O Diário - Capítulo 2

Um conto erótico de Dr. X
Categoria: Gay
Contém 3295 palavras
Data: 04/04/2020 15:30:15

Mais um capítulo! Boa leitura!

O Diário

Capítulo dois - O Horizonte

"Odeio viajar à noite, acho que desde sempre. Gosto de viajar vendo a paisagem, a grande infinidade de coisas que o mundo nos mostra. Durante o dia, mesmo de avião, a luz do sol nos revela a natureza e suas formas, seus desenhos, a intensidade de suas cores e seus vários tons e misturas. É a mais bela tela jamais pintada, pois ela está em constante transformação. Ela se mistura, tirando ou acrescentando-se detalhes, tudo isso guardado pela tênue linha que chamamos de horizonte, a perpétua e inexorável linha, guardiã do desconhecido, fonte da imaginação e portal dessas maravilhas incrustadas em todo o globo. É por isso não costumo viajar a noite, gosto de olhar o mundo pela janela e admirar esse lindo quadro pintado sabe-se lá por quem... Na noite, a janela é como uma TV desligada, uma tela escura. Se bem que nesse exato momento, meu coração se encontra também envolto em trevas. Uma sombra espessa chamada desilusão me recobre... Como dói ver toda sua esperança escapar por suas mãos... Grandes desejos e anseios ruírem assim, na sua frente... O pior é saber que você é o culpado de tudo no final das contas, de que foi você quem baixou a guarda e que por consequência de sua imaturidade você sofre tanto agora! Como dói!

Eu realmente estou fugindo, mas não por covardia, nunca tive medo de enfrentar os golpes que o acaso atira e acerta. Sofri muito, mas nunca temi o sofrimento. Desde muito cedo aprendi a aceitá-lo. Infelizmente, ainda não sei lidar com ele, então eu prefiro me afastar, como já o fiz várias vezes. Minha mãe sempre diz que admira a minha força e minha capacidade de enfrentar as coisas de cabeça erguida, sem ponderar, sem temer. Eu realmente sou assim, não estou indo pra Florença para fugir da luta, de maneira alguma... Eu só não estou preparado física e psicologicamente para o que me aguarda no Brasil, então eu estou indo pra o único lugar que conheço onde posso me acalmar, onde posso evocar essa força e poder primitivos que habitam em mim. O sono finalmente chegou, é hora de dormir um pouco.

...

Acabei de acordar, sonhei com ele, como é chata essa mania de encontrá-lo em meus sonhos, logo após pensar neleO sol apareceu. Não sei que horas são, não preciso saber, mas em minha opinião, ver o sol brilhar agora é como presenciar uma aurora. Auroras e crepúsculos são os momentos mais mágicos do dia, onde dia e noite se encontram, abraçam-se. Acho que estamos quase chegando, já me sinto bem melhor...”

Quando percebeu estar apaixonado por seu melhor amigo, Felipe enfrentou um dilema logo de cara: como ele, um rapaz, poderia namorar com outro sem que a sociedade os martirizasse? Mas ele nem se quer sabia como contar ao amigo ou a sua reação. Ser homossexual é difícil, mas quem disse que a vida era fácil?

Ele era um garoto inteligente, logo pensaria em uma solução. A rotina continuou a mesma: escola pela manhã, almoço, loja, passeio de bicicleta e estudar, estudar muito mesmo.

A fama de Nerd que Felipe possuía em sua escola era também outra sina carregada pelo garoto. Naquela época não se falava em bullying, mas ele sempre acompanhou muitas pessoas taxadas como diferentes ou anormais. A condição homossexual de Felipe era secreta ou, se notada, nunca fora levada a sério, mas o rótulo de CDF fazia do garoto um alvo de humilhação e chacota da maioria dos alunos da escola, principalmente de um grupo de garotos de sua sala, comandadas por Yan, um rapaz de 19 anos, desordeiro, desinteressado e muito preconceituoso. Apesar de sofrer por isso, Felipe sempre fora recessivo demais para tomar uma atitude e, na maioria das vezes, era Leonardo quem o defendia, apesar de sempre insistir que seu amigo não permitisse tal humilhação:

— Lipe, você precisa reagir, mano! Daqui uns dias esses caras vão começar a te agredir fisicamente também, você precisa sair dessa — Aconselhou Leonardo.

