindo os cenhos. )

Eu: Não.

- Falei pragmático

Gui: E porque você tá me tratando desse jeito ?

- Eu não queria ter que tocar de novo nesse assunto. Mas senti a necessidade de fazê-lo, sendo o mais pragmático possível.

Eu: Não é raiva, é desgaste o nome. É isso, mas eu gosto de você.

Gui: Porque você esta sendo frio comigo ? ( os olhos encheram de lagrimas )

Eu: Gui, eu amo você! E isso não vai mudar agora nem amanha. Acho até que vai durar um bom tempo, mas, agora eu não consigo me relacionar com você. Eu tô ferido com você, mas, comigo também.

Gui: Igor, se eu vier morar aqui, as coisas podem mudar. Depois de anos, a gente pode novamente viver juntos. Todas essas coisas ocorreram pela distancia, que é uma merda.

Eu: Pode ser. Mas, eu não tô preparado para te dar a resposta agora.

Gui: Você tá conhecendo alguém ?

Eu: Não.

Gui: Igor, você está conhecendo alguém ?

- Eu não queria dizer a ele que sim, porque ele iria perguntar quem era a pessoa e eu teria que responder que era o Duan. O Ex melhor amigo dele. Eu realmente não achava necessário ter que falar isso a ele, principalmente porque eu não estava namorando o Duan, não tínhamos nenhum contrato, estávamos apenas conversando, realmente, apenas nos conhecendo. Enquanto o Gui me esperava falar com ele, eu já havia pensado no assunto. Se ele não me questionasse, eu iria omitir, agora, se ocorresse dele me perguntar eu teria que mentir. Seria a primeira vez que eu estaria mentindo para o Guilherme, simplesmente porque eu não achei necessário falar a verdade, ainda.

Eu: Não.

- Ele baixou a cabeça, e limpou os olhos, como se estivesse enxugando as lagrimas. Olhou para mim sério, mas com aspecto triste e disse;

Gui: Eu tô lhe perguntando isso porque eu sabia que você me falaria a verdade, por mais incomoda que fosse, mas eu me enganei. Esse Igor não é o cara que eu conheci. Eu sei que você ficou ou está conhecendo alguém. Mas eu quero escutar da sua boca, Igor. Então eu vou perguntar outra vez, você está conhecendo, ficando ou ficou com alguém ?

- Sabe o mais estranho de tudo, quando ele me questionou pela terceira vez ? o tom de autoridade misturado com fúria que vinha dele. E aquilo me tirou toda a empatia da qual eu estava sentindo por ele naquele momento.

Eu: Cara, com qual autoridade você vem até mim me questionar sobre algo, e ainda nesse tom ? Cara, acorda! Você já se questionou que você fez a mesma coisa comigo ? e pior, eu entendi! Eu entendi porque o tempo passou, você mudou e nós tínhamos terminado, então eu entendi ou tentei entender, Mas, eu te procurei durante meses que a gente terminou e você não me respondeu uma única vez, você não teve nem a consideração de me dizer que estava namorando. E agora você vem até mim e me questiona sobre se eu estou ficando com alguém ou não ?! Guilherme, nós já não temos nada, eu não devo satisfação da minha vida a você. Você me fez criar esperanças e expectativas na minha vida por muito tempo, MUITO TEMPO! Eu não quero e não preciso mais disso na minha vida. Então, se você quer saber se eu estou com alguém, eu lhe respondo, mas vou lhe responder sem amarras, e quero que você sinta da mesma forma. Eu não quero que você sinta o que eu senti, por isso, sim, eu fiquei e estou conhecendo alguém.

- Pronto, tudo que havia em mim, eu vomitei naquele momento. Em boas palavras, naquele momento eu havia exorcizado algo que não me pertencia. Sim, eu poderia me arrepender do quão duro fui com ele aquele momento, mas eu tinha que pensar em mim.

Gui: Você não o conhece como eu conheço. ( Falou como se já esperasse que eu falasse tudo que falei )

- Pensei que ele estaria jogando verde, por isso, falei como se não tivesse escutado sua afirmação.

Eu: Eu conheço o que até o momento me é apropriado conhecer. Assim como nós nos conhecemos a primeira vez.

Gui: ( deu um sorriso debochado e falou ) Quando eu contei a nossa história a ele a primeira vez, sabe o que ele me falou ? Que se ele tivesse te conhecido primeiro as coisas hoje em dia seriam diferentes. É claro que eu levei na brincadeira, mas agora eu entendo do que as pessoas são capazes.

- Naquele momento eu fiquei confuso. A única pessoa que ele tinha me dito que contou a nossa história, foi o Duan. Mas, como ele poderia saber disso? O Duan me falou que ninguém sabia da gente, e eu acreditei.

Eu: O que você tá falando cara ?

Gui: Do Duan, Igor.

- Respirei fundo, soltei o ar do meu peito, olhei para ele, depois olhei para o garçom e pedi mais uma xicara de café. Olhei para ele novamente e disse:

Eu: Como você soube ?

Gui: Eu vi o Instagram dele, Igor. Ele fez questão de mostrar que estava em São Paulo.

Eu: Isso não prova nada, Guilherme, você é louco cara.

- Ele sorriu, tirou o celular do bolso e em poucos segundos mostrou a pagina do instagram do Duan e em seguida mostrou uma foto que o Duan tinha postado com a legenda “ A noite foi mágica “ A foto era do jarro que ele havia me dito que era bonito. Eu lembro que ele tirou uma foto, mas não imaginei que iria postar.

Gui: Eu conheço esse jarro. E ele também deveria imaginar que eu o conhecia.

- Eu não tinha redes sociais nunca gostei, me sentia invadido. Não acho lógico alguém saber da sua vida pessoal. A menos que você seja uma pessoa publica. Fiquei calado. Esperei ele terminar. Eu estava pasmo.

Gui: Você não percebeu né ?

Eu: Não percebi o que ?

- Nessa hora a Olga chega, ela estava com o semblante sério. Parecia estar preocupada com o andar da conversa. Ela me conhecia, sabia de tudo que passei.

Olga: Igor, tá tudo bem ?

Eu: Vai ficar.

Gui: A gente já tá terminando, Guinha.

