Estava calor aquele dia, um daqueles dias insuportáveis em que o sol queima nossa pele logo nos primeiros raios do dia. Eu estava parada em frente ao espelho me olhando, raramente eu usava vestidos porque me sentia incomodada com eles, parecia que eu perdia minha liberdade e tinha que ficar presa no estereótipo de menininha comportada, mas meus shorts estavam na máquina de lavar e eu jamais me sujeitaria a sair de calça naquele calor escaldante.
Nos meus primeiros momentos na rua e eu já me sentia incomodada com os olhares, meu corpo sempre teve suas curvas bem definidas e os olhares sempre estiveram ali, mas por conta da minha desconfiança com o vestido parecia que eu estava sendo olhada o triplo aquele dia. Ao chegar no trabalho recebi mais olhares e decidi que iria manter a normalidade o máximo possível afinal era só uma roupa!
- Já entendi o porque da cara enjoada da Laura logo cedo! - era o Jorge, segurando na manga curta do meu vestido com um sorriso bobo no rosto. Jorge era o tipo de cara quieto do serviço que quase ninguém sabia nada sobre, mas todos adoravam, ele tinha o jeito simples e desde quando eu entrei na editora ele me tratava muito bem e obviamente nós tínhamos um desgosto em comum pela Laura, umas daquelas mulheres que se acham a dona da firma e ficam vigiando os funcionários a caça de um erro pra correr pro chefe pra contar e prejudicar alguém, nos dois anos que eu estava ali ela já havia conseguido mandar três mulheres embora porque ela contava os pequenos erros das pessoas de uma forma bem pior do que havia acontecido.
- E você por acaso já viu aquela coisa de bom humor algum dia?! Quando eu passei por ela agora pouco eu achei que ela ia cair da cadeira de tanto que se entortou pra me olhar passar!
- Talvez ela seja sapatão! Você devia dar uma chance!
- Deixe de ser tonto! Vamos falar do que interessa, você vai almoçar comigo hoje?!
- Claro que sim! Eu cumpro minhas promessas! - fazia séculos que eu o convidava para almoçar, mas nossos horários nunca encaixavam e agora finalmente estávamos conseguindo marcar um almoço.
Meu trabalho na editora não era o mais importante, eu passava o dia corrigindo erros ortográficos e lendo trechos de histórias que normalmente eu nunca mais saberia o que aconteceria depois porque eram tantos títulos que passavam por mim que era impossível considerar guardar os nomes para ler os livros depois de publicados e como trabalhávamos em equipe cada pessoa recebia seu trecho para correção, assim a edição podia acontecer mais rápido. Quando chegava o horário de almoço eu dava graças por poder parar de olhar tantas letrinhas então todo dia eu almoçava sempre no mesmo lugar, primeiro porque a comida era fabulosa e segundo que eu não iria em local novo sendo que seria necessário ler e reler o cardápio para escolher algo, eu só queria sentar e pedir e degustar! Dei as melhores sugestões para Jorge aquele dia, incluindo o suco natural maravilhoso que havia ali. Aquela foi a primeira vez que eu encontrava Jorge do lado de fora do escritório e eu queria saber se íamos sobreviver a mais de cinco minutos de conversa e brincadeiras.
Eu precisava falar disso com alguém, eu estava ficando doente! Nós temos todos os amigos em comum então não posso me dar ao luxo de falar com eles... me desculpe por jogar as coisas assim em você! - Logo que sentamos, para minha surpresa, Jorge começou a falar de si mesmo e de como a vida dele era turbulenta com a ex mulher enlouquecendo ele todos os dias. Eu me compadeci da dor que ele estava expondo e segurei uma de suas mãos entre as minhas.
- Jorge, nós somos amigos! Você pode contar comigo pra desabafar, eu sei que é difícil pra você chegar a esse nível porque você nunca falou nada sobre sua vida com ninguém até hoje, mas eu sou de confiança! Seja o que for eu sou sua amiga! Graças a você meu emprego se tornou bem melhor! - ele sorriu com um tom de agradecimento e nós prosseguimos conversando sobre como estava a situação dele e sobre como as coisas haviam desandado até aquele ponto.
O restaurante não tinha o hábito de servir café, mas como eu almoçava ali todo dia a moça do caixa sempre deixava separado um café em um copo plástico pra quando eu estivesse indo embora e aquele dia não foi diferente e nós fomos embora voltando a passos lentos e dividindo um copo de café pela rua, eu estava completamente imersa no diálogo com Jorge que acabei trombando em um senhor no caminho.
