Anti Herói - Capítulo Doze

Um conto erótico de _alguemsolitario
Categoria: Homossexual
Contém 4897 palavras
Data: 11/03/2020 03:23:49
Última revisão: 11/03/2020 05:00:04

— Marcos? - chamo-o baixinho, enquanto balanço suavemente o seu braço. — Marcos? - ele solta uma breve gemido enquanto abre os olhos devagar. — Vamos para minha cama! - ainda sonolento, ele nada falou, apenas levantou-se, pegou suas coisas e me seguiu. Assim que entrou no meu quarto colocou as malas em um canto e se joguou na cama, e em um tom quase inaudível e rouco, me chamou para deitar com ele:

— Deita aqui! - disse sinalizando batendo levemente com a mão na cama, e assim eu fiz. Ele me abraçou e ficamos em uma conchinha, com ele me agarrando por trás. Por ainda ser muito cedo, resolvi dormir mais um pouco.

Acordei pouco mais das nove horas, o Marcos ainda dormia, então cuidadosamente saí da cama para não acordá-lo. Sentei-me na beirada por alguns minutos tentando despertar de vez, até finalmente me levantar e ir em direção ao banheiro para tomar um banho, e ao retornar para o quarto encontro o meu namorado já acordado, ainda deitado encarando o teto.

— Bom dia, dorminhoco! - digo enquanto colocava minha toalha para secar no suporte na parede. Ele me olha e sorri.

— Bom dia, amor! Não vai nem me dar um beijinho? - sua expressão piedosa me fez sorrir.

— O que foi? - pergunta confuso.

— Nada! Só sua cara de filhote que caiu da mudança. Tão fofo! - me aproximo dele e lhe dou um selo em seus lábios, deitando ao seu lado e repousando minha cabeça em seu peito. — Vamos descer para tomar café? - sugiro.

— Por mim ficaríamos eu e você o dia todo aqui.

— E se morrermos de fome? - questiono em tom de brincadeira.

— Aí você come outra coisa. - sua resposta inesperada me causou uma pequena crise de risos.

— Mas do que você está falando? - digo me fazendo de sonso.

— Você sabe muito bem! - percebo que algo estava a crescer sob sua calça.

— Acho melhor você ir tomar um banho gelado. E eu vou descer para comer porque estou com fome! - tento me levantar, mas ele segura o meu braço.

— Não, fica aqui! - pede fazendo uma voz carinhosa, mas eu apenas lhe dou mais um selo e me levanto de vez.

— Vamos! Deixa de ser preguiçoso! Te espero lá embaixo. - vejo-o fazer uma falsa expressão de criança birrenta, mas a contragosto ele se levanta, enquanto eu seguia para a porta.

No andar de baixo, percebi que a casa já estava um pouco mais movimentada, principalmente do lado de fora, então deduzi que eles deveriam estar preparando mais alguma festa. A sala principal estava sem ninguém, apenas uns funcionários que iam e viam. Vou em direção a cozinha, que antes não havia reparado quão espaçosa era. No centro, balcões e uma ilha, formavam uma especíe de "[" (Colchete), rodeado por bancos, tudo em madeira. A quantidade de comida me chamou atenção, e a maioria ainda estava a ser preparada por três senhoras que acreditei serem as cozinheiras. Dou bom dia para elas e me sento em uma das cadeiras da bancada, enquanto observo faminto um bolo de milho que já estava preparado.

— Pode tirar um pedaço se quiser. Você deve estar com fome, já tomou café? - perguntou uma simpática senhora negra, de mais ou menos sessenta anos para mim.

— Para falar a verdade ainda não. Acabei de acordar! - sorrio sem graça.

— Então espera aí, que vou preparar algo bem reforçado para você. - pensei em pedir para ela não se incomodar, mas a minha barriga literalmente falou mais alto, me envergonhando com um sonoro ronco.

