A música podia ser ouvida a alguns metros de distância daquela enorme casa, o som do grave batendo forte fazia o coração do garoto palpitar em ritmo semelhante, ele estava nervoso, e isso foi evidenciado quando ele enxugou o suor de suas mão em sua calça. O taxi estacionou bem na entrada da mansão, de longe Diego conseguia ver as luzes coloridas piscando em ritmo frenético, em sincronia com a música. O rapaz pagou a corrida ao cara que estava a dirigir o carro e desceu do mesmo, ficou por alguns minutos parado, criando coragem para adentrar o local, quando ela veio, Diego andou lentamente para dentro. Antes de chegar na casa propriamente dita, foi preciso caminhar alguns metros para atravessar o jardim, Diego andou em linha reta no caminho que ia da entrada do local, até a entrada da casa, e nesse trajeto, pode notar alguns jovens dispersos por ali, alguns fumando e outros se pegando em meios a penumbra que algumas árvores formavam. Diego adentou a casa e os olhares sobre si foram inevitáveis, de longe ele avistou Samuel, que estava conversando com algumas pessoas que Diego desconhecia, com vergonha, mas sabendo que devia ser feito, o rapaz andou lentamente até ele, a casa estava cheia e ele fazia o possível para andar sem esbarrar em ninguém, Samuel viu Diego de longe, o mesmo abriu um sorriso largo e seus olhos passaram a brilhar, ele logo se desfez das pessoas com quem conversava e foi ao encontro dele.
- Eu achei que você não viria – falou Samuel.
- Achou errado, eu não iria fazer a desfeita de ignorar o convite – falou.
- Ótimo, então já que está aqui, vamos beber – falou Samuel animado, logo em seguida pegou na mão de Diego e o puxou, fazendo ele segui-lo.
Samuel pegou dois copos de shots e mandou o bartender enche-los com uma vodka cara que Diego nunca havia visto.
- Vamos batizar essa noite e o início dessa nova amizade com um shot da melhor vodka do mundo – falou Samuel ao entregar o copo diminuto a Diego.
Os dois viraram a bebida dentro de suas bocas no mesmo instante, Diego sentiu aquele líquido transparente descendo pela sua garganta, queimava, mas era uma sensação gostosa, que logo o fez se soltar. A bebida havia esquentado todo o corpo dele, e a única coisa que queria fazer era aproveitar aquela noite o máximo que pudesse. Samuel virou-se novamente ao bartender e pediu duas bebidas, logo em seguida entregou uma delas a Diego.
- O que tem aqui? – perguntou.
- Só bebe – falou Samuel ao dar um gole na bebida.
Diego então entornou um gole farto, estava forte, porém muito boa, era doce, mas com um leve frescor, como menta ou hortelã. Logo depois Diego tomou mais um gole grande, o que fez Samuel repreende-lo.
- Calma, ainda temos a noite toda para beber – falou com um leve sorriso no rosto, Diego ficou sem graça. – Vamos aonde os meninos, eles estão na área da piscina. – falou Samuel ao puxá-lo pela mão em direção ao lado de fora da casa.
Haviam várias pessoas na área da piscina, estava um ambiente escuro, apenas com algumas luzes coloridas que iluminavam o local. Jonas e Pedro estavam sentados em um grande sofá que ficava mais afastado das pessoas, cada um com seu copo de bebida na mão, sobre eles pairava uma fumaça, que pelo cheiro, Diego logo reconheceu do que se tratava. O rapaz cumprimentou a todos, que se mostraram felizes com sua presença.
- Quer um trago Diego? – perguntou Pedro, a voz meio rouca, querendo tossir.
- Aceito – falou Diego sem hesitar, já pegando o beck que estava entre os dedos de Pedro.
Diego puxou com força a fumaça para dentro de si e lá a demorou por alguns instantes antes de solta-la lentamente em direção ao céu negro e estrelado daquela noite. Ele devolveu o cigarro a Pedro, que repassou para todos que estavam próximos, Diego começou a sentir a leveza tomar conta de seu corpo e ao mesmo tempo uma mistura de calma e agitação, seu corpo pedia por uma dança.
- Vamos dançar – falou puxando o braço de Samuel, Jonas os observava atentamente.
- Já é, vamos galera, vocês são um tédio – falou Samuel ao sair dali, sendo guiado por Diego, logo em seguida, todos vieram para a pista de dança, onde a maioria das pessoas se concentravam.
