Eu amo ser puta.
Ser puta é libertador. É fazer o que eu bem entender com quem eu quiser. É ser totalmente livre de restrições quando quero me satisfazer e é por isso que eu amo ser puta.
Por ser gay é mais fácil ser puta. Nossa reputação não é tão massacrada porque os homens preferem deixar em segredo quando querem transar com a gente. É basicamente o melhor dos cenários: prazer em troca de sigilo.
Mas nem sempre eu fui tão livre quanto sou hoje em dia.
Como muitos gays vivi minha adolescência escondendo meus desejos, despejando minha luxúria em sites pornô e fantasiando com meus colegas de turma. Ou aquele garoto da outra turma que nem sabia quem eu era, mas que nos meus sonhos me pegava pela cintura e nós transávamos selvagemente no palco do auditório.
Tudo começou no fim da minha adolescência. Eu tinha 17 anos e não suportava mais ser virgem. Só de observar meu reflexo no espelho quando ficava nu, meu corpo esquentava e eu logo visualizava um homem me possuindo por trás. Me flagrava encarando o técnico da tv, o carteiro, o entregador de pizza e os de delivery. Fitava o volume deles, fossem altos, baixos, gordos ou magros. O que eu queria era rola.
Minha imaginação não tinha freios. Cada corrida de Uber era uma fantasia diferente. Eu puxava conversa, soltava indiretas e me arriscava. O papo esquentava até que ele encostasse em alguma esquina deserta e fazíamos no carro mesmo. O sêmen dele sujando o banco do carro e por que não meu rosto. Tudo claro só ficava na minha cabeça. Flertar com héteros é um jogo perigosíssimo que pode custar muito caro (um preço que nunca estive disposto a pagar).
Foi quando Tomas, o garoto mais rico da escola levou um tapa de uma garota que tudo mudou.
Ele tinha oferecido o dinheiro do lanche em troca de um boquete a ela, que ultrajada com o disparate soltou a mão na cara dele. Tomas era assim. Fazia mais esse tipo de coisa por provocação, pra se auto-afirmar, enaltecer que tinha mais liberdade do que todos nós porque tinha um cartão de crédito.
Tomas não era bonito. Quer dizer, não convencionalmente. Não sei se realmente o achava desinteressante ou feio mais pela reputação dele do que pelos seus traços físicos. Ele tinha olhos muito bonitos, mas não tinha o corpo atlético como os garotos do futsal. Sua postura era horrível, sempre parecia estar debruçado mesmo quando em pé e ele insistia em não aparar a franja que incomodava de olhar, sempre se sobrepondo aos seus olhos.
Ele estava sorrindo com seus amigos do desconforto que causara e eu podia sentir asco por ele.
Tomas realmente era um idiota.
E logo uma coceira dentro do meu íntimo se fez presente. Eu podia sentir meu tesão crescendo perante a figura de Tomas, o babaca, mas eu não tinha noção disso ainda.
No dia seguinte, colei em Tomas. Apesar de ser gay eu nunca sofri muita discriminação na minha turma e sempre me senti confortável com meus colegas de turma. Não éramos amigos, mas não podia dizer que éramos inimigos também. Forcei uma aproximação desde o o primeiro tempo na aula de física e sentei do lado dele. Emprestei uma caneta a ele (Tomas nunca levava sequer um material pra aula) e puxei conversa fiada.
No segundo tempo mandei uma mensagem pro celular dele.
Hilário sua zoeira ontem, redigi já sentindo o coração acelerar.
É, foi engraçado, ele respondeu.
Parei um instante para pensar no que escrever.
Você é mesmo um sacana, instiguei.
Pena ela não ter aceitado, Tomas respondeu desapontado.
Uma pena mesmo, respondi.
Eu podia sentir a tensão se formando no meu peito. A deixa que eu tinha procurado finalmente chegara e só me restava agora fazer minha proposta indecente. Talvez anos antes eu voltaria atrás, aquilo era arriscado demais. E se ele recusasse? Como eu iria tolerar a rejeição? Ou pior, e se ele não só me rejeitasse como fizesse troça de mim pros outros garotos e pra escola toda?
Mas minha urgência por transar era maior que qualquer preocupação. Me desconhecendo, peguei o celular e curiosamente comecei a teclar.
Eu jamais recusaria, mandei a mensagem.
Pedi licença para ir ao banheiro e fiquei surtando dentro da cabine, sentado no assento sanitário. Pus as mãos no rosto, cocei a cabeça e soltei gritinhos de euforia. Eu não podia acreditar que depois de tantos anos sendo o aluno exemplar, o colega de turma retraído eu tinha tido a coragem de investir logo no garoto mais otário da escola. Estávamos no último ano, pensei comigo mesmo, ao menos se fosse ser humilhado perante todo o colégio seria por pouco tempo.
Imerso no meu próprio arrependimento notei passos no piso do banheiro.
Abri a cabine e na minha frente pro meu espanto, Tomas se encontrava na minha frente.
Feito o adolescente bobo que era olhou pros lados e apertou o membro. Como se fosse um mímico, totalmente apavorado caso alguém notasse qualquer coisa. De repente qualquer resquício de consciência evaporou de mim e meus instintos tomaram conta do meu corpo. Sem proferirmos uma palavra sequer, guiei Tomas até a última cabine e nos trancamos. Como se tivesse feito aquilo inúmeras vezes, sentei de frente pra ele no vaso sanitário em posição de lótus, cruzando as pernas pra que somente os pés de Tomas fossem vistos do lado de fora.