Olga: Gui, você não tá bem meu amor. Porque vocês não conversam a noite, quando o Igor sair.

- Ele ia falar, mas eu o interrompi.

Eu: Estamos terminando Guinha. Obrigado pela preocupação amiga, chego já lá.

- Ela se retirou e no exato momento eu o questionei outra vez;

Eu: O que eu não percebi ?

Gui: Ele pode até gostar de você, Igor. Não nego. Mas ele está fazendo isso para me ferir, porque ele sabe da nossa história. Ele que provar para mim, que ele pode e vai ficar com você. E a maior prova disso foi ele ter postado a foto do jarro no instagram dele. Ele sabia que eu iria ver, ele sabia que eu iria entender que ele estava com você.

Eu: Você falou com ele quando viu a foto ?

Gui: Eu ? claro que não, é o que ele quer. Eu estava esperando chegar aqui para falar com você pessoalmente.

Eu: Entendi.

Gui: Mas não precisa ficar triste. Ele não está te usando não, eu acho. Acredito que ele possa está gostando de você sim. Mas o incentivo dele era me ferir, disso você pode não acreditar, mas, eu não tenho dúvidas.

Eu: Eu vou ter que falar com ele. Eu tenho que questionar ele sobre isso.

Gui: Fique a vontade.

- O Café já tinha esfriado e eu não tinha tomado um gole se quer. Estávamos calados, os dois. Até que ele disse;

Gui: Vou embora, já vim fazer o que queria.

Eu: É claro que sim. ( falei baixo, na esperança que ele não tivesse escutado )

Gui: Como é ?

Eu: Você conseguiu o que queria mais uma vez, tentar me prender a você. ( falei com um sorriso triste. )

Gui: Não Igor, dessa vez você esta decidido. Sim, está desgastado, sim eu te feri, sim eu fui um filha da puta algumas vezes, mas o fato é que não foi só eu. É que você tem a sua perspectiva da história. Se ponha no meu lugar. Talvez as porcentagens das suas decepções comigo possam diminuir. Eu amo você e sei que você me ama. E talvez não seja para agora, talvez você mereça ter uma experiência com alguém para servir de comparação, como aconteceu comigo e o Otto. E eu quebrei a cara, porque quando eu soube que você estava chegando, meu coração acelerou... e quando eu soube que a Michelle iria te encontrar no dia seguinte, eu quase não dormi na noite anterior, e quando eu te vi naquele barzinho, meu coração quase pulou pela boca, e por um segundo eu me perguntei o que aconteceu com a gente pra todas essas coisas acontecerem... Mas, sem drama, aconteceu.

- Ele ficou calado, esperando que eu falasse algo. Mas na verdade eu estava com raiva, raiva por perceber que tudo o que ele falou tinha uma lógica absurda. Eu tinha raiva de gostar dele, tinha raiva de concordar mais uma vez com tudo que ele falou. Mas apesar de toda a lógica e certeza estar ao lado dele, eu não poderia fazer mais do mesmo. Independente dele estar certo ou não, eu teria que conversar com o Duan, mas eu não queria conversar por telefone, teria que ser olho no olho, assim como o Guilherme estava fazendo comigo. E em uma das minhas conversas com o Duan, ele havia me falado que estaria em São Paulo em três semanas. Eu teria que segurar minha racionalidade por três semanas. Eu estava disposto, mesmo sentindo no peito que o Guilherme poderia estar certo. Eu dei ao Guilherme o beneficio da dúvida, não porque eu iria voltar com ele caso ele estivesse certo, isso não estava em minha mente, porque eu realmente tinha perdido a “tara”, mas, sim pelo fato que mesmo diante de tantas decepções ele nunca tinha mentido para mim em termos de sentimentos. Minha resposta para o Guilherme foi seca, como ele merecia no momento, não foi por vingança de algo, eu não sou esse tipo de pessoa, mas, depois eu percebi que a minha resposta pra ele, foi a melhor resposta que eu poderia dar naquele momento.

Eu: Obrigado por vir até aqui me avisar, Guilherme. Tem mais alguma coisa pra falar ?

- Me levantei da mesa para voltar ao escritório.

Gui: Você é um babaca mesmo!

Eu: Mais alguma coisa ?

- Com uma cara de choro, raiva e decepção ele me olhou e disse com a voz embargada:

Gui: Não.

- Me dirigi a ele para dar um abraço de despedida, mas ele me empurrou. Eu entendi o recado.

Eu: Tchau.

- Fui até o garçom e disse que depois acertaria com ele.

- A medida que fui me afastando sem olhar para trás meu peito deu um nó, me controlei, fui para o escritório, Olga me viu passando rápido para a minha sala e foi até lá.

Olga: Igor, tá tudo bem ?

- Uma enxurrada de lágrimas caiam pelo meu rosto. Olga me abraçou.

Eu: Porque eu gosto tanto dele, porque ?

Guinha: Amigo, calma. Todo mundo passa por isso!

Eu: Não Guinha, não passa. Vejo você e o Dudu, sempre brigam, mas sempre se resolvem, porque comigo as coisas são mais difíceis ?! eu não entendo! Nunca foi fácil, sempre tem que ter um problema, sempre tem que ter um empecilho, um obstáculo.

- Eu não parava de chorar, meu choro naquela hora, foi um choro para descarregar tudo que estava preso em mim por muito tempo, eu estava caindo em lagrimas.

Guinha: Amigo, vou te levar em casa, vamos. Já tá perto da hora de você sair, eu vou dizer aos meninos que você não tá passando muito bem, vou inventar alguma coisa. Mas você não tem condições de trabalhar hoje. Vamos.

- Peguei minhas coisas e Olga foi dirigindo meu carro. Paramos em um fastfood e pedimos comida para levar. Chegamos em casa e sentei no sofá, e ela sentou ao meu lado. Deitei sobre suas pernas e ela estava acariciando meu cabelo... estávamos em silencio quando ela disse:

Olga: O que ele te falou que te deixou assim ?

- Já um pouco mais calmo, contei tudo que havia conversado com ele. Então ela me falou.

Olga: Conversa com ele então, meu amor. Você tem que saber se isso que o Guilherme falou é real.

