Conhecia esse site há um tempo, porém, em casa há quase 30 dias respeitando o isolamento, comecei a fuçar muita coisa pela net e aqui acabou se tornando mais um espaço de leitura. Li mais ou menos uns 200 contos, a maioria sobre Traição/Corno. Quase todos tinham a mesma fórmula. Nos comentários, uns reclamavam, outros iam ao delírio. Resolvi, então, expor minha história que há tanto venho deixado de lado. A considero fora dos padrões que os outros autores usam, talvez por seguir um modelo, talvez para angariar popularidade, pois percebo que o pessoal não liga muito em ler contos repetitivos.
Este fato ocorreu em 2016, mas o início se deu em 2014. Vou dizer que meu nome é Sérgio, tinha na época 23 anos e trabalhava numa livraria. Conheci Camila durante o lançamento de um livro, no estabelecimento onde eu trabalhava, publicado por um professor dela. Batemos papo durante longo tempo. Dias depois, ela retornou para ver um livro e conversamos ainda mais. Bebemos um chopinho após meu expediente, a coisa foi crescendo e começamos a namorar. Ela tinha 21 anos na época, morena, altura acima da média das brasileiras, cabelo abaixo dos ombros, seios médios, bunda relativamente grande. Os cabelos eram sempre presos em rabo de cavalo, ela só soltava eventualmente. Eu faço o tipo intelectual, cabelinho penteado, barba e óculos.
O namoro era bem agitado, festas universitárias, barzinhos e raves. Nosso sexo era intenso e repleto de sacanagens. Camila tinha uma prima bem próxima, Aurora, já casada e um pouco mais velha que ela. Quando o relacionamento estava amadurecido, começamos a fazer programas a quatro, eu, ela, a prima, e o marido, Fernando. Ele tinha uns 30 anos e fazia o tipo militar, cabelo baixo, mas barbado também e trabalhava em um complexo industrial. Falava muito pouco, ao contrário da esposa, que falava pelos cotovelos. Apesar de ser mais velha que a Camila, Aurora mostrava ser uma pessoa de poucas experiências, meio ingênua. Camila a alertava em várias situações. Os nossos programas eram legais: boates, jogos de futebol, pizzaria, brincadeiras diversas.
Durante um feriadão que aconteceu o fato marcante que deixo marcado aqui. Fomos os dois casais a um resort no litoral norte de nosso estado aproveitar o período. Partimos sábado de manhã. Estava cansado, trabalhei dez dias consecutivos pra pegar a folga. Curtimos o local e a noite eu estava bêbado de sono. Eram ainda nove da noite, mas não estava resistindo. Aurora durante todo dia se queixou de cólicas menstruais e estava mais calada que o normal. Com isso, resolvemos descansar cedo e aproveitar o domingo com mais intensidade, visto que o feriado ainda era na terça, quando retornaríamos.
Ao me deitar, percebi Camila agitada. Ela se queixou da falta de sono e me perguntou se era problema ela descer pro bar e ver a galera dançando zumba um pouco. Não vi nada demais, ela desceu e eu ferrei no sono. Despertei faltavam 20 para uma da manhã e Camila não havia voltado. Ainda estava baqueado, mas não senti uma boa sensação em ver que ela continuava ausente, e isso me fez despertar um pouco. Desci e ela não estava lá. Resolvi dar uma volta pela praia, quem sabe tivesse andando sozinha eu a surpreenderia. Ainda não havíamos transado nesse dia.
Fui pelo calçadão e vi alguns casais se pegando. Quando fui aproximando das pedras, havia uma mulher gemendo alto. Achei a voz familiar e fui me esgueirando, já na areia. Olhando pela fresta entre duas grandes pedras, vi a cena: Camila com as mãos em uma rocha enorme e atrás dela, Fernando bombando com vontade. Ele segurava a cintura dela, arfando muito, enquanto ela gozava na pica dele.