- Me desculpe senhor! - Eu virei brusca para pedir desculpas e meu coração parou de bater por alguns micros instantes, senti meu corpo gelado e as pernas trêmulas, Jorge percebeu que eu me alterei, mas imaginou que foi por causa do esbarrão e me segurou junto a cintura, o homem à minha frente me reconheceu obviamente era impossível não saber quem éramos um para o outro, ele deu uma olhada rápida para o Jorge que me segurava com vigor, disse que não havia sido nada e se retirou às pressas.
- Você está bem? O esbarrão te machucou?
- Estou bem, obrigada… nós precisamos voltar, não se preocupe! Foi só um susto! - durante o restante dos quarteirões ele ainda insistiu em perguntar se eu estava bem mesmo porque eu parecia assustada, agradeci a preocupação e acelerei um pouco o passo, eu só queria me sentar em minha mesa e fingir que aquele encontro aleatório não havia acontecido.
Felizmente aquele dia eu consegui sair mais cedo e não tive que encontrar o Jorge na saída, a preocupação dele era algo fofo da parte dele, mas a última coisa que eu queria naquele momento era atenção ou ter que me explicar pra alguém. Voltei pro meu apartamento e tomei um longo banho de banheira. Olhei para o vestido em minha cama e pensei “você não me deu sorte, vou jogar você fora!”, mas me contive porque era um vestido novo e aquela era a segunda ou terceira vez que eu o usava e não seria por conta de um encontro de dois segundos que eu iria começar a me desfazer das minhas coisas, aquele homem devia ser passado na minha vida, não tinha cabimento me abalar tanto com isso. Abri meu vinho e tomei longos e saborosos goles desejando dormir tranquilamente e prosseguir tendo dias tranquilos.
No dia seguinte como eu estava com meu costumeiro shorts jeans quando eu cheguei na empresa a Laura não se importou tanto comigo.
- Já soube da novidade??
- Eu acabei de chegar Jorge! Bom dia pra você também e para com essa mania de me assustar logo cedo!
- Bom dia doçura, mas a novidade é tão espantosa quanto eu! Laura espalhou por aí que você estava bem vestida ontem porque saiu para almoçar comigo!! - por um segundo eu olhei sério para ele pra ter certeza que ele não achava o mesmo, mas logo começamos a rir da situação. Infelizmente nós não tínhamos nem um pingo de atração no outro, ele era moreno com os ombros fortes e sorriso fácil, muito encantador, mas em mim só despertava amizade mesmo e ele sabia disso.
- A Laura precisa fazer uma terapia isso sim, talvez ela tenha dito isso por ciúmes hein, quem sabe ela esteja interessada em você!
- Ou em você! - passamos o resto da manhã rindo daquilo e de como as pessoas olhavam pra gente meio que suspeitando de algo por conta dos boatos.
Aquilo tinha dado tanta alegria ao meu dia que já nem lembrava do incômodo do dia anterior e sai para meu almoço extremamente tranquila, mesmo sabendo que não teria companhia aquele dia, mas tudo bem porque agora estava no meu dia normal. Não importava se o restaurante estava cheio ou não, mas eu sempre tinha uma mesa reservada em meu nome num cantinho sossegado quase embaixo de umas plantas trepadeiras que faziam uma sombra gostosa.
- Oi! - o restaurante estava lotado aquele dia e eu estava na mesa a toa a uns bons minutos pensando em grandes nadas e na minha rotina, quando escutei alguém ao lado da mesa já fui automaticamente levantando e pegando minhas coisas.
- Eu já estou de saída, o senhor pode se sen… - senti o gelo no corpo novamente e dessa vez minhas pernas falharam e meu corpo que estava levantando se sentiu obrigado a sentar novamente, me obriguei mentalmente a fechar a boca que estava aberta em espanto e fiquei ali sentada olhando para aquele fantasma do passado de cabelos brancos e um meio sorriso nos lábios.
- Eu não vou me sentar, eu vim atrás de você Liz.
- Não temos nada pra conversar Marcos, não sei como você me encontrou e nem porque está atrás de mim, mas não há nada que tenha sobrado aqui. Passar bem. - reuni minhas forças e me retirei com ele em meu encalço, passei pela moça na recepção correndo.
- Liz! Espera! Pega pelo menos seu café!! - Mas que desgraçado, além de me perturbar agora ele estava com meu café. Voltei alguns passos peguei meu café bruscamente das mãos dele, olhei por sobre o ombro dele e agradeci a moça e sai a passos largos com ele correndo nos meus calcanhares.
- Não há nada aqui, finja que nunca aconteceu! Você é ótimo nisso alias!