Eu: É, amiga, ele não iria mentir.

Olga: Amigo, quando a gente gosta muito de uma pessoa, as vezes fazemos coisas que não são tão certas.

Eu: Amiga, ele me mostrou o instagram dele, tava lá a foto do jarro, com uma legenda insinuando que estávamos juntos

Guinha: E o que isso tem a ver, amigo?

Eu: O Guilherme me disse que ele fez isso de proposito, para ferir ele.

Guinha: Amigo, pode ser que sim. Mas você acha que isso interfere o gostar dele por você?

Eu : Não sei...

Guinha: Liga pra ele, Igor.

Eu: Não, quero olhar nos olhos dele.

Olga: Já imaginou o clima que vai ficar se essa conversa não for do jeito legal de terminar ? Onde ele vai ficar hospedado aqui ?

Eu: Aqui na minha casa, por uma semana.

Guinha: Pense... No que pode dar certo, mas, pense também no que pode dar errado.

Eu: O Gui falou algo com você ?

Olga: Depois que sai da sua sala, fui lá. Perguntar se ele queria algo enquanto te esperava.

Eu: E o que ele disse...

- Ela olhou para mim, parecia que estava com um ar de “ Quer mesmo saber ?”

Eu: Fala!

Olga: Amigo, vai importar alguma coisa ?

Eu: Não... Vai sim... não, não vai. Mas fala!

( Dialogo Olga x Guilherme )

Olga: Você tá bem ?

Gui: Não sei porque todos me perguntam isso.

Olga: Talvez porque você nunca tenha vindo aqui...E talvez porque parece estar chateado.

Gui: Talvez porque o Igor seja cabeça dura

Olga: Talvez porque você não demostra em fatos e palavras o que você realmente sente ou quer.

Gui: Nossa, mais ? O que o Igor quer mais de mim.

- Nessa hora, ela disse que sentou ao lado dele.

Olga: Ele só quer ou queria, o seu amor, do jeito que você sempre foi com ele.

Gui: Mas eu o amo, só que as coisas mudaram um pouco.

Olga: Todos nós mudamos, meu lindo. Os tempos são outros. Não somos mais aqueles de anos atrás. As pessoas se amam, mas, elas se machucam também, e as vezes essas cicatrizes não estão visíveis a olho nu, mas, estão lá.

Gui: Eu sei, eu quero, eu tento, mas, também não é fácil pra mim. Eu também descobri que o Igor está conhecendo outra pessoa. Isso não é justo.

Olga: Eu lhe entendo, mas, se formos parar para pensar, você também namorou esse tempo, não foi ?

Gui: Sim, mas, é diferente.

Olga: Não, meu amor. Quando a gente ama, e sofre, o sentimento é o mesmo que qualquer pessoa apaixonada teria, dor!

Gui: Eu quero saber da boca dele!

Olga: Gui, vou te pedir uma coisa. Posso ?

Gui: Claro.

Olga: Fale o que você tem para dizer ao Igor, mas, Pense que ali, tem um homem que jamais lhe faria nenhum mal, ali vive um homem que esta aprendendo a ver a vida sem a sua ótica. Dê a ele a oportunidade de tentar. Dê a ele a oportunidade que ele viu que você conseguiu. Coisa que ele não teve a mesma sorte. A vida é tão louca. As vezes a gente perde pra ganhar.

- Ele tinha ficado calado.

Olga: Posso te dar um abraço ?

Gui: Sim.

- Eles se abraçaram, e, na hora dela sair da sala, ele disse:

Gui: Olga...

Olga: Oi

Gui: Saudades...

Olga: Também...

Gui: Só mais uma coisa.

Olga: Sim...

Gui: Não diz a ele que tivemos essa conversa.

Olga: ( fez um sinal de concordância com a cabeça e disse; ) Boa sorte.

- Pouco tempo depois ela disse que eu sai da sala para conversar com ele.

- Eu ainda estava deitado nas pernas dela. Estava calado, pensativo. Até que...

Eu: Guinha...

Olga: Oi.

Eu: Vou ligar pra ele.

Olga: Pro Gui ?

Eu: Não, para o Duan.

Olga: Já sabe o que vai dizer ?

Eu: Não faço a mínima ideia. Mas vai sair.

- O Lucas subiu em cima de mim e começou a lamber meu rosto...

Olga: Talvez seja um bom sinal ( falou sorrindo )

Eu: Será, de qualquer forma.

- Naquele dia, eu voltei ao escritório, trabalhei o resto do dia... voltei para casa, fui passear com o Lucas e a todo momento não parava de pensar nas palavras que o Guilherme tinha me dito, e nem na conversa que eu teria com Duan. Cheguei em casa, tomei um banho e fiquei deitado na cama. Peguei meu celular e tinha mensagens e ligações de Duan, e mensagens de Guilherme.

- Eu já sabia o que eu queria fazer. E foi feito. Minha primeira ligação foi para o Duan.

Duan: Oi Sumido. Aconteceu alguma coisa ?

Eu: Oi Duan. Não. Quer dizer, estava em um momento meu, reflexão... sabe como é né...

Duan: Humm... imagino.

- Eu quis ser o mais pragmático possível, não gosto de prolongar coisas das quais não curto fazer. Se tiverem que ser feitas, que sejam rápidas e certeiras.

Eu: Posso te fazer uma pergunta ?

Duan: Claro. Tá tudo bem ?

Eu: Vai ficar.

Duan: Pode falar.

Eu: Porque você postou a foto do meu jarro, na sua rede social ?

- Ele ficou um momento calado, como se estivesse pensando; “ Que jarro ?” ou em uma bela resposta.

Duan: Achei bonito o jarro, eu te falei.

Eu: E a legenda ?

Duan: Não lembro da legenda... pode me lembrar ?

Eu: “Noite perfeita”

Duan: Há foi... Não foi ?

Eu: Eu queria saber o proposito, apenas isso.

Duan: Guardar um pouco daquele momento pra mim.

Eu: Entendi.

Duan: Algum Problema?

Eu: Nenhum.

Duan: Então...

- Ia ser difícil a próxima frase.

Eu: Duan, eu não posso mais te ver.