- Ah, Fernando...mete...ah...mete...tô gozando, porra...haaaaaaaaaaaaaa
Pois é... Minha namorada estava trepando com o marido da prima. Fiquei chocado e triste ao mesmo tempo. Camila se virou e deu um beijo de cinema no amante. Voltou a colocar as mãos na pedra, curvando-se e deixando aquela bunda exposta pra ele segurar e meter muito. Não queria interromper, acho que por constrangimento. Não fiquei excitado! Fiquei com raiva, ainda mais que Camila voltou a gemer muito e com voz de puro tesão, se virar pra ele e dizer:
- Vai, Fernando! Seu pau é muito gostoso, por favor, me come!!
Fernando não falava nada. Puxava os cabelos de Camila e mandava ver. Pararam, se beijaram e foram para água. Não havia movimento por perto. Lá se deitaram e na beira do mar voltaram a fuder. Fernando estava em cima dela, bombando com velocidade e sentia que Camila delirava. Estava vendo tudo de longe, há uns 40 metros. Ela mexia muito a cabeça. Eles rolaram na areia e ela subiu nele e começou a cavalgar. Pulava muito, enquanto ele apertava seus seios. De repente, ela pendeu a cabeça pra trás e ouvi um gritinho abafado, estava muito silencioso ao redor. Se beijaram, ele se masturbou e gozou no corpo dela. Entraram no mar e a partir daí fui embora.
Voltei pro quarto com aquilo remoendo minha mente, impossível relaxar.
Camila entrou no quarto duas e meia da matina. Ainda foi tomar banho e se deitou a meu lado. Eu estava fingindo dormir. Sou muito comedido, frio, calculista, e não costumo tomar atitudes precipitadas. Ainda bem.
Na manhã de domingo nos encontramos todos para o café. Estava bem mal humorado e todos perceberam. Joguei um caô, falei que minha colega que trabalharia pra mim na segunda enviou mensagem afirmando ter havido um imprevisto e eu teria que retornar pra pegar no batente. Todos ficaram surpresos e Camila ainda teve a cara de pau de mandar eu “jogar pra cima” e continuar o feriado. Disse que não faria isso, o país já estava em crise e não podia vacilar. Todos se chatearam. Subi pra me arrumar e Camila o tempo todo falando que eu tinha crédito no trabalho, que minha amiga sacaneou, etc. Eu doido pra rumar a mão nela, as coisas estavam muito frescas ainda. Camila veio comigo e Fernando e Aurora permaneceram lá.
Quando chegamos, Camila queria passar o resto do domingo comigo, mas dei uma desculpa que ainda tava cansado e chateado por trabalhar no outro dia e ter perdido o dinheiro do passeio, estava sem clima. Ela foi pra casa triste. Desde quando acordamos e eu me mostrava ranzinza, Camila ficava cabisbaixa com minhas respostas um pouco ríspidas a tudo que ela tentava argumentar.
Na terça, Camila foi lá em casa e resolvi abrir o jogo. Falei que o real motivo da nossa volta foi eu ter flagrado ela com Fernando. Camila ficou paralisada. Depois que caiu a ficha, foi chorando aos poucos até virar um pranto, até soluçava.
- Meu Deus, Sé, me perdoa! Foi uma burrada, não queria que as coisas chegassem a esse ponto!!
- Hum, então vcs dois eram amantes, hein! Se chegou a esse ponto, é porque começou em algum lugar!
- Não vou negar, não vou enganar mais vc! Juro que não queria, as coisas foram acontecendo!
E chorava, chorava, chorava... Mas eu não sentia um pingo de pena. Vendo que aquilo não se resolveria ali, fui claro.
- Camila, nada vai se resolver agora. Acha que vou perdoar você de cabeça quente e tudo bem? Não é assim que funciona. Vai pra casa, tenta relaxar, reflete sobre toda a situação, o que você sente por mim, e o que você quer da vida e desse relacionamento! E não fique arquitetando um plano, nada pra me convencer ou me embromar! Seja honesta, e só me procure pra tentar salvar alguma coisa! Você tem todo prazo do mundo pra pensar no que você quer e até tentar se conhecer melhor. Olha o que eu tô oferecendo!