- A gente precisa conversar! - ele deu um salto brusco a minha frente me fazendo parar e apoiar as mãos sob os braços dele quase derrubando o café na maldita canis polo que ele sempre usava. - Eu sei que existe muita mágoa entre nós, vamos resolver isso! Assim prosseguimos nossas vidas em paz, por favor! - eu coloquei a mãos na cabeça tentando pensar o mais rápido possível em alguma solução.
- Isso não pode estar acontecendo, é loucura isso! Que dia meu deus, que dia… - Eu não conseguia responder nada, só queria voltar pro meu trabalho. - Eu vou voltar pro meu trabalho, você faz o que você quiser Marcos!
- Amanhã! Eu vou te esperar amanhã! Eu sei que você trabalha na editora, vou esperar você sair e nós vamos em algum lugar conversar!
Eu sai andando o mais rápido possível, não dei nenhuma resposta pra ele, eu só precisava estar em segurança dentro do meu serviço. Fui direto pra cozinha despejar meu café na pia, meu estômago estava revirando.
- Mas que desperdício! - era o Jorge atrás de mim na cozinha com seu jeito brincalhão, quando eu me virei a única coisa que eu pensei foi em abraçar ele muito forte - Hey garota, o que houve? Você parece assustada, o que aconteceu? Você está machucada?
- Eu estou bem, só preciso de um pouco de segurança! - meus olhos se encheram de lágrimas e ele me apertou mais um pouco me fazendo sentir que estava a salvo e que estava tudo bem.
Pedi desculpas por estar alterada e disse que estava melhor, voltei pra minha mesa deixando um Jorge confuso na cozinha. Tentei focar no serviço, mas eu só pensava que no dia seguinte aquele homem estaria lá me esperando e eu sentia a raiva me dominando, tomava água loucamente como se aquilo fosse me limpar dos sentimentos ruins. Sem pensar muito mandei um e-mail pro Jorge.
- “Sei que te assustei, desculpa! Será que você toparia ir lá no apê hoje? Preciso conversar!”
- “Não sei o que aconteceu com você, mas eu levo um vinho pra você! Agilize nossa janta ok?!”
- “Obrigada doçura!“ - era ótimo saber que podia contar com alguém.
Encomendei as pizzas para chegar mais ou menos no mesmo horário que o Jorge chegaria em casa, eu estava ansiosa porque finalmente eu tinha decidido que iria contar aquela história pra alguém, ja fazia tanto tempo que eu guardava aquilo, eu precisa falar e a hora tinha chego. Logo de cara quando ele chegou fez mil perguntas sobre o que tinha acontecido e se eu estava bem mesmo porque ele estava preocupado já que nunca tinha me visto daquela forma. Levei o Jorge até uma sala com colchões no chão e cobertores confortável onde era meu local preferido da casa já que tinha uma vista muito boa da janela também.
- Sabe o cara com quem eu esbarrei ontem?!
- Eu sabia que tinha algo errado naquilo!
- Tem uma coisa que aconteceu que eu nunca contei pra ninguém e agora eu sinto que preciso falar! - repetindo meu ato do dia anterior, Jorge segurou minha mão entre as dele e balançou a cabeça positivamente.
“Algum tempo atrás, antes mesmo de eu me formar eu participava de um grupo informal de leitura e crítica a livros, ninguém era obrigado a participar, todos que estavam ali era porque gostavam de ler e debater sobre. O grupo tinha esse cara de ontem, o Marcos… ele era um tipo de mediador dos debates e sempre que ele fazia uma crítica todos acabavam concordando com ele. Depois de um tempo no grupo acabei descobrindo que esse tal de Marcos era extremamente estudioso e desde muito antes tinha a fama de ser líder e de ter uma ótima visão sobre os livros que o grupo acompanhava, sabendo disso fiquei encantada por ele, criei uma admiração enorme e comecei a conversar com ele no final dos encontros do grupo, sempre dava uma desculpa pra ficar mais tempo e poder conversar com ele. Na época ele tinha os cabelos prata porque os brancos se misturavam aos cinzas, mas basicamente ele continuava a mesma pessoa.
Na época eu namorava um cara que era extremamente ciumento, mas nosso relacionamento já estava no fim fazia muito tempo, só ele que não aceitava, ele achava que a culpa era do grupo do livro e uma noite ele foi comigo na reunião, como segundo ele não tinha nenhuma ameaça ali então no meio da reunião com as pessoas falando ele simplesmente levantou e saiu me largando lá sozinha e sem carona pra voltar, eu fingi que estava tudo bem e dei uma desculpa que ele teve uma emergência, mas senti que o Marcos não engoliu minha invenção… no final da reunião enquanto a gente conversava sobre o livro ele me ofereceu uma carona, disse que havia visto que meu namorado tinha me largado ali sem mais nem menos e que queria fazer uma gentileza.
