O Sequestro - Cap. 17 - Final

Um conto erótico de GuiiDuque
Categoria: Homossexual
Contém 5312 palavras
Data: 02/12/2019 02:52:13

~ continuando ~

-

Meus filhos tinham pouco mais de três anos, quando a Bia me conta que estava grávida novamente.

Claro que ficamos todos felizes, a mãe já fazia planos, o ultrassom mostrou somente uma criança.

- Eu sou o padrinho. - Beija flor insiste quando a Bia pergunta. - Meu braço é igual colo de mãe, sempre cabe mais um.

- Meu príncipe? - Escuto uma noite, depois de uma foda deliciosa.

- Hum?

- Estou achando nossa gatinha um pouco triste.

- Ela sente dor, amor, e por causa da gravidez tem que tomar cuidado com medicamentos.

- Ela pode dormir aqui com a gente, eu conto uma historinha para ela.

- Será que ela vai dormir com suas historinhas? E mais fácil ela ter pesadelos. - Brinco com ele que vai até o quarto dela e fica lá muito tempo e volta sozinho, deita-se e me puxa para o seu peito.

- Ela dormiu, amor.

- Que bom. - Digo me aninhando em seu corpo.

Bia foi para o Brasil, para fazer alguns exames, sua gravidez não estava sendo tão tranquila quanto a outra. Teve um princípio de aborto com dois meses, sangramento com quatro, estava com sete meses de gravidez e sentia muitas dores.

Estava no escritório despachando quando Moacir invade minha sala, dispensando a secretária.

- Que é isso, Moacir, ficou maluco?!

- Precisamos voltar para o Brasil agora! Nem vamos esperar seu avião, já fretei um para nós.

Meu coração sabia.

- O que houve com minha esposa, Moacir?

- Ela está internada, precisam de você lá.

- Moacir, eles não vão me fazer escolher entre ela e a criança, ninguém merece isso?! - Disse pálido.

Ele põe a mão em meu ombro, e tenho certeza que a coisa é mesmo muito séria.

- Vamos ver um problema de cada vez, primeiro temos que chegar lá.

Foi a pior viagem de minha vida. Como fazer uma escolha como essa?! Tentei ligar para o Beija Flor insistentemente, desligado ou fora de área. No avião, muitas horas sem celular, pousamos e nosso helicóptero me leva até o hospital e foi só ver a mãe para saber que o pior já havia acontecido.

Não tive que fazer nenhuma escolha, Bia está morta e meu filho na UTI neonatal.

- Fizeram tudo que era possível. - Ouço a mãe dizer aos prantos, mas já não a escutava.

- Onde está meu filho? - E me mostram.

Mal podia acreditar, era tão pequeno, tão frágil, a vida era só um sopro. Estava ligado a vários aparelhos, o médico tentava me explicar alguma coisa, mas tenho que confessar que não ouvi uma única palavra.

Estou saindo da UTI neonatal quando vejo o Beija Flor entrar correndo pelo corredor. Ficamos muito tempo simplesmente abraçados, chorando, os dois.

Todos os procedimentos para o enterro, velório... Bia queria ser cremada, e assim fizemos.

Pouco antes de seu caixão descer eu lhe fiz uma promessa:

“- Você está sendo enterrada como minha rainha, a única mulher que já amei e será a única mulher que amarei.” - Beija Flor me dá sua mão, emocionado.

Estamos saindo do crematório, quando meu celular toca.

Se alguma coisa poderia piorar, aconteceu... Meu filhinho acabará de falecer.

Não vou entrar em maiores detalhes, mas 24 horas depois estava com duas pequenas urnas com as cinzas dos dois. Bia adorava o mar e fomos de helicóptero, e pessoalmente joguei suas cinzas e de nosso bebezinho naquela imensidão azul.

Ao pousarmos, foi como se toda a minha energia tivesse sigo sugada, apoiado no Beija flor, mal tinha forças para andar e foi a primeira vez que fui à sua casa.

Moacir nos acompanha e chegamos a uma casa bonita, de dois andares, no pé de uma favela grande. Logo na entrada, dois rottweilers enormes. Entramos e ele desliga meu celular. Mostra a casa para que o Moacir se sinta tranquilo, entramos em seu quarto e ele aponta duas gavetas pequenas, uma de cada lado da cama.

- Pegue as armas, Moacir, você as devolve quando sairmos. - Ele diz.

Moacir assim faz, pegando, uma arma em cada gaveta e sou deitado em uma cama enorme, meus sapatos são tirados, assim como minhas roupas e fico só de cueca. A única coisa que percebo naquele primeiro momento é um porta retrato e minha foto nela. Beija flor se despe, deita e me deita em seu peito, nos cobrindo com uma manta quentinha.