Duan: Como assim, o que houve cara ?

Eu: Nada. Mas, vamos fazer o seguinte, se você quiser...

- Tentei deixar o clima um pouco menos pesado.

Duan: ?

Eu: Se você passar nessa prova, e vier realmente morar aqui, a gente vai se conhecendo melhor, sem expectativas, eu quero conhecer o Duan amigo, antes de qualquer outro Duan.

Duan: Ok.

Eu: Está com raiva ?

Duan: Não.

Eu: Certeza ?

Duan: Não. Mais eu acho que eu te entendo. E obrigado por isso. ( estava com a voz chorosa )

- Naquele momento ele percebeu o porque do meu questionamento sobre a foto na rede social. Eu sabia que se eu o confrontasse diretamente, ele iria negar. Você não pode perguntar a um assassino se ele matou a vitima, 95% deles respondem que não. Eu usei a tática do questionamento frio, o tom da minha voz era de desconfiança enquanto o questionava, mas em nenhum momento o acusei de nada. Sua consciência fez esse trabalho.

Eu: Imagina. Se você quiser bater um papo, conversar sobre alguma coisa, tô por aqui.

- Ele estava em silencio.

Eu: Boa sorte na prova de residência.

Duan: Obrigado.

- Desligamos o telefone. Agora seria a vez do Guilherme. Só faltava ele.

- Passaram-se mais uma semana, e eu não tinha ligado para o Guilherme. Não achei necessário, até porque já não tínhamos mais nada a algum tempo. Então vivi a minha vida, trabalhando e estudando, as vezes saia a noite com os meninos da empresa, as vezes fazia reuniões na minha casa, tomávamos uns drinques e riamos muito. Um tempo depois, depois de já alguns meses, Olga me falou que ia se casar, ela havia me dito o quão era original o Eduardo, colocando o anel em um pote de sorvete vazio no frízer, ( É que ele sempre sabe que nunca encontro sorvete, só feijão. Dessa vez veio uma anel ) Rimos sobre a forma inusitada do pedido. Fiquei imensamente feliz por ela. Na mesma ocasião, ela me chamou para ser padrinho. A festa seria final do ano.

- Foi pela Olga que eu soube que o Guilherme tinha passado em sua residência, aqui em Sampa. Fiquei feliz por ele, mas não mandei nenhuma mensagem. Achei melhor assim. Ele por sua vez, também não mandou. Melhor.

- Em uma das ultimas reuniões na casa da Olga, ainda solteira, ela tinha chamado alguns amigos. Dentre eles, tinha um que eu não me recordava das reuniões passadas, e a questionei, em um momento a sós.

Eu: Guinha, quem é aquele?

Olga: É o Felipe, primo do Eduardo.

Eu: Há tá ( e sorri pra ela )

- Ela olhou para mim com um ar de admirada e disse;

Olga: Não! Sério ?

Eu: O que ?

Olga: Ele é gay ?

Eu: É ?

Olga: Não sei, é ?

Eu: Não sei também, é ?

- Caímos na gargalhada...

- Sim, ele era gay, o Eduardo acabou confidenciando para ela depois, mas parece que ele não era assumido, poucas pessoas na família dele sabiam. ( Isso me lembra alguém... rsrs ). Na mesma noite o Eduardo me apresentou o Felipe ( depois, creio eu, de uma grande insistência de Olga ) O garoto ( sim, garoto. Tinha 21 anos de idade ) Era tímido, e parecia não se sentir confortável com o ambiente, mas era politico ( no sentido figurado ) no pouco que conversamos, percebi que ele era articulado, e estava terminado o curso de Arquitetura e Urbanismo. Ele não parecia ser gay, bom, eu tampouco conseguiria perceber se era ou não, tinha apenas a confirmação do Eduardo. Em todo caso, não houve reciprocidade, creio eu que pela sua discrição, até porque tinham muitas pessoas da família dos noivos no local.

- Algumas semanas depois, eu estava no Salão de beleza no dia do casamento da Olga, estávamos conversando e ao mesmo tempo nos preparando para o grande dia. A cerimonia iria ser numa capela rustica em uma cidadezinha que não ficava muito longe da capital. E a festa em um sitio próximo. Foi tudo muito lindo, o casamento da minha melhor amiga, era também um divisor de águas para mim, em termos profissionais e pessoais também. Eu estava aonde queria e com quem queria, comigo mesmo. Não sentia o vazio ou a necessidade de ter que estar com alguém. Por anos, mesmo que inconscientemente esse sentimento ( ou falta dele ) me assolavam, como se eu tivesse que ter alguém ao meu lado para preencher minha vida. Hoje eu vejo que não é bem assim.

- Já depois das 01:00 ainda na festa, e com bem menos pessoas, já que havia começado cedo, e muitas pessoas tiveram que ir embora, pois trabalhavam na segunda feira. Eu estava sentado sozinho, tomando um vinho e olhando as pessoas dançarem. Quando alguém atrás de mim fala;

: Achei que você fosse mais animado.

- Tomei um baita susto e derramei um pouco do vinho na calça

Eu: Cara que susto!

- Aos risos ele disse;

: Desculpa não foi a intenção

Eu: Tá me devendo uma taça desse delicioso vinho, e vou cobrar!

Felipe: Faço questão de pegar pra você ( Falou ele ainda sorrindo )

Eu: Senta ai Felipe.

Felipe: Vou mesmo, estou cansado.

Eu: É eu vi você dançando...

-falei dando umas risadinhas.

Felipe: Não danço tão mal, para.

Eu: Só sua mãe e sua namorada acham isso. ( sorri )

Felipe: Minha mãe, talvez. Não tenho namorada.

Eu: Achei que aquela menina que vi você dançando fosse sua namorada.

Felipe: Minha prima.

Eu: Nossa, Vocês tem quantos tios ? ( falei em tom de bom humor )

Felipe: O suficiente para não saber quem é primo e quem não é. Hahaha.

- Sorri

Felipe: Mas e você cadê sua namorada ?

- Eu olhei para ele em tom de dúvida. Eu achava que ele já sabia que eu era gay, ou pelo Eduardo, ou apenas desconfiado mesmo. Mas depois sorri e respondi. Pois entendi que assim como eu, ele deveria não ter o “dom” de saber quando um homem é gay.

