Eu sempre me questionei porque alguém sempre me identificava como viado. Em cinemas, festas, bares, ônibus e metrô. Em meio à tanta gente, eu percebia homem me olhando, ou já era surpreendido ao ser chamado para uma conversa. Não acontecia com outros, tampouco, nunca aconteceu com meus amigos de todos os lugares que eu frequentava.
Fora a rua onde cresci, onde a minha fama era grande, ninguém nunca soube, ou pelo menos fez algum questionamento, ou comentário. Meu envolvimento, tal como o deles, era com mulheres. Nem de brincadeira, nem em sonho, nunca lhes ocorreu uma dúvida.
Eu sempre quis saber como eu era descoberto. O que denotava que eu era viado. Como eles tinham essa certeza ao se aproximarem de mim, quer para iniciar uma conversa, já intencionados, ou, mais diretamente, me chamando para sair.
Ainda adolescente, no ônibus, quando estudava, trabalhava, foram muitas as vezes que fui assediado. Com a superlotação, sempre viajava espremido, não raro um homem ficava me encoxando, disfarçava, mas se aproveitava. Volta e meia eu sentia um pau duro roçando.
Viajando à noite de ônibus de Araraquara para São Paulo, vários lugares vazios, numa parada para banheiro e lanche, notei um homem alto, moreno, me olhando. Tão logo o ônibus seguiu viagem, ele sentou-se ao meu lado, e, com muita cara de pau, já foi dizendo:
posso sentar aqui, né? E continuou: a viagem é longa, a gente não dorme e nem tem ninguém pra conversar. Só podia responder que sim, foi o que eu disse. E ficou com uma conversa fiada, se eu viajava sempre, se gostava de viajar à noite, de onde eu era, onde morava, etc., etc. Entrei na conversa, já esperando o que iria acontecer. Aí, ele comentou que tinha prestado atenção em mim, que tinha me achado legal, que achava que poderia se aproximar e que eu entenderia as pergunta dele, e, caso não gostasse, eu compreenderia e saberia contornar. Mais uma vez atentou que estava certo que eu gostava de umas brincadeiras, que gostaria de saber de mim. Pensando em tudo bem rápido, que eu era viado e estava longe de casa, o homem desconhecido, por que não??? Falei que gostava e ele meteu a mão nas minhas coxas, apertou o meu pau, retribui e peguei no pau dele, acabou rolando umas chupadas.
Outra vez, foi num cinema, adolescente, fim da matiné de domingo, fiquei para a sessão da noite, para ver o começo do filme, que eu tinha perdido. O cinema vazio, várias pessoas espalhadas e um cara gorducho sentou-se ao meu lado. Usou o descanso do braço e deixou a mão roçar a minha coxa. Eu quieto, começou a passar a mão na coxa, enfiando a mão entre as pernas, e, me afastando do encosto, procurava passar a mão na minha bunda. Me chamou pra sair, e, já na rua, me chamou pra ir na casa dele, próximo dali. Era o caminho da minha casa. Morava sozinho nos fundos de um comércio. Entramos, ele foi ficando pelado, me mandou chupar a rola dele, depois mandou tirar a roupa e me comeu.
Depois me disse que via quando eu passava com a minha namorada, que achava que eu era viado e que ainda ia me comer.
Então, o fato de ser assediado e chamado para sair, me preocupava, tinha receio de estar "dando bandeira" e acabar sendo descoberto onde não poderia ocorrer.
Escutei muita resposta sobre isso. O homem que gosta de comer um viado, comer um cu, ele tem certeza quando vê um. Outros dizem que o viado acaba se denunciando, quando observa um macho. Eu sei que tem homem que chama a atenção, ou é o jeito de macho mesmo, ou mostra um volume. Às vezes eu vejo um assim e tenho vontade de dar pra ele. Mas não encaro, não deixo ver que estou olhando. É mais no particular.
De repente chega algum e puxa conversa, ou já me convida pra meter, cara que eu nem tinha visto, nem notado a presença.
No fim do intervalo do filme, no banheiro do cinema, já meio vazio, um cara encostou pra dar uma mijada do meu lado, pondo um pau enorme pra fora, percebi ele me olhando, só dei uma olhada pra ele, que apontando o pau com os olhos, me mandando olhar, disse: pega no meu pau, ainda olhei em volta, dei aquela pegada. Depois ainda veio sentar-se perto de mim, peguei mais e acabei dando umas chupadinhas. Mas me perguntava, por que ele não tinha feito isso com um dos outros lá do banheiro. O que fez ele chegar em mim. Parece que tenho uma placa escrito viado. Não sei.