Não sei quantas horas dormi, mas foram muitas, acordo em seus braços. Posso ver que o dia amanhecia e quando deitei não eram onze horas da manhã. Preciso ir ao banheiro, me mexo e o acordo.

- Bom dia, meu príncipe, quer ir ao banheiro?

- Hum rum. - Carinhosamente ele me ajuda. - Bonito! - Digo olhando um banheiro grande, com uma hidro que ele vai enchendo, enquanto uso o vaso.

- Pequenininho perto do seu, espero que não te dê claustrofobia. - Ele brinca. - Vou ver algo para você comer... - E me faz entrar nela.

Naquele dia não falamos na Bia, ou no bebezinho que acabava de falecer, não falamos nem nos gêmeos, simplesmente conheci sua casa, tomei sol no jardim, uma mulher bonita, já na casa dos cinquentas, chega e prepara nosso almoço, vejo que também arruma a casa.

- Ela já foi minha abelhinha. - Beija Flor me conta, nos apresentando. - Uma das primeiras. Sabe que ela foi minha primeira mulher?! Eu tinha uns treze anos! - Ele a abraça gentil. E dá um selinho nela, carinhoso.

Não conseguimos transar, ele nem tentou, podia ver pelos seus olhos completamente negros que eu não sofria sozinho.

Vi uma parede com muitas fotos. Pude conhecer o Lipe, bonito! Parecia um pouco com ele, seus olhos verdes, eram simplesmente lindos, sempre sorrindo, parecia que ia aprontar alguma a qualquer momento. Os dois estavam sempre juntos nas fotos, brincando um com outro. Eram adeptos de esportes radicais, eu os vi saltando de paraquedas, descendo um rio de canoa, escalando, vi uma foto engraçada com os dois imundos, de motocicletas, presos na lama. Vejo uma foto de três rapazes.

- Os três mosqueteiros. - Ele diz - Fernando, eu (Flavio) e Felipe.

- Que cara bonitão. - E aponto um sujeito de uns 40 e poucos anos.

- Meu pai, fazia sucesso esse aí.

Vi várias fotos minhas, de várias épocas, uma bem novinho, foto de má qualidade, tirada talvez por alguma abelhinha, vi inclusive a foto minha que ele comentou no sequestro, saindo da hidro, fotos na Alemanha, nós dois no México, em minha casa, fotos de minha mãe, uma dos meus pais, muitas dos gêmeos, com e sem a Bia, muitas dele com as crianças, brincando. A parede toda é um grande painel.

Durmo mais uma vez em seus braços até que tomando o café da manhã, Moacir me entrega seu celular.

- Sua mãe quer lhe falar.

- Oi, mãe, desculpe o sumiço. Não sabia como encarar as crianças e a minha vida, precisava de um tempo.

- Espero que agora já saiba, meu filho, e que não se esqueça que estaremos ao seu lado. Seus filhos estão chorando, os dois, pensam que você também morreu junto com a mamãe deles e que os estamos enganando.

- Estou indo para casa mãe.

- Estamos. - Beija Flor diz e de mãos dadas saímos.

- Como vou criar meus filhos sem ela? Como explicar para eles tudo que aconteceu? - Pergunto já com os olhos cheios d’água.

- Não sei, amor, mas vamos descobrir juntos. - Ouço e tenho a certeza que não passarei por tudo sozinho.

Vou pular esses primeiros dias. Mas preciso explicar a terapia que o Beija utilizou: Sexo.

Vai parecer loucura, mas sempre que ele me via amuado, com o pensamento perdido, ou me pegava olhando alguma foto dela, ele chegava perto e dava um jeito de ficarmos sozinhos. Foram as únicas vezes em que seus olhos não azulavam depois de uma foda gostosa. Gostosa e exaustiva, pois sua finalidade era ocupar minha mente e cansar meu corpo e tenho que confessar que ele o fazia magistralmente, sexo caprichado, uma chupada que faltava me tirar do eixo e logo que eu gozava, me oferecia seu rabinho e claro, que eu demorava para gozar de novo, mas era essa a ideia, quase sempre apagávamos os dois por poucas horas mas o sono vinha acolhedor, sem pesadelos, como se seus braços estivessem ali para afastar os demônios.

Fomos uma manhã, Beija Flor, Fabrício e eu a uma pracinha próxima com os gêmeos e voltando vejo quatro mulheres me esperando.

- Filho, quero ver se aprova as babás que estou contratando. - A mãe diz.

- Babás, para que? Já tenho babás, mãe.

- Seu pai, precisa que você volte. Estão com problemas lá. Preciso de ajuda com as crianças, já não tenho mais idade... - E eu a interrompo.