Eu: Eu não tenho namorada, falei olhando nos olhos dele.

- Ele olhou pra mim, e não sei porque ( talvez porque olhei bem nos olhos dele nesse momento ) ele ficou encabulado e tomou um gole do vinho.

Eu: ( Sorrindo, falei; ) Esse é meu vinho!

Felipe: Eita, desculpa.

Eu: Desculpado, mas preciso de mais vinho. Sugiro que você vá buscar. ( Eu realmente queria meu vinho! Rsrs )

Felipe: Tá, vou agora. Não sai daqui!

Eu: Prometo! ( levantei as mãos em sinal que ficaria ali )

- E andando rápido foi lá o garoto animado e brincalhão. Eu estava me sentindo um senhor de idade atraído por uma criança. Mas ele não era uma criança, a diferença de idade entre nós eram de 8 anos. Felipe era um homem, mas, um homem que necessitava de bagagem de vida, e essas coisas é o tempo e as escolhas que ditavam, não eu.

- Lá veio ele sorridente e com algo atrás das costas!

Felipe: Adivinha o que tenho aqui atrás ? ( disse ele com um sorriso espetacular plantado no rosto )

Eu: Deixa eu adivinhar, duas taças de vinho?! ( Disse não tentando parecer obvio )

Felipe: Errado!

- E tirou uma garrafa de vinho um pouco acima da metade!

Felipe: Eu sou demais!!!

Eu: Eu falei que familiares tinham direito a green card!

Felipe: Que nada, só disse que não precisavam guardar vinho, pq já não tinha mais muita gente na festa!

- Bebemos, sorrimos e conversamos sobre muitas coisas... O que ele achava da Olga, Como resolveu escolher Arquitetura, quais seus objetivos futuros... Até que ele disse:

Felipe: Posso te fazer uma pergunta ?

Eu: Vale outra garrafa de vinho ?

Felipe: Mas nem acabamos de beber essa!

Eu: Tô brincando, fale.

Felipe: Você gosta de homens ou de mulheres ?

- Eu não sabia qual tinha sido a educação que o Felipe tinha recebido, mas, eu senti uma certa ingenuidade nele. Na verdade, eu me via muito no Felipe, o jeito de ver as coisas, o olhar que tinha para o mundo. Esse Felipe era o Igor de muitos anos atrás, O Igor que morava em Curitiba, o Igor que se mudou com os pais para Maringá, e junto com a mudança, se encontrou, ou achou o que nunca tinha perdido, ele mesmo. Eu.

Eu: A minha resposta dá direito a uma pergunta ?

Felipe: Dá sim ( falou com a tonalidade rubra em suas faces )

Eu: Eu gosto de homens.

Felipe: EU SABIA!!

- Falou em um tom como se o Brasil tivesse feito um gol na final da copa do mundo!

- Tentando levar a reação dele na normalidade, indaguei;

Eu: Como sabia ?

Felipe: Você é muito educado e fala muito baixo.

- Sorri do comentário surrealista dele.

Felipe: Sua pergunta.

Eu: Você é gay ?

- Eu preferi ser direto ao ponto. Mas o rosto dele quase ficou da cor da bandeira da China. Ele não sabia o que dizer... e era tão notório isso, quanto 2 mais 2 são 4. Eu disse;

Eu: Esquece, deixa eu ver outra pergunta ( Não necessitava mais da resposta. Era nítida. )

Felipe: Não, tudo bem. Eu não tenho certeza ainda. Mas, tá chegando a hora...

Eu: Que hora ?

Felipe: De descobrir.

- Não quis parecer invasivo, e continuar com o questionamento.

- Conversamos por mais um pouco, até com alguém da família dele tinha chamado ele para se juntar aos demais. Nos despedimos e eu fui dormir, mas antes, me despedi de Olga e Eduardo, desejando as melhores coisas do mundo aos dois. Eu sairia logo cedo na manhã seguinte. ( Havia quartos no sítio para quem não quisesse ou pudesse voltar para Sampa, no mesmo dia. )

- Estava de madrugada quando resolvo ir embora, saio antes do café. Para minha surpresa, vejo alguém correndo em direção ao carro. Tomei um susto, mas, depois achei graça quando descobri que era o Felipe.

- Abro a janela do carro e falo:

Eu: Você acorda muito cedo.

Felipe: Nossa mano, pra onde você tá indo a essa hora e nesse frio ?

Eu: Alguém trabalha hoje!

Felipe: Boa sorte! ( e sorriu )

- Eu agradeci e fiquei olhando ele falar alguma coisa ( Imaginei que estivesse correndo até mim para falar algo. )

Eu: Quer falar mais alguma coisa ?

Felipe: Posso entrar ? Tá bem frio aqui.

- Eram quase 05:00 da manhã. Preferi sair cedo para não pegar o transito da segunda. E sim, de fato estava bem frio aquela manhã ainda com pouca luz.

Eu: Claro.

- Ele entrou no carro e ao meu lado, pegou o celular e disse:

Felipe: Me fala seu face, não te achei ontem. Não tava conseguindo dormir, tentei te achar para te mandar uma mensagem para saber se também estava acordado, mas tem muitos Igor por ai.

- Eu controlei meu riso, porque ele era uma criança ingênua no meu pensamento. E eu já tinha noção do que eu havia despertado nele. Eu também já havia passado por isso. Mas foi outra pessoa que me fez ter aquelas sensações.

Eu: Não era mais fácil ter ido até o meu quarto ?

Felipe: Eu não queria te acordar...

- Olhei pra ele ( Não tirei meus olhos dele por nenhum momento. Já ele, não conseguia manter o olhar. )

Eu: Não tenho Facebook

Felipe: Instagram ?

Eu: Também não.

- Ele olhou para mim com um ar confuso, como se estivesse achado estranho alguém não ter redes sociais.

Eu: Você quer o meu número ?

Felipe: Há, sim. Melhor! Mas, você não tem whatsapp, né ?

Eu: Esse eu tenho. ( falei sorrindo )

- Anotei meu contato no celular dele. E ele ficou parado, como se quisesse falar mais alguma coisa.

