Ele me olhou relutante, parecia não querer falar sobre aquilo, seus olhos estavam fixos nos meus e eu me mostrei firme em querer falar sobre aquilo naquele momento, embora inexplicavelmente meu corpo dizia para a minha mente esquecer daquilo e partir para o ataque, embora eu nunca tivesse tido vontade de ficar com garotos, aquilo o que o Ricardo fez comigo naquela noite mexeu comigo de uma maneira que não sei explicar.
Foi como se de um hora para outra, tudo o que eu sentisse por ele, tivesse se transformado em vontade de ficar com ele, beijar ele, tocar seu corpo e transar com ele. Queria ele ali, na minha cama, com o corpo colado com o meu enquanto nós nos amamos para sempre. “Espera!” minha mente grita para mim. “Você está apaixonado pelo seu melhor amigo!” Ela continua a me incomodar enquanto eu pensava no que iria fazer em seguir. E sinceramente, acho que eu sempre estive apaixonado pelo Ricardo, mas esse sentimento estava guardado dentro de mim, foi acordado agora e sinceramente, eu estou com medo.
- Mano, eu gosto de você mas não sabia como te dizer, eu nunca tinha te tocado desse jeito mas hoje não tive como evitar, minha vontade de te ter era muito grande e acabei não pensando na hora de fazer isso – Ricardo se explicava com a cabeça baixa.
- Mano você deveria ter me falado, isso muda toda a nossa relação – falei o repreendendo – e agora o que faremos?
- Eu não sei – falo ele ainda de cabeça baixa.
- Eu também não sei – falei coçando a cabeça e olhando para o teto do meu quarto.
Já começava a entrar a luz do sol pela janela do meu quarto, indicando que a manhã já tinha chegado e tínhamos que nos arrumar para ir a escola, olhei para o relógio e percebi que já eram 6:10 da manhã. Deveríamos deixar aquela conversa para um outro momento, eu teria que decidir o que eu realmente sinto por ele, não sabia como organizar as minhas ideias, mas eu tinha certeza de que naquela manhã, esse pensamento iria torrar meu juízo.
- Mano, eu acho que te amo - Ricardo falou segurando a minha mão e olhando em meus olhos – desde que a gente começou a conviver juntos quando você chegou aqui, crescemos juntos, eu sinto isso por você.
- Eu... Eu não sei o que te dizer agora mano, eu estou muito confuso – me soltei de sua mão enquanto falava – minha cabeça está girando com tudo isso, eu senti por você hoje, o que nunca senti por você antes e isso está me confundindo todo, me da um tempo para eu organizar minhas ideias. Tudo bem para você mano?
- Esta bem, depois da escola a gente conversa então?
- Depois da escola conversamos – respondi concordando com ele – vamos nos arrumar, vamos acabar nos atrasando.
Naquela manhã não falamos muito, minha avó até estranhou o fato de estarmos tão calados, tendo em vista que quando estávamos juntos, sempre era uma loucura, principalmente quando estávamos comendo juntos. Eu, pessoalmente, não estava com muito clima para brincadeiras, minha mente estava super ocupada.
O dia na escola foi bastante tranquilo, também não conversamos muito, eu estava tão ocupado em meus pensamentos que acabei não produzindo nada naquele dia escolar. Na hora do intervalo Ricardo veio ao meu encontro na quadra da escola. Eu estava sentado, perdido em meus pensamentos, já havia dispensado duas meninas que vieram falar comigo com alguma intenção extra, eu só queria ficar só, mesmo assim ele estava lá, sentando ao meu lado e eu o odiei por isso naquele momento.
- Você está pensando demais hoje, nosso amigo estão comentando que você está muito misterioso hoje, vão começar a perguntar. – Ele começou falando.
- E eles vão receber um belo “foda-se” se vierem me perguntar qualquer coisa. Eu não estou simpático para ninguém hoje. – Falei sem olhar para ele.
- Mano, também não é assim, você tem que relaxar mais...
- Relaxar é o caralho, porra, você é meu irmão, eu te considero família e você destruiu todo esse sentimento em uma noite. Eu estou enlouquecendo de tanto pensar, não sei o que fazer, não sei o que decidir. – Ele me olhava atentamente.
- Decidir? Decidir o que?
- Se eu quero continuar tendo contato com você depois disso.
- Como assim mano, vai jogar fora nossos 5 anos de amizade por isso?
- Desculpa, eu to de cabeça quente e está passando um monte de coisas pela minha cabeça e eu sempre chego na mesma conclusão.
- Que seria?
- Que eu também te amor porra. – Falei dessa vez olhando para ele, meus olhos estavam cheios de lágrimas – e eu tenho medo de sentir isso por você, eu passei a manhã inteira sentindo medo do mundo, medo por estar sentindo isso por outro garoto.
- Mano – Ele começou a se pronunciar – desde que eu comecei a sentir algo além de amizade por você, eu também sinto medo, e o foi o dia que eu criei coragem e mesmo assim, fiz merda, pois te coloquei nessa situação.
- Eu nunca pensei que sentir amor por outro cara fosse dar tanto medo, eu não sei o que fazer.
- Se você quiser, eu estou disposto a tentar. – Eu olhei para ele, nos olhos, sem saber o que falar.
- Gabriel, você quer namorar comigo?