— Léo, eu sei que isso é chato... Eu realmente sofro com isso, mas eu não consigo rebatê-los. Eu não sou assim — Explicou Felipe.

— OK, Gandhi, faz o que você preferir então...

E assim os dias foram passando, já era Maio e a rotina de Felipe ficou pesada. Devido aos estudos, os passeios passaram a acontecer apenas nas tardes de domingo. Sempre que podia, Léo o acompanhava e em um desses passeios o mais velho teve uma ideia:

— Lipinho (Felipe realmente tinha muitos apelidos), na próxima vez que vir trarei meu cavalo. Quero ver quem chega mais rápido no lago!

— Mas o lago é muito longe! Fica mais próximo do parque do que da cidade! Só porque virá montado no pobre do cavalo...

— Sem cara feia, Felipe, não é isso que você sempre diz? Pois desta vez quem decide sou eu, Hahahahahaha. — Disse Léo, fazendo um bico sarcástico.

— Nem pensar! — Como Felipe odiava quando ele fazia aquele bico! — Que droga Léo, para de fazer essa careta! Que coisa mais chata! – Disse Felipe chateado.

Durante o restante do percurso, Leonardo notou que Felipe estava diferente de quando iniciaram o passeio. Na verdade, desde aquele outro passeio em que eles descansaram sob uma árvore, Felipe se irritava facilmente, passava muito tempo pensativo. Havia dias em que o amigo passava a maior parte do tempo no Jardim da escola. Ele sabia que havia algo, mas se Felipe não queria lhe contar ele respeitaria o espaço do amigo. Como aquele cara era importante para ele! Léo fazia questão de ver aquele sorriso simpático e acolhedor do amigo e aquela determinação arrebatadora, mas também gostava do fato dele ser franzino e de não enxergar sem seus óculos. Felipe era frágil e tão fraco que ele sentia-se obrigado a protegê-lo. Jurou que o faria a qualquer custo, pois ele era seu melhor amigo e a companhia mais agradável que ele possuía.

Felipe continuava a pensar em seus dilemas, ele deveria contar ao amigo o que sentia ou deveria privá-lo de tamanha decepção? Em um dos poucos momentos de sua vida, ele teve medo, temia as consequências que o seu desabafo causaria. É como dizem, “ninguém tem medo de altura, tem de cair, assim como ninguém tem medo de dizer eu te amo, tem medo é da resposta”. O garoto estava tão vidrado nesse assunto que por um momento esqueceu-se da presença do amigo e com a sua mania de pensar em voz alta, quase fez uma desastrosa declaração:

— Porque logo ele, meu Deus... aaaah... — disse Felipe, pensando em voz alta.

—O que? Ele quem menino? Tá doido é? — Surpreendeu Léo

Nesse momento, Felipe perdeu o equilíbrio, freou bruscamente e por muito pouco não caiu de cara no chão empoeirado; Léo parou imediatamente, ainda esperando o amigo responder. Mais uma vez, o pensamento rápido do mais novo o salvou:

— É...Quem é?... Ah... Meu... Meu pai! Os problemas de saúde dele! Lo-logo ele que vive preocupado com a loja e as filiais...

— Humm — Fez Leonardo ainda desconfiado.

Por fim, ambos encerraram o passeio e se despediram.

O clima de dúvida pairava no ar, Felipe não sabia qual seria a reação de Léo e o amigo não sabia o que estava acontecendo com o outro. O mais novo realmente não estava conseguindo esconder sua inquietação, um dia na loja seu pai o chama ao seu escritório:

— Filho, venha a minha sala, por favor... — Disse João

— Ok, pai.

Ambos entraram na sala e João começou a conversar com o filho.

— Meu filho, você fez aquela prancheta que eu te pedi?

— Ainda não terminei, faltam alguns detalhes e uns cálculos e eu te entrego.

— Ótimo! Já terminei a minha! Quero ver como você vai se sair, afinal tudo isso aqui será seu um dia!

— Pai, nós já conversamos sobre isso... Eu... Eu me importo muito com sua empresa, de verdade. Tenho muito orgulho de tudo que o senhor conquistou, mas meu sonho é ser médico, não tenho vocação para administrar seus negócios.

— NOSSOS negócios. — Corrigiu — Mas Felipe, pense bem, você é tão talentoso! Melhor do que eu, até!