— Olha aí, a barriga está até roncando! Não se preocupe que num instante eu preparo tudo. - ela sorri e eu constrangidamente agradeço-a. Foram menos de cinco minutos esperando, e ela me entregou um prato cheio com fatias de bolo de fubá, milho-verde cozido, torradas, biscoitos caseiros e um suco fresquinho de acerola batida com leite. Tudo cheirava divinamente. — Essa é pra matar a fome de um batalhão. - diz ela sorrindo. — sirva-se a vontade!

— Muito obrigado mesmo! - agradeço-a mais uma vez.

— Disponha!

Ela se retira, indo para o outro lado da cozinha cortar alguns legumes que se encontravam em cima da pia, e auxiliar as outras duas cozinheiras no preparo das refeições. Embora estivesse com muita fome, fiquei com medo de não consegui dar conta de comer aquilo tudo, mas para minha surpresa, comi tudo, principalmente depois de constatar que o sabor estava maravilhoso. Depois de satisfeito, elogiei o trabalho daquela senhora e me ofereci para lavar os pratos.

— Quê isso, garoto? Não precisa, deixe aí que eu lavo. - diz tomando a esponja e o detergente da minha mão.

— Então, mais uma vez, obrigado! - digo sem jeito.

— Por nada. E volte mais vezes aqui na minha cozinha! - nesse mesmo instante ouço a voz do Alex adentrar a cozinha, acompanhado de mais dois rapazes. Ele vestia um short balão masculino amarelo com uns desenhos de banana, uma camiseta folgada e óculos de sol.

— ...vocês já podem ir colocando para assar! - dizia para os homens que vinham logo atrás. Ao perceber minha presença sorriu. — Oli? Já acordou?! Que bom, porque estamos organizando um churrasco lá fora. - então isso explicava a movimentação no casarão.

— Churrasco? Sério? - e se tinha algo que eu amava era um churrasco, simplesmente não conseguia resistir.

— É! Vamos para lá? Aproveita coloca roupa de banho que vamos nadar no rio depois. - diz ainda sorridente. — Ah, e chama seu namorado também. Gente fina ele!

— Mas é claro! - me animo. — Sabe dizer se o Pedro e a Júlia já estão lá fora? - pergunto ao me lembrar dos meus amigos.

— Só sua amiga. Meus tios adoraram ela, estão conversando com ela há um tempão com altas risadas. Já o Pedro saiu e ainda não voltou, disse que ia buscar uma amiga. - respondeu enquanto apanhava do chão próximo a porta, dois grandes sacos de carvão.

— Ah, entendi. Eu já chego lá fora. - que amiga seria essa do Pedro?

— Tá certo! Vê se não demora. - sorri mais uma vez — Alías, olha o teu grandão aí! Bom dia, parceiro! - ao olhar para trás vi o Marcos vindo em minha direção, ele responde para Alex que sai logo após. Ele me abraça e me beija em seguida.

— Do que vocês estavam falando? - perguntou após me soltar.

— Hoje tem churrasco e vamos tomar banho de rio. - digo.

— Sério? - vejo o sorriso de uma criança brotar em seu rosto, ele adorava água. Piscina, praia, cachoeira, era com ele mesmo.

— Sim! Vamos lá em cima nos trocar. - seguro em sua cintura e o empurro levemente indicando a direção para subirmos. Já no quarto, vou até minha mala e procuro por uma sunga, enquanto ele faz o mesmo. Pego um short igual o que Alex o usava, mas de outra estampa, uma camiseta folgada e então fico na dúvida entre duas sungas.

— Você acha que eu devo vestir qual? - pergunto ainda de costas para Marcos, e ao me virar para receber sua resposta tenho uma surpresa. Ele está completamente pelado, em pé, tirando as roupas da sua bolsa. E que corpo era aquele meu deus? Sem dúvida alguma, meu namorado era muito gostoso. — Isso é atentado ao pudor! - digo já sentindo a excitação tomar conta de mim e meu pênis dar sinal de vida.

— Gosta do que vê? - ele se vira de frente para mim, de modo a que eu pudesse-o ver melhor. Seu membro já estava em uma meia-ereção.