A música eletrônica agitava a festa, as pessoas dançavam e pulavam ao ritmo frenético da mesma, os corpos roçavam uns nos outros a medida que eles seguiam o ritmo da música, Diego estava bem próximo de Samuel, que fazia questão de estar sempre próximo dele. A música trocou de ritmo subitamente, dando brecha agora para um funk animado com letras subjetivas, Diego fazia o que a música mandava, rebolava, quicava, fazia quadradinho e por muitas vezes no meio de alguns desses passos, sarrava em Samuel, que fazia questão de dançar a música próximo ao rapaz. Com a dança altamente sensual, Diego acabou atraindo muita atenção pra si, alguns olhavam com olhar de admiração, outros com olhar de julgamento, muitos com inveja, porque além de bonito, Diego sabia muito bem o que estava fazendo. Quando a música terminou, Samuel e Pedro se retiraram na intenção de buscar mais bebidas. Diego e Jonas ficaram dançando onde estavam, porém a interação entre os dois era mínima, apenas alguns olhares desconfiados e toques corporais por acidente.
- O seu namorado não veio? – perguntou Jonas, enquanto dançava.
- Não, ele está de plantão hoje, não deu para ele me acompanhar – falou Diego.
- Que pena não é? O que seu namorado é, digo, com o que ele trabalha? – perguntou.
- Ele é médico, neurocirurgião – respondeu.
- Então, realmente você é um cara de sorte, da prostituição a uma namorado rico, e ainda por cima, está numa festa contendo só pessoas de alto nível – falou Jonas, com um ar de soberba e deboche.
- Ele já está te amolando de novo não é? – falou Samuel ao entregar um copo de bebida a Diego, que bebeu um gole grande da mesma, ao pensar nas palavras de Jonas.
- Tudo bem – falou Diego.
- Eu vou ao banheiro, seu defensor chegou para atrapalhar a nossa conversa – balbuciou Jonas ao se retirar, Diego revirou os olhos para ele.
- Não se preocupa, ele só implica assim porque ainda gosta de mim, ele não superou nosso caso e sabe que eu tenho uma queda por ti – falou Samuel.
- Só uma queda? – perguntou Diego – Acho que talvez, nesse caso, cair seja uma boa ideia – falou, o álcool já estava subindo a cabeça.
Samuel ficou sem saber o que falar ou fazer, apenas arrumou seu cabelo que caia sobre seus olhos, colocando-o atrás da orelha.
- Vem, vamos dançar – falou Diego animado.
Depois que algumas músicas bem agitadas tocaram e Diego e Samuel já estavam banhados em suor, o DJ anunciou que era chegada a hora de tocar algumas músicas lentas.
- Agora pros casais apaixonados dançarem agarradinhos, três músicas lentas, enquanto eu faço um intervalo – o DJ falou.
Nesse momento começou a tocar Loser You To Love Me, da Selena Gomez, várias casais e pares começaram a dançar colados. Samuel ficou sem graça, porém logo pediu Diego para dançar com ele.
- Me concede a honra dessa dança –pediu educadamente, Diego aceitou.
Samuel pegou Diego pela cintura e o puxou para perto de si, abraçou o corpo dele o mantendo próximo, colado ao seu. O rapaz apoiou seu queixo no ombro de Samuel, podia sentir o perfume e a maciez de seu cabelo longo e escudo que quase chegava a cair sobre seus ombros. Ficaram abraçados, dançando em passos lentos de um lado para outro até o fim da música, logo depois começou a tocar The Night We Met de Lord Huron, nesse momento Jonas, com os olhos marejados, chegou e chamou Samuel para dançar, ele não teve como negar e os dois ficaram dançando enquanto Diego resolveu tomar um ar, aquela música sempre o afetou muito e ele não queria ficar triste naquela noite.
Diego saiu pela porta da frente e ficou no jardim da casa, sentou-se em um banco que ficava próximo a uma das grandes árvores, era um local um pouco afastado, onde ele finalmente pôde tomar um ar e olhar seu celular, já eram quase 02h da madrugada e parecia que ele apenas havia acabado de chegar, por muito tempo ele não se desligava do mundo e se divertia daquela forma, a noite estava agradável, e a diversão também, Diego estava um pouco bêbado, um pouco tonto, porém nada de mais, fazia muito tempo que ele não bebia daquela forma. Ele conferiu as mensagens e Fernando ainda não havia visualizado a última que enviou, provavelmente estava em cirurgia, ele pensou. Diego logo foi tirado de sua calma quando Samuel chegou de repente e sentou do seu lado.
- Te trouxe um copo de bebida, achei que o seu havia secado e parece que estou certo – falou.
- Obrigado, vocês tem sido muito legais comigo, é bom me sentir acolhido. – falou Samuel, olhando para o céu negro e estrelado daquela madrugada.
- Tem sido um prazer para mim e com certeza pra eles, a gente te admirava a muito tempo, acho que eu mais que qualquer um, e finalmente conseguimos te conhecer, tem sido muito bom – falou Samuel ao tomar um gole da bebida.
- Own – suspirou Diego – Vamos voltar pra festa, quero dançar – falou ao se levantar, ele saiu na frente e Samuel veio logo atrás.
