No Anoitecer - Capítulo 3 (Aproximação)

Um conto erótico de Kimi
Categoria: Homossexual
Contém 1580 palavras
Data: 26/04/2020 11:17:05

Antes de começar o capítulo, senti a necessidade de descrever melhor os personagens, afinal eles foram baseados em atores de um filme que eu amo de paixão, se chama “God’s Own Country”, é maravilhoso e foi uma baita inspiração, tanto que até citei em um episódio haha. Aqui vão os atores que descrevem bem uns personagens desse conto.

Felipe: Daniel Sharman

Eduardo: Alec Secareanu (com barba, mas não tão grande ^^)

Carlos: Danilo Mesquita (brasileirinho haha)

Letícia: Millie Brady

Vó Bete: Vera Holtz

Pai de Felipe: Patrick Dempsey

Por hora é isso, tem atores brasileiros, americanos, europeus... são pessoas que me ajudaram a pensar no rosto, os jeitos de cada um, vai servir pra imaginação de vocês. Por exemplo, eu sempre escrevo que o Felipe é loiro, mas como podem ver, ele não tão loiraço assim. Por ai vai, espero que ajude. Bora pro conto!

____________________

[6h50, Eduardo]

Já fazem 3 semanas que eu não consigo dormir direito, tenho tentado entender o que está se passando com o Felipe, mas ele não esboça nenhum tipo de resposta pra me esclarecer. Não consigo entrar na cabeça dele pra poder ter um panorama da situação, só sei que ele está deitado do meu lado, mas tão distante quanto o fundo do Oceano Pacífico está da superfície. Eu não quero estar distante. Quero meu Felipe grudado comigo, me falando sobre as coisas, como falávamos na fazenda, odeio tensões e problemas...Até quando eu terei problemas assim?

Me virei pra ele na cama, estava de costas pra mim. Eu o abracei de lado, encostando minha boca no seu pescoço, com meu corpo o mais colado possível do dele. Senti que acordou lentamente, numa respiração lenta e agradável.

- Não acorda não – eu sussurrei – Só quero te sentir

- Tabom, isso está muito bom – ele respondeu com sua voz rouca

- Vou continuar então – continuei a abraça-lo, minhas mãos seguravam as dele enquanto mantinha seu corpo junto ao meu – Te amo muito, meu amor, te amo demais

- Também te amo – respondeu bocejando, morrendo de sono e voltou a dormir

Meu alívio chegou, finalmente senti uma aproximação, tudo o que eu nunca tive de ninguém, proximidade...

[4 anos atrás...]

“Era manhã de domingo, minha tia sempre fazia um prato diferente nesse dia específico e eu adorava, um momento especial em que eu me sentia uma pessoa de família, mesmo não tendo uma completamente. Meus primos sempre foram muito soltos, desprendidos desses valores familiares, mas entendo que isso acontece. Sempre que temos algo, temos o costume de menosprezar, afinal, já temos, já sabemos como é. Mas eu não, eu amo esse momento, mesmo que seja só um almoço diferente, gosto de saber que tem alguém zelando por mim.

Certamente eu não sou a melhor pessoa pra falar sobre sentimentos. Eles morreram quando eu soube que fui deixado pelos meus pais, não, não sintam pena, eu já superei isso, só que...é que...eu gosto de estar aqui, na casa dos meus tios, recebendo amor e carinho. Mas não é como se eu pertencesse aqui, a este lugar, neste momento. Eu sei, de alguma forma, que meu lugar não é aqui, com essas pessoas, sinto que tenho algo a mais pra mim. Talvez esses sentimentos que outrora estavam mortos voltaram a viver e querem algo pra se debruçar e me fazer sentir de verdade alguma coisa. Eu já tentei, sério, já tentei sentir mais do que os outro dizem pra eu sentir, já procurei andar com minhas próprias pernas, eu tentei, porra! Mas a única coisa que eu consegui foi fazer meus tios chorarem e ouvir meus primos dizerem “Você é um doente!”.

Será que as pessoas realmente não podem ser compreensivas uma vez na vida e me simplesmente me dizer o por quê de eu ter sido abandonado? Será que vão deixar todos os meus momentos de fúria aflorarem a ponto de eu machucar todos os que estão à minha volta. Por que não me ajudam? Por que não querem que eu saiba? Há uma parte da minha que sabe que tem um lugar onde eu posso ser eu, sem ter mais ninguém. Existe esse lugar onde eu não preciso ser guiado por ninguém a não ser meus próprios sonhos e desejos, mas eu não consigo encontrar esse lugar, está escuro demais. Preciso de luz.

Talvez nessa manhã eu pudesse encontrar essa luz. Minha tia estava na cozinha naquele horário, sempre na ativa, amo muito ela, mas sou incapaz de dizer isso pra qualquer pessoa. O tio Gil não estava em casa, como sempre, trabalhando. Tomei uma coragem de entrar no quarto deles e procurar em todos os lugares possíveis as informações que eu precisava pra achar meus pais, não iria parar até encontrar. Gavetas, pastas, prováveis esconderijos, anotações, tudo o que eu podia fazer, fiz.

Tudo acontece no momento certo. Mas nem todo o momento certo é tão proveitoso assim, as vezes o momento certo exige alguma dor, toda dor gera incomodo e tensão no nosso corpo, na nossa vida. As guerras que travamos são necessárias pra nos fortalecer. Acontece, tia e tio, que eu não tenho mais a capacidade de sentir dor, nem incômodo ou tensão no corpo. Isso não tive tempo de formar. Desculpa.