Aceitar aquela carona foi a minha ruína, assim que eu entrei no carro eu comecei a chorar de vergonha e raiva do meu namorado e acabei contando toda minha história pro Marcos, a partir dali ele sempre se mostrou muito preocupado e atencioso comigo, descobri por ele que ele era casado, mas que era algo de fachada porque nem dormir juntos eles dormiam mais. O tempo foi passando e a gente foi se conhecendo e o interesse de ambas as partes foi aparecendo e ficando cada vez mais nítido pros dois, mas nós não falávamos sobre, era como se fosse algo secreto e errado. Uma noite após reunião eu estava ajudando a organizar a sala quando algo foi cair da minha mão e ele pegou, quando me devolveu sua mão encostou na minha e nossos dedos se entrelaçaram no ar, a gente se aproximou devagar e nossos lábios se tocaram levemente por segundos, eu senti meu corpo todo arrepiar, era algo tão bobo e pequeno, mas eu senti tanta coisa… nós nos afastamos rápido pedindo desculpas e jurando que não ia acontecer mais.
Mas dali pra frente a situação foi ficando cada vez mais tentadora porque ele me olhava com tanto desejo que eu sentia a energia de longe. Numa noite nós estávamos os dois sozinhos arrumando a sala novamente quando ele parou o que estava fazendo e ficou me olhando, de repente ele começou a falar sobre como eu mexia com ele, que ele queria beijar minha boca macia, que ele tinha vontade de tirar toda minha roupa e se perder em mim. Enquanto ele falava eu fui me aproximando sentindo o ar da sala ficando denso, passei meus braços pelo pescoço dele, ele me segurou pela bunda com as duas mãos e me puxou de encontro e eu senti o volume na calça dele, enquanto nossas bocas estavam muito próximas e ele repetia nos meus lábios que não podia fazer aquilo até que sua boca grudou na minha em um beijo rápido cheio de tesão e necessidade, ele desceu a boca pelo meu queixo e pescoço enquanto eu sorria, nossas bocas se juntaram novamente e ele se afastou bruscamente, dizendo que não podíamos e inventou mil coisas e pediu que eu me afastasse dele, fiquei muito chateada com a atitude dele de negação e então comecei a fazer o que ele pediu, me afastei e aos poucos eu mal olhava pra ele… depois de um mês assim na distância ele pediu que eu não comparecesse mais as reuniões, eu nem escutei qual desculpa ele estava dando, eu só me retirei e nunca mais voltei.”
- Então você nunca mais viu ele?
- Até ontem né!
- Parece que ele te magoou bastante… eu sinto muito.
- Eu achei que tinha esquecido sabe… ele me tratou tão mal que eu não sei nem como lidar… hoje ele me encontrou no restaurante e disse que vai me esperar na hora da saída do meu trabalho pra gente poder conversar, disse que precisamos resolver…
- Não acho que ele esteja errado Liz, nem que seja pra você despejar essa coisa toda na cara dele e sair, eu acho que você merece isso sabe… e além de ir você deveria ir de vestido! Você fica linda nele!
- Deixa de ser bobo Jorge! - ele ficou comigo mais algumas horas me acalmando e dizendo que ia ficar tudo bem e me dando coragem pra conversa definitiva com o Marcos.
Foi uma noite horrível depois que o Jorge saiu, tive diversos pesadelos relacionados a brigas de diversas maneiras, até que acordei uma hora antes do despertador e desisti de dormir e assisti o dia nascendo. Como cheguei mais cedo na editora não fui surpreendida pelo Jorge na cozinha, mas por volta das dez horas ele apareceu na minha mesa com um bloquinho cheio de anotações.
- Eu dei uma investigada no seu amigo, sabe como é, conheço um cara que tem um primo que é amigo de um cara!
- Achei você eficiente demais!
No bloquinho tinha todo tipo de anotação sobre a vida do Marcos, era maravilhoso saber de alguns detalhes até porque eu estava me sentindo tão cansada e ansiosa que não sabia mais nem raciocinar direito. Eu não sabia se ele estaria me esperando de verdade, mas eu tinha levado minha mala com roupas pra tomar banho ali mesmo, eu só queria estar pelo menos visualmente ótima. Mais tarde eu estava ali num dos corredores parada me olhando no espelho e pensando se tudo aquilo valia a pena mesmo.