- Mãe, eu vou e meus filhos vêm comigo.

- Como vai cuidar deles? Você trabalha o dia todo, meu filho.

- Ainda não sei, mãe, mas meus filhos ficam comigo. Volto para casa assim que puder. Quero que você os mime bastante, minha rainha, mas eles ficam comigo.

Voltei dois dias depois, não fazia a menor ideia de como iria ser minha vida, mas estava pronto para tentar. Beija Flor veio comigo. Pedi a sala ao lado da minha, realocando meu assessor, mandei adaptar para um quarto de criança, com camas, mesinhas baixas para eles desenharem e vários brinquedos, mandei tirar a porta, queria poder olhar e saber exatamente o que acontecia lá dentro.

Eu os coloquei no maternal na parte da manhã, e de tarde ficavam comigo no escritório.

Beija flor voltou para o Brasil uns 20 dias depois e foi quando percebi como nós três precisávamos dele, mas eu não podia lhe pedir que desistisse de tudo. Eu não podia fazer isso.

Aos poucos fui conseguindo me adaptar. Assim como fazia a Bia, eu pessoalmente dava banho, vestia e alimentava meus filhos. A babá me servia somente para olhá-los, quando eu tinha que me ausentar rapidamente, ou tomava meu banho.

Mamãe vinha todo mês, Beija flor a cada quinze dias. Assim se passaram três meses. Estava tudo certo para eu voltar para o Brasil, quando a bolsa despenca e o mundo financeiro desaba.

Grandes bancos, empresas americanas e internacionais entrando em falência, escândalos financeiros por todo o mundo.

2008 é um ano que não será esquecido na história econômica de nosso mundo moderno, assim como foi o de 1929, e espero que outros 80 anos se passem antes que outro pesadelo, dessas proporções, aconteça novamente.

Hoje tenho orgulho em dizer que, quase um ano depois, a crise está passando e nenhuma de nossas empresas fechou, nem um único funcionário foi despedido. Mas foi um tsunami financeiro e não pude voltar para o Brasil.

Estamos em plena crise, reunião atrás de reunião, tínhamos que segurar as empresas nas unhas, nossos fornecedores apavorados, clientes em pânico. Um de meus gerentes, da filial Europeia, sofre um infarto, na Argentina um assessor do pai, tem um AVC. Quando achamos que nada pode piorar, minha princesinha tem uma virose brava.

Estou no meio de uma reunião com ela deitada em meu peito, quando dando uma golfada, ela começa a vomitar em cima de mim. Já era a segunda vez aquela manhã e simplesmente afasto minha cadeira de rodinhas para não sujar os papeis sobre a mesa. Logo a babá traz um pano, nós a limpamos, troco sua roupinha, ela chora, sem querer soltar meu pescoço.

- Papai, papai. - Ela diz chorando quando a babá tenta tirá-la. E eu peço que a deixe. Meu paletó já estava sujo da outra vez que ela passou mal e agora estava sem camisa com ela deitada em meu peito. - Ligue para casa. - Peço - Consiga roupas limpas, por favor. - E continuo a reunião.

Alguém me oferece um paletó, que é colocado em meus ombros. Pouco mais de 15 minutos depois ouço a secretária batendo na porta e dizendo.

- O senhor não pode entrar... - Mas Beija Flor não liga, vai entrando em minha sala e basta vê-lo e foi como se um raio de sol invadisse aquela sala.

- Desculpem a invasão. - Ele fala em inglês - Trouxe uma camisa limpa! - E chegando perto, não preciso lhe dizer nada, ele encara meus olhos vermelhos e exaustos de uma noite em claro. - Cheguei de viagem bem na hora! - Ele diz sorrindo para mim, tenta tirar minha menina de meus braços que choraminga, agarrando meu pescoço. - É o padrinho. - Ele diz baixinho em sua orelhinha, minha princesinha esboça um sorriso e abre seus bracinhos para ele.

Acabo a reunião e sabendo que ele estava com os dois, deito em meu braço apoiado na mesa. Cinco minutos, penso, só preciso de 5 minutos.

Sinto meu corpo sendo encostado na cadeira, a cadeira sendo empurrada gentilmente e braços fortes me pegam no colo.

Logo sinto seu perfume amadeirado, cheiro de casa, o cheiro do meu ninho e estou deitado em seu peito.

- Nossa princesa, a reunião...

- Ela está aqui também, meu peito é largo, cabem os dois. - Ouço sua voz tranquila - A próxima reunião vai atrasar 5 minutos, descanse meu amor.

Foram mais de cinco minutos, ele me deixa dormir quase meia hora.