— Você sabe que sim, mas a gente tem que ir logo. - sorrio daquela situação e me concentro no que estava fazendo anteriormente, voltando minha atenção para minhas roupas, mas no fundo estava morrendo de vontade. Porém para me provocar, ele me abraça por trás, e por eu estar agachado sinto seu membro enrijecer-se ainda mais em meu pescoço. Ele se curva levemente e sussurra em meu ouvido, enquanto lambe e morde a minha orelha:

— Faz um carinho, vai? - suplíca, atingindo assim o meu ponto fraco.

Na mesma hora subi e fui direto em encontro aos seus lábios dando-lhe um beijo caloroso, enquanto com uma das minhas mão, aperto seu mastro, agora tão duro quanto uma pedra, e ele retribui apertando minha bunda.

— Porque tu é tão gostoso? - falo ofegante, descendo minha língua por seu pescoço, peito e abdômen, e retornando para sua boca.

— Você que me deixa louco! - ele para o beijo por alguns instantes e me encara por um breve segundo, era nítida a nossa excitação. Vorazmente ele morde meu lábio inferior, terminando por morder novamente a minha orelha, me arrancando um leve gemido.

— Caralho, que delícia! - ele me dá mais um beijo, forçando minha cabeça para baixo em seguida, indicando querer oral. Eu já estava subindo pelas paredes de tanto desejo, e ao chegar próximo daquele membro vistoso, o abocanhei de uma só vez, seguindo depois em um ritmo mais lento, subindo e descendo por toda aquela extensão daquele mastro. Ele gemia baixinho com os olhos fechados e segurava meus cabelos.

— Continua... isso... - e aos poucos começou a estocar. Ele fodia com gosto minha garganta e eu já estava ficando sem ar. Suas metidas estavam ficando cada vez mais intensas, e eu tive que pôr minhas mãos em suas coxas para não me engasgar. Depois de um tempo retomo o controle e concentro minha língua em sua glande, e isso é o suficiente para fazê-lo ir ao delírio.

— Ah, eu vou gozar. - sinto os espasmos do seu corpo e segundos depois vejo sua porra vir de encontro a meu rosto. - ele me puxa para um beijo na sequência. — Ah, garoto... eu te amo! - diz olhando em meus olhos e eu simplesmente não soube o que responder, então apenas o beijei novamente.

Nos recompomos e seguimos para o banheiro para tomarmos outro banho, mas diferentemente do quarto, lá apenas trocamos carícias e mais amassos. Eu gostava muito do Marcos, mas não chegaria a ser amor, e creio que o que ele me disse minutos atrás, foi apenas no calor do momento, afinal, tínhamos reatados recentemente. Após devidamente limpos e com as roupas apropriadas, seguimos de mãos dadas para o churrasco que acontecia no andar de baixo.

O dia estava lindo e o sol ardente propiciava o ambiente perfeito para aquele tipo de festa. Toda a família do Alex e do Pedro estavam reunidas como das outras vezes. Muita comida e claro, muita bebida. Entretanto, o que mais me chamou atenção, fora o fato de ter um grupo tocando pagode.

— Ei, vocês demoraram. - disse o Alex vindo me cumprimentar todo sorridente, agora ele já estava sem camisa e foi inevitável não reparar em seu corpo. Solto-me da mão de Marcos e retribuo o seu abraço. Em seguida ele cumprimenta o meu namorado apenas com um soquinho.

— E esse pagode tocando? - pergunto em tom divertido.

— Gostou? Eu que mandei trazer. Não aguentava mais ver esse povo ouvindo sertanejo. E até que eles estão curtindo, olha lá. - vi que as tias do Alex dançavam e sorriam animadamente, algumas até arriscando a cantar, enquanto seus tios, uns comiam e bebiam, e outros estavam agarrados as suas esposas. E sozinha no meio de todo mundo estava a Júlia, com um copo cheio de alguma bebida na mão, encostada ao seu peito, cantando a música de olhos fechados. Não pude deixar de rir daquilo. Grito por ela, que acena e vem correndo em nossa direção.