Felipe: Obrigado. Você tem que ir agora, claro.

Eu: Tenho.

Felipe: Blz.

Eu: Felipe...

Felipe: Oi ?

Eu: Eu tenho que ir... Desculpa.

Felipe: Claro! Boa viagem de volta.

-Nesse momento ele me deu um abraço. Quando nos afastamos ele disse;

Felipe: Igor

Eu: Oi

Felipe: Posso te dar um beijo ?

- Eu nunca vi alguém demorar tanto para me pedir um beijo. Eu já tinha dado todos os indícios de que também queria o mesmo, mas, ou ele não entendeu ou ele estava com receio...

- Dei um sorriso de canto de boca, e olhando nos olhos dele, eu disse;

Eu: Pode.

- Comecei a Namorar o Felipe umas duas semanas depois do primeiro beijo. Primeiro porque o Felipe não era assumido. O fato de não falar sobre as pessoas da sua sexualidade, limitava muito o meio social dele. Tendo que conviver, as vezes, com pessoas e situações que não lhe agradavam. Mas, quando ele me pediu em namoro, eu tive quer ser sincero com ele.

Eu: Você tem certeza disso ?

Lipe: Claro, porque ?

Eu: Nada, é que ninguém sabe de você né ?

Lipe: Devem desconfiar. Mas o que isso implica a gente se relacionar ?

Eu: Felipe, eu entendo o fato de vc não querer falar para sua família ou amigos. Eu já passei por isso, então, compreendo você. Mas, eu não sei se eu tenho condições de viver um relacionamento as escondidas, entende ?

Lipe: Eu entendo, mas, acho que foi você que não me entendeu.

- Franzi os cenhos demonstrando que estava confuso.

Lipe: Não quero que seja as escondidas, eu vou falar para quem precisa saber.

Eu: Mas você esta fazendo isso por você ou por mim ?

- A minha preocupação nessa pergunta, era o fato de que eu gostaria de que ele estivesse fazendo isso ( contar aos pais ) Porque era algo importante para ele. Afinal de contas sabemos que existe um peso enorme em viver algo que não faz parte do seu eu. Eu não queria que ele estivesse tomando essa atitude, apenas pelo fato de que eu não aceitaria viver “as escondidas”. Já me perpetuei a minha vida toda por tantas situações, muitas das quais carrego cicatrizes até hoje. Eu teria nessa altura da minha vida que fazer uma escolha, eu escolhi ser justo comigo, mas, claro, sem perder a empatia pela situação do Felipe.

Lipe: Acho que já chegou o momento de falar, eu quero isso. Digamos que você foi o estimulo, mas, não é a causa.

- Então oficialmente nós estávamos namorando. Confesso que passou varias situações pela minha mente com a palavra “Namorando” Eu não estava mais solteiro, eu estava comprometido com uma pessoa, e junto com isso, todas as nuances que tem direito.

- Não irei me atentar ao meu relacionamento com o Felipe, daria mais tantas folhas de escrita, seja por ele, seja pela família dele ou pelos amigos, que tinham a idade bem diferente da minha, eram todos na marca dos seus 18/22 anos. E eu quase um balzaquiano.

- Para chegar aqui, nesse paragrafo, tive que me descobrir de varias camadas de sentimentos, tive que desenrolar todo o contexto do proposito da segunda parte do “ Confissões de um Hetero” que se trata, em suma, da continuação da minha história com o Guilherme. Então teria que ter o meu reencontro, o desenrolar dele, o conhecimento de causa e agora, o “ Fim” ( entre aspas mesmo, porque ainda estamos vivos e nunca saberemos o dia de amanhã ).

21 de Dezembro de 2018

Já faziam 1 ano e 1 mês que eu e o Felipe namorávamos e muitas coisas ocorreram nesse tempo. Talvez eu teria que desenvolver outro livro para falar especificamente desse tempo. Mas, não. A carga sentimental não é para qualquer pessoa, de fato. E eu, apesar de parecer obvio, não sou uma delas.

- Esse dia foi um dia diferente. Meus pais chegavam em 3 dias para passarem o Natal comigo e o Felipe e a família dele, e eu estava me sentindo péssimo porque minha garganta estava super inflamada, então decido ir para o hospital, porque os medicamentos não iriam surtir efeito de imediato.

- Felipe estava na casa dos pais ( Não morávamos juntos ) resolvo ligar para ele.

Eu: Amor, estou indo no hospital, minha garganta está muito inflamada. Vou tomar um bezetacil.

Lipe: Quer que eu vá com você ? chego em 30 minutos, já tô até pronto.

Eu: Não, não precisa, vai ser rápido lá. A gente se ver mais tarde.

Lipe: Tá bom, me mantenha informado.

Eu: Tá, beijo.

- Felipe, creio eu, é o namorado que todos gostariam de ter. Altamente solicito, bonito, dono de um carisma contagiante e educado. Tinha defeitos ? tinha! Poucos ? não. Mas, digamos que para viver comigo é perdoável, eu também não sou fácil. Principalmente porque nossos mundos são opostos. Eu era Engenheiro e ele estava terminando Arquitetura. Eu era balzaquiano e ele quase 23. Eu gostava de ver filme em casa e ele no cinema. Ele é extrovertido e eu mais contido. Ele era de Escorpião e eu de Sagitário. O Felipe se pudesse morava na minha casa, e eu iria adorar. Se não fosse pelo fato de que eu gostava de ficar sozinho as vezes. Tinha dias que eu não queria ver ninguém. E não é por nada, eu gosto do Felipe, mas gosto muito da minha companhia também. Depois de um dia cansativo de trabalho, as vezes, só queria estar com meus pensamentos. Sem falar que eu não estava totalmente sozinho, Lucas estava comigo.

- Saio de casa e chego no hospital. Para minha surpresa estava lotado! ( Não sei porque ainda me surpreendo ) Passo pela triagem e a enfermeira diz que terei que esperar um pouco, pois tem pessoas com casos mais sérios para serem atendidas. Ok, penso. Não vou morrer até ser atendido. Além do mais, estava de férias, então. Tinha tempo.