Calados no silêncio intocável do banheiro enorme eu comecei a chupar Tomas. O pênis dele era pequeno e malcheiroso e mal começamos eu senti o líquido dele me engasgando a garganta. Entre sussurros combinamos dele voltar para a turma e eu esperaria algum tempo para não levantar suspeitas.
Não foi como esperado mas assim que voltei a rotina do meu dia não podia conter minha satisfação pelo meu feito. Tecnicamente eu não era mais virgem.
Tomas evitava me olhar nos olhos, mas eu não podia me importar menos, nunca fomos amigos e nossa experiência foi mais pra alimentar meu ego (eu era atraente e tinha feito oral num garoto). Segui meus dias como nada houvesse, a excitação do que eu tinha feito se esvaindo conforme os dias passavam.
Até que na aula de educação física enquanto eu me inclinava para beber água no bebedouro, Erick, da outra turma me abordou.
“Não cansa de chupar, né?”
“Perdão?”
“Eu sei”.
“Como?”
“O Tomas me contou”.
Sorri e Erick fez sinal com a cabeça para o banheiro do ginásio. A aula tinha acabado e até o professor tinha ido embora.
Chupei Erick. O pênis dele era maior e mais bonito. Era malcheiroso também, ainda mais que o de Tomas, mas por mais estranho que fosse aquilo me deixava ainda mais excitado. Erick demorou a gozar, mas quando o fez preferiu no meu rosto. A ejaculação saiu atrapalhada e logo meu cabelo estava todo lambuzado assim como minhas pálpebras e bochechas.
Erick sorriu do feito, como quando ele trancava a sala dos professores e observava a confusão deles de longe.
Eu também sorri porque Erick era lindo.
O próximo foi Celso. Celso era do time de futsal. Tinha um dos rostos mais feios, mas tinha entrado pra academia há dois anos. O corpo dele era exatamente igual ao dos atores pornôs que eu assistia. Peitoral saliente, barriga recheada de gominhos e panturrilhas definidas. O fato de um corpo tão escultural contrastar com um rosto tão feio conferia certo charme pra minha mente tarada.
Celso preferiu que fizéssemos na casa dele. Foi a transa na qual mais eu fiquei nervoso. E se tudo não passasse de uma armadilha? E se na verdade não somente ele, mas o time todo de futsal estivesse me aguardando pro pior? Mas algo na forma como ele tinha me abordado no corredor (ele olhava pros lados feito um ladrão antes de pular o muro) e jogou o numero num papel amassado no chão mesmo, apressando o passo assim que eu juntei o bilhete, me fez achar que eu estava seguro.
Celso foi o que mais me deixou excitado. Ele não me tocou do jeito que eu queria ou pareceu ler minha mente quando transamos. Longe disso. Mas foi observar aquele físico ali na minha frente, sem roupa é que me fez delirar. As outras aventuras não tinham passado de um flash, um pênis pulando pra fora da calça e meu nariz roçando em pentelhos adolescentes. Com Celso foi diferente.
Assim que ele começou a surrar meu rosto com seu pênis eu senti uma fragrância de sabonete e tônico de barbear. Quando abocanhei as bolas dele eu sentia o compromisso que Celso tinha com a higiene e pela primeira vez eu vi que eu só precisava transar com alguém limpo pra saber que eu não tinha fetiche por fedor. Eu podia ficar horas somente observando Celso nu na minha frente, mas a coisa era ainda melhor quando os músculos do corpo dele se enrijeciam conforme ele se movimentava. Era como um show de fisiculturismo particular só que sem sungas. Celso era gostoso demais, tesudo demais, de um jeito que quase me fez chegar ao orgasmo sem eu precisar me estimular pra isso. Foi com ele também que de fato eu fui penetrado. Ele cuspiu meu ânus sem cerimônia e meteu em mim com força. Doeu, muito. Principalmente nas primeiras estocadas. Mas eu logo observei nosso reflexo no espelho imenso do guarda-roupa dele. Eu, deitado de bruços no colchão e em cima de mim um modelo de suplementos, lembrando quase um cavalo, uma escultura grega (talvez uma escultura quebrada na face, mas ainda assim uma escultura).
Celso gozou dentro de mim e pra minha surpresa pareceu bastante confortável e sem pressa pra que eu fosse embora. Até conversamos e admito que trocar ideia com alguém tão diferente é bem interessante. Ele até me acompanhou até a porta e se despediu como se eu fosse uma mulher, encostando a bochecha na minha e soltando um beijinho no ar.
Na escola éramos total estranhos.
Outros garotos se atreveram a se encontrar comigo. As transas na maioria eram desajeitadas e desconfortáveis (falta de higiene na adolescência é uma realidade) e logo eu me cansei desses encontros. Antes da formatura eu já recusava qualquer proposta que fosse. Mesmo quando Pedro, o garoto popular começou a se masturbar na minha frente na enfermaria eu apenas ignorei.
A adolescência teve seu lado bom. A verdade era que esses garotos eram todos virgens e ser a primeira experiência deles me deixava orgulhoso e me fazia achar especial. De certo modo eles jamais esqueceram com quem tinha sido seus primeiros boquetes, primeiras transas. Sem falar que a despreocupação de ser promíscuo numa terra onde ninguém tinha doença venérea era praticamente um sonho.
Mas a escola teve fim. E logo meus dias na faculdade teriam início...
Continua...