- Você vai acabar com ele, eu sei disso! Seja lá qual for a intenção dele eu quero que você fale tudo o que precisa falar, tá bom? - eu fiz que sim olhando pra mim mesma no espelho, jorge me deu um beijo no rosto e me desejou boa sorte dizendo que queria notícias e estaria de olho no celular e qualquer coisa em cinco minutos ele estaria pronto pra me tirar de qualquer local. Era um pouco mais de sete horas da noite e eu já não tinha mais desculpas pra não sair e ter a certeza se ele estava ou não me esperando, peguei minhas coisas e deixei na minha mesa, dei mais uma olhada no espelho me auto desejando força e sorte.
Enquanto descia o elevador eu pedi mentalmente que fosse mentira dele, mas assim que eu sai eu o vi me esperando na calçada, nada havia mudado no estilo dele, usava os mesmo sapatos sociais bem pretos, calça jeans e a camisa polo, eu detestava camisas polo hoje em dia só porque sabia o quanto ficavam boas nele. Ele me deu boa noite e veio na minha direção na intenção de me dar um beijo no rosto, mas eu estiquei rápido a mão na intenção de ser mais formal e mostrar que não estava afim de contato e nem gracinhas. Sugeri um bar que eu conhecia ali perto e sabia que naquela hora estaria com bom movimento, qualquer coisa se eu precisasse de ajuda seria fácil me livrar dele ali, assim que sentei em uma mesa no canto mandei mensagem pro Jorge avisando onde eu estava.
- Não precisa avisar seu namorado, eu não vou te sequestrar! - eu odiava o tom presunçoso dele e aquele sorrisinho de canto.
- Não tenho namorado. - respondi ríspida.
- Não?! Que desperdício, você é ótima!
- Marcos, o que você quer? Eu não vou ficar enrolando aqui. Isso tá sendo muito desgastante pra mim.
- Eu preciso te pedir desculpa, logo quando você não voltou mais eu percebi o quão errado eu fui e eu estava sentindo muito a sua falta nas reuniões. - eu estava olhando tão séria pra ele que era fácil perceber que aquilo não bastava pra mim. - Eu sei que fui muito injusto com você e comigo também.
- Não me diga, o grande Marcos sofreu então! Que bom, isso mostra que você está vivo pelo menos, mas eu duvido que tenha sentimentos.
- Tudo bem, eu entendo as agressões. Eu sei que te magoei muito… vamos fazer assim, eu vou te contar como foram as coisas pra mim depois que você saiu e ai você me conta como esta.
Durante as próximas duas ou três horas ele me contou como aos poucos foi perdendo o interesse no grupo e nas reuniões, os amigos o convenceram a fazer umas sessões de terapia onde ele entendeu que sentia algo por mim e tinha me afastado por medo disso ser real, com isso o casamento dele também teve um fim, com direito a briga na justiça e barracos na rua. Em resumo, desde que ele me expulsou da vida dele as coisas tinham desandado, hoje em dia ele morava em um sítio mais afastado da cidade onde ele tentava ter uma vida menos corrida.
Depois de toda a história dele eu tentava me lembrar porque eu tinha tanta raiva dele, mas quando eu vi uma mensagem do Jorge perguntando se tudo estava bem eu respondi “o show vai começar” e lembrei de todos os problemas pelos quais eu passei e comecei a descarregar nele toda a minha raiva, fiz tudo que pude pra fazer ele perceber o quão ruim ele tinha sido comigo e dei graças por não sentir vontade de chorar enquanto lembrava e falava. Quando terminei de falar eu finalmente olhei pra ele que estava me olhando boquiaberto.
- Eu não fazia nem ideia Liz… eu sinto muito, de verdade.
- Você me destruiu Marcos, eu nunca mais confiei em ninguém ao ponto de me envolver emocionalmente com alguém, eu perdi algo de mim naquela época e a culpa é sua. - uma moça se aproximou da mesa dizendo que o bar já estava fechando e perguntou se queríamos algo mais, eu tinha bebido alguns drinks durante a noite e claramente estava na hora de ir embora.
- A gente precisa continuar essa conversa Liz…
- Já tá tarde, eu preciso pedir meu uber e você vai pra sua fazendinha.
- Você podia ir pra lá comigo. - eu olhei pra ele completamente descrente do que eu estava ouvindo - Não precisa me olhar assim, eu não vou fazer nada com você, só acho que precisamos de pontos finais e tá frio aqui na rua pra ficarmos conversando aqui fora e você não vai querer me falar onde você mora.