— Pai, eu não posso passar a vida me culpando com “e Se”s, o senhor mesmo disse pra eu lutar pelos meus sonhos... É o que eu farei. Não quero passar a vida sofrendo com “e se eu tivesse feito medicina”...

— Tudo bem, mas promete que vai pensar bem nisso tudo?

— Tudo bem, Pai. Eu prometo.

— Sua mãe esteve aqui a pouco, pediu para que você fosse jantar com ela.

— Tudo bem, então eu vou.

Naquela noite Felipe se arrumou muito animado, pois iria visitar sua mãe. Além de ele adorar sua companhia, ela era a melhor cozinheira que ele conhecia.

— Oi, mãe! — Disse o garoto, animadamente.

— Oi, meu filho, que saudade de você! Me dá um abraço!

— Como a senhora está? Faz uns quinze dias que conversamos!

— Estou bem, apenas cansada. Mas e você, como está?

— Estou ótimo... — Felipe temia o olhar intuitivo de sua mãe.

— Que bom! Vamos! Entre! Eita, não precisava! — Disse ao perceber a flor que o filho trazia e que lhe entregava naquele momento.

— Margarida, sua flor favorita :) — Disse Felipe — Não tive tempo de te comprar um presente, mas ainda falta uma semana para o Dia das Mães, então acho que tenho tempo!

— Meu filho, você sabe: você já é um presente pra mim, melhor do qualquer outra coisa no mundo!

— Te amo, mãe querida — Declarou — Mas chega de tanto amor, se não vou chorar e não quero isso hahahahahaha.

— Hahahaha, é verdade! Chega de tanto grude.

Assim que Felipe entrou, ambos foram para a sala assistir TV e por a conversa em dia. Depois disso jantaram.

— Às vezes me dá vontade de vir morar com a senhora... Pra comer aqui todo dia!- Disse Felipe em meio a risadas.

— Não pense que eu cozinho assim todo dia, só em ocasiões especiais. — Disse a mãe do rapaz também rindo.

— Filho...

— Sim?

— Não pude deixar de notar... Você está meio tristonho, o que está acontecendo?

— Nada, mãe... Só cansaço mesmo — Mentiu o garoto.

— Meu instinto de mãe não falha, você sabe disso!

— É sério, não há nada.

— Mesmo? Você pode se abrir comigo se precisar...

Depois de uma longa conversa, Felipe foi para casa meio desconcertado por ter mentido para sua mãe, mesmo sabendo que ela não havia acreditado em nada do que ele dissera.

Na segunda-feira, logo após a escola, Felipe foi escondido no centro comprar um presente para sua mãe. Depois de uma cansativa busca, encontrou um colar com um pingente de estrela e um pequeno brilhante no meio. Nesse meio tempo, aproveitou também para comprar um boné para Leonardo, já que seria aniversário dele na semana seguinte.

Leonardo, por sua vez, estava muito ocupado com o seu cavalo porque ele havia adoecido, então ia direto da escola para a fazenda do pai. Por isso não estava passando muito tempo com seu melhor amigo nos últimos dias. Sentia falta dele, uma estranha falta. Apesar dos momentos vagos no intervalo e entre a aula, parecia que não era tempo suficiente juntos. Seu afeto pelo amigo crescia cada vez mais. Antes seria capaz de suportar semanas longe do amigo, agora em poucos dias com curtos encontros durante as aulas, sentia saudades dele. Ele estranhava aquilo tudo. Sentir saudades de outro cara era meio estranho, até mesmo constrangedor. Se que ele não se importava, Felipe era seu irmão.

A semana passou e Felipe e Leonardo mal se falaram. O mais novo passou o domingo com a mãe e ela adorou o presente, tanto que nem se lembrou do assunto do encontro anterior.

Na segunda-feira, Léo sentou-se ao lado do amigo e o convidou a sua festa de aniversário no sábado à noite.

— Fê, festa lá em casa sábado, ok?

— Tudo bem, mas eu não vou poder ficar até tarde. Meu pai vai viajar e tenho que tomar conta da casa.

— Sem problemas! Mas quero você lá!

A semana passou rapidamente, Felipe estava apreensivo com a festa do amigo, pois tinha medo do que veria e, consequentemente, do que sentiria.