— Adorei essa ideia! Churrasco só combina com pagode mesmo. - sorrio.

— Assim que se fala. - diz Alex. A Júlia chega e pula em cima de mim para me abraçar.

— Ai amigo, te amo! - por pouco não caímos nós dois.

— Vai com calma, sua louca. - gargalho.

— Demorou por quê? Estava metendo né? - conhecendo minha amiga como conheço, ela já estava alterada. Dava para perceber na forma que ela falava e pelo fato do filtro entre seu cerébro e sua boca desaparecer.

— O quê? - fico sem graça — Acho que você já bebeu demais! - o Marcos que estava ao meu lado sorri, mas suas bochechas ficaram vermelhas, ele também estava envergonhado.

— Nem comecei! - ela derruba o copo e ao invés de apanhá-lo começa a gargalhar. — Espera, lembrei que eu tenho que te contar uma coisa. Eu transei! - grita levantando as mãos para o céu. A vergonha alheia que eu estava sentindo não era pouca, e ao meu lado os meninos apenas davam risadas e inventaram uma desculpa para saírem dali.

— Acho que eu vou ali cuidar da carne. - diz Alex sorrindo — Você vem Marcos? Vamos deixar eles conversarem à vontade. - propõe para o meu namorado, que consente e o segue.

— Sim, claro! - eles saem e nos deixam a sós.

— Ju, vamos sentar um pouco. Você precisa tomar uma água. - digo enquanto caminhava para uma das mesas espalhadas pela área externa, com ela vindo logo atrás, antes parando para apanhar o copo e enchendo-o novamente. — O que você está bebendo está te afetando mais do que você já é!

— Só sei que isso é muito bom e eu estou muito feliz. - pego o copo de sua mão e provo um gole. Constatando ser algum drink de cachaça com maracujá. — E como você e o modelo da Calvin Klein estão? - pergunta puxando assunto.

— Vamos bem! Mas ainda estou me questionando sobre ter reatado. - digo roubando mais um gole da sua bebida.

— Ai amigo, nem me fale! Eu descobri por ele que vocês tinham voltado. Ultimamente você anda me deprezando muito, não me conta mais nada... - reviro os olho — mas liga o foda-se, sabe? Continua sentando e aproveitando mais daquele gostoso. - ela olha em direção onde ele está. — E aquele primo gato do Pedro? Será que é hétero? - pergunta se referindo ao Alex.

— Creio que sim!

— Já eu acho que ele é gay! Hoje em dia não existe mais hétero. Os boys estão preferindo uma beringela. - comenta pegando o copo da minha mão e dando uma golada. — E eu senti uma vibe vindo dele, sei não viu, confio muito não.

— Você e suas paranóias. E mudando de assunto, que história é essa que você transou? - questiono-a.

— Bem, é uma longa história...

— Não me diga que tem haver com sua aprovação no semestre. - ela me encara por uns segundos tentando ficar séria, mas não aguenta e cai na gargalhada. — vadia! - respondo.

— Não, não é isso que você está pensando! Eu passei por mérito próprio. Foi com um carinha do prédio de engenharia que estava paquerando. Oli, você não tem noção de como ele me deixou toda esbagaçada! - eu ri como nunca antes e quase caí para trás da cadeira e ela começa a rir junto, realmente era muito bom ter ela por perto.

— Ih, olha lá quem vem. - diz apontando para o Pedro, que, para minha surpresa estava acompanhado de uma garota. Os dois estavam de mãos dadas, na mesma hora fui parando de rir. — Quem é aquela lagartixa que está com ele? Guria branca da porra, parece uma vela! - reparou Júlia, eu juro que nunca prendi tanto um riso na vida, pois infelizmente meu amigo e a garota que estava com ele, nos avistaram, e viam em nossa direção.

— E aí, meliantes! - disse Pedro puxando uma cadeira e sentando-se a nossa frente. — Pessoal, essa é a Carla. - apresenta a menina que responde tímidamente. — Ela é uma amiga de infância e é filha de um fazendeiro vizinho.