Camila parecia surpresa com minha atitude e foi embora bastante triste. Aproveitei e também chorei. Sentia que um namoro legal terminava de forma lamentável.
Dez dias depois ela me retornou e conversamos. Ela estava mais calma e falou mais ou menos o que posto abaixo. Tem muito de minhas palavras, mas importa o sentido do que ela me relatou:
- Olha, Sé...Jamais imaginava que passaria por isso. Pensei muito e realmente eu fui muito tola de não perceber onde isso iria parar. Eu que sempre me achei bem madura e lúcida, fui cair nessa... Bem, eu achava que não sentia nada pelo Fernando, a Aurora tem a língua muito solta, você sabe, e ela contava maravilhas do sexo entre eles, falava detalhes, ela gostava disso. Acho que fui nutrindo uma admiração por ele com isso, mas eu não sentia tanto, acho que era meio inconsciente. Um dia, você estava trabalhando e eu estava na casa dela. Ele estava lá e foi um dia animado, eu sempre aproveitei os fins de semana e era uma pena que é um período que vc sempre trabalha e não podia estar lá. Quando ia embora, ele me deu carona. Fomos comer alguma coisa e tomamos mais umas cervejas. Sei que ficamos conversando no carro, ele foi me assediando, tinha bebido demais e talvez não tivesse me dado conta das intenções dele, só sei que rolou um beijo e aí fiquei confusa, parecia que a admiração por ele era maior do que eu imaginava e acabou que rolou tudo dentro do carro mesmo...
- Vcs transaram no carro?
- Sim... é duro revelar isso a vc, foi tudo muito rápido. Eu deveria ter contado, mas fiquei receosa, não esperava nada daquilo... Em outra ocasião, ele me deu carona na faculdade num dia de chuva, juro que fui pega desprevenida por isso, ele conversou, dizia que era apenas uma aventura e pararia por ali. Aí admito meu erro, acabamos transando mais uma vez no carro...Eu queria me livrar daquilo, havia acontecido uma vez e eu me encontrava perdida. E agora no fim de semana encontrei ele no bar, sempre foi tudo coincidência, eu não premeditava, ele estava no meu encalço, mas não fui resistente nem tive jogo de cintura pra sair dessa... Ele me chamou pra dar uma volta pra conversarmos sobre o que vinha acontecendo e dar um basta nisso. Era o que eu queria, nosso namoro sempre foi prioridade. Mas eu também tava animada no sábado, estava excitada, vc estava cansado, eu queria curtir com vc, e quando me vi, estávamos lá mais uma vez...Olha...eu achei muito estranho vc no domingo, esse retorno rápido, percebi que vc de alguma forma soube de tudo...e pra ser sincera, me sinto aliviada por vc ter descoberto, na verdade era pra ter rolado uma vez, mas acabou acontecendo mais vezes... e eu não tava curiosa, acho que...sim, talvez estivesse atraída por ele às vezes, Aurora encheu muito a bola dele, não percebi que eu criava minhocas na cabeça...é isso... eu desconhecia esse meu lado, achava que era forte e me vi nessa situação louca, lamentável... não tenho mais o que dizer.
Ouvi tudo com atenção e me pareceu plausível o que ela contou, não achei q ela estava inventando ou escondendo outra coisa.
- Camila, em nenhum momento quis me contar o que tava rolando? Pq vc não se abriu comigo?
- Pensei sim...mas isso poderia mexer com o casamento deles, envolveria a Aurora, a família...tava com medo disso vazar e se tornar um escândalo maior...
- Ah, quer dizer que eu iria abrir a boca sobre tudo?
- Não, eu não sei como ficaríamos...Eu queria ser mais responsável e talvez falar no futuro, eu achava que tudo ficaria ruim pra todos se eu abrisse o jogo... quando envolve gente próximo é mais complicado, fiquei com medo...
- Olha, Camila... vi na praia que vc estava gostando daquilo tudo. Admita que vc gostava de fuder com ele!
