Proustrante

Um conto erótico de Luuh_seven_tones
Categoria: Homossexual
Contém 1090 palavras
Data: 12/01/2020 14:14:39
Assuntos: Gay, Homossexual, negro

À você, que passou pela minha vida, como um furacão, só pra mexer com todos os meus sentidos, e se ir, para nunca mais voltar. Três longos anos sem você. Saudades, é o que posso dizer.

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Proutrante é um neologismo claro com a palavra PROSTrANTE (que causa prostração ou leva à adoração. Prosternamento) e como o sobrenome do escritor Marcel Proust, em relação direta à sua obra Em busca do tempo perdido, e seu tema central, a homossexualidade.

A história é real, e todos os fatos ocorreram conforme foram descritos.

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— Eu já terminei aqui. E você?

— Tenho até as duas horas. O que acha?

— Pra mim está ótimo. Como chego?

— Preciso me preparar. Me espera em frente ao posto.

— Tô indo pra lá.

Um tremor involuntário e inesperado me perpassou a coluna. Dei graças por estar sozinho no corredor.

Começo a andar, ainda trêmulo, observando o quanto eu nunca havia prestado atenção em alguns detalhes. Me sinto um tanto apaixonado.

— Talvez eu sim, seja o último romântico. — falo comigo mesmo. E mais uma vez rio, pensando que estou falando em voz alta. E por fim, me dando conta de que aquele havia sido meu último dia como um aluno.

Como um marciano em plena rua. Como água de cascata. Sem limites, nem cercanias. Assim me sinto, enquanto me sento no calçamento da rua, mexendo no celular. Minutos passam devagar. E um medo irracional me assombra.

A cada carro que passa, um arrimo irregular pula em meu coração, que pretende sair até a boca. E eu não pretendo deixar que isso me ocorra. Meu coração para ao vê-lo; quase como uma criança inconsequente, sinto vontade de correr em meios aos poucos carros que passam, e abraça-lo.

Por um breve segundo, fecho os olhos. Respiro o ar carregado de poeira e óleo que me cerca.

Atravesso.

— Desculpa a demora. Demorei mais porque não sabia como .(?) — meus ouvidos vagam, olhando o carro que já conheço por dentro, e o brilho infantil, com certo ar de desconfiança e dúvida, que ele tem no olhar.

— Sem problemas. Acabei de chegar. — minha vontade é de tocá-lo. Eu sei que posso. Mas fico tímido com ele. Me fascina.

Seu riso fácil, a barba macia, as pernas da mesma cor do rosto... Meus pensamentos divagam. Ereção.

— Conseguiu fazer o que precisava?

— até consegui, mas ainda tô pensando como resolver aquele problema.

— Sei que consegue.

Logo chegamos à sua casa. E estranhamente, não me sinto um intruso ali. Me sinto em casa. Como se sempre tivesse morado ali. E conhecesse tudo. Penso rapidamente em um caminho de rato enquanto ele me leva, como que guiando pela mão, para o quarto. Meu inconsciente vê a ironia: Um gato, morando em um caminho de rato. Divertido.

Uma cama box, com cobertor roxo, e paredes da mesma cor. Coisas espalhadas, e um grande guarda-roupa. Jogo minha mochila no canto. E no breve momento em que a ponho no canto, ele tira a roupa, ficando de cueca.

Congelo, admirando-o. Show time, baby.

O que deve ter durado segundos, pra mim foram minutos longos, em que me vi diante de alguém maior que eu, com apenas uma cueca branca. E um corpo divinamente delicioso. Baco me ajude.

— acho melhor você tirar também... – Insinuante seria o mínimo. Minhas roupas somem, com ele me despindo com os olhos. Minha cueca cinza e nada sexy se tornou minha preferida desde esse dia. Cinza é, definitivamente, minha nova cor. E o castanho marrom que são os olhos dele.

— OI... — ele me diz, com um sorriso covardemente lindo. E o beijo. Sem tempo, sem pressa, sem pudor. Só o fogo, e a vontade de tê-lo.

Sinto sua boca na minha, sua língua me puxar, seu cheiro me tomar, sua barba me acariciar. Então, somos um.

Mordo seu queixo, e sinto arrepiar, quando ele me passa seus dedos rente as costas. Sua barba, ainda mais macia do que a imaginação, é cheirosa, e tem o gosto de tudo que há de bom no mundo. Seu pescoço é um alvo fácil, marcado e preparado pra mim. Ele arfa, e geme baixinho na minha orelha. Sua ereção sobe. A minha, baba.

Sinto cada pequeno musculo do seu corpo se moldar aos meus dedos, enquanto acaricio seu peito. O ciclo infinito de beijo, mordidas, lambidas, e carícias é interrompido por um gemido mais alto dele quando mordo seu mamilo. Seu cheiro de homem-presa me dá ainda mais tesão. E saber que ele está ali porque também me deseja faz com que nossas cuecas voem facilmente fora.

Ele fica de costas pra mim. Vejo o paraíso.

Beijo ainda mais sua boca. E, sem qualquer pensamento anterior, suposição ou contradição, beijo seu bumbum. E tem o cheiro da perfeição. Beijo, mordo, arranho, aperto. Geme ainda mais pra mim, e o aroma do seu tesão inunda o quarto.

— trouxe camisinha? Eu tenho gel...

— trouxe.

Seu sorriso pra mim, enquanto me atrapalho com a mochila é o reflexo da minha felicidade.

Não só com o sexo, mas também em poder tê-lo comigo. Pra mim. Encontro, ponho. Gel. Faço tudo pra não machucar. A dor sobe aos seus olhos de amêndoas. Começo devagar, e ver que é por mim que se excita é o meu preço.

Fazemos amor, gostosamente. Lentamente. Sensualmente. Como quem dança um tango, ou uma valsa real. Seus dedos se entrelaçam aos meus. Suas coxas macias me pressionando, são o toque delicioso que preciso.

O sinto gozar. Eu não o acompanho. Mas nada disso desabona o momento.

— Vem. — Ele me chama, segurando minha mão.

Saímos andando aos fundos da casa. E o fato de estar nu me deixa ainda mais leve, livre, como se nada pudesse estragar aquele momento. Cigarro. Pra ele, não pra mim. Mas, naquele momento, até sinto vontade de saber o gosto. A sensação. Mas acho que não é pra mim.

Conversamos sobre a vida, como se vestíssemos caríssimos Armani.

Minha vontade é de ir beijá-lo. Mas é seu momento. Não me atreveria a romper isso.

Nos vestimos. Ele precisa ir trabalhar, e eu vou para casa. Me sinto feliz.

Nos beijamos uma última vez, logo que chegamos à parada.

Uma pesada buzina denuncia que alguém nos viu. Sorrimos, cumplices. Companheiros. Amigos.

— até logo.

— até mais.

E mesmo sem saber se é a realidade, eu sinto que naquele momento, indo rumo a algum outro lado, dentro daquele carro está o lugar mais fácil onde eu pude estar. NOS BRAÇOS DE MARCEL.

E me pergunto como eu pude me apaixonar por este donut de chocolate, com recheio de morango, que é esta pessoa.

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