Eu estava mais confuso do que nunca. Até ontem meu amigo se disse estar apaixonado por um cara? E agora aparecia com uma garota ao seu lado? Eu não engoli essa história de amiga de infância, e estava começando a não gostar daquilo. Apesar disso, eu e a Jú a tratamos bem, e tentamos puxar assunto, mas a garota era muito tímida ou não estava interessada o bastante para conseguir manter qualquer assunto. Seguimos os quatro na mesa, o Pedro se levantou e foi buscar alguns petiscos e bebidas para nós, a todo tempo ele ficou ao lado dela e em um determinado momento passou seu braço por cima do ombro dela.

— E seu namorado, Oli? Cadê ele? - perguntou Pedro para mim.

— Está cuidando das carnes com o Alex. - respondo desconfortável. A carla me lança um olhar estranho, e coincidentemente o Marcos apareceu com um espeto na mão, colocou-o em cima da mesa, me deu um beijo e se sentou ao meu lado. Cumprimentando todos presentes logo depois.

— Será que podemos sair daqui? - disse a garota para Pedro.

— Claro! Vamos falar com as tias, faz tempo que elas não vêem você. - diz meu amigo se levantando — galera, vamos ali, daqui à pouco voltamos. - os dois saem.

— Eu não fui com a cara dela, muito antipática. Sem falar que eu acho que ela é homofóbica. - diz a Júlia depois deles se afastarem, compartilhando do meu pensamento. Era só o que me faltava gente preconceituosa.

— Eu pensei o mesmo. Incrível como o Pedro tem um mau gosto. - digo.

— Eu não sei o que aconteceu antes de chegar aqui, mas eu também percebi que ela ficou incomodada com nosso beijo. - comenta Marcos, e após o fim de sua fala o Alex surge vindo correndo para onde nós estavámos.

— Pessoal, tudo certo para irmos para rio, a gente vai na caminhonete do Pedro - suas maças do rosto já estavam ficando coradas pelo sol. — Querem ir agora? - O Marcos vibrou ao meu lado se animando e respondendo por todos.

— Uhu, vamos! - ele levanta e tira a camisa que até então usava.

— Partiu! - diz a Júlia dando um salto da cadeira e também tirando a blusa. Eu apenas sorri deles dois.

— Agora, cadê o Pedro? Ele falou que queria ir. - pergunta o Alex. — Temos que chamar ele.

— Ele foi lá para dentro com uma tal de Carla. - responde minha amiga.

— A Carla? Namoradinha de infância dele? - o Alex gargalhou — Sempre que ele vem aqui, ele vai atrás dessa menina. Só vive iludindo a coitada para poder pegar ela.

Quando ele falou aquilo espontaneamente lembrei de uma garota loira que brincou comigo e com o Pedro quando viemos juntos há sete anos atrás, e dele ter me falado que a beijou detrás de um celeiro que hoje já nem existia mais. Por quê não associei antes? Eu só não tinha me lembrado que o nome dela era esse e também fisicamente, ela estava diferente, inclusive o cabelo estava mais escuro. De uma forma estranha e inesperada eu sentir um aperto no peito e um medo desconhecido surgiu. Eu não podia estar com ciúmes do meu amigo, podia?

— ...Oli - dizia o Alex cortando meus pensamentos.

— Sim, oi? - pergunto confuso.

— Você pode ir chamar ele para gente, enquanto colocamos as coisas no carro? - propôs. E eu impulsivamente respondi.

— Claro! - só depois me dando conta de que não queria fazer aquilo. A contragosto me levantei e olhei ao redor tentando encontrá-lo, mas não o localizei. Sigo então para dentro do casarão que também tinha algumas pessoas conversando e comendo. E ao entrar na sala me deparo com uma cena que definitivamente não queria ter visto. O Pedro estava aos beijos com a Carla no sofá da sala. Engulo em seco e o chamo.

— Pedro! Estamos indo para o rio, você vem? - ele desgruda dos lábios dela por segundo e me olha.