- Mais de uma hora de espera eu não tinha mais paciência e nem noticias para ver no celular. Eu só queria tomar meu bezetacil e ir embora. Resolvo saber com a mulher que estava dando as senhas as pessoas, quantas pessoas ainda estavam na minha frente.

Eu: Oi, desculpa, mas, você pode me informar quantas pessoas faltam para eu ser atendido ? já estou esperando a mais de uma hora.

Recepcionista: Qual Seu nome ?

Eu: Igor *******

Recepcionista: Sr. Igor, uma acabou de entrar tem mais três.

- Fiz um calculo rápido na cabeça e isso dava em media mais 40 min na espera.

Eu: Obrigado.

- Não me restava nada para fazer a não ser ir comer alguma coisa. Resolvo saber da enfermeira se tinha alguma lanchonete dentro do hospital. Descubro que tinha um restaurante e vou em direção a ele.

- Chegando ao local, que também estava cheio, peço um queijo quente e um suco de laranja. Pude observar no pequeno tempo entre a espera do meu sanduiche sair, que o restaurante era grande e dividido por um vidro. Do outro lado ficava Médicos, residentes, enfermeiros... Achei interessante a arquitetura do local. Pego meu sanduiche e enquanto vou comendo, coloco o fone de ouvido e resolvo ligar pro Felipe.

Eu: Oi, ainda me encontro por aqui.

Lipe: Vai demorar muito, se quiser posso ir até ai.

Eu: Não, to terminando de comer e vou voltar.

Lipe: Mas você não estava com a garganta doendo ?

Eu: O que não me impede de comer, Felipe. ( sorri )

Lipe: Ok. Tem muita gente na sua frente ?

Eu: Agora deve ter duas pessoas. Vou voltar lá. Quando tiver saindo te falo. Bjo.

Lipe: Tá bom, bjo.

- Termino de comer o sanduiche, levo a bandeja até o balcão e saio da área do restaurante, resolvo pegar um caminho diferente até chegar na emergência, que era onde eu estava esperando minha vez... Caminhando por outro corredor, já perto, escuto:

Voz: Igor ?!

- Eu sabia quem era, aquela voz era reconhecível até se estivesse rouco. Me virei.

Eu: Oi Guilherme!

- Estava feliz em vê-lo. Ele estava com um jaleco. Todo de branco, um pouco mais forte e de óculos.

Gui: Como você está ? está tudo bem ?

Eu: Estou bem. Na verdade, estou com a garganta inflamada. To esperando minha vez.

Gui: Vem aqui comigo...

Eu: Gui, não posso, tenho que voltar pra lá, eles vão me chamar e...

Gui: Igor, eu vou te atender. Vem.

- Eu não estava acostumado com o Guilherme profissional... parece que não estava caindo a ficha que o Guilherme era médico.

Eu: Tá.

- Entramos numa salinha, e ele me pediu para abrir a boca ( estávamos a sós )

Gui: Você esta com pequenos focos. Dói quando bebe ou come ou fala ?

Eu: Só quando eu bebo ou como. Falando não dói não.

- Ele sentou numa mesa onde ia me receitar algumas coisas. Sentei na cadeira a frente.

Gui: Vou pedir pra te darem uma injeção para desinflamar, e vou passar uns medicamentos pra você tomar em casa.

Eu: Ok.

Gui: Pode ir, na terceira sala a direita, você entra, mostra esse prescrição e vão te medicar.

Eu: Obrigado, Gui.

Gui: Por nada. ( falou com um sorriso de que ficaria tudo bem logo )

- Me levantei, e antes de sair da sala eu me viro e digo;

Eu: Guilherme...

Gui: Agora não, vai lá. Agora não posso. Passo lá daqui a pouco.

- Claro que não. Não era o momento de falar com ele. Ele estava no trabalho. Que cabeça essa sua Igor, Pensei!

- Tomei a injeção. Passei na sala dele, mas ele já não estava mais lá. Esperei uns 10 minutos. Mas ele não voltou. Resolvo esperar mais 10 minutos. Faltando uns 3 minutos eu percebo que ele deve estar em uma emergência. Mas, vejo alguém correndo no corredor, era ele. Estava com o sorriso no rosto enquanto corria.

- Talvez vocês não entendam, mas, eu e o Guilherme tínhamos uma ligação extraordinariamente de outro mundo ( Ou dependendo da religião de quem esteja lendo, de outras vidas ).

Gui: Achei que tinha te perdido, de novo. ( falou ele rindo )

Eu: Achei que estivesse em uma emergência.

Gui: Não, fui pedir para adiantar minha hora de almoço.

Eu: Não precisava.

Gui: Queria conversar com você, se você quiser.

Eu: Não tenho muito tempo.

Gui: Nem eu, só consegui 30 min.

Eu: Tá bom ( falei sorrindo )

Gui: Vamos pro meu carro.

Eu: Seu carro ? ( falei já seguindo ele )

Gui: É, só tem o restaurante para conversarmos, e queria conversar sem ninguém por perto.

Eu: Ok.

- Saímos do complexo do hospital e entramos em uma espécie de estacionamento, mas era pequeno. Acho que só era para pessoas que trabalhavam no hospital. Entramos no carro. Sentamos na parte de trás do carro. Me senti um pouco desconfortável com a situação. Não por mim, mas pelo Felipe. O que ele diria em me ver sentado na parte de trás do carro do meu ex namorado ? bom, tentei não pensar nisso, era só uma conversa.

- Ele olhou para mim, estava um pouco suado, limpei seu suor com minha mão. Nessa hora ele fechou os olhos. E eu disse:

Eu: Como esta tudo ?

Gui: Bem. Tô no primeiro ano de pediatria.

Eu: Pediatria ?

Gui: Sim!

Eu: Que legal. Feliz por você.

- Ele ficou em silencio... ficou olhando pra mim por um tempo, eu cortei e disse:

Eu: Gui...

Gui: Fui na sua casa, você não está morando mais lá ?

Eu: Não, já faz tempo que me mudei.

Gui: Você está namorando, não é?

Eu: Sim!

- Falei rápido, como se eu estivesse com medo de querer mentir.

Gui: É fiquei sabendo.

Eu: Como ?

Gui: Não importa.