A hora era tão certa que em nenhuma das minhas buscas naquele quarto fui capaz de encontrar o paradeiro dos meus pais, mas ao sair do cômodo ouvi o celular fazer um barulho bem atrás de mim, na escrivaninha pra ser exato. Uma vibração bem diferente da que eu estava acostumado a ouvir. Um toque diferente para uma pessoa diferente. Talvez para alertar quem estava a chamar. Muito esperta tia, mas hoje era meu momento.

Peguei o celular rapidamente antes que o toque se tornasse audível para ela, abafei rapidamente na minha blusa. Segurei com todo o cuidado e aguardei até ter certeza que ninguém ouviu. A coragem veio logo após que eu garanti que ninguém estava vendo nada. Olhei o celular, era a mensagem de uma pessoa chamada “Cristiane”. Era o nome dela. O nome da minha mãe. Não haviam mensagens anteriores, provavelmente porque ela apaga todas, todos os dias. Respirei o mais fundo possível pra disfarçar que eu era minha tia.

[Cristiane]

Oi, Jan, como estão os meninos?

Será que eu estava incluso nos meninos, ou será que ela só estava falando dos meus primos.

[Eu]

Estão bem, fique tranquila

E você? Tá bem?

[Cristiane]

O mesmo, mesmas dificuldades

Sabe como é

[Eu]

Sim, eu sei

Mas conte como está

Tentei entender o que estava acontecendo, saber o que significava “o mesmo”.

[Cristiane]

Nada, eu tenho que ir

Merda, eu estava perdendo a chance.

[Eu]

Espera

Eu estava nervoso sobre o que eu tinha que dizer

[Eu]

Onde fica aquele lugar perto da sua casa mesmo?

[Cristiane]

O que?

O mercadinho?

[Eu]

Isso, eu tenho que ir perto de um lugar ai

A sua casa é muito perto

[Cristiane]

Eu moro na rua atrás daquele mercadinho que eu te falei

O do Tufão

[Eu]

Isso, obrigada

Fica com Deus, os meninos estão bem

Ela saiu e não respondeu mais nada depois da conversa. Depois de anos de segredos, eu tinha uma chance de ir perto dos meus pais. Anos resolvidos em minutos, era a minha chance, quem sabe eu possa resolver tudo isso agora. Não. Eu preciso ter calma, esperar e então será a hora de ir atrás deles. Buscar uma aproximação, talvez fosse o momento”

[Eduardo, 12h]

Felipe e eu estávamos abraçados ainda, quentinhos, cansadinhos, agarradinhos. Eu o beijei sem parar até acordá-lo.

- Para Eduardo! – ele gritou nervoso

- Não paro! – gritei de volta – Você tá agindo estranho, precisa de amor!

Ele deu risada.

- Okay – disse e se levantou da cama – Guarde seu amor que eu vou tomar um banho

- E quem disse que eu não vou junto? – provoquei e o puxei de volta pra cama, subi em cima dele, coloquei as mãos no seu rosto, mas ele nem reagiu, só ficou parado me olhando, com um rosto de deboche – Que cara é essa?

- Que cara? – sorriu

- Essa sua cara de tonto! – eu tremi o corpo dele – Quero que você faça alguma coisa!

Ele me jogou pro lado e me deu um beijo na bochecha.

- Pronto, agora eu vou tomar banho – disse

É, estava bem claro pra mim que não iria rolar nada, nenhuma abertura que fosse suficiente pra ele me contar as coisas que estavam acontecendo. Não quero fazer muita questão, até porque da última vez que eu tentei descobrir as coisas, acabei levando um tiro, então, o melhor talvez é esperar. Odeio esperar coisas que podem ser resolvidas agora, fazer o que, nem todo mundo tem o mesmo tempo que eu pra resolver as coisas.

Decidi entrar no banheiro junto com ele, no meio do vapor quente e relaxante, nossos corpos estavam nus. Estava de costas pra mim, então eu o abracei novamente. Seu corpo tocando no meu, pelado, desprotegido, vulnerável. Ele segurou minhas mãos e eu deitei minha cabeça nos seus ombros, enquanto a água quente desliza sobre nós.

- Eu não gosto de ver você assim – finalmente tive coragem pra falar algo sério – Conta comigo pra falar qualquer coisa, não me afasta dos seus problemas, por favor, a gente tá junto agora, eu vou fazer tudo pra te ajudar

Ele se virou pra mim e apertou minhas mãos.

- E se esse problema for você? – disse muito suavemente, num tom que me fez doer a alma.

Que porra que está acontecendo?

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E então, o que está acontecendo?

Kimi

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Comentários

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Oii! sou eu, o kimi!! Gente, eu quero voltar a escrever mas perdi minha conta, eu não lembro qual é meu login, por isso parei de escrever!! Encontrei minha conta hoje! Espectro, claro que me lembroooo, você sempre foi presente, te amoo! Vou continuar a escrever, em breve sai a continuação!! bjssss

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Tu qm lute pra nao magoar o meu eduardo se nao eu te soco a cara, e volte logo pelo amor de Deus.

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Cadê a sequência??

Ansiedade a mil por hora.

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Anciosa, nervosa ,tudo é muito mas ...

Volta logo a posta.

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Vish, problemas no paraíso, vamos ver o desenrolar disso tudo. Ansioso pelo próximo capítulo! Nota 10!

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