— Vamos sim! Me dá só um minuto. Vai indo na frente! - mal termina de me responder e já volta a beijá-la. Apenas consinto e viro para ir embora.

— Achou ele? - pergunta a Júlia.

— Achei, ele já está vindo. - de repente a vontade de ir tomar banho de rio passou. Mesmo assim segui para dentro do carro, a Júlia ficou junto comigo. O Marcos e o Alex colocaram comida e um cooler com bebidas para levarmos para lá, e depois que estava tudo pronto eles entraram e ficamos apenas esperando o Pedro. O Marcos ficou comigo e a Júlia no Banco de trás.

— Caramba, ele tá demorando demais. - disse o Alex sentado ao volante. Ele dá algumas buzinadas e minutos depois Pedro surge, trazendo com ele aquela guria. — Até que enfim! - conclui Alex.

— Carla vai com a gente. - falou ele.

— "Só se for no teto." - penso, pois o carro já estava lotado.

— Então alguém vai ter que ir no colo. - diz Alex.

— O Oli pode ir no do Marcos, já que são namorados! - sugeriu Júlia, e assim foi feito.

Alguns minutos de aperto e lá chegamos, e como tudo ali naquela propriedade, o rio na qual fomos era simplesmente belo, logo todos ficaram animados. A Ju foi a primeira a cair na água, seguida de mim e do Alex, com o Marcos por último. O Pedro e a Carla ficaram de tirar as coisas do carro e depois de organizarem o que trouxemos, também caíram rio adentro. A água estava gelada, porém muito boa, perfeita para refrescar. Começamos a atirar uns nos outros, mergulhando e fazendo pequenas corridas de natação, por um momento até esqueci tudo. Estavámos nos divertindo bastante, parecia que tínhamos voltado a sermos crianças.

— Eu estou muito feliz. Foi a melhor decisão ter vindo para cá ficar perto de você! - diz o Marcos se aproximando de mim ainda na água, ele segura em minha cintura e me beija.

— Eu também fiquei feliz que veio. - devolvo mais um beijo.

— Ei, os pombinhos aí. Vamos jogar vôlei? - diz o Alex para nós.

— Com que bola? - questiona a Júlia.

— Tem uma lá na caçamba. Só alguém ir pegar. - responde.

— Eu pego! - me ofereço e todos comemoram. Vou até onde a caminhonete está e sem dificuldade acho o que procuro. Volto para a beira do rio e jogo a bola para eles, mas ao invés de entrar novamente na água, procuro um cantinho para me sentar pois não estava afim de jogar.

— Vai jogar não, é? - pergunta o Alex.

— Não. Estou de boa! - digo. E eles começam a discutir qual dupla começaria, já que agora eles eram cinco. Eu apenas aproveito para pegar um pouco do sol, me inclino para trás me encostando em uma pedra e fecho meus olhos, tentando não pensar em nada, até ser, minutos depois, interrompido pelo primo do meu amigo.

— Vou te acompanhar um pouquinho. - ele senta-se ao meu lado.

— Ué, não vai jogar? - pergunto.

— Fiquei para próxima. - responde com um sorriso nos lábios. Esse era uma marca dele, estar sempre sorridente. E ao constatar isso, quem sorri sou eu.

— E então. Como você está? - estranho a pergunta.

— Bem! - digo, e nós dois miramos para o pessoal que jogava.

— Ah, que bom! - um pequeno silêncio se instaura durante uns segundos até ser quebrado por mim.

— Eu estou adorando os lugares que você está me fazendo conhecer. Ontem foi a colina e hoje isso. Tudo muito lindo. - comento.

— Sério? Fico feliz de ouvir isso. É... - ele faz uma pausa — Será que eu posso te fazer uma pergunta?

— Claro! - afirmo.

— Espero não ser invasivo, mas, você é feliz com seu namorado? - paro por alguns instantes e penso que tipo de pergunta era aquela. Entretanto, amigavelmente respondo.

— Sim. Eu gosto muito da companhia dele. Mas por quê? - era nítido que eu estava intrigado.