Beija Flor retorna ao Brasil alguns dias depois. Cada vez que ele parte, meu coração vai junto.

Papai, vindo da Europa, passa por aqui e me encontra na mesa de trabalho com meu garoto nos braços, ardendo em febre, era ele com a virose desta vez.

Estava assinando, despachando alguns documentos. Papai o pega e sentando-se no sofá com ele nos braços, começa uma reunião. Nossa princesa ouve sua voz e vem correndo, abraça-o e deita-se com a cabecinha em sua perna. Assim passamos o dia, reunião atrás de reunião, temperatura medida, remédio sendo dado, criança chorando, muitas decisões sendo tomadas. Ele segue viagem no dia seguinte.

Outro dia, naquela mesma semana, estão os dois desenhando, mandei colocarem a mesinha deles perto da minha de reunião, pois meu garoto ainda não estava muito bem, quando ele reclama da irmã.

- Você sujou meu desenho!!!!!!!!! Ah pai, olha o que ela fez, estragou tudo!!!!!!!!!!!!

Eu paro o que estava falando, no meio de uma reunião com fornecedores internacionais, vou até ele e vejo seu desenho sujo de tinta guache azul.

- Eu gostei! - Digo pegando um lápis – Veja, filho, se puxar aqui um pouquinho, e desses dois lados também, não fica igual um fantasminha? - Ele me olha curioso e continuo. - Podemos fazer um castelo. - E vou desenhando umas torres em volta do borrado - Veja, vira o castelo mal-assombrado! - E vejo seus olhinhos se arregalando.

- Demais!!!!!!!!!! - Ele diz animado - Posso fazer outro fantasminha?

- Pode ser a irmãzinha dele. - Minha menina diz.

- É, pode ser a gêmea dele, me dá a tinta vermelha. - Ele pede e continuam a desenhar.

Volto para a mesa de reuniões e um dos fornecedores diz:

- O Doutor é mesmo muito bom em resolver problemas. Vou confiar que vai resolver esse nosso também, podemos passar para o próximo assunto da pauta.

- Não sabia que falava português! - Digo falando agora o nosso idioma com ele.

- Sou brasileiro, moro fora há muitos anos, mas volto sempre para visitar minha mãe. Não é fácil enganar uma criança. Sua solução foi rápida, criativa e confiável. - Ele fala para os outros que por ele nossa empresa está habilitada a encontrar a solução para a crise no fornecimento e que gostaria de passar para o próximo assunto.

Domingo estamos na mesa almoçando quando o Beija Flor chega de viagem e meus filhos ficam loucos. Meu garoto derruba o prato com o bracinho, jogando a comida para o alto e corre para recebê-lo. Nossa princesa vai logo atrás. Já estão ótimos, como criança se recupera rápido!!!!! Felizmente!!! Ainda estava indo em sua direção quando vejo três malas grandes sendo colocadas para dentro.

- Isso tudo é presente, padrinho? - Meu garoto pergunta.

- Não, são minhas coisas. Se tiver um lugarzinho para mim, só volto quando pudermos ir todos juntos. - E me olha. Sinto meus olhos se enchendo d’água e desta vez sou eu que corro para os seus braços.

Ele me beija e podemos ouvir.

- Tão namorando, tão namorando, tão namorando.

Moacir percebe que precisamos de alguns minutos e com muito esforço consegue levar as crianças para fora da sala.

- E seus negócios? A loja? Seu book? - Pergunto sem conseguir evitar que as lágrimas escorressem em meu rosto.

- A loja é minha, está arrendada por um ano, o book temporariamente suspenso e meus negócios legais, eu controlo daqui pela internet e celular. Os outros me esperam para quando tiver tempo de pensar neles. Desculpa a demora, meu príncipe, mas foi difícil achar alguém para ficar com meus cachorros. - Ele me abraça, me beija e sinto que tenho novamente uma família completa. Sinto como se o céu clareasse, depois de uma tormenta.

- Sabe que eu jamais te pediria isso, mas sonhei com esse momento todos os dias! - Digo vendo seu sorriso, suas covinhas...

- Cada vez que viajava e te deixava sozinho com nossas crianças, meu coração se partia, mas tive uns clientes VIPs bem aborrecidos. - E ele faz uma carinha ruim. - E arrendar uma loja não é tão simples como imaginava. - E podemos ver que o Moacir não consegue mais segurá-los. Os gêmeos entram correndo, pulando no colo dele.

- Você não vai mais embora? Não vai? - Gritam os dois - Oba, oba.

- Então, posso filar a boia? Estou mortinho de fome... Não tem batata frita hoje? - Posso ouvi-lo perguntar quando se senta à mesa.