- Na hora tudo é bom, vc sabe disso, é sexo, é humano! Eu queria evitar, mas quando rola, vc esquece do mundo, depois que se dá conta do que vc tá fazendo...
- Tudo bem, Camila...agora me dê espaço que preciso processar o que vc me contou e me deixe entrar em contato tá? Na próxima vamos ver se dá pra salvar alguma coisa...
Senti que Camila tirou um peso das costas. Durante os dias, considerei que ela estava sendo sincera. Minha chateação agora era meu jeito, infelizmente não esqueço as coisas facilmente, sou meio rancoroso. Uma parte de mim achava que o namoro retomado seria bem diferente e eu cismava que em algum momento de discórdia, jogaria na cara de Camila essa traição. Mesmo assim, resolvi reatar e ver como ficaria. Eu gostava dela, queria testar e ver se o que fosse salvo seria satisfatório.
Durante esse período, Aurora e Fernando souberam que estávamos separados, mas creio que ainda não sabiam o real motivo. E quando reatamos, paramos de procurar eles. Camila estava preocupada com a família, em saber como iria ficar a relação com Aurora e queria que Fernando abrisse o jogo. Concordei com ela, o casamento deles eles que resolveriam. Camila fazia parte da confusão, mas cabia a Fernando perceber que fiquei sabendo e era esse o motivo de não nos encontrarmos com eles.
Porém, as coisas realmente não ficaram como antes, mas essa percepção parte do meu ponto de vista. Senti Camila mais amorosa do que antes, e isso me pareceu meio forjado. Não que ela estava sendo falsa, mas não deixava de ser algo mais para me agradar e tentar que a superação fosse mais rápida. Com isso, fui sentindo que à medida que ela tentava ser mais presente, eu me esquivava. Assim como ela afirmou ter se metido nessa pq não se conhecia direito, eu me vi não me conhecendo também ao ir me afastando. Esperava que rolasse mais companheirismo nesse recomeço, mas confesso que estava ansioso pra que tudo se adiantasse também. Descobri isso nessa retomada. O sexo tava bom, mas não estava tão descontraído como antes. Foi então que pedi mais um tempo pra pensar, não estava me sentindo bem e Camila preocupadíssima, dizia que estava se esforçando. A questão era essa: não queria nenhum esforço dela, mas realmente nada parecia fluir com naturalidade, inclusive de minha parte. Assim, o namoro se encerrou de vez. Camila sentiu demais, faltavam quatro dias para o Natal. No dia do término, ela revelou que Fernando e Aurora estavam brigados e separados. Aurora não a procurou desde então.
Como eu não tinha rede social naquele momento, acabei sem contato com Camila e ela parou de me procurar. Cada um seguiu sua vida. Não sei se Fernando e Aurora reataram ou separaram de vez. Não tive muitas notícias de Camila, até me encontrar com ela no shopping, na companhia da mãe, no ano passado. Nos falamos rápido, ela perguntou logo se eu tava namorando. Disse que não, de fato, tive namoricos passageiros, nada tão fixo e duradouro como Camila. Não perguntei o mesmo a ela e achei ela mais cheinha, havia ganhado peso. Foram poucos minutos, não havia clima, depois de anos, para um encontro ao acaso desses ser festivo e saudoso.
Duas semanas atrás, depois de me entreter mais nos contos e rememorando esse fato de maneira mais forte, resolvi saber sobre Camila através de uma ex-colega de faculdade dela que tinha amizade com um colega meu de livraria. Pelo que ela disse, Camila estava de rolo com um policial civil e parecia que o relacionamento era abusivo, pois era bastante conturbado. Ela vem há anos se afastando da sua turma, e nos poucos encontros que teve com ela, achou que Camila não estava feliz. Foi minha impressão quando a encontrei ano passado.
É isso. Achei que podia dar minha contribuição, já que aqui tem muita fantasia, pois traições pesam muito na consciência, mas aqui a galera sempre tira de letra, como se fosse algo bobo uma pessoa quebrar sua lealdade e vc ficar com tesão nisso. Fica aqui meu registro. Não sei se foi agradável pra vocês. Fim de papo.