— É que, sei lá, você parece tentar adaptar-se a ele, sabe? Mas talvez seja só impressão minha. Esquece o que eu disse, desculpa! - como assim adaptar-se? Eu realmente não tinha entendido o sentido daquela resposta.

— Como assim, Alex? - questiono-o.

— Nada... é que não sei... você parece ser demais para ele. - certo, agora minha cabeça tinha dado um nó. Embora eu tivesse minhas dúvidas em relação ao que eu sentia pelo Marcos, eu nunca, em nenhuma hipótese me vi como sendo bom de mais para ele. Pelo contrário, eu sempre me senti inferior em todos os meus relacionamentos. O Marcos era muito bonito e chamava atenção, e eu sempre penso que talvez ele possa arranjar alguém a altura dele. — Você é muito bonito Oli, mas além disso é um cara inteligente, e tem uma energia boa. Não é que eu esteja dizendo que o Marcos também não tem essas características, mas é que, vocês parecem estar dessintonizados um com outro, entende? - continuou ele — Mas enfim, não me leve a mal. E mais uma vez desculpa me intrometer em seu relacionamento. - ele pareceu envergonhado depois do que disse, pois baixou a cabeça e depois encarou novamente o pessoal jogando.

— Relaxa, Alex! Tá tudo bem! - e antes que qualquer outra coisa pudesse ser dita, o jogo acabou. — Acho que sua vez chegou. - digo para ele.

— É mesmo! Vou lá! - ele levanta e vai correndo para água. — Minha vez viu! - A dupla vencedora tinha sido o Pedro e a Carla, e o Alex tinha que escolher ou a Júlia ou o Marcos, mas acabou ficando com a primeira opção, pois o Marcos pediu para sair e veio se juntar a mim. E enquanto o jogo recomeçou, eu e ele ficamos namorando, mas a todo o momento fiquei com as palavras dele na minha mente.

A tarde seguiu tranquila, em certo momento, todos saíram da água e fomos comer. Os meninos trouxeram muitas bebidas e todos nós já estavámos um pouco alterados. Mesmo dirigindo, o Alex também estava bebendo, porém um pouco menos que o restante. Se isso era um problema? Bem, ali era uma propriedade particular e não iríamos enfrentar trânsito, então, acho que não. Contanto que ele ficasse esperto e não passasse da conta. Antes de o sol se pôr, tratamos de voltar para sede, chegando já no escurecer.

A festa ainda continuava, mas em vez de churrasco como mais cedo, o que acontecia agora era um arrasta-pé do bom. Graças as misturas dos familiares do Pedro e do Alex, eles tinham parentes de todas as regiões do Brasil e acabavámos por sempre vivenciar essa diversidade cultural, mesmo nós estando naquele momento no centro do país. E como bons nordestinos que éramos, eu, o Alex, o Pedro, a Júlia e o Marcos caímos na forrozada junto com o trio pé-de-serra.

— Eita, que forró bom! - diz tio Olavo enquanto dançava com uma das tias-avós do Pedro. E eu claro não estava de fora, e revezava meu par com o Marcos e a Júlia. A Carla não ficou muito tempo na festa, recebeu uma ligação e teve que ir embora. O Pedro a acompanhou, mas rapidamente voltou, sentou-se na mesa e ficou sozinho bebendo. Deixei a Ju dançando com meu namorado e fui falar com ele.

— E aí, garanhão. A gente mal se falou hoje! - digo puxando uma cadeira e me sentando ao seu lado.

— Pois é! - reponde secamente e toma mais um gole da sua bebida. Em nenhum momento ele olha para mim.

— Você está bem? - pergunto e ele nada responde - Sério, eu não entendi. Você disse que estava gostando de um cara, e hoje passou o dia todo aos beijos com uma garota. Eu sei que não deve está sendo fácil para você entender sua sexualidade, mas saib...