Eu: Não é com o Duan

Gui: Eu sei.

Gui: Eu liguei pra Olga, quando fui na sua casa e soube que você não morava mais lá. Conversamos um pouco, e soube que você estava namorando.

Eu: Sério ? Ela não me contou nada.

Gui: Eu pedi para não contar.

Eu: Porque ?

Gui: Pra que ? Já não importava mais.

- Fincamos mais um tempo parados e calados... Se tivesse uma maquina que pudesse medir a energia do local, eu tenho certeza que ali estava rolando muita energia. Ele pegou na minha mão. Nessa hora eu fechei os olhos. Ele me deu um abraço. E disse:

Gui: Eu penso em você

Eu: Eu sei.

Gui: E você ?

- Quando ele me perguntou isso, na hora eu pensei no Felipe. Era inevitável. Na minha frente estava a pessoa da qual foi o meu primeiro amor e hoje eu estava namorando um cara que tinha tudo para arrancar isso de mim. Sim, eu era apaixonado pelo Felipe, afinal estávamos a mais de um ano juntos. Mas o Guilherme estava na minha frente, e, apesar de tudo, eu ainda gostava dele, Deus, como eu gostava daquele garoto, que agora já era um homem. Pode uma pessoa amar duas pessoas ao mesmo tempo ? Eu estava disposto a desafiar aquela lógica, mas não iria ser naquele dia.

Eu: Eu sempre vou te amar, e você sabe disso. Mas, eu não penso em você desde a ultima vez que nos vimos.

Gui: Eu sei. ( continuou olhando pra mim )

- Um aparelho do qual ele tinha apitou... Era o sinal que ele deveria voltar. E era o sinal que eu também deveria voltar também, para minha vida, minha nova vida.

Gui: Eu tenho que ir, mas antes tenho que te falar uma coisa.

Eu: O que ?

Gui: “ Ele tem um jeito lindo de me olhar nos olhos, me despertar os sonhos... Ele tem o jeito doce de tocar meu corpo... Ele sabe me prender como ninguém...”

Gui: Eu estava vindo pra cá ( para o hospital ) ontem, e escutei essa música. Eu sabia que ia te ver, eu sentia. Só achei que a gente iria se acertar.

Eu: Mas nos acertamos.

Gui: Mas você não quer!

Eu: A vida não tá permitindo esse nosso reencontro. Não agora. Mas quem sabe algum dia.

Gui: É uma certeza ?

Eu: Uma dúvida. Em algumas situações a dúvida já é um lucro.

Gui: Tenho que ir.

Eu: Eu também.

- Ele me deu um abraço, e disse.

Gui: Tu sabe que eu te amo, né ?

Eu: Eu sei.

- E ai, eu sai do carro. Sem beijo, sem juras eternas de amor, sem promessas. Só tínhamos a certeza de ter várias dúvidas. Aquela foi a última vez que vi o Guilherme. Mas eu sei e sinto que não será a ultima. Não necessariamente vamos nos reencontrar e vamos namorar de novo ou casar ou algo do tipo. Pode ser como um amigo, um colega, um irmão. Saía da minha vida o homem que me fez conhecer quem e como sou. E agora eu tinha uma nova vida.

Eu: Amor, acabei de sair do Hospital.

Felipe: E ai, tá melhor ?

Eu: Melhor que nunca.

**************************FIM***************************

***************************

***************************

* Meus Amores, obrigado a todos. Perdoem a demora para postar, é que sugiram imprevistos. Entro de férias em 20 dias, e, talvez eu decida fazer uma ficção sobre algo legal. Grande Beijo e fiquem com Deus.

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Comentários

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Fim? ... não era o que eu queria... Mas acho que a vida na realidade é muito dessa forma como vc nos relatou, ela dá pra nos o que precisamos... Não o que queremos. Obrigado por compartilhar esta história com tantos desafios... Vendo até que estou vivendo parte do que vc viveu nesse período.

Estou bem feliz por você e pelo Felipe, também sou da área da engenharia civil e posso imaginar o quão divertido possa ser namorar o um arquiteto, se ainda estiverem juntos.

Li seu conto nesse fim de semana, não consegui parar... deixei na primeira parte vários comentários, geralmente naqueles que mexeram muito comigo a ponto de cair lágrimas assim como este. Vou deixar ativado as notificações dos comentários, gosto de ver o relato das outras pessoas a lerem a mesma história que eu, pra ver se os sentimentos alheios. Gostaria de fazer algumas perguntas sobre todo esse processo, meu e-mail é wirleyrvg@gmail.com. Espero que você esteja bem, assim como todos as outras pessoas envolvidas. Um forte abraço, virei um super fã.

Ps.: Nem preciso falar que você deveria escrever mais e mais, outras obras, sua linguagem é muito boa e prende.

Faloures... Amei essa giria da época do colégio hehehehe... Até já.

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Igor eu ainda espero q vc leia os comentários mesmo depois de alguns meses! Terminei de ler a história essa madrugada e por isso estou escrevendo só agora. Primeiro de td você escreve bem demais. Li inúmeros livros e poucos autores me fizeram chorar como eu chorei em alguns capítulos aqui. Era como se eu tivesse sentindo o que o Igor ou Guilherme estavam passando. Uma pena que vcs dois não terminaram juntos, pois é uma linda história de amor. Mas eu te entendo pq já estivesse num relacionamento complicado e tive que sair também pq me amava em primeiro lugar. Como outras pessoas já te disseram, sua história daria um belo filme, um belo livro ou até uma série da Netflix. Espero q vc e o Felipe estejam juntos ainda e bem. Se puder me mandar um e-mail eu agradeço! Abraços. brennerfr.16@gmail.com

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Oii, eu sou um grande fã dessa história, li ela quando era bem piá e gostaria muito de trocar algumas palavras com você Igor sobre ela. Foi uma história que me marcou muito. Se puder entrar em contato eu agradeceria!

Email: oemail.dudu@gmail.com

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Já esperava esse final, foi muito desgastante o relacionamento dois,o Gui até que tentou durante os anos que ficaram juntos, o Igor sempre na defensiva(nós sagitarianos somos assim)então já era hora de por um ponto final.

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