- Não. - Respondem as duas crianças desanimadas

- Amanhã terá, me aguardem. - Ele diz, se servindo e sentando-se à minha frente.

- Não pode batata frita todo dia. - Minha menina diz.

- Só uma vez na semana. - Seu irmão completa.

- Ah não, pelo o menos dia sim e dia não, né amor????!!!!!!

- Duas vezes na semana. - Digo olhando sua cara de pidão.

- Três e não falamos mais nisso. - Ele pisca para os garotos que gritam animados.

Agora raramente eles ficam no escritório, eu os deixo na escolinha cedo, Beija flor busca, almoçamos juntos e ele passa a tarde com eles.

Tem um pequeno shopping próximo da empresa e quase sempre vão lá, quando posso eu os acompanho a uma sessão de cinema ou lanchinho, se não posso ir, vão ao cinema e compram o lanchinho e como com eles no escritório.

Eles dormem cedo. 21 horas todos os dois têm que deitar, antes tinham quartos separados, mas depois da morte da Bia, eu coloquei os dois no mesmo quarto. Caminhas separadas, e assim não se sentem sozinhos e fica mais fácil para eu atendê-los quando necessário, quando forem um pouco maiores, eu os separo.

Beija flor sempre conta uma história antes de dormirem, que adoro ouvir também. Ele é muito criativo. Acho algumas um pouco pesadas, como quando ele conta do resgate da abelhinha. Não são seguranças, mas monstros amigos que o ajudam na tarefa. O monstro “Lu”, terrível com seus muitos braços derrota quase todos.

Luiz se divertiu quando soube que virou até personagem de história infantil. Sempre que a mãe vem, ele está junto, e uma noite o convidei para ouvir a história. Beija flor repete a história cada vez de uma forma diferente, as crianças simplesmente adoram, depois temos a noite para nós.

- O que tanto você me olha? - Pergunto para ele, os dois nus, deitados em nossa cama.

- Tem mesmo alguma coisa diferente. - Ele responde.

- Enterrei uma esposa, um filho, envelheci amor.

- Você não parece mais velho, parece melhor. - E ele faz uma cara engraçada.

- Então, eu não era bom?!

- Pra caralho, por isso não entendo, melhorou onde? Vou ter que procurar melhor...

Mais uma vez estava tudo planejado para minha volta, já tinha meu substituto que estava preparando e acompanhando. Mais alguns meses e estaria de volta. Esperava passar o natal definitivamente em casa com meu companheiro e meus filhos. Definitivo até montar a nova empresa no Brasil, o que me obrigará a morar em outro estado, ou abrir outra em algum lugar, daqui a alguns anos, mas aí meus filhos já estarão mais velhos um pouco.

- Está pensando em montar outro book? - Pergunto deitado em seu peito depois de uma foda deliciosa.

Ainda podia sentir nossa respiração acelerada, o cheiro de sexo nos excitava, nossos corpos melados de nosso suor, nos mantinha quentes e causava arrepios com o frescor da noite nos fazendo procurar o corpo do outro. Podia ver sua gala que melava seu estômago e escorria naquele tanquinho delicioso. Me esfreguei em seu corpo me molhando em seu prazer ainda quente.

- Claro, e vou precisar de ajuda. - Ele diz tirando a camisinha do meu pau e a jogando sobre a cama e logo a pegando depressa evitando que minha gala escorresse.

- Como posso ajudar? - Pergunto rindo dele. Desde que tive filhos, que ele fica assim, brincando com minha gala, como se ela fosse preciosa.

- Terei pelo o menos uns vinte rapazes para provar e umas trinta, quarenta garotas.

- Que dureza, hein!! - Digo rindo dele, que faz uma cara deliciosa, põe a língua para fora, respira igual cachorrinho e parece mesmo morto de cansaço, e ri gostoso me beijando.

- Aquela sua promessa para a nossa rainha?

- Que tem?

- Você podia me ajudar com elas também. Uma festinha boa a cada dois dias e em uma semana, 10 dias no máximo escolheríamos todos.

- Vamos ver, mas foi sincero, não quero mais me casar ou ter outra mulher.

- Sei que foi e me emocionei quando ouvi. Não quero que se case com minhas abelhinhas, só que me ajude a testar o mel. Me ajuda vai?! Afinal você que está acabando com minha resistência, mereço uma ajudazinha. - E esfrega seu cacete no meu - Você se tornou um amante fabuloso, confio no seu julgamento. - E ele pega gostoso no meu pau fazendo carinha de pidão, como resistir? Nossos paus já começam a acordar.

- Acho que posso fazer esse sacrifício. - Falo rindo, imaginando as gostosuras que iam se candidatar, abaixando meu corpo e engolindo seu cacete já meio bomba, que rapidamente enche minha boca.