- Eu não sei Marcos…
- Olha, se você não for comigo eu vou te propor outro encontro e você já disse que esta sendo desgastante, pelo menos terminamos o assunto de uma vez por todas e lá poderemos falar na altura que quisermos, você vai poder gritar comigo a vontade! Eu machuco apenas sentimentos Liz, não vou fazer nada contra você, eu prometo!
A proposta parecia muito louca e descabida, mas de fato eu precisava terminar aquilo e poder gritar parecia ótimo. Liguei pro Jorge contando o que ia fazer e ele me disse milhões de vezes o quão louca eu estava sendo, mas de fato eu sabia que ele não me faria mal algum, então assim que desliguei eu aceitei ir com o Marcos pra surpresa dele inclusive. Pegamos uma estrada por dez minutos de completo silêncio que eu agradeci porque precisava reorganizar meus pensamentos porque imaginava que agora a briga ia ser das boas. Chegamos e permanecemos em silêncio, ele pegou duas taças e um vinho, nós sentamos no sofá desses reclináveis.
- É uma bela casa.
- Não se engane, eu a comprei assim, o bom gosto não é meu!
- Eu jamais me enganaria com você novamente…
- Liz… eu sei que é difícil, mas eu te peço perdão de todo meu coração, eu gostei… eu gosto muito de você!
- Porque você fez isso comigo? Tem ideia quanto tempo isso dói em mim? Eu confiava em você! - ele levou as duas mãos a cabeça como se estivesse incrédulo.
- Eu nunca quis isso… Liz eu me apaixonei por você! Enquanto a gente conversava a única coisa que passava pela minha cabeça era a vontade que eu tinha de te beijar, eu queria você pra mim!
- E por isso me afastou?! A gente podia ter conversado!
- Você sabe que não! Mais dia menos dia a gente ia acabar transando ali naquela sala! - eu levantei rápido do sofá, como ele ousava dizer que eu era fácil assim.
- Eu nunca teria chegado a esse ponto! Nós tínhamos nossos compromissos!
- E ainda assim toda vez que eu te via eu só pensava em comer você ali mesmo! Liz, não adianta mentir a essa altura! - ele ficou de pé na minha frente me segurando pelos braços. - Você precisa acreditar que eu sinto muito, me desculpe Liz!
- Então me beija! - nem eu acreditava no que eu falei e ele menos, mas na minha cabeça ia ser como um encanto que se quebra, ele ia me beijar e eu ia ter a consciência que não tinha nada demais.
- O que?
- É isso, me beija! - ele chegou mais perto de mim com calma, não estávamos nervosos, ambos estávamos conscientes que o beijo iria mostrar que não havia nada.
Ele passou a mão delicadamente pelo meu rosto enquanto me olhava firme nos olhos e seus lábios lentamente se encontraram com os meus, a sua mão na minha nuca segurava meu cabelo cacheado com firmeza. Por instinto nossas bocas foram abrindo lentamente, quando a língua quente dele encontrou a minha eu senti sua outra mão em minha cintura me puxando para perto, o que começou com leveza rapidamente ganhou forças e em segundos nossas bocas estavam sedentas, nossas línguas se entrelaçavam com vontade, senti um volume em sua calça se formando e eu podia sentir que estava começando a ficar molhada, quando sua mão começou a descer pra minha bunda eu me afastei bruscamente.
- É um erro, é o álcool falando! Estamos alterados! - eu colocava a mão em minha boca pra conter a vontade que eu sentia de continuar o beijando, ele se sentou no chão com as costas apoiadas no sofá.
- Sente-se. - Eu olhei desconfiada. - sente-se aqui, não vou encostar em você!
- O que é que estamos fazendo? - eu estava sentada ao lado dele abraçada aos meus joelhos com a cabeça tombada na direção dele. O beijo tinha revelado o que reprimimos durante anos.
- Eu não sei Liz, eu só sei que eu quero muito você!