Quando eles voltaram, as pessoas já estavam novamente dançando freneticamente com a música eletrônica que ecoava por toda casa, Diego dançava e bebia como nunca, mas o tempo foi passando e as pessoas foram indo embora, algumas muito mal da bebida, outros nem tanto, Diego ainda estava firme, porém não estava completamente em si. Quando a música parou e o DJ desligou seu equipamento, Diego viu que era a hora de ir embora.
- Obrigado pelo convite galera, mas eu já estou indo, foi muito boa essa noite e eu me diverti muito – falou Diego aos rapazes.
- Mas já? Como assim, não, a gente vai ficar até amanhecer na piscina ouvindo música, só nós três e mais algumas pessoas, espero que fique também – falou Pedro.
Diego ficou indeciso.
- Fica Diego, vamos curtir a piscina e ficar de boas até mais tarde – falou Samuel.
- Está bem, eu fico – falou Diego, todos comemoraram.
Jonas revirou os olhos, porque estava esperando a noite toda pra ter um momento a sós com Samuel e Diego acabara de estragar.
Depois que todos foram embora, Pedro trancou a casa e todos foram para a área da piscina, Samuel, Jonas, Pedro, sua namorada Suzana e alguns conhecidos de Pedro. O rapaz colocou uma música ambiente para tocar enquanto todos se preparavam para cair na piscina. Diego ficou apenas em sua cueca box preta e se lançou dentro da água, Samuel também ficou apenas de sunga, que havia levado previamente, Diego admirou o corpo do rapaz, um corpo torneado sem grandes exageros, pernas grossas e um abdômen definido que estava se destacando aos poucos com a academia, e algo que Diego não deixou de reparar e que chamava atenção, o volume que se sobressaia em sua sunga. Samuel notou os olhares do rapaz, e para provocar, pegou no seu membro com força por cima da sunga, porém de forma sutil, Diego corou nesse momento.
Todos curtiam a piscina e a música quando o céu começou a ficar mais claro em um tom mórbido de cinza, então era chegada a hora de Diego partir, ele se vestiu, pegou suas coisas e se despediu calorosamente de todos que estavam ali.
- Tchau Samu, foi uma bela noite, obrigado por tudo – falou
- Eu que agradeço – falou ao abraça-lo – Quer que eu te deixe em casa? – perguntou.
- Não, não precisa se incomodar - falou Diego.
- Você está bem para ir sozinho? – perguntou Samuel.
- Sim, não se preocupe – Ao falar isso, Diego andou três passos quando sentiu uma leve tontura causada pela álcool e tropeçou em um dos degraus da porta que dava acesso a piscina.
- Viu como você não está bem? Você está tonto, eu vou te levar em casa, não adianta dizer que não – falou Samuel.
O rapaz se vestiu e se despediu dos amigos, Jonas não conseguiu disfarçar o seu descontentamento, mas isso nada importou para Samu, que no estacionamento da casa, pegou sua moto e partiu dali com Diego.
- Segura bem em minha cintura – falou colocando o capacete.
- Sim senhor – falou Diego sonolento.
Diego fechou os olhos e permaneceu assim por um longo tempo, estava cansado, havia dançado e divertido muito, ele sentia o vento frio da madrugada deslizar por sua pela fazendo ele se arrepiar de frio, e consequentemente abraçar Samuel ainda mais apertado, na tentativa de se esquentar. Diego fez o trajeto todo de olhos fechados, com a cabeça apoiada nas costas de Samuel, que pilotava atenciosamente, mesmo que estivesse um pouco bêbado, ele era forte para o álcool. A moto estacionou, Diego abriu os olhos e desceu da mesma, ele estranhou, aquele lugar era diferente e não parecia sua casa.
- Aq aqui, não é... a minha casa – se enrolou um pouco para falar.
- Não, aqui é a minha – falou Samuel ao encostar em Diego fazendo o mesmo se apoiar na moto.
- Porque você me trouxe para cá? – perguntou Diego confuso, com o corpo do rapaz colado ao seu.
- Porque eu quero que seja meu – falou, encostando seu quadril na coxa de Diego, evidenciando sua excitação.
- Samuel, eu tenho namorado – falou, a voz rouca.
- Eu não ligo – sussurou e logo em seguida aproximou seus lábios ao de Diego para beijá-lo.
Samuel conseguiu dar um selinho em Diego antes que o mesmo o afastasse, ele parou e pensou por um instante, mas Samuel logo voltou a beijá-lo, só que dessa vez, sem perceber, Diego já estava entregue ao beijo, que era intenso e cheio de desejo, que do mesmo não teve como e nem quis resistir.
Nota:
Traição é perdoável?
Hello, de volta com um capítulo longo e intenso, e dessa vez, sem tanta demora, obrigado por lerem, peço que comentem o que estão achando, seus comentários me ajudam com motivação, obrigado e até a próxima.
Luke.