Chegando o dia da festa, João, pai de Felipe, viajou a trabalho. Às 20h00min, Felipe foi para a festa de Léo.

A casa do aniversariante estava irreconhecível. Luzes de festa por toda parte, um DJ e muitas pessoas. Resumindo, fizeram da casa uma balada. Felipe odiava festa. Ia apenas por convites dos amigos, assim como o que recebera de Léo. Sentia-se confuso em público por causa de toda aquela balbúrdia. Odiava multidões e odiava barulho. Ao chegar ao fundo da casa do amigo, onde a festa acontecia, procurou por Léo e não o encontrou. Decidiu subir até seu quarto e chegando lá, encontrou o amigo que estava meio inquieto.

— Oi, Léo, toma aqui um presente que comprei pra você, espero que goste!- Disse isso entregando um embrulho para o aniversariante.

— Poxa, Lipe! Não precisava! Valeu, cara! Muito legal esse boné, deve ter custado uma nota! — Disse ao abrir o pacote e ver o presente — Agora vamos lá pra baixo aproveitar a festa — completou imediatamente.

— Léo, você não vai experimentar?

— Ah,sim... Como ficou?

— Está ótimo! — Disse sorrindo enquanto admirava a beleza do mais velho. Felipe sentiu que precisava ser direto.

— Léo...

— Diz.

— Preciso te falar uma coisa...

— O que?

— Eu... E-eu... Eu acho que est...

— AH, LEONARDO! EU NÃO VOU FICAR O DIA TODO ESCONDIDA AQUI — Manuela saiu do quarto do rapaz, gritando. — ESTOU LÁ EM BAIXO TE ESPERANDO, OK? NÃO DEMORA.

Leonardo olhou pra Felipe com um olhar de pedido de desculpas. Felipe olhava chocado, simplesmente sem reação. Não sabia o que fazer depois daquilo.

— Eu... Eu tenho que ir, me desculpa. — Felipe falou apressadamente e saiu correndo escada abaixo.

Leonardo sabia que o amigo havia se chateado. Quantos conselhos ele recebera dele? Se havia uma coisa que Felipe não suportava eram falsas promessas. Isso era imperdoável para ele! Leonardo havia prometido não correr atrás de Manuela, mesmo assim o fez. Perdoou a traição e traiu a confiança do amigo ao quebrar a promessa com ele. Léo se odiava! Naquela hora, a festa havia acabado para ele.

Felipe corria para sua casa. Não queria saber de nada, nem pensar em nada, queria sumir. Sentia uma onda de ódio percorrer seu corpo, como uma víbora esmagando todos os ossos das suas pernas a sua cabeça. Não tinha um rumo, no momento só imaginava sua casa, seu quarto, sua cama. Talvez a morte fosse mais atraente de que se lembrar do que acabara de ver: Manuela saindo descabelada e ofegante do quarto da pessoa que ele mais amava. Aquela visão atingiu seus olhos como olhar mortal da Medusa e por um momento sua alma se tornou pedra e seu coração parou de bater. Como aquilo doía! O ciúme o consumia como uma fera faminta e sedenta por carne e sangue. Ele sentia sua alma ser rasgada tamanha era a dor que sentiu. Seus olhos lançavam gotas cristalinas e fujonas de lágrimas de ódio. Ódio de si mesmo por acreditar que tinha chances! Em pensar que poderia se entregar a paixão... Ele estava enganado em relação ao amigo, Léo era hétero. Não havia como aquilo ter futuro... Em pensar que ele quase revelou o jogo! Quase entregou os pontos e se declarou!

Depois de um dolorido caminho de volta, Felipe chegou a sua casa. Foi direto para cama e dormiu em meio a muito choro e uma angústia jamais experimentada. Sonhou com Leonardo. Acordou com o som da campainha, já era manhã. Ele se levantou e foi até a porta atendê-la enquanto rezava para não ser o Léo. Não funcionou: era ele.

Ao abrir da porta, Léo entrou rapidamente na casa do amigo forçando-o a fechar a porta e o empurrou casa adentro até seu quarto. Felipe estava inerte, sem reação. Seu sofrimento era tamanho que ele não conseguia nem se expressar! Ambos ficaram em silêncio até Leonardo falar.

— Eu posso explicar... — Não tendo resposta, continuou — Eu estava bêbado, ai ela chegou com uns papos que me amava e que estava com saudades de mim...