Posso sentir seu corpo começando a gingar. Suas mãos na minha nuca, seus gemidos a princípio baixinhos, vão aumentando de intensidade, me enlouquecendo de tesão, até que tiro seu cacete que pulsava da minha boca e ele reclama.

- Que cacete mais gostoso. - Digo subindo e relando meu corpo no dele.

- Então volta lá, sem maldade, meu príncipe, que boca mais gostosa, volta.

- Não!!!!!! Quero dançar!

- Agora?

- É, agora... Será que ainda tocam no Brasil a dancinha da garrafa? - E olho maravilhado seu pau, duro como uma rocha, pulsando. Ele sorri.

- Essa virou um clássico. - Ele brinca, mexendo seu quadril, movimentando seu corpo, sua boca molhadinha chama a minha me ajoelho com suas pernas entre a minha rebolando meu corpo, dançando, encaixando seu cacete no meu rabinho e tirando, vejo o suor escorrendo em seu rosto, o tesão o devorando.

- Sabe que isso vai ter troco né?!

- Oba!!!!!!!

Cada dia está mais próximo de nossa volta ao Brasil. Ainda me mudarei com meus filhos, muitas vezes e para muitos lugares diferentes. Eu escolhi viver assim, quero acompanhar de perto cada nova filial, ou alguma com um problema que exija minha presença, esteja ela onde estiver. Beija flor sabe disso e concorda em me acompanhar, vou ajudá-lo, orientá-lo, para que não tenha que fechar tudo ou paralisar suas atividades a cada mudança e meus filhos, enquanto forem pequenos e quiserem, irão me acompanhar.

O Brasil é o meu país do coração, não interessa quantos problemas tenhamos, ainda somos o melhor povo do mundo, o melhor lugar para se viver e não vejo a hora de estar de volta e mostrar esse país aos meus filhos.

Não interessa onde esteja vivendo, sempre vou ansiar pelo dia de estar de volta ao meu país.

Estava tudo pronto, mamãe já olhava escolinha para eles, quando chega a notícia.

Nosso diretor em uma das filiais Europeias sofre um segundo e fulminante infarto.

Papai vai para lá e assume temporariamente, mas após uma reunião, achamos melhor que eu fique por lá alguns meses.

Assim, todos os planos são alterados, minha volta ainda ficará adiada por algum tempo. Beija flor simplesmente sorri quando lhe conto de meus problemas.

- Meu príncipe, o único problema que vejo é a família real local se sentir ofuscada pela sua realeza. Começamos a fazer a malas?

Mamãe estava nos visitando, as crianças já haviam dormido e Moacir está saindo. É sua noite de folga e ele nos convida para conhecermos uma excelente casa de shows que estava inaugurando.

A princípio agradecemos, mas ele insiste.

- Há muito tempo vocês dois não dão uma relaxada. Sua mãe está aqui, vai ficar de olho, as crianças já dormiram, Fabrício está com som e imagem deles, ao menor barulho ele está lá. Eu tenho uma mesa reservada e estou com um amigo, tem dois lugares ainda. Vamos? - Mamãe o ajuda insistindo para irmos e acabou que fomos.

Estava ótimo, casa cheia, gente bonita, um show excelente. O amigo dele é muito simpático, engraçado e estava uma noite deliciosa.

Realmente há alguns meses não saiamos, na verdade, desde a morte da Bia.

Beija flor estava bonito, elegante, cheiroso, animado, era ótimo estar ali ao seu lado, nos divertindo. Via o sucesso que ele fazia e tenho que confessar que eu também estava agradando.

Ele sorria quando alguém me dava mole e brincava com sua perna na minha, por baixo da mesa.

Uma hora ele me chama para ir ao banheiro e fomos durante o show, pois assim ele estaria vazio e logo que entramos ele me pega forte, esfregando seu corpo no meu.

- Meu príncipe está tão lindo, tão cheiroso! - Ele diz mordendo meu pescoço, chupando gostoso minha orelha.

Ficamos nesse amasso delicioso, mas tivemos que voltar pois o show estava acabando e logo o banheiro estaria cheio.

Em algum momento vemos um casal gay passando e alguém da mesa ao lado comenta alguma coisa e fazem uma cara ruim.

- Está passando da hora disso acabar. - Moacir diz e da mesa ao lado nos ouvem.

- Isso é uma vergonha! - A mulher diz achando que o Moacir concordava com ela.

- Não, senhora! - Moacir continua - Vergonha é aparecer na televisão sendo presa porque agrediu uma empregada. Isso... - E dá um selinho no rapaz ao seu lado – Isso... - E dá outro selinho nele e sorri brincando com o cabelo dele. - Isso é só sinal de muito bom gosto.