Eu me virei e o beijei novamente, ele me segurou pela nuca enquanto eu passava uma perna por cima dele, agora eu estava sentada em seu colo e sentia a pressão do volume da calça na minha calcinha fina. Suas mãos deslizaram pelas minhas coxas fazendo meu vestido subir, enquanto nossas bocas não desgrudavam eu abri a calça jeans dele e liberei seu pau suculento e quente, lambi minha mão e comecei a punheta-lo, ele gemia baixinho na minha boca. Afastei minha calcinha pro lado e encaixei seu pau quente na minha entrada encharcada de desejo, ele deslizou fácil pra dentro e eu pude sentir ele pulsando dentro de mim, nossos olhos se encontraram enquanto eu começava uma cavalgada lenta sentindo cada pedacinho dele, grudei minhas mãos no sofá atrás dele e nossos movimentos ficaram mais frenéticos. Eu gemia cada vez que sentia o pau dele me invadindo, não demorou muito ele avisou que ia gozar e com um movimento rápido me tirou de cima gozando no tapete. Com habilidade ele me ergueu e me colocou sentada no sofá afastou minhas pernas e passou sua língua quente por toda a minha buceta, eu arfava de desejo, com uma mão ele abria meu lábios pra me chupar com vontade enquanto ele metia veloz dois e às vezes três dedos que deslizavam fácil, senti meu corpo todo tremer e gozei com ele me chupando gostoso. Ele sorriu e deu um pequeno beijo em meus lábios, me estendeu a mão e me levou para o quarto.
- Marcos a gente… - ele colocou os dedos em meus lábios em sinal de silêncio.
- Amanhã conversamos! - tiramos nossas roupas e deitamos na grande cama, eu cai em um sono profundo rapidamente.
Acordei no dia seguinte atordoada sem saber onde eu estava e sem entender se era sonho ou realidade, quando a tontura passou me levantei rápido e corri para um banheiro próximo para analisar a minha cara de trouxa no espelho, obviamente tudo que o Marcos queria ele já havia conseguido por isso tinha me largado na cama sozinha e agora provavelmente ia me tratar mal e me mandar embora, eu tinha que me preparar pra esse embate final. Sai do banheiro tranquila com os cabelos presos em um coque bem preguiçoso, vesti minha calcinha e de proposto coloquei a camisa polo dele, enquanto andava pelo corredor em direção a cozinha o cheiro de café inundava meus sentidos.
- Adoro cheiro de café! - eu estava parada na soleira da porta da cozinha com uma perna dobrada como se estivesse fazendo um quatro, ele me olhou de repente como se tivesse tomado um susto leve e lá estava o sorriso de canto que ele sempre me oferecia. Ele caminhou até mim com uma xícara na mão e a estendeu para mim, dei um gole receoso.
- Forte e doce! - ele ainda lembrava como eu gostava do meu café - Ela cai muito bem em você! - ele apontou pra camisa e segurou pela barra me puxando levemente me forçando a sair da minha posição posição dar um passo na direção dele o que era suficiente para estarmos colados. Tomei mais gole do café e coloquei a xícara na bancada.
- Eu preciso ir. - eu não ia dar o gosto a ele de me mandar embora, eu mesma iria antes disso, mas ele me segurou pela cintura com um movimento rápido me encostou no balcão, eu estava presa entre o balcão e ele.
- Eu não quero que você vá embora, quero que fique comigo! - ele se aproximou e encostou levemente os lábios aos meus, ambos estávamos com gosto de café, eu não pude deixar de sorrir porque adorava o sabor e o aroma, ele aproveitou que eu estava distraída e mais uma vez me beijou, dessa vez sem pressa, sua boca saboreando a minha como uma fruta doce. As mãos dele em meu quadril me puxavam pra mais perto e eu acariciava sua nuca brincando com seu cabelo enquanto nos deliciavamos sem correria. Comecei a sentir meu corpo esquentando e eu não podia por a culpa no café, ele sentiu que meu beijo buscava mais e comecei a sentir o volume no shorts de tecido que ele usava sem cueca, uma de suas mãos percorreu o interno da minha coxa me fazendo abrir as pernas levemente para receber seus dedos que deslizavam pelo tecido da calcinha, ele interrompeu o beijo momentaneamente para lamber os dedos e logo em seguida nossas bocas se juntaram mais ferozes agora, seus dedos agora estavam afastando minha calcinha e dedilhando com leveza meu clitóris, gemia leve na boca quente que me arrancava o ar, os dedos deslizaram fácil pra dentro de mim e eu apertei forte os braços dele jogando minha cabeça pra trás em gemido gostoso. Nos olhamos enquanto seus dedos entravam e saíam de mim escorrendo meu mel pelas minhas pernas. Ele se afastou bruscamente de mim lambendo os dedos enquanto sorria com maldade - Você é deliciosa! - respirei fundo pra buscar minha lucidez e voltei a segurar minha xícara.
- Você já teve tudo o que queria Marcos, agora eu já posso me retirar pra tentar esquecer o quão ingênua eu fui pra cair nessa sua conversa! - tomei meu último gole de café e tentei passar ao lado dele em direção ao quarto, mas ele me segurou com firmeza pelo braço.