— Você não me deve satisfação alguma, Leonardo! — Como doía dizer aquilo! — Apenas saia da minha casa, isto é invasão e eu quero voltar a dormir — Felipe disse friamente.

— Mas, Fê... — Leonardo disse dolorosamente.

— SAIA DA PORRA DA MINHA CASA AGORA! EU NÃO PRECISO DE EXPLICAÇÕES SUAS! —Gritou Felipe.

— MAS VOCÊ VAI TER QUE ME OUVIR! — Léo também aumentou o tom.

— Por favor... Vai embora daqui... Por favor... — Felipe implorou, num semblante de dor.

Fê... — Disse Leonardo, se virando para ir embora...

— Vocês transaram, não foi? — Perguntou o mais novo para o mais velho já de costas.

Leonardo não respondeu. Não era necessário, o mais novo já sabia que sim. Antes de ir ele disse:

— O que você ia me dizer naquela hora?

— Agora já é tarde de mais...

— Fê, pelo amor de Deus! Me diz o que está acontecendo com a gente?!? — Ficaram em silêncio.

— Nada demais. É só um mal entendido... — Disse Felipe, agora mais calmo.

— Tem certeza? — Disse Leonardo, se virando.

— Absoluta.

— Vai andar de bike hoje?

— Não sei.

— Olha o que eu trouxe. — Disse mostrando um embrulho com doces da festa. Ele sabia que Felipe adorava-os.

— Não vale! Você apelou agora! — Felipe falou com a cara fechada.

— É pra você, mas com uma condição.

— Qual?- Perguntou Felipe, interessado na comida.

— Que você me perdoe e...

— “e...”...

— Ah...Me dê um abraço — Léo disse, meio avermelhado.

— Tudo bem... Mas não é (só) pelo doce, viu?

— É pelo abraço?!?!?

— Não — Disse desconcertado.

— Por que então?

— Eu não devia ter agido assim. Você tem 17 anos agora, né? É mais velho que eu, já sabe as besteiras que faz e o que escolhe.

— Pois é... Mas me desculpa mesmo assim. Eu não queria ter escondido de você, mas foi tudo muito rápido... Eu nem pensei direito.

— Ok, vamos comer esses doces agora porque se não, vou enlouquecer...

— Espera.

— Que foi?

— Meu abraço :3

Então Leonardo abraçou Felipe cordialmente. Como amava aquele moleque! Sim, AMAVA, ele tinha certeza! Depois disso, ambos passaram a manhã assistindo filmes e comeram qualquer coisa no almoço. Leonardo relembrou da proposta de irem até o lago, ele de cavalo e o mais novo de bicicleta e assim aconteceu.

No fim de semana seguinte, Leonardo foi à fazenda do pai, que ficava a uns 10 km dali, e buscou um cavalo apenas, pois Felipe não montava. Era umas 15h00min do domingo quando iniciaram o passeio e como prometido, eles competiram para ver quem chegava primeiro. Leonardo ganhou, obviamente. Passaram algum tempo sentados à margem do lago enquanto o cavalo se alimentava do capim dali. Ao fim da tarde, já descansados, eles iniciaram o caminho de volta.

Em uma descida, Felipe perdeu o controle da bicicleta e caiu violentamente na relva. A queda acabou por machucar seu pé e deixar vários arranhões em todo seu corpo. Leonardo desmontou imediatamente para socorrer o mais novo, suspendeu-o com seus braços fortes e o levou a um lugar onde pudesse sentar-se. Ele limpou os cortes do amigo e abraçou-o com cuidado.

Na queda, Felipe perdeu seus óculos e Leonardo o encontrou a alguns metros do loca, limpou-o na camisa preta desbotada e fez questão de colocá-lo no rosto do mais novo. Ao encostar ambas as mãos na face de Felipe, seus olhares se cruzaram meio hesitantes e ambos se comunicaram na linguagem da alma, da qual só consigo traduzir: amor. Em instantes, seus lábios se tocaram timidamente num encaixe perfeito. Suas línguas se encontraram e juntas dançaram deslizando-se sobre a outra num lindo beijo, doce e úmido. Um beijo que era como um horizonte, uma coisa que os levaria a caminhos e lugares desconhecidos, além de tudo que eles já haviam conhecido: onde habitava a felicidade...

CONTINUA...

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