Rapidamente o casal pede sua conta e ficamos rindo, pois ela tinha mesmo aparecido no jornal local sendo presa e ficamos conversando, e a conversa acabou nas dificuldades que os homossexuais têm de viver socialmente uma relação.

- Toda hora tem alguém querendo emplacar uma lei que iniba esse tipo de coisa e sempre os religiosos e falsos moralistas conseguem barrá-lo. - Comenta o Beija flor.

- O pior é que muitos de nós não temos coragem de lutar. - O amigo do Moacir diz.

- Porque será? - Pergunto.

- Sabe qual a possibilidade de dar certo? - Ele pergunta.

- A mesma dos casais héteros! - Eu respondo. - Uma relação à dois é complicada, exige renúncia, força de vontade em qualquer situação e com qualquer sexo.

- Mas toda hora você tem exemplos de relacionamentos héteros. - Ele completa - Seja na televisão, revista ou jornais. Veja, Angelina Jolie é bissexual assumida. Adota crianças pelo mundo todo e seu casamento com o Brad Pitt é comentado em todo planeta. Se ela fosse casada com uma mulher, eu duvido que seria assim. Quem conta para quem está começando a se assumir que pode dar certo. Quem dá exemplo para quem está saindo do armário, cheio de dúvidas? Quem mostra que nossa vida é mais que apanhar de homofóbicos e ser apontado na rua, ser escorraçado de casa pelos pais? Quem mostra que não somos um bando de devassos?!

Aquela conversa ficou na minha cabeça. Naquela noite, deitado no peito do Beija flor, depois de uma transa deliciosa, volto àquela conversa.

- Ele está certo, meu príncipe, tudo que se ouve falar é que teremos problemas, que temos o mundo contra nós. Sempre que aparecemos na TV é porque apanhamos, ou alguém matou um de nós.

- Eu posso contar nossa história.

- Ninguém vai acreditar, meu príncipe.

- Em mim ou em você?

- Nos dois, ninguém vai acreditar!

- Isso é problema de quem não acreditar, mas talvez possa ajudar alguém.

- Você vai se expor, expor nossas crianças.

- Não se eu fizer direito.

- Faça como achar melhor, mas pode começar a pensar nisso amanhã?

- Porque, tem alguma coisa para fazer agora?

- Pode apostar que tenho...

E foi assim, Beija flor está lendo e disse que faria um perfil fake para poder comentar e logo nos primeiros comentários, eu pensei que o havia descoberto.

- Já sei quem é você, brinco com ele. É o Raul.

- Você está mais perdido que cego em tiroteio - Ele brinca.

E no primeiro final de semana procuro contos mais antigos e vejo os comentários do Raul. Realmente não é ele, nós dois conhecemos essa comunidade juntos, há pouco tempo, através do Ivan, lembram dele? Mas todos os comentários do Raul, são exatamente a opinião dele.

- Mas tenho que concordar que é um sujeito esperto esse. - Beija flor diz rindo lendo alguns comentários em outros contos.

- Só porque ele pensa como você? - Eu brinco.

- Talvez devêssemos convidá-lo para uma visitinha. - Beija flor diz. - Podemos descobrir mais alguma coisa em comum... - E nessa hora nossas crianças entram correndo, estavam no jardim brincando.

- Está chovendo! - Eles dizem entrando, um pouco molhados.

- E entraram por quê? - Beija flor pergunta puxando minha mão. - Há quanto tempo não toma um banho de chuva, meu amor?! - E corremos os quatro para fora.

Espero ter respondido como cheguei aqui e porquê, e também espero, sinceramente, ter ajudado alguém. Senão, pelo menos, os ter divertido, já teria o seu mérito.

Sejam felizes e jamais desistam de lutar pela felicidade, jamais permitam que outros tomem as rédeas de seus destinos. Não interessa o quanto nos amem, ninguém sabe qual o melhor caminho que devemos seguir, ou quem fará a diferença, quem fará nossos corações pulsarem fora do ritmo, nossos sangues correrem ansiosos em nossas veias, desejando um simples olhar, um toque. Um olhar que nos aqueça a alma, nos faça flutuar.

Se descobrirem alguém que os faça sentir assim, não interessa se é branco, preto, azul, homem ou mulher, se o encontrarem, podem acreditar, vai valer a pena, acordar ao seu lado e simplesmente acalentar seu sono na esperança de que ele acorde e que possam viver mais aquele dia.

FIM???? Claro que não!!!!!!!! Fim só quando desistirmos de lutar.

