Este é um relato, não um conto, por questão de sigilo nomes, locais são fictícios, mas os fatos correspondem em essência, ao que realmente aconteceu.
Sou M.S, tenho 50 anos, casada há 30 anos, filhos criados, um marido que amo muito e que me fez e faz muito feliz. Tive sorte na vida.
A maior prova de amor que meu marido me deu, está nos fatos que passo a narrar. Já se passaram 3 anos, e só agora resolvi escrever este relato, faço para preencher esses tempos de quarentena e também por uma necessidade de partilhar anonimamente um segredo, e por que estou com muita saudade do Edu, apesar de estarmos trocando vários e-mails por dia.
O que tenho para contar:
Há 3 anos, curtindo o face book, reencontrei Edu, um ex-namorado de adolescência, por quem tive uma enorme paixão. Mas as paixões de adolescente, nem sempre, talvez felizmente, não acabam em casamento. Desmanchamos o nosso namoro conturbado pelo ciúme decorrente da insegurança própria dos adolescentes.
Em seguida, conheci meu marido, Carlos, com quem noivei, (naquele tempo era noivado) e casei. Construímos nossa família, filhos, um patrimônio que nos dá segurança financeira. Somos ambos, profissionais liberais. Os filhos já tem hoje vida própria e moramos sós em um apartamento de classe média, numa cidade do interior, próxima a São Paulo.
Reencontrar me deu enorme alegria, passamos a conversar, sempre por e-mail, o modo mais sigiloso que achamos, falando de nossas vidas, de nossas experiências, recordando nossos loucos momentos de namoro apaixonado, dos colegas, e, por que não, trocando palavras carinhosas, mas nunca passando dos limites e chegando a situações mas intimas.
Edu estava separado, tinha sido traído e ainda limpava as feridas da traição. Foi importante apoia-lo e mostrar a solidariedade que os amigos mais próximos não mostraram.
Enfim, depois de alguns meses e centenas de e-mails trocados, mas sem ter nos encontrado pessoalmente, só trocamos “corajosamente” algumas fotos, estávamos novamente apaixonados e ao mesmo tempo apavorados. O que fazer de nossa paixão. Desesperada, procurei uma psicóloga e me "confessei".
Ouvi dela palavras de conforto: o que estava acontecendo é comum, a paixão realmente, se não é "administrada" é um sentimento destruidor. Ela fez ler o mito de Tristão e Isolda, analisado num livro chamado WE, de Robert Stanford. Assim, me senti mais aliviada, conversei sobre tudo isso com Edu, mas permanecia nosso desconforto. Minha psicóloga me perguntou, por que eu não contava ao meu marido. Este seria o modo de "administrar" a situação, evitando a situação difícil de traição.
Essa questão ficou comigo e com o Edu, por vários meses. Conversamos muito a respeito. Ele temia a destruição do meu casamento, o que não admitia, até porque sentiu na alma o que significa a traição. Eu nem conseguia imaginar como contar para o Carlos. Foram tempos de muita angústia.
Aos poucos comecei a criar coragem e para sondar o que o Carlos, meu marido pensava a respeito. Inventei uma história de uma amiga (cujo nome não revelei) e que me confidenciou o drama de ser casada e ter um amante.
A reação do Carlos, sempre muito equilibrado, sensato, foi a de que isso acontece e que ela deveria abrir o jogo com o marido. Para minha surpresa ele disse ter lido alguns artigos da Regina Navarro, psicanalista que defende o casamento aberto.
Eu fiquei atônita com o que o Carlos me falou e me trai, quando, com expressão de surpresa agradável eu exclamei: VERDADE?
Carlos, que não e bobo, disse, sempre calmo e sereno:
- Por acaso essa amiga não se chama MS?
Eu fiquei sem ação, paralisada, foi um choque. Baixei a cabeça cobri o rosto com as mãos e comecei a chorar, tremia, era muita adrenalina, descarregada num só momento meu corpo.
Eu só dizia, chorando: PERDÃO AMOR, PERDÃO!!
Carlos, sempre mantendo uma calma desconcertante disse que tinha percebido a o que estava acontecendo, que desconfiou ao perceber a mudança do meu comportamento, mais alegre, mais feliz, e mais excitada nas nossas transas. Ele procurou entender o que estava acontecendo e acabou encontrando os artigos de Regina Navarro que tratam do casamento aberto.
Eu, recuperando aos poucos meu “juízo” ... olhei para Carlos – PEDI PERDÃO OLHANDO NOS SEUS OLHOS.
Ele não disse nada, só me abraçou e me beijou.
Em seguida, disse:
Eu também preciso fazer uma confissão:
Depois de tudo, eu nem fiquei apreensiva
- O que meu amor?
- E me senti excitado com a suspeita que Você tinha um amante. Foi uma surpresa para mim, uma mistura de ciúme e excitação. Essa foi a razão principal de ter ido buscar entender a situação.
- Amor, o que está acontecendo conosco?? isso tudo parece um sonho, ou um pesadelo, nem sei.
Sempre calmo:
- Querida... precisamos conversar muito a respeito de tudo isso, mas agora ...
Nos olhamos nos olhos, estávamos os dois muito excitados com tudo o que tínhamos falado.
Nos entregamos um ao outro, na mais louca transa de nossas vidas...
Aguardem, cenas dos “próximos capítulos”.