– Boa tarde! Você me venderia seu cu por cinco mil reais?
– Oi?!
A pergunta inusitada, feita por um cara de seus sessenta anos, que eu jamais tinha visto nem bêbado em fim de festa, a pergunta me soou completamente sem sentido.
Se eu não o conhecia, muito menos ele a mim. Então, como chegar, assim, do nada, numa mesa do jardim de um hotel, e arremessar uma proposta tão fora de propósito assim?
Seria maluco? Ah... Essas malditas pegadinhas de que o Youtube está cheio, a maioria sem a menor graça – e ainda que tenha alguma graça, não acho nada engraçado tirar sarro da cara do outro e depois espalhar pela internet.
Mas não parecia haver câmera alguma filmando. Só o coroa, com um sorriso que ensaiava se abrir a qualquer momento, em pé, a minha frente, naturalmente esperando minha resposta – ao menos minha reação.
Poderia ter simplesmente negado e continuado a tomar meu whisky, talvez meneando a cabeça discretamente, considerando, intimamente, a falta de juízo daquele sujeito. Não o fiz, porém. Algo me impulsionava a saber de que se tratava aquilo e até onde ele iria.
Por isso, fiz sinal para que se sentasse, e que desenvolvesse a proposta.
– É só isso mesmo. Eu quero comer seu cu e pago cinco mil reais por isso.
Será que eu estava com cara ou dando alguma pinta de garoto de programa? Se nem garoto sou mais, há muito tempo?
Ele pareceu que adivinhou meus pensamentos:
– Não estou contratando um programa. Não existe trepada tão cara. Muito menos quero qualquer tipo de compromisso com você. Apenas comer seu cu.
Conversa sem pé nem cabeça da porra! Voltei a considerar seriamente a hipótese da pegadinha, e resolvi embarcar naquela insanidade, para ver até onde iria. Eu já ensaiava minha reação indiferente, ao ser mostrada a câmera.
– Está bem. Onde o senhor prefere?
– No meu apartamento ou no seu. Tanto faz. – Essa fala me deixou mais tranquilo em relação a alguma armação. Optei pelo meu.
No quarto, conversa alguma. Após fechar a porta, ao me virar, já me deparei com ele em processo de desnudamento. Não perderei tempo em descrever seu corpo. Era o típico corpo de um senhor de sessenta anos.
Por gestos, pediu que eu tirasse a minha roupa e me deitasse de bruços na cama. A estranheza da situação já estava me deixando excitado. Não foi tarefa muito fácil acomodar minha rola sob meu corpo, ao me deitar.
Fechei os olhos, procurando abstrair toda a sensualidade daquele momento. Senti (mais do que vi), o coroa deitar-se sobre minhas costas. Era perfumado, o velho. Sua rola incrivelmente dura – provavelmente por força do “azulzinho” – imprensou-se contra minhas nádegas, e eu senti um reboliço bom no estômago.
Em instantes, senti sua respiração sobre minha bunda, e sua língua dirigindo-se ao meu rego. Circundou minhas pregas e começou a sugar meu cu, por vezes se enfiando, buraco adentro. Eu gemia, requebrava os quadris e arqueava o corpo, de um jeito que não imaginava ser capaz de fazer.
Uma pequena pausa e senti seu dedo untado de gel enfiar-se pelo meu cu, besuntando tudo. Eu já me sentia piscando.
Outra pausa, em que o imaginei vestindo seu membro, e o senti na porta do meu buraco. Não foi difícil entrar. Senti certo incômodo, mas a suavidade com que me acariciava e o jeito como a rola se afundava em mim foi me deixando relaxado.
Os movimentos de vai e vem, as leves estocadas estavam me deixando transtornado. Eu uivava desavergonhadamente. Ele também. Emitia sons guturais que eu jamais ouvira antes num ser humano.
Em determinado momento, senti seu cacete pulsando e o frenesi com que passou a me estocar me informou que estava gozando. Urros na minha nuca e o desfalecimento ofegante sobre minhas costas informaram-me do orgasmo que experimentara.
– Ah, minha putinha! – sua voz sussurrante e cansada acariciava-me os ouvidos.
Apesar de terrivelmente excitado, tentei ficar quieto, sob o corpo exausto do velho. Sentia meu cu piscar alucinadamente e, em pouco tempo, minha pica, sob minha barriga, passou a emitir raios de prazer e acabou explodindo num gozo imenso. Eu nunca gozara para trás.
O velhote saiu vagarosamente de cima de mim, sentou-se na beira da cama e retirou o preservativo invadido de esperma. Foi ao banheiro e ouvi a ducha sobre seu corpo; em instantes ele saiu, enxugando-se.
Ainda no mais completo silêncio, vestiu-se metodicamente, retirou um pacote de notas, presas com ligas elásticas, e colocou sobre a mesinha de cabeceira. Por segundos, a honra quis se interpor e rejeitar aquela infâmia. Mas aí pensei na fantasia de me sentir uma puta paga pela primeira vez na vida, e também – não vou negar – na prestação do carro que venceria no dia seguinte, fechei os olhos e sorri, estranhamente feliz.
Enquanto ele se dirigia à porta e desaparecia no corredor, pensei comigo mesmo:
– Eu daria por muito menos...