- Eu te expulsei porque eu me apaixonei por você, eu nunca senti isso de uma boa forma e eu sabia que você gostava de mim também, então eu senti medo! - ele não olhava pra mim enquanto falava e parecia sério. - Eu passei o resto dos dias, ou melhor, eu passei o resto desses anos todos remoendo um sentimento horrível de culpa, no começo eu achei que ia passar, mas a cada mês eu te amava mais… me tornei amargo e solitário, procurei você pela internet e você parecia feliz, eu não tinha o direito de aparecer na sua vida, mas a gente se esbarrou e ai todo o resto…
- Marcos… - ele estava de cabeça baixa e havia soltado meu braço. Eu segurei seu rosto o forçando a olhar pra mim e tinha muita sinceridade nele, pousei meus lábios delicadamente nos dele e segui para o quarto.
Entrei no quarto e esperei ele aparecer na porta com seu olhar confuso, tirei a camisa polo ficando só de calcinha, ele veio até mim com passos lentos e me beijou levando nossos corpos até deitar na cama, enquanto me beijava suas mãos exploravam meu corpo apertando meus seios me causando arrepios, desceu sua boca pelo meu pescoço chegando até meus seios mamando com vontade cada um deles me arrancando suspiros enquanto sua mão dedilhava meu sexo por cima da calcinha. Nós não tínhamos pressa e ele tirou minha calcinha deixando cair dos dedos, se abaixou beijando minhas coxas, soprou seu hálito quente na minha buceta sem tocar para depois passar sua língua quente por toda extensão, ele me chupava e olhava em meus olhos, quando eu estava quase gozando ele se levantou tirando seu shorts e colocou seu corpo sobre o meu eu sentia seu pau latejando, sedento pra me invadir enquanto passava com maldade na minha entrada se lambuzando em mel e saliva.
- Me come com força! - eu disse olhando nos olhos dele e ele me penetrou com uma estocada funda me fazendo gemer alto, ele segurou e puxou meu cabelo expondo meu pescoço e me lambia dos seios até minha boca. Seu pau entrava e saia de mim com força, eu sentia cada pedacinho dele dentro de mim me arrebentando em cada bombada. Ele saiu de dentro de mim e eu rapidamente mudei meu corpo para abocanhar aquele cacete suculento, ele não cabia todo em minha boca e me esforcei, eu punhetava ele enquanto chupava com vontade e ele segurava em meu cabelo me fazendo olhar para ele.
Antes que ele gozasse ele me fez deitar de lado e deitou nas minhas costas e invadiu minha buceta gulosa e sedenta por trás, lambeu uma das mãos e me dedilhava enquanto socava o pau em mim com velocidade, a outra mão estava me segurando apertando meu seio enquanto ele mordia meu ombro, senti meu corpo estremecer e ele aumentou o ritmo bombando com mais força, segurei nos lençóis e gozei com o pau dele entrando e saindo com violência. Ele mudou seu corpo pra cima do meu e continuou me fudendo apertando minhas coxas, eu arranhava as costas dele e gemia “me fode com força, isso! Ahnn!” ele mordia meu pescoço e ombro e avisou que ia gozar, “goza dentro, eu quero sentir você, goza em mim”, quando terminei de falar senti a pressão gostosa da porra dele me inundando e não resisti e gozei mais uma vez com as últimas estocadas que ele deu.
Deitamos cansados e ofegantes, ele começou a fazer cafuné nos meus cabelos bagunçados e eu deitei sobre o peito dele.
- Se você continuar aqui eu vou precisar melhorar meu condicionamento físico!
- Você quer que eu fique?!
- Liz, eu não vou te perder de novo!
- A gente pode negociar isso!
- Eu não quero negociar Liz, eu amo você! Casa comigo, fica comigo!!
- Depende…
- Do que? Eu faço tudo por você!
- Depende de quantas vezes você vai me fazer gozar! - ele deu uma gargalhada gostosa e disse que me amava enquanto me dava beijos infinitos. Lembrei do Jorge depois do banho e na ligação ele já estava desesperado por notícias, contei pra ele que estava bem e que tudo estava se resolvendo. Fui até a cozinha onde o Marcos estava assobiando com felicidade arrumando as coisas pro almoço.
Ele me olhou perguntando se eu aprovava o cardápio que eu adorei, ele se esticou todo para me dar um selinho por cima do balcão e sorriu. Eu amava aquele sorriso.
*
*
*
Espero que tenham gostado! Se puderem leiam meus outros contos e deixe seu comentário!
Beijinhos!