— Você não sabe de nada Oliver! Cala sua boca! - ele me interrompe subindo o tom de voz. — Você não percebe que quando tenta ajudar só fode mais ainda as pessoas? - disse me encarando e seu olhar era indecifrável, ali eu não reconhecia meu amigo. Ele joga o copo que estava na mão em cima da mesa e se levanta, seguindo para dentro do casarão.

Eu não estava entendendo nada. Até ontem ele chorava nos braços pedindo ajuda e hoje passa o dia inteiro estranho e ainda fala como se a culpa fosse minha? Meu sangue ferveu, mas não por isso. Mas pelo fato dele dizer que agora minha ajuda não serviu. Queria que ele repetisse o que disse. Então determinado me levantei num impulso e fui atrás dele que já ia próximo a varanda. Chamo-o algumas vezes mas ele finge não me escutar e continua seguindo em frente.

— Pedro, você é um completo idiota! Sempre foi assim! Sempre quando você quer fugir de um problema você age como um babaca. - eu estava com muita raiva por sua infantilidade. Agora subíamos a escada para o andar superior da casa. — Você passou o dia todo me ignorando, por quê? O que eu fiz de mal para você além de tentar te fazer sentir melhor, quando você mesmo continua se fazendo mau por não aceitar quem você é? Qual o seu problema? Seria muito mais fácil se você deixasse de ser um enrustido e aceitasse o fato de que gosta mesmo é de rola! - de supetão ele parou e virou-se furioso para mim com os punhos e levantou a mão, e quando pensava que ia receber um soco, ele me empurra contra a parede.

— Você quer saber qual o meu problema? Você é o meu problema! - seus olhos agora estavam se enchendo de lágrimas. — O problema é que já faz algum tempo que sinto coisas estranhas por você que eu nunca havia sentido antes por nínguem. O problema, é que quando eu te beijei de brincadeira aquele dia, esse sentimento só cresceu e toda vez quando eu vejo você com aquele idiota do Marcos, minha vontade é de estar no lugar dele. - ele me solta e começa a soluçar — Eu juro que eu tentei de tudo para anular esse sentimento que tenho por ti para não te perder, mas ontem quando nós dois estavámos juntos eu só pensava em te tocar o tempo todo e não podia porque eu sou um covarde de não conseguir aceitar o que sinto. - ele tenta controlar o choro e se aproxima de mim — Eu te amo, Oliver! E eu nunca achei que diria isso para porra de um homem, mas eu te amo. - foi tudo num instante, quando vi nossos lábios já se tocavam. Mas diferente do primeiro, esse beijo carregava sentimento, culpa e um desejo que eu achava não ter. Naquele momento, mais nada passou pela minha cabeça, eu apenas o retribui.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 24 estrelas.
Incentive Andy Christopher a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Eu to chocadaaaa, mt ansiosa!

0 0
Foto de perfil genérica

Boy, definitivamente eu amo essa história. Eu realmente amo demais essa história. Vamos lá... Eu realmente acho que não há uma falta de química entre o Oliver e o Marcos, acho mais como uma desculpa do autor para justificar ele ficar com outros, mas de boa. Marcos é um cara interessante, e olha só, ele tá bem amiguinho do Alex, não que isso vá dar em alguma coisa, afinal, Ativo com Ativo não se bate além de uma boa luta de espadas kkkkkkk Me surpreendeu a forma como o Pedro revelou tudo e como o Oliver correspondeu... No próximo capítulo ou isso termina em sexo, ou o Oliver empurra ele, pede desculpa e sai correndo... bem clichê kkkkk No mais, volto a repetir... Sei que ele não terminarão juntos, mas uma transa bem dada, daqueles gostosas mesmo, entre Alex e Oliver é algo que você está devendo. E se quiser estender para além de uma transa, um período inteiro de 5 ou 6 capítulos deles se pegando, eu super aceito. Mas que você tá devendo um Alex x Oliver, você tá! No mais, tô amando demais... Ansioso pelo próximo Capítulo!

0 0
Foto de perfil genérica

DEMOROU MAS O BABACA DO PEDRO SE DECLAROU. VAMOS VER SE O BABACA DO OLIVER SE ACERTA AGORA.

0 0