Eu ainda estava trêmulo após todo o ocorrido, a dança com David, os abraços e apertos dele, aquele beijo no meu cangote, o beijo no meu rosto que propositadamente buscou o canto da minha boca. Havia sido muita coisa inédita na duração de uma única música.
David saiu dizendo que ia buscar uma bebida
Estava com vergonha de olhar pra minha esposa, o que ela devia estar pensando de min. Ela foi quem mais uma vez quebrou o gelo.
Laura: O que foi aquilo, não sabia que dançava tão bem forró amor.
Eu: Para de brincar Laura, você viu o que aconteceu, aquele f..ele...me..encoxou...me beijou..ele...eu devia ter dado um murro nele mas não tive reação.
Laura: Não sei não, daqui me pareceu que você estava gostando.
Eu: Ei, o que é isso, sou macho, esqueceu?
Laura: Eu sei amor, estou só brincando. É que não deixa de ser divertido te ver nesse papel que eu conheço bem, afinal nasci mulher. Estou mais que acostumada a esse assédio de vocês homens. É até bom você ver como é desagradável, quer dizer, as vezes é, as vezes não.
Eu: Nisso você tem razão. Mas a ideia de aceitar dançar com ele foi sua. Que ideia péssima, primeiro tenho que ver você dançar com outro homem e depois me faz receber apertos desse mesmo homem. É a pior noite da minha vida.
Laura: Se acalme, não precisa ficar com ciúmes nem achar que vai virar gay. Estamos em um show pra ganhar uma grana, tudo que fizer conta ponto, esqueceu? Você é um personagem aqui, hoje você é Yasmin, uma mulher gata que é assediada por caras gatos. Volta pro personagem que ele vem vindo.
David se aproximava trazendo uma cerveja e duas pina coladas. Entregou uma pra min outra pra Laura.
David: Pula uma cadeira pra cá morena, deixa eu sentar entre vocês.
Não teve remédio, pra não dar pinta tive que abrir espaço pra ele sentar entre eu e Laura.
David: Yasmin, adorei dançar com você, quando a banda voltar vamos dançar mais uma.
Disse isso se aproximando do meu rosto, me fez sentir seu hálito mentolado. Pensei: esse cara realmente se prepara para atrair as mulheres.
Disfarçadamente ele pôs a mão sobre minha coxa, sobre a saia mas com a ponta dos dedos fez carinho na parte desnuda da coxa.
No susto, encolhi a perna.
Laura: Ela também adorou, ela adora dançar forró. Não é Yasmin?
Eu: Sim, eu adoro. Disse com minha voz feminina.
David puxou papo entrando em trivialidades, de onde éramos, o que fazíamos da vida. Laura disse que éramos primas que ela era cabeleireira e eu massagista, não sei de onde ela tirou isso.
David: Nossa, eu adoraria receber uma massagem dessas mãozinhas.
Disse isso pegando minha mão e fazendo carinho nela com a mão livre. Eu puxei rapidamente.
Nessa conversa toda havia me esquecido de nossa outra dupla. Amanda desapareceu na pista de dança, e Lívia havia sumido também.
Lívia retorna dizendo que havia ido ao banheiro retocar a maquiagem. Em seguida surge Amanda de mãos dadas com Pedro.
Lívia: Onde vocês estavam, faz um tempinho que a banda parou?
Pedro: Eu sou fumante, fui no jardim na área de fumantes. Amanda foi me fazer companhia não é Amandinha?
Sinto que Lívia estranhou. A exemplo de David Pedro deu um jeito de se sentar entre as duas. Amanda me olhou com cara de medo e disse:
Amanda: Yasmin, amiga vamos comigo ao toilete.
Senti receio de sair e deixar aqueles dois com nossas esposas, mas senti que Amanda queria me dizer algo.
Levantamos e saímos. Para passar entre as pessoas e me guiar até o banheiro Amanda me puxava pela mão. No caminho do banheiro ouvi uns três gracejos e senti uma duas mãos bobas enquanto passávamos no meio das pessoas.
Teve um que parou em frente a Amanda bloqueando a passagem e disse, olha só uma loira e uma morena, as duas são o meu número, posso variar de cor..tentou dar um beijo que Amanda que o bloqueou com a mão.
Amanda: Vai beijar suas negas seu viado.
O cara retrocedeu assutado temporariamente com a voz grossa que saiu da loirinha patizinha.
Ao chegar no banheiro não tivemos remédio se não entrar no feminino, já que nossa aparência era de dias mulheres. Aproveitei e pra mijar e pra não estragar indumentária tive que fazer xixi sentada, o que não era nada perto do eu já tinha passado.
Na frente do espelho vi que no canto da boca o batom estava um pouco borrado, quando olhei para o lado Amanda me estendia um batom vermelho que havia tirado da bolsinha que carregava. Eu trouxe bolsa mas não pensei em por batom, era apenas pra guardar a chave do quarto.
Estendi a mão um tanto timidamente, peguei e batom retoquei meus lábios imitando como eu costumava ler Laura fazendo, ao final já no automático fiz o movimento de esfregar os lábios um no outro pra esparramar o batom.
Amanda: Isso está sendo um pesadelo, estou quase desistindo desse prêmio.
Eu: Não está sendo nada fácil mesmo, tive que dançar com aquele sujeito que ficou se esfregando em mim.
Amanda: Eu também tive que dançar, mas alem de se esfregar em mim ele me convidou pra ir na área de fumantes, sem saber o que responder eu fui, chegando havia várias pessoas, mas ele me levou pra um canto isolado, quando dei por min ele me apertou contra a parede e beijou minha boca.
Eu: O que? E o que você fez?
Amanda: Fiquei sem reação, o que me deixou paralisado, como não saia ele achou que estava correspondendo e tentou por a língua na minha boca. E o pior é que correspondi...um pouco
Eu: Como assim
Amanda: Eu por instito abri um pouquinho a boca, achando gostoso sabe, mas foi rápido. Eu dei por min e me escapei do abraço dele. Juro cara..
Eu não sou gay....gosto de mulher
Eu: Eu sei, estou no mesmo barco mas... é caras héteros não beijam homens na boca Amanda.
Amanda: Olha, eu te contei isso porque eu precisava desabafar. Por algum motivo sinto que posso comprar confiar em você. Por favor não não comente nada com minha mulher, ela vai achar que virei viado.
Eu: Pode deixar amigo e pra você ver que sou de confiança...vou confessar algo também... confesso que quando David me encochou e beijou meu cangote...eu achei...não quero admitir nem pra min mesmo mas diante dessa sua revelação...achei gostoso também. Juro não sou viado, mas não sei o que deu em min.
Amanda: Esse programa precisa acabar logo, está mechendo demais com nossas cabeças.
Voltamos pra mesa e no meio do caminho, a música havia voltado mas agora era um DJ...tocando eletrônico., Ao passar por uma mesa reconheci Kelly tomava um drinks alegremente com sua esposa Zany e Fernanda esposa de Jonas, mas Jonas não estava, nós a cumprimentamos e continuamos até meu queixo cair de novo. Diante dos meus olhos estava Jonas vestido de Natasha, dançando e se requebrando entre dois negros enormes, o detrás a segurava pela cintura enquanto o da frente cheirava sei cangote....Mais uma vítima que estava experimentado perigosamente o gosto de ser mulher.
Continua