-

~ that's all folks! faaaala, meu povo. chegamos a mais um final de um grande conto que mexe muito comigo sempre que releio. é um dos contos mais emocionantes que já li... espero que tenham se emocionado e se divertido tanto quanto eu. gostaria de agradecer aos leitores que comentaram: MarCR7, arrow, celli86, Lebrunn, lari12, nayarah, Pichelim, BranquinhoSP, Katt, Landu, Lobo azul, Geomateus, sssul, Silvetty, Dreia 44, Pervy, VictorNerd, riquegm, Maestro, Tesão a flor da pele, Menin Promis, PERFEITO, andrediogo. Acho que não esqueci ninguém, qualquer coisa me avisem. sem vocês, eu não estaria aqui postando todo dia de madrugada, após um dia fodido no escritório hahahah.

volto a salientar que eu não sou autor deste conto, nem do anterior ou dos demais que poderão vir a ser postados, eles foram retirados de comunidades da falecida rede social Orkut. acabei de ler um comentário no cap. 5 que me deixou meio brabo kkkk. andrediogo, se ler isto, saiba que não sou autor, ok?! acredito que você esteja equivocado direcionando suas acusações pra mim... mas não vou debater porquê não sou o autor, não sei se ele vivenciou tudo isso mesmo (espero que sim, tem umas partes bem convincentes pra mim, que fico tipo: "puts, será que a pessoa ia conseguir inventar isso?"), se ele inventou tudo ou se foi uma mistura de ambos (fica a critério de cada um no que acreditar), mas... só ele poderia se defender! :D

talvez eu volte ano que vem com mais contos, este mês de dezembro vai ser foda lá no escritório, depois têm as festividades, irei viajar... enfim, só no ano que vem mesmo.

obrigado, espero que tenham gostado desse conto foda pra caralho, e boas festasss!!! <3 ~

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Comentários

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Que maravilha de série. Beija flor e o Príncipe lindo esse amor,tesão,carinho companheirismo.

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Oii pessoal, depois de mais de 1 ano (DESCULPEM-ME!) voltei com um novo conto: Aqueles Olhos Azuis. Apareçam por lá, por favor! <3

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Nossa que bom poder reler essa história sensacional, me marcou muito e sentia saudades tmb, acompanhei na época que foi postada no Orkut e pela preocupação do autor em não falar muitas coisas e sequer inventar muitos nomes fictícios acho que pode ser sim uma história real e espero que eles estejam bem e felizes, beija flor de certa forma é muito sábio, adoraria conhecê-lo, bem como o príncipe e o Luiz que foi um personagem cativante. Quanto a vc Gui gostaria de te perguntar (e se outra pessoa tbm puder responder) se vc lembra de um conto que era no contexto do serviço militar e tinha um personagem que era o Lancastre e o Mendes que inicialmente se odiavam e depois se amaram, sinto muita falta desse conto mas não lembro o nome e nunca mais achei.

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simplesmente amei tudo do começo ao fim obrigado por ter repostado essa preciosidade

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Devo confessar, é uma história bastante interessante. Apesar de algumas opiniões do autor que NÃO me representam, e não foram poucas, a história me pegou de um jeito que terminei em apenas dois dias. Arrisco em dizer que é uma das melhores histórias que já li. E também arrisco em dizer que infelizmente a história tem fortes chances de ser uma fic, mas também não descarto de ser real. Achei bem bonita a reta final, tirando a morte da Bia e do bebê, fiquei bem triste. Achei que o Luiz iria morrer também, mas graças aos céus ele não faleceu e espero que ele esteja bem hoje em dia, se a história for real.Enfim, ao dono desta conta, eu agradeço IMENSAMENTE por apresentar essa história e aguardo as próximas.

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Amei cada parte desse conto,muitas felicidades ao casal e que um dia amar não seja mais tabu na sociedade

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Final lindo! Mostrou que a família "perfeita" pode sim ser formada por dois pais e seus filhos.Obrigada por trazer mais um conto maravilhoso. Volte logo!

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Espero, de coração, que Beija-flor e seu Príncipe estejam bem juntos com as crianças. Gratidão por recontar essa história digna de nossa atenção. Cheiros nas asas.

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Pena que acabou, o príncipe foi muito corajoso, se essa história foi inventada, o escritor é fera,mas acredito que seja real,nota 10.posta outra quando puder Gui.

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Q final triste e feliz ao mesmo tempo. Um dos melhores contos q li nesse site !!! Cara, eu daria td pra saber qm é esse principe e o beija flor

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Eu amei o conto e parando p pensa na última parte as vezes temos medo de nos revela ,de fala doque gostamos por medo de ser agredidos e não sermos aceitos ,tanto pela família, como pela sociedade. No fundo todos sabemos q é difícil

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