Quando eu pensei em falar, mesmo sem saber o que dizer, o sinal toca e tínhamos que voltar para a sala antes que o professor chegasse, caso contrário não poderíamos entrar na sala de aula. O resto da aula foi péssimo, parecia que eu tinha um avalanche de pedras caindo sobre a minha cabeça, eu estava nervoso e sabia que eu tinha que dar uma resposta para ele, eu queria dizer sim, mas eu estava com medo, quando eu pensava que o dia de aula já ia acabar e teríamos que conversar, eu já começava a sentir a minha barriga remoendo toda e eu já queria simplesmente desaparecer do mundo.
As aulas do dia enfim tinham acabado, eu e Ricardo estávamos no corredor da escola indo em direção à saída, já tínhamos decidido que iríamos conversar na casa dele, já que não tinha ninguém lá, pois seus pais só chegam do trabalho das 19:00 todos os dias de segunda a sábado. Então conversávamos sobre um trabalho de biologia que iríamos fazer juntos com outros dois amigos nossos. Quando de repente sinto uma mão por trás de mim dando a volta na minha cintura e agarrando meu pau, meu susto foi tamanho que do pulo que dei, até o Ricardo se assustou.
- Ahaha, te peguei de jeito dessa vez gatinho!
Willian é o único garoto assumido gay na turma do primeiro ano, ele vivia dando encima dos garotos que ele considera como segundo ele já tinha falado “perfeitos para mim”, por algum motivo ele não vai com a cara do Ricardo e por isso, sempre que ele nos pegava juntos, ele só caia para cima de mim. E sinceramente, do jeito que já vi ele falando com alguns meninos da escola, acho que 30% já comeu ele no banheiro da escola, mesmo assim pagam de heteros e saem por aí com suas namoradas, eu pessoalmente, nunca dei liberdade para ele, mas ele sempre vinha com esse tipo de brincadeiras, passando a mão em mim.
- Você está louco Will? – Consegui falar depois do susto.
- AAA me dá uma chance, tenho certeza de que posso fazer esse brinquedão que você tem aí muito feliz – ele falou mordendo o lábio inferior enquanto olhava para o meu volume. – então vamos ali...
Ele não conseguiu terminar de falar pois o Ricardo voou para cima dele, agarrando-o pelo colarinho do uniforme batendo forte suas costas contra a coluna e como se não estivesse colocando força nenhuma, ergueu o Willian no ar até seus braços ficarem totalmente esticados. Alguns garotos que viram a cena começaram a correr em nossa direção.
- Você está louco seu viado! Ninguém aqui te deu liberdade para você fazer isso. Brinca com quem brinca com você! – Ricardo estava gritando com ele, enquanto o Will estava apavorado, acho que pensando que iria morrer ali com a atitude exagerada do Ricardo.
Faltava pouco para o Ricardo descer a surra nele, quando três garotos chegaram e o seguraram afastando-o do Willian. Eu não fiz nada pois fiquei surpreso com o que acabara de acontecer, essa não era a primeira vez que aquele garoto fazia isso comigo e eu mesmo nunca tinha feito um escândalo desses e muito menos o Ricardo. O que foi aquilo? Cara, que doideira.
- Ei! Você está louco ou o que? – Perguntei a ele o tirando assim de seu transe de ódio.
- Idiota, você quase me matou! – O Will falou chorando.
- Mano, vai embora, deixa que eu vou acalmar os ânimos por aqui – Falei para o Will que me atendei e saiu rapidamente – e você, obrigado por ajudar – agradeci aos três meninos que separaram a “briga”.
- Gabi, desculpa mano, eu não aguentei ver ele passando a mão daquele jeito em você.
- Sim.
- Sim, o que?
- Eu aceito namorar com você. – Só foi isso o que consegui fazer nesse momento. Aceitar seu pedido de namoro. Não sei porque fiz isso, mas eu queria fazer.
Seus olhos brilharam nesse momento, ele abriu um grande sorriso e quando percebi que ele vinha me abraçar eu dei as costas e comecei a andar.
- Vamos logo, temos muito o que conversar na sua casa.
- Cara, esse é o mais morto começo de namoro da história, você podia ser menos frio né?
- E você queria o que? Que eu desse um pulo nos seus braços e nos beijássemos ali na pátio da escola?
- Deixa pra lá, vamos para a minha casa, lá poderemos comemorar.
Chegando em casa, almoçamos com a minha avó e falamos que passaríamos a tarde na casa do Ric, fazendo trabalho da escola. Quando entramos em sua casa, ele nem esperou a porta se fechar direito, me deu um empurrão que eu Caí deitado no sofá, logo em seguida ele se jogou por cima de mim. Nossas bocas se uniram em um beijo gostoso, esse beijo, dessa vez, foi mágico, diferente dos beijos que demos durante a madrugada, agora foi gostoso, calmo e cheio de amor. Depois de um tempo, nos beijando e excitados, ele para o beijo e fala em meu ouvido.
- Eu quero transar com você, agora.
Caralho, a voz dele roca me fez estremecer nas minhas bases, eu quero muito transar com ele, mas também não tenho certeza se quero agora, nos conhecemos a 5 anos e muita coisa já passou em nossas vidas, mas assumimos namoro agora e não sei se agora é a hora para um momento tão íntimo! Aaaaa porra, ele colocou a mão dentro da minha cueca enquanto me beija, meu Deus que mão gostosa, vou fazer o mesmo, colocar a mão no pau dele, eu quero e vou fazer. Não tenho mais dúvidas, o tesão está me possuindo, eu quero e vou transar com ele agora.
Mas espera! Será que ele vai querer me comer!?
CONTINUA...